Mit Dir escrita por Chiisana Hana


Capítulo 8
Capítulo 7 - Rebeldia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/11769/chapter/8

Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

MIT DIR

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani

Consultoria para assuntos asgardianos, dramáticos e geográficos: Fiat Noctum

Consultoria para assuntos hospitalares: JuliEG

Capítulo 7 - Rebeldia

A doutora Ann volta à enfermaria e para em frente ao leito de Bado, depositando uma pequena trouxa de roupas sobre ele.

– Agora não vai precisar andar pelado por aí – ela diz. – Não que eu me incomode, mas as virgenzinhas podem não gostar – ela continua, sorrindo sarcástica.

"Ai, que mulher detestável", pensa Hilda, imóvel. "Ainda bem que Freya não está aqui para ouvir isso."

– Obrigado, doutora – Bado diz, sorrindo.

– De nada. Você vai ficar interessante com essa roupa de enfermeiro. Quando suas roupas chegarem, deixe essas no almoxarifado – ela diz e sai da enfermaria.

– Até que o diabo não é tão feio quanto parece – ri Bado. – Freya falou horrores da doutora.

– Elas não se dão bem – Hilda diz. – Acho que ninguém se dá bem com essa doutora.

– Vou trocar de roupa – Bado diz, levantando-se de cama. Ele cobre as nádegas com as roupas que Ann lhe dera e dirige-se ao banheiro.

– Claro – concorda Hilda, olhando para o outro lado. Já estava acostumada a ver o guerreiro-deus desnudo, tantas foram as vezes que o ajudou com as necessidades fisiológicas e com o banho, embora sempre corasse nessas horas e evitasse olhar em certas direções.

Quando Ann está voltando a sua sala, uma enfermeira a interpela.

– Doutora, não vai ver o senhor Folker? – ela pergunta a Ann.

– Vou, vou. Já tinha esquecido que o ruivinho acordou – ela responde e dá meia-volta, indo em direção à unidade de tratamento intensivo. Uma vez lá, examina Mime em silêncio. Depois, diz:

– O ruivinho está liberado. Toca para a enfermaria.

– Pois não, doutora.

– Se precisarem de mim, estou na minha sala. Mas realmente espero que não precisem.

Em sua sala, Ann retira o jaleco e deita-se no sofá. Sente-se extremamente cansada e só deseja tirar um cochilo rápido para recuperar as forças, mas poucos minutos depois, o telefone toca.

– Alô – ela atende, deixando o tom de insatisfação bastante perceptível para o interlocutor.

– Olá, Ann – a pessoa do outro lado da linha diz, em tom sedutor. – Vou passar na sua casa hoje à noite.

– Não, Linus, hoje não. Eu estou cansada.

– Você? Cansada para me receber?

– Cansada para tudo. Não está moleza a vida nesse hospital, sabia?

– Mais um motivo para me receber. Você precisa relaxar.

– Está bem. Nos vemos à noite.

– Assim é que eu gosto. Até a noite, leoa.

– Até – ela diz e recoloca o aparelho no gancho. "Melhor mantê-lo por perto...", pensa, e deita-se novamente no sofá. "Agora sim vou descansar um pouco."

–M -I -T -D–I -R -

Na enfermaria, Bado sai do banheirinho vestido de branco da cabeça aos pés.

– E então, senhora? Como estou? – ele pergunta a Hilda.

– Parece um médico – ela diz, sorrindo.

– É mesmo. Por que a senhora não vai descansar? Eu estou bem, posso cuidar de Thor.

– Digo o mesmo. Você acaba de ter alta, Bado. Vá para o hotel e descanse.

– Não, senhora. Irei depois. Não me sinto cansado.

– Está bem – cede a princesa. Sente-se realmente cansada e acha que sair um pouco do hospital lhe fará bem. – Se quer assim, não vou discutir.

– Bom dia, senhores! – uma enfermeira diz alegremente, quando Hilda já se preparava para sair. – Mais um colega de vocês para lhes fazer companhia!

A moça entra e, seguindo-a, outros dois enfermeiros trazem Mime numa maca e colocam-no no leito ao lado daquele que era de Bado. Hilda levanta-se da poltrona e aproxima-se dele.

– Seja bem vindo, Mime – ela cumprimenta.

– Obrigado, senhora – ele murmura, num fio de voz.

– Se ele sentir alguma coisa, podem chamar – diz a enfermeira, já à porta da enfermaria.

– Obrigada – agradece a princesa.

Bado também se aproxima de Mime.

– Fico feliz que esteja bem – ele fala. Mesmo sonolento, Mime esboça um sorriso intrigado e diz, num murmúrio:

– Então, Shido, você sobreviveu?

– Não sou Shido. Sou o gêmeo dele – Bado corrige.

– Hum... o gêmeo – o guerreiro de Benetnasch continua. – Então as histórias que contavam sobre Shido eram verdadeiras? Interessante.

– Mime, descanse agora – Hilda diz, preocupada com o esforço de Mime para falar. – Depois Bado explica tudo.

– Sim, senhora – ele assente, e fecha os olhos.

–M -I -T -D–I -R -

Asgard.

O helicóptero da Fundação Graad pousa no pátio do Palácio de Valhalla. Os servos saem aos borbotões, imaginando que as princesas estão de volta, mas surpreendem-se ao ver apenas Judith e o piloto descerem do aparelho. O tempo em Asgard está incrivelmente bom e o vento que sopra não é tão gelado quanto anteriormente, sinais de que tudo está bem, apesar da ausência da princesa e sacerdotisa. A criada anda rapidamente pelo pátio e entra no palácio, seguida pelo piloto.

– Mãe! – ela exclama, abraçando a senhora loura que a aguardava com ansiedade.

– Judith! Finalmente! Que notícias traz? Como estão todos?

– Estão melhorando, mamãe. Os guerreiros-deuses estão melhorando!

– O que você gosta também? – ela pergunta.

– Mãe! Fala baixo! – Judith diz em tom de reprovação.

– Tá, tá. Como está o rapaz?

– Ainda não está muito bem. Mas vai ficar! Eu sei que vai. Vamos entrar logo, estou com pressa. Preciso voltar hoje mesmo, levando roupas para os guerreiros, principalmente para o senhor Bado, que já está de alta.

– Esse é mesmo tão bonito quanto o outro? – a mãe de Judith pergunta, seguindo a filha, que andava a passos curtos e rápidos. A notícia de que o gêmeo rejeitado retornara já havia se espalhado pelo vilarejo.

– É, mãe. Agora para de perguntar e vem me ajudar. Já disse que tenho de voltar ainda hoje.

– Certo, certo. Não precisa ficar nervosa.

Mãe e filha, com o auxílio de outros criados, percorrem os quartos dos guerreiros-deuses, recolhendo roupas e objetos pessoais, deixando o quarto que Shido ocupava no palácio por último. Lá, ao abrir o grande armário, Judith detém-se olhando as roupas do rapaz.

– São belas roupas de nobre, não é, mãe?

– O que você queria? Ele é um nobre. Estava aqui no palácio durante esses dias de tensão, mas você sabe que a casa da família dele é uma das maiores de Asgard.

– Eu sei.

– Se o irmão pobre dele for mesmo igual, acho melhor você ficar com ele. Um nobre jamais se casará com uma criada.

– Isso é conselho que se dê, mãe?

– Estou sendo realista, querida. Nobres casam-se com nobres. Criados casam-se com criados. E pelo que dizem, esse irmão pobre não deve ser muito melhor que nós.

– Pois eu tenho certeza de que quando saírem do hospital Shido o levará para morar na mansão da família.

– Pior para você, Judith. Você e eu sabemos bem o que os nobres querem com criadas, não sabemos?

– Shido não é desses.

– Desista, Judith. Ele não é para você.

– Ah, mãe, vamos arrumar as coisas logo – ela diz ressentida, retirando um sobretudo branco do guarda-roupas. – Já o vi usando este. Fica lindo.

A mãe balança a cabeça em negativa e sai dizendo:

– Arrume as coisas dele sozinha. Não vou ficar vendo você se desmanchando de amores pelas roupas do rapaz.

– É melhor mesmo! Está me amolando muito – ela retruca.

Judith pega o sobretudo, dobra cuidadosamente e põe em uma das malas que sua mãe deixara em cima da cama. Depois, pega outro de cor azul e coloca na outra mala.

– Tenho que levar sempre duas peças de cada por causa do senhor Bado – ela diz, consigo. – Ele também vai ficar bonito com as roupas do senhor Shido.

Judith continua arrumando as malas. A cada peça de roupa que pega, pensa em Shido vestindo-a. Ao abrir a gaveta de peças íntimas, Judith sente a face queimar, e um pensamento que sua mãe condenaria vem à tona. "Quando eu for esposa dele, isso vai ser absolutamente normal. Sim, porque eu vou ser a esposa dele.", pensa, enquanto guarda as cuecas brancas do rapaz na mala.

Pouco depois, ela chama o criado que a esperava na porta.

– Osmund! Já está tudo pronto. Pode levar as malas para o helicóptero.

O criado faz o que Judith diz. Enquanto isso, ela vai até o salão principal do palácio, onde o piloto a espera.

– Senhor Matsudaira, vamos até a cozinha, por favor. Faremos uma breve refeição antes de partir.

– Claro, senhorita – ele diz, acompanhando-a. Em direção à cozinha, os dois passam pelo corredor que fora parcialmente destruído na batalha entre os gêmeos e os irmãos Fênix e Andrômeda.

– Incrível, não? – ela questiona, apontando a parte destruída. – Nunca vi nada igual. E eles nem usaram armas.

– É incrível, sim. Eu já vi coisas assim num torneio chamado Guerra Galáctica. Estava lá na primeira fila. Foi impressionante e era apenas um torneio. Imagino que lutando para salvar o mundo os poderes deles sejam ainda mais absurdos.

– Pois é. Eu fiquei muito impressionada.

Judith e o piloto sentam-se numa grande mesa da cozinha, onde lancham rapidamente, ainda comentando sobre a força dos cavaleiros. Logo em seguida, preparam-se para partir de Asgard.

– Boa viagem. Lembre-se das coisas que lhe falei, Judith – diz a mãe da criada, enquanto a abraça.

– Ah, mãe, já nem sei mais o que você disse. Até a volta.

– Até. Mas depois não diga que eu não avisei.

A moça entra no helicóptero sem dizer mais nada e fecha a porta do aparelho, que decola rumo ao continente.

–M -I -T -D–I -R -

Narvik.

Ao cair da noite, o jantar dos pacientes é servido na enfermaria masculina. Hilda pega a bandeja de Thor e Bado, a de Mime.

– Thor, hora do jantar – ela chama o rapaz, tocando-lhe o antebraço.

– Ah, sim, senhora. Pode deixar. Eu posso comer sozinho – ele diz, tentando sentar-se na cama.

– Não pode, não. Você não deve sentar. Vai ter que comer assim deitado. Vou só reclinar um pouco a cama.

– Senhora, essa não é uma tarefa digna de uma princesa.

– Se não esquecer que eu sou princesa, vou tratá-lo como se trata uma criança malcriada. Não seja um mau menino, coma tudo! Quer que eu faça aviãozinho? – ela diz, rindo.

– Não! – ele ri de volta, e acomoda-se melhor na cama.

– Então vamos lá! – Hilda diz, levando uma colher de sopa à boca de Thor.

Entre uma colherada de sopa e outra, Mime tenta conversar com Bado.

– Então você é o gêmeo de Shido? – pergunta o guerreiro-deus de Benetnasch, parecendo menos sonolente.

– Sou – Bado responde.

– Eu bem que desconfiava de outra presença em Asgard. Sentia o cosmo de Shido estranho, dúplice. E tinham as histórias, não é? Sempre ouvi dizer que os Engedahl tiveram filhos gêmeos e abandonaram um por causa daquela lenda de que gêmeos trariam má sorte.

– É... é isso. Agora vai comer ou não? – impacienta-se Bado. – Se não quiser, eu vou dar primeiro o jantar do nosso colega ali no fundo da enfermaria.

– Eu quero, sim – ele diz, e Bado enche uma colher com a sopa que trouxeram da cozinha.

– Onde estamos? – Mime pergunta depois de engolir a colherada de sopa.

– Em Narvik.

– Todos?

– Sim. Todos. Os outros ainda estão na UTI.

– Hum... Não achei que sobreviveríamos.

– Nem eu.

– O que faz com essa roupa de enfermeiro?

– É só enquanto não trazem minhas roupas de Asgard.

– Espero que tragam as minhas também. Não quero ficar vestido de enfermeiro.

– Vão trazer – diz, e enfia outra colherada de sopa na boca de Mime. – Não sabia que você era tão falante.

– Eu não sou. Mas é que tudo isso é inacreditável. Devíamos estar mortos, mas não estamos. E viemos parar em Narvik, junto com a princesa, que está cuidando de nós como se fosse uma criada.

Enquanto eles conversam, Freya retorna ao hospital. Ela aproxima-se da irmã, que ainda dá o jantar a Thor.

– Olá, querida – Hilda cumprimenta a irmã mais nova. – Descansou bem?

– Sim. Dormi bastante – ela diz, depois sussurra: – Sonhei com Hagen.

– Hum... depois falamos sobre isso. Não quer dar o jantar ao rapaz lá ao fundo?

– Ah, sim – a mocinha diz dirigindo-se rapidamente até o outro paciente. Hilda está certa. Primeiro o dever.

–M -I -T -D–I -R -

Mais tarde, Ann prepara-se para deixar o hospital. Antes, dá instruções ao médico que a substituirá no plantão.

– Os carinhas de Asgard são exclusivamente meus pacientes – ela diz, em tom ameaçador. – Só mexa neles se for realmente necessário. E se acontecer alguma coisa com algum, você nunca mais arruma emprego, nem na Lua. Volto amanhã cedo.

– Não era para você tirar dois dias de folga? – o jovem médico pergunta.

– Eu venho quando eu quero. Fique de olho neles.

– Está bem, Ann. Relaxe. Ninguém vai encostar neles.

– Ótimo – ela diz e sai andando pelo corredor, desvencilhando-se do jaleco que usava.

No estacionamento, Ann entra em seu carro vermelho, joga o jaleco no banco de trás e acende um cigarro. No toca-fitas, a mesma fita-cassete do Iron Maiden que ela ouvia dias atrás no consultório. Sai cantando pneu e dirige em alta velocidade até sua casa, um belo sobrado na área nobre da cidade. Nascera numa família rica na cidade de Drammen, onde seu pai tinha uma construtora. Queria que ela fosse engenheira civil para assumir a empresa, mas ela sempre quis ser médica. Aos doze anos, quando a mãe morreu na mesa de cirurgia por causa de complicações de uma apendicite, teve ainda mais certeza do que queria. Aos dezesseis anos fugiu de casa. Em Oslo, arrumou emprego numa funerária para manter-se. Dois anos depois, já com os cabelos pintados de negro e com cinco piercings no corpo, ela começava a faculdade de medicina. Concluiu o curso com a média mais alta da turma, ganhando uma vaga de residência no melhor hospital da Noruega. Voltou para Drammen quando concluiu a residência, já sem os piercings. O pai, de quem não tinha notícias desde que partira, havia se casado outra vez e tinha dois filhos do novo casamento. Não conseguiu ficar um mês com eles. Exigiu do pai que lhe desse a parte da herança que lhe era de direito, assim, sumiria para sempre. Foi o que fez. Com seu dinheiro em mãos, mudou-se para Narvik, conseguiu emprego no Hospital Municipal e lá estava desde então. Narvik não lhe dava a notoriedade que teria se trabalhasse num grande centro, mas o que ela queria mesmo era viver em paz.

Ann chega em casa. Deixa sempre o carro na porta, pois a garagem tem outro uso: ensaios da banda de rock, onde ela, às vezes, canta. Entra em casa e joga as chaves do carro sobre o aparador. A mobília clássica da casa não deixa transparecer que a dona é uma roqueira rebelde. Parece mais a casa de uma senhora comportada e dedicada à família. Ann sobe a escada de dois em dois degraus e entra no banheiro. Rapidamente tira a roupa e entra debaixo do chuveiro.

– Logo Linus estará aqui – ela diz, enfastiada. Não tinha vontade de encontrar o prefeito, mas não pudera se escusar. Mal ela termina o banho, a campainha toca. Ann veste um roupão e desce para abrir a porta.

– Oi, Linus – ela diz, insinuante.

– Hum... veio me receber do jeito que eu gosto...

– Entra – ela diz e fecha a porta atrás dele. Depois, abre o roupão e deixa-o cair. – Assim não perco tempo tirando a roupa.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mais um cap de Mit Dir!Adoro a doutora rebeldeeee! E estou empolgada!! Vamos em frente, que atrás vem gente!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mit Dir" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.