Você é o Meu Destino. escrita por Kizuna


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo contém cenas de violência. Não muito explícitas, mas estão aí.



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ㅤㅤA viagem fora mais longa do que eu imaginava. Nunca tinha ido antes para Taito, então seria bem difícil andar por lá. Mas, eu daria um jeito. Nem que perguntasse para todos os habitantes da cidade sobre o paradeiro de Tegoshi! Já era noite, então eu acho que os dias só começariam a ser contados a partir do dia seguinte.

 ㅤㅤ Desci do ônibus agarrado à minha mochila, respirei fundo, e dei início à minha caminhada. Eu estava tão decidido que ainda não pensava nos riscos e possibilidades da loucura que estava fazendo.
 ㅤㅤMas, eu havia me esquecido de algo: naquela época do ano a neve já caía, e naquela parte da cidade era possível vê-la caindo aos pouquinhos. Abri minha mochila em busca de algum casaco, estava frio, e peguei o primeiro que consegui encontrar naquele amontoado de roupas. Terminei de me agasalhar e continuei caminhando, determinado. As ruas já estavam enfeitadas com luzes e outras coisas para o Natal, e aquela atmosfera aconchegante daquela época me motivava mais ainda a continuar.

 ㅤ ㅤAndei, andei e andei. Não havia muitas pessoas na rua, para meu azar, e as poucas ali não me davam atenção o suficiente para eu poder me informar sobre alguma universidade ou se já viram Tegoshi em Taito.
 ㅤ ㅤFoi quando, de repente, algo me chamou atenção: em um beco entre dois pequenos prédios parecia haver uma briga. Eu não queria me meter em problemas, então apenas continuei seguindo meu caminho. Porém, eu teria que passar ao lado daquele local. Soltei o ar. Era apenas ignorar e andar depressa, simples. Mas, ao fazer isso, acabei vendo que era um grupo de três rapazes contra um apenas. Era um assalto? Droga, eu não podia deixar aquele garoto ser vítima daquele jeito...
 ㅤㅤParei na entrada do beco e observei cada um dos agressores, e aparentemente nenhum portava arma. Eles colocaram o jovem contra a parede e o batiam sem dó. Eu não queria problemas para mim, mas não poderia deixar aquilo continuar!

 ㅤㅤ– "O deixem em paz!" – Berrei aquilo, e obtive atenção imediata daqueles homens.

 ㅤ ㅤCéus, o que eu fiz! Agora era tarde demais para deixar pra lá. O garoto, que estava caído no chão, parecia ser o típico “nerd”. Era óbvio que nunca reagiria àqueles rapazes. Eles viraram em minha direção, com uma expressão realmente mal-encarada, principalmente um deles, no qual dirigiu a palavra a mim.

 ㅤㅤ– "E o que vai fazer, seu magrela? Não se meta com a gente, não sabe quem somos." – Dito aquilo, os três vieram para cima de mim, andando com toda calma embora estivesse na cara o que queriam.

ㅤㅤ Eu engoli seco. Céus, céus, céus! Aquele era meu fim.
 ㅤ ㅤDe repente, aquele garoto se levantou e correu na minha direção, agarrou um dos meus braços e continuou correndo com pressa para longe daquelas pessoas. Que, por sinal, correram atrás da gente. Eu não fiz nada além de correr também, seguindo aquele garoto que ainda me segurava por aonde ele ia. Até despistarmos os agressores.

 ㅤㅤEle parou, totalmente ofegante. – "Obrigado." – Fez uma breve pausa, deixando as mãos nos joelhos e o corpo curvado um pouco para frente. Eu já estava caído no chão, sentado. – "Quase todos os dias eles me perseguem, e quando conseguem me pegar me batem até enjoar."
 ㅤㅤ– "Não tem de quê. Mas, por que não faz nada?" – Indaguei, ofegante também.
 ㅤ ㅤEle se recompôs, e passou a me olhar. – "Eu não posso fazer nada, eles são muito fortes. E não são somente três. Eles fazem parte de uma gangue gigantesca! Querem que eu invada um sistema para fins maliciosos, mas eu nunca o farei." – Ele me contava tão à vontade que parecia me conhecer há tempos. – "Ah! Desculpe, não me apresentei. Chamo-me Yuichi, Nakamaru Yuichi." – Ele curvou o corpo para frente, em sinal de cumprimento. – "Mas pode me chamar só de Maru se preferir."
 ㅤㅤLevantei-me, e retribui aquilo. – "Yoroshiku! Eu sou Kamenashi Kazuya, mas se quiser me chamar de Kame..."
 ㅤㅤEle sorriu, e assentiu com a cabeça. – "Certo! Você não é daqui, não é?"
 ㅤ ㅤ– "Não. Sou de Edogawa, estou à procura de uma pessoa e não sei nada além do que está aqui." – Peguei o documento com a foto de Tegoshi e rapidamente mostrei para Nakamaru.
 ㅤㅤEle ficou pensativo enquanto olhava para aquilo. – "Olha, eu nunca o vi por aqui. Já procurou na internet?"
 ㅤ ㅤDescobri mais uma das coisas que não pensei antes. – "Não... Eu não tive tempo para isso." – Inventei uma desculpa qualquer para a minha falta de... Atenção? Bem, o importante era que eu poderia encontrá-lo mais rápido que o esperado! Isso me animou.
 ㅤㅤ– "Então vamos para a minha casa! Lá a gente procura o nome dele e vê os resultados." – Ele sorriu mais uma vez, e voltou a andar, agora em direção a casa dele. E eu o segui.

 ㅤㅤAo chegar a casa, tiramos os sapatos e entramos. Era bem pequeno e não muito arrumado, também não muito moderno. Uma casa bem japonesa, eu diria. Nakamaru foi direto para o quarto, me chamando. Parecia não haver ninguém ali além de nós dois.

 ㅤㅤO quarto era pequeno também, muito bagunçado e com um computador sobre uma escrivaninha ao lado direito da janela - que se podia ver um jardim do lado de fora dela. O garoto sentou na cadeira e ligou o computador, logo em seguida abrindo uma página de pesquisa e colocando o nome de Tegoshi.

 ㅤㅤ– "E então?!" – Indaguei totalmente ansioso.
 ㅤ ㅤNakamaru, ainda fitando a tela do monitor, suspirou desapontado. – "Não tem nada! E as pesquisas relacionadas levam para outras pessoas." – Ele então se virou para mim. – "Parece que Tegoshi não é muito fã de internet."

 ㅤㅤSaber daquilo acabou completamente com minha alegria. Eu ainda teria que procurar Tegoshi por mim mesmo.

 ㅤㅤ– "Tudo bem, obrigado por tentar." – Agradeci um tanto cabisbaixo.
 ㅤㅤ– "Não fique assim, você vai encontrá-lo!"
 ㅤ ㅤDe repente, alguém bateu na porta. – "Maru, eu cheguei. Ajude-me a fazer o jantar!" – Era uma voz feminina, e parecia ser a mãe daquele garoto.
 ㅤㅤEle se levantou rapidamente. – "Quer ficar para o jantar?"

 ㅤㅤEu tive muita sorte em encontrar alguém tão simpático logo nas minhas primeiras horas daquela missão quase impossível.

 ㅤ ㅤO jantar fora bem agradável. Nakamaru e sua mãe moravam sozinhos ali, mas ainda assim pareciam ser uma família feliz. Ele era um expert em qualquer coisa relacionada a computadores, videogames e afins, especialmente na técnica hacker. Por isso aqueles homens o perseguiam, queriam a ajuda de Nakamaru para acessar um sistema privado para roubar alguma coisa no qual nem ele mesmo tinha conhecimento do que era. E eles eram perigosos, muito perigosos. Eu estaria realmente encrencado se continuasse naquela cidade, mas mal havia procurado por Tegoshi. E ele pegou o ônibus para aquela cidade! Não poderia deixar de procurar por ali.
 ㅤㅤNós três conversamos bastante, e acabei sendo convidado para passar a noite naquela casa. Estava muito tarde, eu não tinha onde ficar e ainda por cima existiam aquelas pessoas que provavelmente me procurariam para “acertar as contas” por ter livrado Yuichi. Não pude recusar.

 ㅤㅤ– "Confesso que estou contente." – Nakamaru dissera enquanto arrumava um colchão no chão para eu dormir.
 ㅤ ㅤO olhei, mas preferi esperar ele continuar antes de indagar algo. – "Fazia tanto tempo que não tinha companhia, hoje foi um dia realmente bom embora meu rosto esteja todo machucado." – Ele riu, terminando o que fazia.
 ㅤㅤEu não pude evitar rir também, mas por ter gostado de ouvir aquilo. – "Eu também não tenho companhia. Trabalho o dia todo, e moro longe da minha família. Acho que tenho mais contato somente com meu chefe."
 ㅤㅤ– "Você trabalha? Sério? Que legal! Eu queria trabalhar pra ajudar minha mãe, mas não consigo vaga em lugar algum." – Ele deitou em sua própria cama, mas ainda me olhava. – "No que trabalha?"
 ㅤㅤEu estava arrumando alguns cobertores, e logo me deitei também. – S"ou balconista em uma lanchonete. Estava na faculdade, mas tive que trancar por falta de dinheiro."
 ㅤㅤ– "Ah, eu entendo. E sobre Tegoshi?"
 ㅤ ㅤ– "Eu mesmo não sei o que aconteceu. O encontrei em um ponto de ônibus, e agora preciso encontrá-lo novamente a todo custo. Parece que se eu não fizer isso, vai ficar faltando algo em minha vida." – Franzi o cenho, pensativo sobre o que falava. – "Eu preciso vê-lo de novo."
 ㅤㅤNakamaru riu. – "Será que é amor à primeira vista?"
 ㅤ ㅤ– "Eu não sei se é. Mas, se for, tomara que minha busca não seja em vão." – De fato, eu queria muito que Tegoshi ficasse feliz quando o encontrasse. Aquilo era uma das muitas coisas que eu queria saber quando isso acontecesse.
 ㅤㅤ– "Tomara que não mesmo! Está tarde, acho que vou dormir agora." – Ele bocejou, e então fechou os olhos. – "Oyasumi."
 ㅤ ㅤ– "Oyasuminasai." – Me cobri bastante, estava bem frio. Certamente havia muita neve lá fora. No dia seguinte eu sairia em busca de Tegoshi, em busca das possíveis universidades e até mesmo indagaria a algumas pessoas sobre ele.

 ㅤㅤO outro dia amanheceu mais frio do que o esperado. Nevou bastante naquela noite, e as ruas e casas já estavam quase totalmente brancas. A mãe de Nakamaru acordou cedo para trabalhar, então tivemos que fazer o café da manhã nós mesmos.

 ㅤㅤ– "Eu posso te ajudar a procurar ele? Só por hoje." – Yuichi me perguntou, usando certa manha ao fazer aquilo.
 ㅤㅤ– "Vai ser ótimo ter a sua ajuda." – Eu sorri para ele, e parece que minha resposta o deixou bem feliz.

 ㅤ ㅤTerminamos de comer, e logo saímos. Estava muito frio! Tive que me agasalhar bem e até usar luvas. O céu estava totalmente fechado, parecia que ia nevar bastante mais tarde. Eu não queria estar na rua quando isso acontecesse.

 ㅤㅤNakamaru me guiava por entre as ruas, perguntávamos sobre Tegoshi para algumas pessoas no caminho para uma universidade de Taito, mas as respostas eram sempre as mesmas: não sabiam nada sobre ele. Que droga! Ninguém o conhecia...
 ㅤㅤUm bom tempo depois, e enfim chegamos à universidade. Era um lugar enorme, mas vazio, já que era final de ano.

 ㅤ ㅤ– "A gente entra e vai até a direção. Lá tem tudo sobre alunos, e podem até conhecer de outras universidades." – Nakamaru ia falando enquanto adentrávamos o local.

 ㅤㅤPara minha sorte, ainda havia uma mulher trabalhando por lá, e eu não esperei mais um segundo para perguntar sobre Tegoshi à ela.

 ㅤㅤA senhora então começou a olhar os arquivos da universidade, as matrículas, e em poucos minutos me deu uma resposta. Uma resposta que eu não queria ouvir. – "Ele não é dessa universidade. Provavelmente estará em Minato, Chiyoda ou quem sabe Saitama."

 ㅤㅤA partir dali eu já não fazia idéia de onde procurar por Tegoshi. Se ele não estudava em Taito e aparentemente não morava por lá, por que pegou aquele ônibus?
 ㅤㅤContinuar ali seria perda de tempo, então eu e Nakamaru decidimos procurar um pouco mais pela cidade e comer alguma coisa antes de eu ir para uma das cidades no qual a aquela mulher me indicara.
 ㅤㅤMas, aquela não foi uma boa idéia.
 ㅤㅤCinco rapazes surgiram do nada quando estávamos perto de uma lanchonete, alguns armados com pedaços de madeira.

 ㅤㅤ– "Essa não! São eles! Vieram atrás de mim. – Nakamaru dissera, aterrorizado."

ㅤ ㅤ Era só o que faltava! Além não ter encontrado Tegoshi no local esperado, ainda havia aqueles homens querendo acabar comigo e com Yuichi.

 ㅤㅤ– "Vamos embora daqui." – Eu disse baixo, e comecei a caminhar para longe da lanchonete ao lado do meu novo colega, mas aquelas pessoas partiram em nossa direção, correndo como loucos.

 ㅤㅤO jeito era fugir correndo também, mas era difícil com toda aquela neve no chão.

 ㅤ ㅤCorremos por ruas, becos, e o número de homens atrás da gente parecia aumentar a cada esquina que passávamos. Eu já estava ficando cansado, e certamente Nakamaru também, mas parar de correr seria o nosso fim.

 ㅤㅤ– "Vem por aqui!" – Ele me puxou pelo braço, mudando totalmente o rumo de nossa fuga.

 ㅤ ㅤEstava me levando para uma parte aberta da cidade, sem casas ou prédios, e muitas árvores no final de um campo enorme repleto de neve. Andar por ali era muito difícil, e correr estava quase impossível. Mas, estávamos a uma distancia boa daqueles que nos perseguiam, e eles pareciam ter mais dificuldade do que eu e Nakamaru.
 ㅤㅤMas, algo saiu errado: por estar tudo completamente branco, não foi possível perceber uma rampa enorme no meio do caminho. Estávamos correndo sobre um morro, e obviamente chegamos ao final dele, e de uma forma nada agradável. Caímos com tudo ali, rolando para baixo seguidos por muita neve. Pelo menos, ao chegar ao fim, minha mochila ainda estava comigo.
 ㅤ ㅤNakamaru caiu longe de mim, de bruços e bem sujo de neve. Levantei depois de algum tempo, com um pouco de dificuldade por estar muito cansado, e fui até ele.

 ㅤㅤ– "Nakamaru! Maru! Mas, que droga! Eu não imaginava que isso poderia acontecer hoje". – Chacoalhei o corpo caído no chão, e olhei para cima. Nada, ninguém havia conseguido chegar até ali ainda. Aquela era a nossa chance.
 ㅤㅤ– "O chefe deles está furioso. Acho que se me pegarem agora eu terei que fazer de qualquer jeito o que querem." – Yuichi enfim falou, e não foi algo bom de ouvir.
ㅤ ㅤ – "Ótima notícia... Não podemos deixar que nos encontrem aqui!" – Levantei e voltei a correr, pensando que ele faria o mesmo. Mas, isso não aconteceu. ㅤ ㅤㅤ Parei, e olhei para trás. – "O que houve?!"
 ㅤㅤ Ele parecia estar sentindo muita dor, era bem notável isso em sua expressão. – "Minha cintura dói muito... Acho que caí de mau jeito."

 ㅤ ㅤEssa não. Como fugiríamos daquelas pessoas agora? Minha busca parecia estar chegando ao fim, e de um jeito que eu não esperava e com certeza não queria. Mas, eu não desistiria. Não poderia deixar Nakamaru sozinho naquele momento, ele precisava de minha ajuda, e eu estaria ferrado se me pegassem também.
 ㅤㅤVoltei para perto dele, o ajudei a levantar e deixei-o apoiado em meu corpo, com um braço por cima de meus ombros e usei um dos meus para segurá-lo pelas costas.

 ㅤㅤ– "Me deixa, você precisa fugir e continuar sua busca." – Ele dissera, o que me fez soltar o ar em forma de reprovação.
 ㅤㅤ– "Claro que não! Não vou te deixar para aqueles caras acabarem contigo. Eu vou te ajudar."

 ㅤ ㅤComecei a dar alguns passos, acompanhado por Yuichi. Mas, algo me fez parar. Estava mais escuro que o comum para a tarde de um dia nevado; olhei para o céu, e acabei constatando que uma tempestade de neve estava por vir. Inferno.

 ㅤㅤ– "Temos que ser rápidos, não podemos ficar no meio do nada enquanto acontece uma tempestade de neve!" – Nakamaru apenas assentiu com a cabeça em resposta, e tentou apressar os passos. Mas, parecia estar doendo muito...

 ㅤㅤDe repente, gritos puderam ser ouvidos vindo de cima do morro. Eles estavam vindo! Agora era correr contra a tempestade e os agressores. Estava se tornando perigoso demais.
 ㅤㅤNakamaru conseguiu apressar os passos, mas mesmo assim fomos pegos por aqueles homens. Eles nos jogaram no chão, e logo as agressões físicas começaram por alguns deles. Chutes, socos, e até mesmo golpes com aquilo que seguravam desde o começo da perseguição.
 ㅤㅤEram dez, eu acho, e estavam ali para acabar com a gente caso Nakamaru não se entregasse. Eu estava cansado demais para conseguir reagir, e também estava em desvantagem.
 ㅤㅤ Alguns segundos se passaram, e as agressões se prolongaram até todos ouvirmos gritos vindo de uma parte daquele campo - já estávamos muito próximos às árvores. Eram vários policiais, estavam atrás daqueles homens.
 ㅤㅤTodos começaram a fugir. A maioria conseguiu escapar, mas o resto foi detido, e isso incluía a mim e Nakamaru. Definitivamente, aquele não era meu dia!
 ㅤㅤNakamaru olhou para mim, e eu também o olhei. – "Goumen ne." – Ele se desculpou baixinho enquanto éramos levados para a delegacia. Todos algemados.

 ㅤㅤEu e ele estávamos bem feridos, cansados, e corríamos o risco de ficarmos presos. Mas, pelo menos, não ficaríamos no nada em meio a uma tempestade de neve.

 ㅤ ㅤFomos jogados dentro de uma cela, já sem as algemas, junto com os poucos agressores. Eu não queria ficar preso com eles ali! Nakamaru me puxou para o canto daquele cômodo e se agarrou a mim. Parecia estar com muito medo. Também, aqueles homens nos olhavam de uma forma aterradora.

ㅤㅤ – "Vai ficar tudo bem." – Tentei acalmar o garoto enquanto o acolhia em meus braços.
 ㅤㅤ– "Essa aventura foi mais longa e complicada do que eu previa." – Yuichi disse baixinho.
 ㅤ ㅤSoprei o riso pelo que ouvi. De fato, a aventura tinha saído do controle. – "Verdade." – Concordei usando o mesmo tom de voz que ele, e continuei a abraçá-lo.

 ㅤㅤHaviam pegado minha mochila quando entramos na delegacia, e eu não tinha como ligar para Koki. Eu, realmente, precisava dele naquele momento!
 ㅤㅤUma hora se passou, e enfim um policial apareceu. Ele abriu a cela, e mandou que nós dois nos levantássemos e o seguíssemos. Prontamente, o fizemos.
 ㅤㅤNakamaru andava colado a mim o tempo todo; senti-me como alguém muito capaz de protegê-lo, mesmo tendo fracassado na tentativa de livrá-lo daqueles bandidos.
 ㅤㅤAndamos por entre as celas, os presos nos encarando seriamente, e enfim chegamos à mesa do delegado. Ele nos encarou, e começou com o interrogatório.

ㅤㅤ Depois de muita conversa o delegado enfim concordou que éramos inocentes. Os agressores ficariam presos e os outros seriam procurados. E quanto a Nakamaru, ele enfim estava livre. Colocaram-nos curativos, que por sinal arderam bastante, e logo nos liberaram.

 ㅤㅤ– "Kamenashi." – O delegado chamou minha atenção enquanto eu me preparava para sair. Virei-me novamente para ele, juntamente com Yuichi. – "Por que mesmo veio para cá?"
 ㅤㅤ– "Estou procurando por uma pessoa. Eu preciso muito, muito encontrá-la!" – Tirei aquele documento de dentro da mochila e mostrei para o delegado, que olhou atentamente para a foto.
 ㅤㅤ– "Nunca o vi." – Eu já imaginava aquilo...

 ㅤ ㅤDe repente, um policial que estava ao lado da porta se aproximou da gente. – Espere aí! Eu conheço esse garoto. – Ele dissera entusiasmado.

 ㅤ ㅤEu mal podia acreditar naquilo. Finalmente eu encontrei alguém! Finalmente! Estava tão feliz por isso que quase abracei o tal policial.

 ㅤㅤ– "Sério?! Sabe como posso encontrá-lo?!" – Indaguei mais entusiasmado ainda.
 ㅤ ㅤ– "Sou amigo da família dele. Eles viajaram semana passada para Hokkaido, e me deixaram o endereço. Se for tão importante assim, eu te dou ele."

 ㅤㅤAquilo me deixou mais feliz ainda, embora eu estivesse incrivelmente longe de Hokkaido. Eu tinha o endereço, eu finalmente iria encontrá-lo!

 ㅤㅤ– "Sim, eu quero muito!" – O policial então pegou um papel qualquer e começou a escrever.

 ㅤ ㅤNakamaru parecia muito feliz também. Nós não nos conhecíamos há tanto tempo, mas um laço forte já existia entre a gente. Depois de tudo, nós poderíamos ser bons amigos, e eu estava feliz por ter o conhecido.
 ㅤ ㅤPeguei o papel com o endereço e o guardei, agradeci e enfim saí daquela delegacia. Não esperaria mais um segundo para pegar um ônibus destinado ao aeroporto. Tinha dinheiro para a passagem, mas ficaria quase sem nada depois disso. Mas, se era preciso, eu o faria. E de quebra aquele fora apenas o primeiro dia. Eu dei muita sorte, depois de tudo.

 ㅤㅤNo ponto de ônibus, era hora de se despedir de Yuichi. Eu não sabia se o encontraria novamente, mas faria o possível para isso acontecer.

 ㅤㅤ– "Foi bom ter te conhecido. E muito obrigado! Se você não tivesse aparecido na minha vida, eu não sei o que teria acontecido." – Ele sorriu um tanto sem jeito.
 ㅤㅤ– "Eu não fiz nada demais. Apenas ajudei alguém legal." – Ri baixo, e o puxei para um abraço de despedida.

 ㅤ ㅤPassamos um longo tempo abraçados, como se realmente nos conhecêssemos há muito tempo e aquela partida era algo muito grande. E, na verdade, era. ㅤㅤㅤ Havia um laço firme entre nós, que poderia crescer mais a cada dia se convivêssemos mais um com o outro.
 ㅤㅤMas, eu ainda tinha que me resolver com Tegoshi.
 ㅤ ㅤSoltei o corpo do jovem, e respirei fundo. O ônibus estava vindo, e meu coração acelerava só de imaginar que eu iria encontrar o que eu tanto queria!

 ㅤㅤ– "Foi bom ter o conhecido também, Maru. Obrigado pela grande aventura, eu nunca vou esquecer o dia de hoje. Cuide-se!" – Adentrei o ônibus após dizer aquilo e fui para a janela.

 ㅤ ㅤSe tirasse o fato de ter apanhado e quase sido morto por bandidos, e ter sido preso, aquele dia foi muito interessante. Conheci pessoas gentis que me acolheram, e encontrei a mais preciosa informação sobre onde encontrar Tegoshi.
 ㅤㅤOlhei para fora da janela, procurando por Nakamaru. Ele estava lá do lado de fora me olhando. Dali eu partiria sozinho, sem ter com quem conversar ou me ajudar, e ele continuaria sua vida sem amigos e em busca de emprego para ajudar sua mãe. Eu só desejava que desse tudo certo para ele, e acho que Nakamaru também me desejava isso.

 ㅤㅤO veículo enfim partiu, e eu recostei o corpo na janela fechada. A tempestade foi apenas um alarme falso do tempo, mas ainda assim fazia muito frio, e eu estava cansado demais e dolorido. Pensei em cochilar até chegar ao aeroporto e depois dormir de vez na viagem. Eu precisava estar bem descansado, precisava muito disso.
 ㅤㅤPorém, aquele foi o meu erro. Acabei dormindo no ônibus, e o destino final dele não era o aeroporto. Muito pelo contrário, ele rodava por inúmeras cidades.
 Eu teria sérios problemas por não acordar a tempo de descer no aeroporto.


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