Capítulo 4 - The Great Escape (A Grande Fuga)

Por volta de meia hora depois, na delegacia apareceu uma mulher procurando por Katie Gardner. Ela era uma senhora de meia-idade vigorosa, tinha os cabelos cor de trigo iguais aos da filha, mas olhos castanhos. Usava roupas floridas e cores comuns de serem encontradas na natureza. Olhou com reprovação para o piercing da filha enquanto agitava as mãos e dizia:

-Quantas vezes eu já lhe disse que deveria ter ido para a fazenda do seu pai? Isso pelo menos ajudaria nessa sua rebeldia...

-Mãe – gemeu Katie, incomodada com o escândalo que ela fazia.

-Não me venha com essa, mocinha. Mais uma coisa e eu te mando direto para lá. Nem pense que não vamos resolver isso em casa...

Depois de vários acertos com os policiais, as duas foram embora e, enquanto iam, duas outras pessoas entravam. Essas eram Afrodite e Hefesto. Silena sentiu Charles ficar tenso ao seu lado, enquanto se levantavam e iam em sua direção. Por onde passava, a mãe de Silena arrancava olhares arregalados de policiais, bandidos ou simplesmente outros pais que estavam ali.

-Silena – repreendeu Afrodite – O que está fazendo aqui exatamente?

-Er, mãe... – ela falou, puxando-a para um canto da delegacia – É que estávamos em uma festa.

-Uma festa que supostamente você devia ter comentando e que Charles não deveria ter ido.

-Eu sei, mas...

-Você nunca precisou que eu te dissesse o que deveria ou não fazer, Silena. Mas acho que tudo que lhe ensinei não vale nada, não é?

-O que você me ensinou? O que você fez por mim? – explodiu a garota – Você nunca esteve comigo. Me deixou com meu pai quando nasci, pensou que eu não sentiria sua falta?!

-Aqui não é hora nem local para se discutir isso!

-E quando é? Você sempre foge do assunto!

-E você sempre apronta confusões para que possa levar a esse tipo de coisa – disse Afrodite, ajeitando o cabelo – Agora você vai pra casa! Nunca pensei que deixaria minha filha maior de idade de castigo.

-Se você acha que vou cumprir suas ordens, está muito enganada! – disse Silena, aumentando a voz e chamando atenção dos amigos.

-Você vai! – disse a mãe pegando a filha pelo braço – Agora nós vamos para casa e você vai ficar o resto do final de semana em casa.

-Sonha – falou a garota irritada, indo em direção a porta. Afrodite seguiu-a, mas quando viu que ela ia até o carro, suspirou e esperou o marido.

Duas horas depois os jovens já estavam em casa. Silena havia se trocado, colocado uma camisola de linho branco até seus joelhos. No quarto próximo ao seu, Charles estava deitado na cama pensando na festa. Ele nunca imaginará que a irmã pudesse ser tão festeira assim.

Já a garota estava mexendo no celular, mandando mensagens para Annabeth e Thalia que ainda estavam na delegacia. Decidiram esperar até amanhecer para irem para suas respectivas casas. Ouviu uma batida na porta, e já bufando foi atendê-la.

-Mãe, já disse que... Ah, oi Charles – disse a garota surpresa, abrindo a porta para o garoto entrar.

-Oi – ele disse, entrando noquarto da garota – Ei, queria falar com você.

-Fale.

-O que vamos fazer depois dessa festa? Você acha que vão nos deixar sair novamente?

-Provavelmente não, mas eu não ligo!

Ele riu e se sentou em uma cadeira do quarto da garota.

-Você não acha que era melhor darmos um jeito de tirar os outros de lá?

-Como? – perguntou Silena, sentando na cama – Só se explodíssemos a delegacia.

-Ou algo perto dela – disse Charles com um sorriso misterioso.

-Ah, não. O que você está pensando?

-Já vou falar...

 Uma hora depois eles já tinham tudo que precisavam. Era por volta de três da manhã quando chegaram à delegacia no Queens. Charles foi até o apartamento defronte ao lugar e Silena entrava. Estava com roupas diferentes, seu cabelo estava preso e ela tinha um olhar confiante. Foi caminhando até seus amigos, que dormiam sentados nos bancos.

-Olá – disse chutando a perna de Percy.

-Aaai – ele resmungou e depois abriu um olho – Silena!

-Cala a boca – ela disse, acordando os outros que a olharam confusos – Esperem um pouco que logo vamos tirar vocês daqui.

-Vamos? – perguntou Thalia.

-Charles está lá fora!

-Ah, vocês armaram uma fuga? – sorriu Luke.

-Ele teve a idéia, eu cuidei dos detalhes – explicou.

-Que idéia é essa? – perguntou Grover.

-Espere e veja – disse Silena, pegando o celular e discando um número – Pronto.

Cerca de dois minutos depois, ouviu-se um estrondo do lado de fora da delegacia. Todos os policiais foram para fora para ver o que aconteceu, assim como os jovens, que apenas fingiram estar curiosos. O apartamento de frente a delegacia estava expelindo uma fumaça preta. Logo, os bombeiros foram chamados, mas os jovens já estavam indo embora por uma estreita viela ao lado do lugar.

-Essa idéia foi brilhante – disse Thalia – O que Beckendorf fez?

-Não sei exatamente o nome do negócio, mas ele fez algo começar a largar fumaça lá dentro – comentou Silena empurrando Annabeth que estava demorando.

-Vamos – chamou Luke que ia na frente.

-Tem um carro aqui – disse Rachel.

-Exato. Entrem – disse Silena, tirando umas chaves do bolso – Os vidros são escuros, se espremam aí. Dois podem vir aqui na frente!

E foi assim que eles voltaram. No banco da frente, estava Annabeth sentada no colo de Percy. Atrás Grover, Nico e Luke estavam com Rachel e Thalia no colo.

-Eu não vou deixar Beckie sentar aqui não – disse Luke, arrancando risadas dos outros.

-Não se preocupe, ele vai dirigir – disse Silena, manobrando o carro para parar nos fundos do apartamento “atacado”. Charles estava escorado em um poste, usando cores escuras, mas quando viu o carro foi naquela direção e abriu um sorriso. Assim que Silena saiu do carro, ele entrou rapidamente e fechou a porta, esperando-a ir até o banco de trás e sentar no colo de Luke, que pôs a mão sobre sua coxa. Ela logo a tirou dali.

-Próxima parada, Manhattan!

-Vai logo, aqui tá apertado – gemeu Nico, levando vários tapas de Thalia – Porra, para com isso!

-Está me chamando de gorda? – perguntou, continuando com os tapas.

-Eu não disse isso!

-Mas você pensou!

-Você nem sabe no que eu estava pensando!

-Então isso é uma confissão?

-Eu não disse isso, droga.

-Não se preocupa Thalia, de certo ele tava pensando que você está gostosa hoje – riu Luke, que levou uma cotovelada dolorida na barriga – Ouch!

-Bem-feito – disse Rachel, se remexendo no colo de Grover.

-Você fique quieta que ninguém falou com você – retrucou Annabeth.

-Uh – disse Charles – Ta estressada, Annie?

-Não imagina o quanto – ela resmungou – Mas, obrigada por nos tirar de lá.

-Não foi nada demais...

-007 – disse Grover.

-Cala a boca – disse Percy – O que vocês fizeram lá?

-Nunca revelaremos nossos truques – riu Silena, tirando novamente a mão de Luke da sua coxa.

-Sério! O que fizeram? – perguntou Annie se virando para trás para poder encarar Silena nos olhos.

-Charles pegou gelo seco de algum lugar, eu peguei bastante pó preto e misturei junto, depois só deixamos no prédio. Depois ele pegou e derrubou MUITAS coisas que haviam sido empilhadas nos fundos...

-Gelo seco?

-Pó preto?

-Que coisas?

-Latas de lixo, caixas, coisas de vidro... – explicou Charles – E Silena também deu um jeito com suas fichas.

-MUHAHAHAHA – fez Nico, recebendo outro tapa de Thalia – Que droga Thalia, dá pra parar de me bater?

-Não dá – ela implicou.

-Não te dou uns tapas porque você é uma garota!

-Mesmo que não fosse, duvidaria que o fizesse.

-Ah, é? Posso fazer outras coisas! – disse Nico, passando as mãos nas coxas da garota, dando leves apertões.

-SEU TARADO – gritou Thalia, levantando-se, mas batendo a cabeça no forro do automóvel e todos começaram a rir – PAREM, IDIOTAS!

-Thalinha ficou brava – disse Luke.

-Nunca. Mais. Me. Chame. De. Thalinha! – disse Thalia, pontilhando cada palavra com um tapa na cabeça do rapaz.

-Poxa Thalia, sem violência no meu carro – zombou Charles, encarando-a pelo retrovisor.

-Você não precisa se meter...

-AH, CALEM A BOCA – gritou Annie, fazendo todos se calarem – Vocês brigam por coisas estúpidas uns com os outros. PENSEM. Fiquem pelo menos UM MERO DIA sem alterar o tom de voz!

-Desculpa, é impossível com esses idiotas! – disse Thalia, indignada.

-Teimosa!

-Egoísta!

-Imbecil!

-Burra!

-Eu? Burra?

-Tem mais uma burra aqui além de você?

-Tem você!

-UUUUUUUUUUUH, NICO – riram os garotos.

-Calem a boca – ele disse, empurrando Thalia do seu colo.

-Pivete... – ela ameaçou.

-OK, senta logo sua gorda!

-O que...

-CALEM A BOCA – gritaram todos, exceto Charles que cuidava da direção.

-Não podem ficar um instante sem brigar? – perguntou Rachel – E nem vem me bater, Thalia!

-Parem – disse Luke e puxou Thalia para o seu colo, empurrando Silena para o de Nico.

-Ainda bem que alguém teve uma boa idéia! – murmurou Percy.

-Assim talvez parem de brigar um pouco – continuou Luke – Vão continuar assim até chegarmos em casa.

-Estamos na ponte Brooklyn-Baterry agora – informou Charles – Mais um pouco e estamos lá!

-Coloque uma música – disse Rachel.

-Isso – concordou Silena – Tem uns CD’s por aí no chão, é só procurar!

-Opa – disse Annie – McFly?

-ADORO – gritou Rachel.

-Concordo – disse Silena – O Dougie é MUITO...

-GOSTOSO – disseram as duas juntas e começaram a rir. Os garotos ficaram parados com cara de WTF?

-O Danny também...

-O Tom coitado é o mais feinho...

-De quem elas estão falando? – perguntou Nico para Grover.

-Não faço a menor idéia.

-Tem Evanescence também – continuou Annie e Thalia fez o sinal de rock ‘n’ roll com uma mão.

-Muito depressivo – comentou Silena.

-Tem Restart!

-O QUE?

-WTF?

-Como isso foi parar no meu carro? – se lamentou Beckendorf – Atira isso pela janela.

Todos começaram a rir, mas depois de um tempo, pararam. Silena continuou tirando mãos bobas de suas coxas, só que desta vez de Nico. Rachel estava quase que agarrada ao banco do motorista, pois Grover estava com os pés em cima do banco. Thalia estava sentada emburrada no colo de Luke, e este segurava sua cintura. No banco da frente, Charles dirigia tranquilamente em direção a casa deles, enquanto Annabeth estava sentada entre o vão das pernas do namorado.

-Primeira parada, Luke – disse Charles, parando o carro e destravando a porta do mesmo.

Luke saiu, acenando em despedida enquanto caminhava até um prédio acinzentado na esquina da Houston St. com a Broadaway. Grover aproveitou e foi junto, afinal morava na Houston também. Quadras depois, Charles parou o carro para Nico, Rachel e Thalia descerem, pois eram vizinhos no mesmo prédio na Park avenue. Na 110th com a Columbus, Percy e Annabeth saíram.

-Precisamos ir logo, mamãe acorda daqui apouco – informou Silena passando para o banco da frente.

-Estamos quase chegando, faltam algumas quadras.

-ACELERA – berrou Silena.

-Escuta aqui, quem ta dirigindo aqui sou eu! E caso não tenha visto, tem uma viatura da policia na nossa frente!

-OK, OK. Esqueça o que eu disse.

Depois de alguns minutos dirigindo, Charles parou na garagem da casa onde moravam e disse para o segurança:

-Nós nunca saímos.

-Claro, Sr. Charles.

-Ótimo – ele comentou, desligando o carro.

Ambos pegaram suas coisas e começaram a caminhar até a sala, onde deveriam devolver a chave do carro. Depois que a colocaram no lugar, ouviram algo atrás de si.

-Caham. Podem me dizer aonde é que estiveram?

Ops, era a mãe de Silena.