Outra manhã silenciosa e calma. Todos já estavam haviam acordado e começavam novamente aquela rotina de investigação. O que faltava naquele cenário policial, era o próprio investigador.

Normalmente L pediria para Watari preparar um bolinho delicioso - receita de família – com um belo morango vermelho em cima. Só de imaginar, o jovem detetive já salivava.

Naquela manhã rotineira, L decidira praticar um poucos seus dotes culinários. Afinal de contas ele era o melhor detetive do mundo, seria uma vergonha se o mesmo não soubesse preparar a própria refeição e continuasse a depender de um idoso aposentado para preparar e servir as mais diversas especiarias açucaradas que lhe viessem a mente.

Dispensando o avental e indo direto aos ingredientes. Com a ponta dos dedos L despejava os ingredientes na vasilha, sempre seguindo o livro de receitas que pegara escondido de seu mordomo.

-Cozinhar não é nada muito desafiador. Qualquer pode fazer isso... - E com um breve sorriso, L continuava a misturar os ingredientes com uma colher de madeira.

Depois de tudo misturado, só faltava adicionar o açúcar à aquela mistura. O jovem, com um sorriso no rosto, levou o pacote até o balcão e com uma colher de sopa adicionava as colheradas de açúcar necessárias. Mas parou.

Algum tempo ele ficou encarando aquele pacote. Com o ar indiferente de sempre. Ainda segurava a colher de sopa na mão, uma gota de suor escorregou em seu rosto, o mesmo engoliu a saliva que quase lhe transbordava entre os lábios.

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Light entrou na cozinha, esperava encontrar Ryuzaki. O rapaz arregalou os olhos, pasmo, dando um suspiro cansado. L estava sentado – naquela usual posição de sempre – em cima do balcão, com a colher de sopa, comendo o açúcar diretamente do pacote em seu colo. Nem percebendo a presença de seu companheiro.

-Ryuzaki... O que você está fazendo?

-Eu estava fazendo um bolo, não me entenda mal, mas acho que me dispersei no processo e...

-Ryuzaki, você está comendo o pacote de açúcar.

-Ótima observação! - E L voltou a comer o açúcar.

Outrora, Light estava arrastando seu “amigo” de volta para o resto do grupo. O mesmo pediu para que Watari fizesse um bolo antes que L tivesse um ataque. No final das contas, o jovem detetive teria que continuar dependendo daquele idoso aposentado.

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Watari trouxe o bolinho, afinal. Exatamente como L imaginava. Simetricamente posicionado no centro do pratinho e com um morango bem vermelho em cima da cobertura de creme. Com a ponta dos dedos, L pegou a colherinha de prata pronta para cortar o primeiro pedaço.

-Você não faria isso comigo, né? - Uma vozinha fina, de uma criança, ecoou pelos ouvidos do detetive. O mesmo franziu o cenho, arregalando os olhos, e encarando o bolinho.

-Mas quem foi que...

-Eu! Aqui na sua frente! - A voz ecoou novamente. L chegou mais perto daquele pedaço de bolo, dando uma lambida na cobertura. O bolinho riu! O bolinho riu! - Hihihihi, isso faz cócegas!

Com toda certeza aquele pedaço de bolo tinha rido da lambida. O detetive estava pasmo, sentado na cadeira na posição de costume, o mesmo se curvou para frente novamente dando uma mordida na ponta do bolo e sujando a ponta do nariz.

-AI! Isso doeu! É assim que você trata seus amigos?

-Amigos? - Light já começara observar L de canto de olho, enquanto o mesmo falava com o bolinho.

O morango tremeu. Se partiu em dois e de dentro do fruto vermelho, saiu uma menina bem pequenininha. Com olhos bem grandes e azuis. A mesma estava coberta de pedaços de morango e bolo.

-Ryuzaki, você está falando com um pedaço de bolo?

-Óbvio que não Yagami-kun. Estou falando com a fada do bolo. - Com a mão na cintura e nariz empinado, L afirmava sobre a fada do bolo. - Aliás, qual é o seu nome?

-Jack! Sou Jack, a fada dos morangos vermelhos que ficam em cima de bolos de creme! - Light estava boquiaberto. Agora tinha certeza que L tinha enlouquecido.

-Ryuzaki pelo amor de Deus! Para com essa brincadeira!

-L-chan! Só pra você saber... O Kira não consegue ver fadas de bolos! - L dirigiu um olhar frio para Light.

-Yagami-kun.... Sempre soube que você era o Kira, mas agora eu tenho como comprovar. O Kira não consegue ver a fada do bolo!

-Se essa é a sua desculpa pra me acusar, mais uma vez, de ser o Kira...

-Jack me disse,Yagami-kun. - Os olhos de L estavam ficando pesados, e um pouco vermelhos.

Watari e o resto da equipe aparecerem na porta da sala, derrapando no chão. Watari aponta para L e a equipe agarra seus braços e pernas, tirando-o da sala.

-Jack! - Gritou L.

-L-chan!ADEUS! - Gritou a “fada do bolo”. Watari pegou o bolinho e jogou no lixo, logo, dando uma injeção no detetive e o mesmo dormiu. Light nem sequer se mexeu.

-Watari...

-Não se preocupe Yagami-san. Overdoses de açúcar acontecem o tempo todo. Obviamente que o senhor não pode ser o Kira.

-É-é claro que não! - Watari saiu da sala, deixando Light sozinho.

O mesmo pegou o bolinho de dentro da lixeira. Colocou em cima da mesa a sua frente, e se curvou bem perto do bolo. Apertando os olhos, e o suor escorria em seu rosto.

-Anda logo sua fada estúpida! Aparece! Se eu disser que vi você não serei acusado de ser o Kira! Anda logo sua fada estúpida!