Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

O CASAMENTO

Chiisana Hana

Capítulo XX

No dia seguinte, Saori acorda e vê que Julian não mais está na cama. Assustada, ela imagina que ele foi embora depois de conseguir o que queria.

(Saori, consigo) Miserável! Desgraçado! Filho da mãe! Eu quero matar aquele...

(Julian entra no quarto com uma bandeja de café da manhã) Bom dia, amada minha!

(Saori, surpresa e aliviada) Julian!

(Julian, desconcertado) Parece que demorei demais para trazer o seu café.

(Saori) Ah, Julian, que alívio. Eu pensei... (hesitante) nada... (alegre) vamos recomeçar! Vou fingir que estou dormindo e você finge que vai me acordar.

(Julian, sorrindo, mas sem entender direito) Está bem! Feche os olhos. (aproximando-se dela e beijando-a) Bom dia, amada minha.

(Saori) Bom dia!

(Julian) Aqui está o seu café. Preparei pessoalmente. Bom, uma das suas empregadas me ajudou, mas ela só me mostrou onde estavam as coisas. Espero que você goste.

(Saori) Hum! Claro que vou gostar! Você caprichou!

(Julian) Tudo que eu fizer pra você tem de ser especial. Saori, eu a amo desde a primeira vez que a vi.

Saori não sabe o que dizer. Ainda não sabia se o amava. Tudo aconteceu tão rápido... Mas tinha certeza de que gostava de se sentir uma garota normal e queria ficar com ele.

(Saori) Ah, Julian. Estou tão feliz!

(Julian) Excelente! Nada me faz tão feliz quanto a sua felicidade. Só lamento uma coisa: tenho que voltar à Grécia ainda hoje.

(Saori) Já?

(Julian) Não esperava que tudo isso fosse acontecer e por isso marquei reuniões importantes para os próximos dias. Não precisa se preocupar, pois não vou sumir! Tenho motivos fortíssimos para voltar ao Japão muitas vezes. E ainda tem o casamento de seu cavaleiro.

(Saori) Será uma boa oportunidade para você vir me ver.

(Julian) Sim, mas agora é diferente, agora somos...

(Saori) Namorados?

(Julian, entusiasmado) Claro que sim, meu amor.

(Saori) Assim está melhor.

(Julian) Só não sei como vou agüentar ficar sem vê-la até lá. Acho que vou telefonar todos os dias.

(Saori) Eu vou esperar seus telefonemas. Não falhe.

(Julian) Não vou falhar...

Mais tarde, o casal se despede com um beijo e ele parte. Eufórica, Saori pensa em alguém em quem possa confiar para contar a novidade.

(Saori, consigo) Ikki. Shun. Shiryu. Hyoga. Todos homens! Que droga! Seiya está fora de cogitação. Seika também. Mas que porcaria! Por que eu não fui uma menina boazinha ao invés de ter sido mimada, mal-criada, intransigente, mesquinha e chata pra caramba! Não tenho uma amiga sequer para contar o que aconteceu! É nessas horas que eu gostaria de ser pobre! Pobre sempre tem uma amiga para fofocar! (gritando) Tatsumiiiiiiiiiiii!

(Tatsumi, entra correndo) Pois não, senhorita.

(Saori) Mande preparar um carro! Eu vou às compras! (pensando) Se não posso espalhar a novidade, vou gastar energia torrando dinheiro!

(Tatsumi) Sim, senhorita, mas não vai almoçar antes?

(Saori) Pode ser. Traga os jornais de hoje. Quero dar uma olhada...

Minutos depois, o mordomo retorna com os jornais.

(Saori) Eu sabia!

(Tatsumi) O quê, senhorita?

(Saori) Ouça isso:

"SRTA. KIDO E MILIONÁRIO GREGO: O NOVO CASAL DA ALTA SOCIEDADE. A única herdeira do saudoso Mitsumasa Kido comparece à festa de reinauguração do Coliseu da Fundação GRAAD, que ela administra, acompanhada de um belo milionário grego. Fontes seguras confirmam o fim do relacionamento da jovem com um ex-interno do orfanato fundado pelo avô da moça. O novo eleito se chama Julian Solo, grego, loiro, dono de belos olhos azuis e herdeiro de uma das maiores fortunas do mundo. O novo casal dançou a noite inteira e depois tentou despistar os fotógrafos com uma saída discreta. Porém, nossas fontes não perderam tempo e conseguiram flagrá-los indo juntos para a mansão Kido."

Pode? Esses fofoqueiros são ninjas! (pensando) Eu só queria ver a cara do Seiya ao ler essa notícia! Vai querer me matar!

-C-H-I-I-

Ikki e Pandora estão num motel.

(Pandora, fumando) Ikki, quando é que a gente vai se casar?

(Ikki) Nunca.

(Pandora) Como assim? Você vai me enrolar pra sempre? Eu quero casar!

(Ikki, irritado) Pois se depender de mim, vai morrer querendo. Eu não quero saber de casamento. E apaga essa droga de cigarro, você sabe que eu odeio isso.

(Pandora) Você se irritou com a pergunta ou com meu cigarro?

(Ikki) Mais com a pergunta que com o cigarro.

(Pandora) Ok, não precisa se irritar. Foi só uma pergunta. (pensando) Um dia eu convenço esse cabeça-dura...

(Ikki) Pandora, eu gosto de você, mas não quero casar. A gente já mora junto, pra quê casar, mulher? Deixa isso para o Shiryu. Aquele lá tem uma paciência... Ele é todo certinho, honesto, educado, não fala mal dos outros, não fala palavrão. Resumindo, um chato. Mas é apaixonado pela Shunrei desde que se entende por gente. Acho que aquele tonto nunca olhou direito para outra mulher! Aposto quanto você quiser que os dois nunca transaram. Aquela baboseira de casar virgem é a cara do Shiryu!

(Pandora, entediada) Acho muito romântico casar virgem. No meu caso, infelizmente, nem adianta querer casar, quanto mais casar virgem.

(Ikki) Só nascendo de novo e arrumando outro namorado.

(Pandora) Cada uma tem o namorado que merece.

(Ikki) O quê?

(Pandora) Isso mesmo! Eu gosto de você, mas você é um troglodita!

(Ikki, irritado) Pára com isso!

(Pandora, rindo) Vem cá, meu homem das cavernas! Minha fera indomável! Homem de Neanderthal!

(Ikki, emburrado) Assim é que não tem casamento mesmo!

(Pandora) E daí? Você não ia casar de jeito nenhum!

(Ikki) É, não ia!

(Pandora) Então vem cá, meu selvagem! Vamos fazer umas coisas muito, mas muito selvagens!

-C-H-I-I-

Em outro ponto de Tóquio, Seiya e Seika preparam-se para dormir.

(Seiya) Será que a Marin vai estar no casamento?

(Seika) Você quer perguntar se eu acho que a Shina estará lá?

(Seiya) É. Você acha?

(Seika) Sei lá! Mas aposto que você está torcendo para que esteja.

(Seiya) É. Se ela não for, eu mesmo vou até o Santuário. Preciso vê-la Tenho a impressão de que fiz tudo errado e agora quero consertar as coisas. Enganei-me a respeito dos meus sentimentos pela Saori. O que sinto por ela é muito mais respeito e amizade que amor. Quero ver a Shina para ter certeza de que amor é o que eu sinto por ela e...

(Seika, completando) E saber se ela ainda sente o que sentia por você.

(Seiya) É...

(Seika) Você já disse 'é' três vezes...

(Seiya) É? Bom, o caso é que sem a máscara tudo vai ficar mais fácil porque ela não vai poder usar aquela desculpa de ter que me amar ou me matar. Agora é só amar mesmo.

(Seika) É?

-C-H-I-I-

Rozan.

Uma semana antes do casamento.

Shiryu e Shunrei conversam sobre o futuro.

(Shunrei, preocupada) Eu estava pensando numa coisa...

(Shiryu) O quê?

(Shunrei) Você já decidiu se quer ajudar Saori a cuidar da Fundação?

(Shiryu) Tenho pensado bastante nisso. Amo este lugar, mas sou japonês... e eu acho que gostaria sim de ajudar Saori nessa tarefa.

(Shunrei) Eu sabia.

(Shiryu) Poderíamos ir morar no Japão sem problemas. (pausa longa) Mas só se você realmente quiser ir comigo. Não basta que você apenas concorde porque é minha vontade. Quero saber se você também deseja isso.

(Shunrei) Pois saiba que eu acho uma ótima idéia irmos embora.

(Shiryu, surpreso) Você está mesmo disposta a se mudar para o Japão?

(Shunrei, decidida) Claro! Qualquer lugar é o melhor do mundo se estivermos juntos. E também acho que lá vai ser melhor para os nossos filhos.

(Shiryu) Filhos?

(Shunrei) Sim! Quero ter muitos filhos.

(Shiryu, sorrindo) Então teremos muitos japonesinhos! (longa pausa) Shunrei... tem uma coisa que preciso lhe contar.

(Shunrei) O quê, meu amor?

(Shiryu) É muito importante... e não é muito bom...

(Shunrei, preocupada) Pode dizer, seja lá o que for.

(Shiryu, olhando para o chão) Lembra de quando endereçamos os convites? Você me perguntou por que eu tinha ficado repentinamente triste.

(Shunrei) Sim, eu lembro, meu amor.

(Shiryu) Eu não fiquei triste por saudade do Mestre. Conheço-o muito bem, sei que ele está muito feliz por nós dois e que mesmo estando na Grécia, ele sente a nossa felicidade também. O motivo de eu ter ficado triste é outro. Desde que saí do hospital tenho notado uma coisa. Já não enxergo tão bem quanto no dia em saí do coma. Acho que mais uma vez estou perdendo a visão.

(Shunrei, olhando-o fixamente) Quantas vezes eu vou ter que lhe dizer que não me importo?

(Shiryu) Só achei que você precisava saber antes nos casarmos. Eu já me acostumei com a escuridão, mas fico triste por você.

(Shunrei) Eu realmente não me importo, meu amor. Eu amo você por tudo que você é, não faz diferença se está enxergando ou não. E se quer saber, eu já tinha percebido que você estava com dificuldade para enxergar.

(Shiryu) Já?

(Shunrei) Claro. Eu conheço você muito bem. Só estava esperando para ver quando você ia me contar.

(Shiryu) Esse tempo todo eu rezei para continuar enxergando alguma coisa até o nosso casamento. Quero vê-la vestida de noiva, quero ver nossos amigos felizes por nós, quero guardar todas essas imagens na minha mente antes que a luz se apague outra vez. Felizmente, acho que vou conseguir fazer isso.

(Shunrei) Vai, sim, meu amor!

Continua...