Ameno Dore escrita por MyKanon


Capítulo 15
XV - Ceia




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_ Não! - ordenou-se.

Com um impulso, Itacy jogou o corpo para trás, caindo sentada sobre os paralelepípedos úmidos da rua.

Rapidamente se levantou, sentindo suas presas prolongarem-se.

_ NÃO!!!

Itacy correu para a outra extremidade da rua.

Com as mãos trêmulas, tirou o celular do bolso. Pesquisou entre suas mensagens e discou um número.

Dobrou-se, tentando conter a onda de desejo que sentia.

Não podia ir embora e abandonar suas amigas desacordadas naquela rua... Mas também não podia contatar a polícia ou o resgate... Não podia ter qualquer ligação com aquela cena, afinal, o autor daquele crime... Era um vampiro.

Como? Quem?

_ Não imaginei que seria tão rápido! - respondeu Enzo ao atender o telefone.

_ Preciso de você!

_ Eu sabia que uma hora você admit-

_ Onde você está? Venha para cá agora!

_ Ei, calma! E se eu estiver ocupado?

Itacy afastou o telefone da orelha. Agachou-se enquanto comprimia o estômago com uma das mãos.

Ouviu o próprio rosnado. Estava quase perdendo o controle.

Voltou a colocar o celular no rosto.

_ Por favor... Minhas amigas foram atacadas... Tem muito sangue... Não posso deixá-las... Mas estou perdendo o controle...

Um breve momento de silêncio.

_ Ok. Onde vocês estão?

Itacy enxugou o suor da testa com as costas da mão.

_ Na... Na rua de acesso à rodovia... Não posso ligar para nenhuma autoridade... Por favor, faça isso...

_ Eu farei. Melhor você ir embora.

_ Não posso deixá-las...

_ Tacy, vá embora.

Uma brisa soprou, trazendo o cheiro do sangue de Míriam com mais intensidade.

_ Não!!! - recusou-se.

Antes de dar o primeiro passo em direção às suas amigas, voltou a si.

_ Você tem razão... Eu tenho que ir embora.

Itacy deu uma última olhada para suas amigas, antes de pedir:

_ Por favor, venha logo.

_ Estou chegando.

Desligando o aparelho, Itacy olhou para os dois lados, a fim de se certificar que suas amigas estavam em segurança, e então correu para sua casa.

Disparou através da porta que nem teve tempo de perceber que não estavam sozinhos.

_ Nicolai! - sobressaltou-se.

O homem estava sentado rigidamente no centro do sofá. Os cabelos levemente grisalhos nas laterais estavam impecavelmente alinhados, as mãos cruzadas sobre um dos joelhos, quase parecendo uma pintura da nobreza europeia do século anterior.

Quando percebeu a menção de Itacy em falar, interrompeu-a:

_ Acalme-se. Já soube.

_ Quem foi, Nicolai? Ela vai ficar bem?

Nicolai silenciou, apenas encarando-a serenamente. Itacy baixou os olhos. Não queria parecer que o estava interpelando.

_ Sim. Elas estão bem.

Itacy voltou a encará-lo, prestes a perguntar se conhecia a identidade do agressor, quando Eloy saltou os últimos degraus da escada.

_ Demorou, Tacy!

_ Nicolai... - insistiu a garota.

Itacy deu um salto para trás quando seu tutor alcançou a porta em milésimos de segundos.

_ Ainda não tive tempo de investigar. A jovem ficará bem, decidi por me ocupar com questões mais urgentes. Vamos, Eloy já a aguardava há algum tempo.

Silenciosamente, Itacy consentiu e correu para o andar de cima. Antes da porta da frente se fechar, já estava de volta, de roupa trocada.

Embarcou atrás do irmão no sedan preto e ajeitou os cabelos num coque.

Alisou a barra do vestido de malha preto que usava. Ia até a altura dos joelhos e tinha mangas longas.

Nicolai sempre os levava para algum lugar, depois da ceia, e ela fazia o possível para não parecer desleixada.

Seu irmão, sempre relaxado, também era cuidadoso com o visual quando se tratava de Nicolai. Usava calça e camisa social pretos.

Itacy olhou as horas uma última vez no celular. Faltavam alguns minutos para a meia noite.

Precisava saber como estavam suas amigas, mas não era o momento ideal. Nicolai dissera que estavam bem.

Quando o carro parou, Itacy nem se importou em saber onde estava, apenas caminhou para a porta metálica logo à frente, seguida de seu irmão.

+ + +

_ Lorenzo Freitas? Você é Lorenzo Freitas?

Enzo confirmou com um aceno de cabeça. A jovem senhora cumprimentou-o rapidamente enquanto agradecia:

_ Muito obrigada pela ajuda... Não consigo nem pensar o que poderia ter acontecido a ela se não fosse por você! A propósito, meu nome é Laura.

_ Não foi nada... Sorte a nossa eu estar passando por ali. Ela está bem. Já está até consciente.

_ Graças a Deus! Tenho de vê-la. Obrigada novamente!

A mulher apertou suas mãos mais uma vez e se precipitou pelo corredor a fim de encontrar-se com a filha.

Lorenzo observou-a sumir ao atravessar a porta e pensou se já deveria ir embora.

Os pais de Míriam haviam chegado pouco antes e já estavam com a garota. Ela ainda não havia recobrado a consciência. Segundo os médicos, perdera muito sangue.

Talvez pudesse ficar mais um pouco para saber maiores novidades...

Pegou o celular no bolso e afastou-se da enfermaria para não levar uma bronca.

Procurou a última ligação que recebera e discou o número, mas caiu diretamente na caixa postal. Soltou um muxoxo de impaciência e tentou outra vez.

Ouviu o tom de chamada e apurou a atenção.

Parecia que podia ouvir alguma coisa mais...

Mas a ligação foi interrompida. Enzo tornou a discá-la, mas dessa vez não levou o celular ao ouvido.

Prestou atenção ao ambiente. Podia ouvir ao longe uma música clássica que parava no momento em que a ligação caía.

Conseguiu identificar a direção da música. Vinha de trás da porta metálica logo à sua frente.

Levantou os olhos para a pequena placa sobre a porta.

Necrotério.

A ligação foi outra vez interrompida e junto com ela, a música cessou. Decidido, discou outra vez. Tentou abrir a porta, mas nada aconteceu. Então percebeu que o som estava ficando mais alto e mais distinto.

Afastou-se da porta e apenas aguardou que ela saísse de lá.

+

“Mas que inconveniente!”

Itacy recusou outra vez a chamada e destrancou a porta.

_ Mas que m... O que você está fazendo aqui?! - surpreendeu-se ao dar de cara com Enzo do lado de fora.

Continua

N/A: Olá minhas adoradas... Desculpem-me pelo cap curtíssimo... Fase atribulada...Antes pouco que nada, não?

Sim?

Er, parei!

Kissus!


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