Mit Dir escrita por Chiisana Hana


Capítulo 14
Capítulo 13 Encontros Fortuitos?




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

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MIT DIR

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani

Consultoria para assuntos asgardianos, dramáticos e geográficos: Fiat Noctum

Consultoria para assuntos hospitalares: JuliEG

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Capítulo 13 Encontros... fortuitos?

Hospital Municipal de Narvik.

Nove horas da noite.

– Mas onde diabos se meteu a princesa? – Bado indaga-se, correndo em direção à entrada do hospital, onde cruza com Ann.

– Ei, tigre, aonde vai com tanta pressa? – ela pergunta, puxando-o pelo braço.

– A princesa sumiu, Ann! – ele responde, demasiadamente aflito e gesticulando mais do que o normal.

– Deve ter ido dar uma volta – a médica retruca, bastante calma. – Ela não é nenhuma criança.

– Você a viu?

– Eu não!

– Preciso encontrá-la.

– Por que não vai ver se ela voltou ao hotel?

– É, é uma boa ideia. Eu vou lá. Depois falo com você.

– Boa sorte. Mas ainda acho que não precisa fazer esse drama.

– Ann, por favor, não brinca. Pode ter acontecido algo sério.

– Tá, tá, vai lá. Boa sorte.

– Obrigado.

Ela sorri e continua andando, mas seus pensamentos direcionam-se imediatamente a certo prefeito inescrupuloso que está interessado na princesa de Asgard...

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Cais de Narvik.

Hilda está sentada em um dos bancos de madeira clara, observando a água que oscila calma. O vento frio balança levemente seu cabelo claro e fino. Pensando em Siegfried, ela tenta, inutilmente, não chorar. Absorta em seus pensamentos, ela não percebe alguém se aproximar, até que se assusta quando esse alguém se senta ao seu lado.

– Prefeito Linus? – sobressalta-se a princesa ao ver quem é.

– Olá, princesa Hilda. Estava passando por aqui quando vi a senhorita e resolvi parar – ele explica.

– Ohh, sim – ela diz, um tanto desconfiada, enxugando a face.

– O que faz aqui a essa hora da noite?

– Precisava ficar um pouco sozinha. Estava me sentindo tão sufocada naquele hospital. E é tão duro admitir certas coisas...

– Do que fala?

– Nada. Só queria ficar alguns minutos longe daquilo tudo.

– Entendo – ele diz, aproximando-se mais e pousando o braço sobre o ombro da princesa. – Não gostaria de ir para um lugar mais quente?

– Não, obrigada – ela responde seca, sentindo-se desconfortável com a proximidade física entre ela e Linus. – Estou bem acostumada com o frio.

– Ora, ora, aceite. Vai ser bom para aquecer o corpo. Podemos tomar um café.

– Realmente não tenho vontade. E não estou com frio.

– Não se acanhe, estou aqui para ajudá-la – ele diz, abraçando-a. Ela recusa o abraço e se levanta.

– Preciso voltar para o hospital. Se Bado já percebeu minha ausência, com certeza deve estar preocupado.

– Eu a levo. Estou de carro – diz, apontando o veículo parado logo adiante.

– Não precisa. Quero voltar a pé para ter mais um tempo para pensar, sabe?

– Claro. Mas será que eu não poderia acompanhá-la?

– Não precisa. Além do mais, o senhor não está de carro? Vai deixá-lo aqui?

– Volto depois para buscá-lo. Narvik é segura. Não há roubos aqui.

– Fico feliz, mas realmente não precisa me acompanhar – ela recusa, enfática.

– Está certo. Mas quando precisar de qualquer coisa, procure-me. Estarei a sua disposição.

– Obrigada – ela agradece e começa a andar em direção contrária a Linus, que ficara parado, encostado no carro, observando-a. Quando ela não mais está em seu campo de visão, o prefeito entra no veículo e retorna à prefeitura, onde seu irmão Lars o espera.

– Encontrou-a? Ainda estava onde eu disse? – pergunta o irmão mais novo, displicentemente sentado na cadeira do prefeito.

– Sim. Está tão deprimidinha a coitada! – ele diz, e solta uma gargalhada. – Vai ser mais fácil do que eu pensava.

– Ótimo! Eu não mereço um extra por essa informação preciosa?

– Hum... quando eu conseguir o que eu quero você vai ter seu extra. Agora saia da minha cadeira.

– Claro, claro! – Lars levanta-se num salto. – E o cara?

– A enfermeira continua mantendo-o em estado vegetativo. O que essas mocinhas não fazem por algumas noites com o senhor prefeito?

– E se a Ann descobrir? Aquela médica não é fácil, Linus.

– Não vai descobrir. A moça sabe o que está fazendo. Não é amadora. O medicamento não deixa rastros. Estou sabendo que Ann repete os exames de sangue do rapaz exaustivamente e não encontra razão para ele continuar em coma – ele diz, e completa em tom teatral: – É inexplicável o fato de o rapaz não melhorar.

– Você é maligno!

– Eu sou determinado. Eu quero aquela princesa. E eu vou tê-la.

– Soube que Grethe esteve no hospital de novo?

– Sim, sim. Notícia velha, Lars. Ela mesma me contou. Foi dar uns pontos num corte.

– Estou sabendo disso também. Foi você?

– É, dei um soco nela.

– E ela?

– Ela mereceu. Anda querendo se rebelar, mas eu corto-lhe as asinhas num piscar de olhos.

– Linus, Linus, mulher traída é perigosa. Nunca viu aqueles casos de esposas santinhas que envenenam os maridos?

– Bobagem. Grethe é burra, é submissa e, o mais importante, não sabe viver sem mim. Não sabe cuidar de nada sozinha. Nada além da cozinha, claro. Além do mais, ela detestaria viver na cadeia. Aquela ali gosta do conforto, gosta da cama quentinha, da geladeira cheia.

– Tomara que você tenha razão.

– Eu sempre tenho. Agora vá. Fique de olho e me avise quando a princesa sair de lá de novo.

– Pode deixar!

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Andando rapidamente e sempre olhando para trás a fim de conferir se o prefeito a segue, Hilda retorna ao hospital.

– Princesa! – Bado exclama ao vê-la do outro lado da rua próxima ao hospital. Tinha ido procurá-la no hotel e, como também lá ninguém a vira, resolvera voltar.

– Oi, Bado – ela cumprimenta, melancólica.

– Onde esteve? – pergunta o guerreiro-deus, mas ele logo se corrige. – Perdão, alteza, sei que não me deve satisfações, mas é que eu estava aflito!

– Sou eu quem deve pedir perdão. Devia ter avisado. Da próxima vez, se houver uma próxima, avisarei, certo?

– Sim, senhora.

– Como estão todos?

– Do mesmo jeito. Alberich, Mime, Judith e a princesa Freya já voltaram ao hotel.

– Ótimo. Vou ficar lá na enfermaria com Thor e Shido. Você pode ir cuidar de Fenrir.

Bado assente, mas antes de ir ao quarto de Fenrir, ele passa pela sala de Ann e bate à porta.

– Oi. Posso entrar? – ele pergunta.

– Claro, olho de tigre – ela responde ao reconhecer a voz, e pergunta, assim que ele entra:

– Achou a princesa?

– Sim. Na verdade, ela me achou. Tinha ido dar uma volta.

– Eu disse que não era para se preocupar?

– É, mas eu temo que aconteça alguma coisa a ela.

– Alguma coisa o quê?

– Ela está tão estranha, triste...

– Teme que ela se mate?

– É... algo assim.

– Mata nada. Princesas virgens não se suicidam.

Ele ri.

– Quem disse isso?

– Eu disse! Vem cá, vem desestressar um pouco.

– Ann, não estou com cabeça...

– Cinco minutos nas minhas mãos e você já vai mudar de idéia – ela diz, abrindo as calças dele.

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No hotel, Alberich descobre que vai dividir um quarto com Mime.

– Maravilhoso. Vou dividir um quarto com você – lamenta-se Alberich, enquanto olha a cicatriz da recentíssima cirurgia.

– Dê-se por satisfeito por estar vivo – Mime retruca.

– É, né? Com uma cicatriz que vai do peito ao umbigo, mas vivo. Pelo menos podiam ter me colocado num quarto individual. Já não basta ter ficado na enfermaria?

– Não reclame, Alberich.

– Bado está lá, aproveitando o quarto dele sozinho. Aproveitando muitíssimo bem, por sinal.

– O que quer dizer?

– Ora, só os tontos não notam que ele e a médica psicótica estão tendo um caso.

– Um caso? Você tem imaginação demais.

– Eu tenho visão, meu caro. Tenho visão. Vou dar uma volta, conferir o que tem para fazer na cidade.

– Certo. Quando retornar, se eu estiver dormindo, não faça barulho. Detesto ser acordado no meio da noite.

– Claro, claro – ele diz, arrumando a franja ao espelho. – Preciso pintar o cabelo.

– Por que não deixa ficar na cor natural?

– Para ficar igual a todos os outros? Não. Gosto de ser único. Até mais tarde.

– Até – Mime diz, internamente dando graças a Deus por ficar sozinho.

Alberich deixa o hotel. Está uma noite fria e cinzenta e o sol ainda não havia desaparecido, como é comum na Noruega. Ele, tal qual a princesa, nativo de uma terra ainda mais ao norte que Narvik, nem chega a se incomodar. Anda pela cidade aparentemente com displicência, mas no fundo, presta atenção em tudo, dedica-se a gravar na memória os mínimos detalhes. Uma mulher atravessa a rua correndo e esbarra nele, indo ao chão. Ela usa um casaco de nylon com um capuz que quase lhe cobre a face.

– Não olha por onde anda? – ele brada, irritado com o esbarrão.

– Vá plantar batatas! – ela responde. Depois, levanta-se e sai andando rapidamente. Alberich vai atrás dela.

– Não lhe deram educação? – pergunta, segurando-a pelo braço. – Devia me pedir desculpas.

– Me solta! Eu tenho uma coisa urgente para fazer!

– Ei, eu conheço você – ele constata ao olhar melhor para a face dela.

– Conhece coisa nenhuma! Me larga!

– É a primeira-dama da cidade. Esteve no hospital – Alberich sorri ao reconhecê-la.

– Shhhhhhhhhhhhhhh! – ela olha para os lados. – Não quero que me vejam.

– Hum, a senhora primeira-dama da cidade está se escondendo?

– Preciso verificar uma coisa. Agora me deixe ir.

– Lembra-se de mim?

– Lembro. Um dos asgardianos. Aliás, espero que vocês voltem logo para Asgard. Estão mexendo com a vida de muita gente.

– Estamos? – ele intriga-se. – Como? Conte mais.

– Não posso! Já disse que tenho uma coisa urgente para fazer.

– E eu não posso ir junto? – ele se oferece.

– Não! Eu nem conheço você!

– Alberich Kümmel XVIII, a seu dispor – diz, beijando a mão da mulher.

– Décimo oitavo?

– É. Eu sou um nobre asgardiano. Todos os homens da minha família se chamam Alberich e eu sou o décimo oitavo.

– Parece nome de rei.

– Eu quase fui rei. Quase. Uma pena que eu não consegui.

– Ia se casar com a princesa?

– Não é bem isso...

– Então o quê? Ia matá-la e tomar o trono?

– Digamos que eu tinha os meios para assumir o trono dela, mas que por razões alheias à minha vontade, eu não consegui.

– Sinto cheiro de golpe.

– Mais ou menos – ele ri.

– Sabia. De golpista eu entendo. E ainda assim continua sendo um soldado do reino? Você não parece digno de confiança.

– Eu mudei. Ou pelo menos, me conformei com a minha posição de nobre. Não quero mais ser rei.

– Sei, sei. Historinha interessante, mas agora tenho de ir. Até mais!

Grethe torna a sair correndo. Duas ruas adiante, ela para perto da prefeitura e espera. Poucos minutos depois, vê Linus sair do prédio e, ao invés de entrar no carro, parado à porta, ele sai a pé. Grethe segue-o cautelosamente, fazendo o possível para não ser vista.

– Aposto que vai para a casa da médica – ela diz, consigo, enquanto o segue. – Queria só ver o que ela faria se ele desse um soco nela. Acho que ela enfiaria o bisturi no peito dele. Hum, não seria má ideia.

Ele para em frente a um prédio de classe média, olha para os lados e entra.

– Ann não mora aí... – Grethe murmura. Pensa em entrar no prédio e ver em que apartamento Linus entrara, mas resolve não se arriscar ainda mais. Assim, ela dá meia-volta e começa a voltar para casa.

– Primeira-dama! – uma moça cumprimenta-a ao vê-la.

– Hã? Oi – Grethe responde balançando a cabeça para afastar os pensamentos.

– O corte já está melhor?

– Ah, sim! Já tirei os pontos. Estou ótima – diz, só então reconhecendo a moça. É a enfermeira que fazia o curativo na perna do rapaz enquanto ela era suturada pela Dra. Ann.

– Que bom! Fico feliz!

– É, eu também. Mora aqui perto?

– Sim! Logo ali adiante. Vê aquele prédio?

– Ah, mora ali?

– Aham. Gosto muito de lá.

– Parece um bom lugar.

– É, sim. Agora tenho de ir. Desculpe-me, receberei uma visita logo mais.

– Hum... que bom! Então boa noite.

– Boa noite, senhora.

Grethe continua seu caminho, agora andando devagar.

– Tão pensativa... – Alberich diz, encostado na parede externa de um café por onde Grethe passava. – Fez o que precisava fazer?

– Parcialmente. Estava me espionando?

– Não, não. Estava esperando você voltar. O que faltou para fazer o que pretendia?

– Nada. Esquece. Preciso voltar para casa.

– Eu a acompanho.

– Não precisa! E pare de me cercar!

– Foi você quem esbarrou em mim.

– E foi você quem ficou esperando que eu voltasse.

– Sim, foi.

– Bom, se não tem mais nada a dizer, eu tenho de ir. Preciso fazer o jantar.

– Vai fazer jantar para um marido que trai você?

Grethe para, mas não se volta para olhar Alberich.

– Como sabe? – ela pergunta, ainda de costas.

– Eu escuto muitas coisas.

– Pois não devia prestar atenção no que ouve.

– Era ele? O homem que entrou no prédio era seu marido?

– Sim – ela se vira para olhar o rapaz.

– Hum... e vocês não têm nenhum conhecido naquele prédio, acertei?

– Olha, não posso ficar de conversinha com você. Tchau.

– Tchau, senhora primeira-dama – ele diz e sorri.

A mulher recoloca o capuz sobre a cabeça e começa a andar. Para poucos metros depois e olha para trás. Alberich está no mesmo lugar.

– Não disse que ia me acompanhar? – ela pergunta.

– Você disse que não precisava.

– É, mas... eu gostaria.

– Pois não – ele descruza os braços e se aproxima dela a passos calculadamente lentos e curtos.

– Vamos! Eu não tenho tempo a perder!

– Calma! Eu acabei de sair do hospital. Sou um convalescente – ele diz sério, mas soa irônico.

– É, vendo você perambulando por aí nem parece.

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Enfermaria do Hospital Municipal.

Hilda está pensativa, sentada na poltrona.

– Princesa Hilda... – Thor murmura.

– Pois não, Thor. Precisa de alguma coisa?

– Não. Só queria saber se a senhorita está bem.

– Estou – ela responde, pouco convincente.

– Estou preocupado com a senhorita. Parece abatida.

– É só cansaço mesmo.

– Por que não volta a Asgard? Vamos ficar bem.

– Eu não posso! Você não entende.

– É ele, não, é? É por causa dele que está assim?

– Ele quem? – ela tenta despistar.

– Siegfried – Thor diz dolorosamente. É difícil continuar a falar, mas ele prossegue: – A senhorita sofre por ele.

– Não deve comentar essas coisas. É muito pouco apropriado.

– Se eu pudesse trocar de papel com ele...

– Não diga bobagens.

– Eu daria qualquer coisa para ter o seu amor, princesa.

– Thor, não prossiga, por favor.

– Agora eu já comecei, deixe-me terminar. Eu sei que a senhorita o ama, por isso, se eu pudesse, daria minha vida a ele, para que ele pudesse fazê-la feliz.

– Thor... – Hilda murmura, a face já banhada em lágrimas.

– Me corta o coração ver a senhorita assim.

– Eu vou melhorar quando tudo estiver bem.

– Assim espero, princesa – ele conclui, e fecha os olhos. Sente-se arrependido por ter revelado seus sentimentos à nobre, mas ao mesmo tempo uma sensação de alívio toma conta de seu coração.

–M -I -T -D–I -R -

Na sala de Ann, Bado recosta-se no sofá, ainda com as calças abaixadas.

– Você é bem boa nisso... – ele diz.

– Meu bem, eu não sou boa, sou especialista – ela corrige, passando a língua sobre os lábios que segundos antes estavam sobre o membro dele.

– Estou vendo. Eu... eu preciso ir – ele se levanta e recompõe-se.

– Já sei: precisa cuidar do menino-lobo.

– Isso mesmo. Vai ser mais fácil agora. Vou ter no que pensar enquanto estou lá.

Ann dá uma gostosa gargalhada e adverte o guerreiro-deus:

– Cuidado para não acabar se animando demais ao pensar em mim.

– Pode deixar – ele ri.

– Até qualquer hora – ela diz, num sussurro sensual.

– Até – ele responde e deixa a sala. A médica joga-se no sofá e ri.

– Ai, tigrinho, só não vá se apaixonar!

Alguém bate à porta, e Ann lhe diz que entre.

– Doutora, os exames diários do paciente 01 da UTI.

Ann pega os papeis quase com fúria.

– Ah, ótimo! Esse paciente tem me deixado verdadeiramente intrigada. Não vejo razão para essa lentidão na resposta ao tratamento. Faço e refaço esses exames e não encontro nada. Está vendo? – Ela agita os resultados em frente ao rosto da enfermeira. –Nada! Tudo funciona perfeitamente. Os exames neurológicos dele são satisfatórios. Mas por que diabos ele não sai do coma?

– É realmente estranho, doutora.

– Estranhíssimo. Aliás, daqui a pouco irei vê-lo. É só o tempo de eu me... ajeitar.

– Certo.

Quando a enfermeira sai, Ann torna a rir.

– Agora estou literalmente com a boca suja! Ai, meu Deus!

–M -I -T -D–I -R -

– Chegamos – Grethe diz, olhando diretamente nos olhos verdes de Alberich, quando chegam à sua bela casa.

– Certo. Está entregue, primeira-dama.

– É. Obrigada. Foi bom conversar com você no caminho.

– Não há de quê.

– Entra. Toma um café. Mas é só um café e depois você vai embora – Grethe diz, ao convidar Alberich.

– Claro. Só um café. É uma bela casa – ele diz ao entrar, observando o ambiente com seu costumeiro olhar perscrutador.

– É, sim. E a sua? Deve ser uma bela mansão também. Com esse nome de nobre!

– É uma bela mansão. Não tenho do que reclamar.

– Então, senhor soldado que queria dar o golpe na princesa, o que faz além de planejar artimanhas?

– Minha família tem minas de carvão. Fora cuidar disso, não tem muita coisa para fazer em Asgard.

– Deve ser bem entediante.

– Bom, nem tanto. Tem a taverna. E sempre tem alguma criada bonita e disponível.

– Hum... entendo – ela serve café e biscoitos ao asgardiano.

– Obrigado.

– De nada. Então a principal diversão em Asgard é... sexo?

Ele abre um sorriso malicioso.

– Uma das principais diversões. Não temos teatros, nem cinemas, nem televisão, então...

– Nossa. Até corei agora.

– Estou vendo – ele sussurra de forma sensual.

– Ehr... é melhor você ir. Linus pode chegar a qualquer momento.

– Não se preocupe, eu sou ótimo para pensar rápido. Acharei uma excelente desculpa antes mesmo de seu marido dar dois passos.

– Por favor, não quero arriscar.

– Tem tanto medo dele. Por quê?

– Não é medo.

– Sei...

– Alberich, vá embora, por favor. Não quero mais problemas.

– Certo. Amanhã estarei no hospital. É minha vez de cuidar dos enfermos. Se quiser me ver...

– Vai, Alberich!

Antes de sair, ele deposita um beijo na bochecha dela, mas tocando-lhe parte dos lábios.

– Até mais – ele sussurra antes de afastar a face da dela. Ela nada responde, mas seu rosto queima e uma profusão de novas sensações eclode daquele gesto aparentemente tolo. Pouco depois de Alberich sair pela porta dos fundos, Grethe ouve Linus bater com força a porta de entrada. Os passos pesados dele aproximam-se da cozinha, onde a primeira-dama ainda saboreia o quase beijo.

– Cheguei – ele anuncia. – Quero um banho de banheira, prepare para mim enquanto dou alguns telefonemas.

– Hã?

– Banho! De banheira! – ele grita. – Está demente?

– Desculpe, eu estava pensando...

– Pois não pense!

– Sim, já vou preparar.

– Estava com alguém?

– Não, Linus.

– E essa outra xícara na mesa?

– Ah! É, a senhora Flagstad esteve aqui, contando aquelas lamúrias sobre o filho doente.

– Velha chata. Ainda bem que eu não estava em casa, senão ia querer falar comigo também.

– Com certeza – ela diz, balançando a cabeça afirmativamente e tentando segurar o riso. – Ela perguntou por você.

– Certo. Quando a banheira estiver pronta, me chame.

– Claro, meu marido.

Assim que ele se afasta, ela não contém uma risadinha. "Eu menti para ele sem gaguejar. E ainda quase fui beijada por outro homem", pensa ao tirar as xícaras da mesa.

–M -I -T -D–I -R -

Hospital Municipal.

Ann, depois de tomar um banho rápido, passa na UTI para ver Hagen e Siegfried.

– Então, doutora, quando é que eu posso sair? – Hagen pergunta ansiosamente.

– Em breve – ela responde.

– "Em breve" quer dizer quando?

– Sei lá, alguns dias mais. Não coloquei você na enfermaria para evitar infecções na sua linda mãozinha com dedinhos amputados.

– Amputar era o único jeito?

– Era. Não saio cortando os dedos dos outros quando me dá na telha!

– E o Siegfried?

– Esse aqui? Ele é um mistério. Tem alguma coisa errada. Ah, tem. E eu vou descobrir o que é.

– Errada como?

– Se eu soubesse, eu resolveria! – De repente, uma ideia passa pela cabeça dela. – Ei, loiro bronzeado...

– Meu nome é Hagen – ele interrompe.

– Que seja. Notou algum movimento estranho em volta do 01 aí?

– Estranho como?

– Sei lá. Alguém estranho rondando a UTI.

– Não. As enfermeiras vêm, nos dão remédios, trocam os curativos, nos dão banho e é só.

– Loiro bronzeado, preciso que fique de olho nele.

– Espera aí, eu sou um paciente e a médica quer que eu seja um espião?

– É muito importante. Preciso que fique de olho. Eu vou lhe passar todos os horários em que ele deve ser medicado. Se derem a ele qualquer coisa fora desses horários, eu quero saber.

– E se derem a tal coisa no horário de dar uma coisa certa?

– É, tem razão – ela admite. – Mas fique de olho de qualquer jeito. Já é um começo. É para o bem dele. E não conte a ninguém. Nem à sua namoradinha princesa virgem.

– Por enquanto – ele sorri malicioso.

– Hã?

– Virgem por enquanto! – ele exclama. – Deixa eu sair daqui...

– Sorte dela – Ann ri. – Olho no Siegfried. Estou contando com você.

– Pode deixar.

Continua...


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