Clara como a Lua escrita por sherlock79


Capítulo 1
Capítulo 1: Buscando Mudanças




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Já passava das 6:00 e eu tinha de acordar cedo para não me atrasar para o colégio. Minha mãe, como previa, preparou o mesmo café-da-manhã de sempre, torradas com suco de morango. Não tinha muito gosto por esse lanche, mas por contrário, se não comesse, passaria fome pelo resto do dia. Meu pai, como sempre, pegava o jornal, pôs os pés na mesa e pôs-se a ler intensamente preocupado com as notícias da cidade. Mesmo sabendo que minha mãe odiava quando ele fazia isso. 

- Tire já os pés da mesa! O que está pensando? Não vou ficar limpando mesa o dia inteiro. Se quiser ler seu jornal, que vá para o sofá, mas na mesa não.        Tinha pena pelo meu pai, pois não sabia como ele aguentava aquilo todos os dias. Ficava o admirando e esperando nunca ser como minha mãe. Peguei minha mochila, dei um beijo no rosto do papai e outro no da mamãe, esfreguei a cabeça de Dudu, meu irmão mais novo e fui para fora esperar o ônibus escolar vir me buscar. Deitei na grama da frente de casa, mas logo tive de me levantar, pois o transporte havia chegado.

        Ao subir, sentei em minha cadeira preferida, em meu lugar preferido. Não gostava de outros lugares, somente daquele. Puxei um pouco a cortina da janela para ver minha casa. Tinha tido uma noite difícil, pois estava estudando para as avaliações da próxima semana. Queria me sair bem e manter minhas médias perfeitas.

        Ao chegar na escola, encontrava meus amigos de sempre, Sara, Ana e Fred. Andávamos pelos corredores, gostávamos de conversar antes da aula, mas ao tocar o sinal, apressávamos para não chegarmos atrasados. Estávamos numa Quarta-Feira, dia de Artes e Musica, as aulas que me faziam ser livres. Talvez, sem essas matérias para relaxar, meu cérebro nunca iria funcionar direito.

        A professora e eu éramos grandes amigas, fazíamos da aula um centro de diversão, liberdade, autonomia. Ela fazia meus dias tão monótonos serem mais divertidos. Brincávamos, corríamos,  cantávamos, praticávamos arte. Quarta-Feira era o melhor dia da minha vida e, isso para mim era um sinônimo de sorte. Ao tocar para o intervalo, saíamos sem chamar atenção, fazíamos uma roda no jardim da escola e contávamos todas as novidades.

       Gostava de correr sobre aquela grama fresca, de sentir que estava envolta de natureza. Clamava por alegria, pulava de felicidade, me sentia livre. Meus amigos me acompanhavam e corríamos juntos. Havia um lago pertencente ao colégio e, ao fim das aulas de arte, brincávamos e nos divertíamos naquele lago.

       Estava feliz com aquele lindo dia até tocar o sinal para a terceira aula. A professora de Artes não era a professora Mônica, mas sim uma senhora meio rabugenta que catalisava a raiva dos alunos por ela e a transformava em coisa muito pior. Ela tentava ser uma pessoa legal e eu reconhecia isso nela, mas a questão é que não nos dávamos muito bem. Ela não era como a professora Mônica.

       Sempre tentei entender o porquê de seu rosto estar sempre triste. Achava que havia algo que estivesse acontecendo na vida dela então resolvi me aproximar um pouco mais. Me aproximei a ela com a tática da pergunta relacionada à matéria. Perguntava como havia surgido a arte em diversos países, como eram as artes expressas, e tudo o mais.

       Consegui laçar-nos com uma amizade breve. Queria tentar ajudá-la, mas não ser sua amiga em todas as ocasiões. Isso já seria outro caso. Ao acabar sua aula, apressei-me para brincar com meus amigos no lago, mas o lago estava inutilizado no momento, pois fora encontrado um corpo de uma professora morta, e essa professora era a professora Mônica.

       Não consegui me contentar ao ver aquela cena. Chorei, pois a unica pessoa que me fazia ser livre, agora estava presa num vínculo de tempo entre sua vida e sua morte. O lago estava encharcado de seu sangue, até as veredas das bordas da areia do confinamento do lago. Ajoelhei-me ao seu lado e desejei sorte à nova vida dela. Não queria a perde-la, mas infelizmente a perdi.

      Entrei no ônibus Escolar, que me levaria de volta para casa. Continuava sentando na mesma cadeira, mas estava triste, então encostei minha cabeça na janela do ônibus e pensei na minha perda. Não aceitei fácil, chorei muito à caminho de casa e peguei algumas partituras de musica que Mônica havia criado e tinha deixado comigo. Li todas e tentei criar um ritmo para elas apenas com o meu cantar.

      Voltei para casa super abalada com o acontecido no final da aula. Não tinha lágrimas em mim para expressar, mas sentia que a minha base houvera sido destruída. Costumava sempre seguir uma rota perfeita de acontecimentos, sempre procurando viver na mesma monotonia de sempre para não afetar mais pessoas, mas via que a base para a minha liberdade havia sido derrubada, mas iria construir novamente essa base, só não sabia em quem.

      Queria quebrar a monotonia, então levantei minha cabeça, enxuguei a última lágrima de meus olhos que ainda restara por pura sorte. Pensei no que achava que agora seria o mais adequado possível. Conhecer novas pessoas, mudar minha personalidade, ser uma nova pessoa. Peguei meu violão, acabei com a tristeza que havia em meu coração, cantei musicas que a professora Mônica havia criado. Elas vinham intensamente da minha alma.

      Mas queria mais do que cantar musicas criadas por ela, queria criar minhas próprias canções, então deixei o violão de lado e acabei compondo uma música que, mais do que uma boa letra, havia meu coração naquela música. Então a passei para o violão e, com uma boa letra, criei uma boa melodia. Toquei durante horas e horas até meu coração se acalmar e, enfim se alegrar.

        Já havia anoitecido e eu, no meu quarto, nem havia lembrando de descer para almoçar e para lanchar. Me impressionava que a alegria tomasse conta de meu coração e suprisse todas as minhas tristezas. Enfim, não estava com fome para jantar, então deitei na minha cama, ainda com a farda do colégio e dormi perfeitamente.

       Estava me sentindo muito bem e não queria acordar, mas sabia que um novo dia iria chegar e eu o esperei, mas não ansiosa. Estava mais calma, pois o céu de meu coração clareou com a luz da alegria.


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