O Barman escrita por fosforosmalone


Capítulo 1
Capítulo 1




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Lloyd Turket olha-se no espelho, ajustando o nó de sua gravata borboleta. Ele usa uma camisa branca impecavelmente limpa, e um paletó vermelho muito bem cortado. Esta vai ser a sua primeira noite como o novo barman do Salão Dourado no Hotel Overlook. Lloyd olha-se uma ultima vez no espelho, respira fundo, e sai do banheiro.

Lloyd observa deslumbrado o luxuoso Salão Dourado. As paredes e o teto eram de fato dourados, enquanto o tapete, as toalhas sobre as mesas, as cadeiras e outros moveis eram vermelhos. Neste momento, o salão se encontra vazio, mas o barman sabia que em breve, os hospedes lotariam aquele lugar, para desfrutar de uma boa refeição, e quem sabe, beber um drinque.

            LLOYD

                                                   - Melhor me preparar (Diz para si mesmo, indo para trás do balcão)

MAIS TARDE

O silencio que antes tomava conta do Salão Dourado agora não existe mais. O som de conversas animadas, e talheres enchem o local. No bar, Lloyd habilmente serve uma caneca de chopp a um cliente, que conversa com um amigo sobre a inutilidade da Guerra Do Vietnã. Ao lado destes, dois homens comentavam sobre o assassinato de Malcolm X, e de como suas idéias perigosas para o país haviam morrido com ele.

Lloyd ouve todo tipo de conversa, mas nunca participa. Limita-se a sorrir, e servir as bebidas que lhe são pedidas. Um homem um pouco gordo, de cabelos negros, vestindo terno e usando óculos se aproxima do balcão.  Trata-se de Charles Grondin, o gerente do hotel.

     GRONDIN

- Como está indo o primeiro dia, Lloyd?

  LLOYD

- Muito bem, Sr. Grondin. O que vai ser?

GRONDIN

- Um Martini com gelo e limão, por favor.

LLOYD

- Ai vai, senhor.

O Barman começa a preparar o drinque de seu patrão, manuseando com desenvoltura e rapidez os copos, e os instrumentos de coleta. Em poucos segundos, o drinque esta pronto.

LLOYD

- Aqui esta, Sr. Grondin.

O gerente prova um gole da bebida, e dá um sorriso.

GRONDIN

- Muito bom, Lloyd. Muito bom mesmo.

LLOYD

- Obrigado, senhor.

Enquanto os dois conversam, um homem magro usando smoking, de cabelos negros, se aproxima de Grondin, e coloca a mão em seu ombro.

GRONDIN

- Ora, vejam só quem está aqui. Lloyd, este é meu bom amigo Vittorio Gienelli.

LLOYD

- Boa noite, Sr. Gienelli. Posso lhe servir alguma coisa?

    GIENELLI

- Um Gim com soda seria ótimo! (Diz com um forte sotaque italiano).

LLOIYD

- Em um instante, senhor.

Mais uma vez, o Barman prepara o drinque requisitado, com a competência habitual. Ele coloca o copo diante do italiano. É quando uma bela mulher, de longos cabelos ruivos, olhos verdes, e usando um vestido azul turquesa, se aproxima do balcão.

BONNIE

- Vittorio, o que esta fazendo?

Lloyd olha para a bela moça que se pôs ao lado de Vittorio. Em seu treinamento, ele aprendeu que um barman deve ser o mais discreto possível, mas foi difícil não admirar a beleza daquela moça.

GIENELLI

- Charlie, permita-me apresentar minha namorada. Esta é Bonnie Bordeaux. Bonnie, este é Charlie Grondin.

  GRONDIN

- Ola Srta. Bordeaux (diz apertando delicadamente a mão da moça). Seja bem vinda ao Overlook. Vittorio é um grande cliente nosso.

BONNIE

- Vittorio falou muito bem do seu hotel, Sr. Grondin.

GRONDIN

- Eu posso imaginar, Srta. Bordeaux. Gostaria de beber algo conosco? Nosso Barman faz drinques excelentes!

BONNIE

- É mesmo? Adoraria provar um (diz ela fitando Lloyd com seus olhos verdes).

   LLOYD

- Claro Srta. Bordeaux (diz o barman tentando manter a impassibilidade). O que gostaria de beber?

  BONNIE

- Hmmm, vejamos (diz mostrando um belo sorriso). Acho que hoje vou me contentar com uma simples taça de Champaigne.

LLOYD

- Algum Champaigne em especial, Senhorita?

BONNIE

- Não entendo muito de Champaigne.Me recomenda algum, Vittorio?

  GIENELLI

- Qualquer um serve (diz o italiano distraído, pois esta conversando com o gerente do hotel).

BONNIE

- E você... Qual o seu nome mesmo?(Diz dirigindo-se ao Barman).

LLOYD

- Pode me chamar de Lloyd, Senhorita.

BONNIE

- Tudo bem, Lloyd. Diga-me, que Champaigne você me recomendaria?

O Barman virou-se, e foi até o suporte atrás do balcão, de onde tirou uma garrafa de vidro azulado.

LLOYD

- Acho que vai gostar deste, Srta. Bordeaux.

Lloyd pega uma taça embaixo do balcão, e serve o Champaigne. Bonnie pega a taça, e diz:

BONNIE

- A sua saúde, Lloyd.

A Garota bebe um gole, e depois abre um enorme sorriso.

BONNIE

- Este é o melhor Champaigne que eu já tomei em toda a minha vida! Ótima escolha, Lloyd.

Gienelli para de conversar com Grondin, e volta-se para Bonnie.

GIENELLI

- Vamos para mesa, querida. Se quiser mais uma bebida, chamamos o garçom.

O casal se dirigiu para uma das mesas vagas, enquanto Charles Grondin foi para o outro lado do salão, cumprimentar outros clientes do hotel. Enquanto recolhe a garrafa de Champaigne de cima do balcão, o barman olha para o casal, e tem a nítida impressão que Bonnie virou a cabeça por um instante, e olhou diretamente para ele.

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS

Enquanto as semanas passavam, Lloyd era muito elogiado pelo seu trabalho no Salão Dourado do Hotel Overlook.  Ele realmente estava gostando de trabalhar ali. Lloyd sentia que poderia trabalhar a sua vida inteira no Hotel, talvez até mais. Entretanto, em todas aquelas semanas, Bonnie sempre acabava voltando a sua mente. Com certeza era uma das garotas mais lindas que já vira. Mas não era apenas isto. Havia algo mais naquela mulher alem da beleza, que fascinava o Barman.

Depois daquela noite, ele a viu mais uma vez acompanhada do italiano, mas não chegou a se aproximar dela. Então Gienelli partiu, a levando com ele. Semanas se passaram até que finalmente, o casal retornou.

Lloyd esta servindo vários canecos de cerveja para que o garçom possa levar para alguns hospedes, quando vê Vittorio Gienelli e Bonnie Bordeaux entrando no salão. Por um instante, a expectativa tomou conta do Barman, mas o casal se dirigiu para uma das mesas ao invés do balcão. Lloyd despachou as cervejas, passando o resto da noite dividido entre o seu trabalho, e admirar Bonnie a distancia. O casal jantou, e se retirou do salão.

Neste momento, poucas pessoas ainda jantam no salão dourado. As cadeiras em frente ao balcão estão todas vazias. É quando alguém se senta em uma delas.

BRAD

- Ela é realmente linda,não?

   LLOYD

- Como disse, senhor? (Diz Lloyd surpreso pelo comentário do estranho, um homem usando um sobretudo preto, e uma camisa social branca adornada com uma gravata vermelha. Seus cabelos negros já começando a revelar alguns fios brancos).

BRAD

- A moça ruiva que você admirou a noite toda. Ela é realmente linda. Não se preocupe (diz ele diante do olhar exasperado do Barman) você foi extremamente discreto. Eu é que, modéstia a parte, tenho uma percepção fora do comum. Alias, permita-me me apresentar, sou Brad Crowe.

LLOYD

- Posso lhe oferecer uma bebida, Sr. Crowe?

BRAD

- Hoje não. Mas um outro dia, com certeza.

LLOYD

- Quanto à moça,eu não pretendia ser indiscreto,Sr. Crowe.

BRAD

- Não seja tolo! Já lhe disse que você não cometeu nenhuma indiscrição. Diga-me, você se chama Lloyd, não é? Acho que ouvi alguém o chamando assim.

LLOYD

- Ouviu certo, senhor. Este é o meu nome.

BRAD

- Quer ouvir a minha opinião, Lloyd? Como eu já lhe disse, sou muito perceptivo, e observei aquela garota por um tempo. Eu acho que ela gosta de você.

O Barman fita Brad Crowe, sem saber direito o que responder.

BRAD

- Bem, vou indo, Lloyd. Qualquer dia desses eu venho tomar um de seus drinques.

Brad se levantou sorrindo, e rumou para a saída do Salão Dourado, sendo observado por um estupefado Lloyd.

NOITE SEGUINTE

Lloyd Turket limpa as marcas de copo que ficaram sobre o balcão com um pano. Já passa das Duas da manhã, e não há absolutamente ninguém no Salão Dourado. Lloyd não vira Gienelli e a namorada o dia inteiro. Por isso, não pôde deixar de ficar surpreso, quando viu Bonnie passar sozinha pelas portas do salão. Ela usa um vestido verde. A moça vai até um dos bancos em frente ao balcão, e senta-se.

BONNIE

- Oi Lloyd. Meio parado aqui hoje, não? (Diz olhando em volta com um sorriso no rosto. Mas não era um sorriso sincero e alegre como o da outra noite. Havia uma tristeza oculta ali).

                                                                               LLOYD

- Fico feliz que se lembre do meu nome, Srta. Bordeaux.

BONNIE

- Eu raramente esqueço um nome, Lloyd.

LLOYD

- Posso ajudá-la em algo, Srta. Bordeaux?

BONNIE

- Pra começar, gostaria que me chamasse de Bonnie. Não agüento mais ouvir Srta. Bordeaux pra lá e pra cá. Gostaria de ouvir meu nome em outra boca que não a dele.

Lloyd a observa, e repara que a moça parece bastante abatida. Há uma certa melancolia na sua voz.

LLOYD

- Como desejar, Bonnie. Eu lhe oferecia uma bebida, mas não tenho certeza se seria bom para a Senhorita no momento.

BONNIE

- E o que você acha que seria bom pra mim no momento, Lloyd? (o sorriso dela voltou a trazer um pouco do divertimento sincero do dia em que haviam se conhecido).

LLOYD

- Não cabe a mim dizer isso.

                               BONNIE

- É claro que não. Agora, por que não me serve mais uma daquelas taças de Champaigne.

LLOYD

- Creio não ser boa idéia, Bonnie.

A moça o olha com raiva. e se levanta, mas subitamente é acometida por uma tontura,que a faz cambalear. Ela se apóia no balcão antes de cair no chão, mas solta um gemido de dor. Lloyd pula por cima do balcão, a acudindo.

LLOYD

- Você esta bem? (Diz preocupado)

BONNIE

- sim, estou (diz ela sentando-se na cadeira com uma leve expressão de dor). Acho que vou aceitar um suco ou alguma coisa assim.

O Barman volta para trás do balcão, e começa a servir o suco em um copo.

BONNIE

- Você é o único funcionário por aqui? (Perguntou ela olhando em volta mais uma vez).

LLOYD

- Bem, os garçons depois de limparem as mesas e ajeitarem as cadeiras vão para seus dormitórios. Eu é que limpo o bar e fecho o Salão.

BONNIE

- Então você é o homem com as chaves do Salão Dourado (Diz ela com uma risada, que é interrompida por uma nova expressão de dor).

LLOYD

- Você não esta bem.

BONNIE

- Eu já disse que...

LLOYD

- Isso não foi uma pergunta, Bonnie (diz o Barman abandonando o tom formal e saindo de trás do balcão). O que aconteceu?

Ela começa a rir, enquanto lagrimas descem pelo seu rosto.

BONNIE

- Muito bem. Vou contar a você, Lloyd, meu amigo barman. Aquele animal desgraçado me bateu. Outra vez. Eu... Eu não quero voltar praquele quarto. Hoje não.

Ela começa a chorar, e Lloyd relutantemente a abraça, sendo retribuído.

LLOYD

- Se você não quiser, você não vai voltar pra lá. Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando da historia. Inicialmente seria uma historia curta, mas resolvi Dividi-la em duas partes.

Quem puder,deixe um review.

Grande abraço!



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