Poppin' Champagne! escrita por Reky


Capítulo 4
Rose Weasley: Sobre a corda-bamba


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui estou eu de volta com Poppin!
Escrevi este capítulo imediatamente depois do último, mas resolvi postá-lo só no fim de semana mesmo :B
Espero que vocês gostem dele! ((: Tenham uma boa leitura!



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— Ele já foi embora?

Albus afastou a cortina pela vigésima vez em meia hora, olhando para o lado de fora da casa enquanto Rose roía as unhas no sofá ao lado. Nos primeiros quinze minutos desde que entrara, ela simplesmente não conseguira sentar - ou sequer parar de andar de um lado para o outro. Albus, é claro, havia acordado com toda a gritaria de minutos atrás e, ao ver o estado da prima - e embora também ainda estivesse um pouco bêbado - prontamente se levantou e foi fazer um chá para os dois, xingando baixinho Scorpius nos processo.

Agora, as xícaras repousavam, vazias, na mesinha de centro, mas os nervos de Rose ainda persistiam. Albus odiava admitir, porém não podia deixar de sentir pena da prima… De certa forma, não ter mais Scorpius em sua vida fizera bem a ela. Por um tempo, é claro, ela ficara um caco - apenas uma sombra do que costumava a ser; mas, depois? Depois que a dor de tudo o que acontecera se esvaiu, Rose havia se tornado uma outra pessoa. Alguém melhor. Uma mulher forte.

Mas tudo aquilo ruíra em menos de vinte e quatro horas.

Ele tinha que se lembrar de matar Scorpius da próxima vez em que o visse. E, logo em seguida, matar a si mesmo por ter concordado com tudo aquilo - ou, talvez, não exatamente concordado, mas não ter dissuadido o amigo.

Ver Rose naquele estado o matava por dentro e, ao afastar a cortina naquele momento e perceber que Scorpius, de fato, ainda estava lá, fez o desejo assassino de Albus somente aumentar.

Bufando, ele revirou os olhos.

Cretino filho de uma…

Rose se encolheu em seu lugar no sofá, abraçando os próprios joelhos. Albus suspirou, levantando-se somente para se sentar no lugar ao lado da prima e abraçá-la pelos ombros, trazendo-a mais para perto. Ela tremia.

— O que diabos ele disse a você, Rosie?

Ela abanou a cabeça, mordendo o lábio inferior. Albus ameaçou se levantar.

Ótimo, esse idiota vai se arrepender

Rose o pegou pelo pulso e o puxou de volta para o sofá, abraçando-o.

— Não vá… Eu realmente não quero ficar sozinha agora… Não quero que seja que nem daquela vez.

Albus reprimiu um calafrio. Não gostava nem de lembrar o estado em que encontrara Rose da última vez. A garota passara um dia inteiro sozinha, mergulhada em sua própria solidão e horror, sem fazer muito além de chorar e encarar a parede logo à sua frente.

Parecia mais uma boneca de porcelana, aquela mais preciosa da coleção, com seu olhar vidrado e totalmente destroçada.

Naquele momento, Albus teve que reunir toda sua força para conter o impulso de ir para fora da casa e bater em Scorpius até que seu rosto arrogante estivesse irreconhecível. Ele podia ser seu melhor amigo e, embora estimasse sua amizade, Albus prezava pela sanidade da prima ainda mais. Vê-la em um estado tão próximo ao de dois anos atrás o apavorava depois de tanto tempo tentando fazê-la superar tudo aquilo.

Assim, ele engoliu em seco e tomou uma decisão, talvez a mais sábia que já tomara em todo aquele dia: Albus ficou.

Rose se encolheu em seu abraço, sentindo aquele perfume familiar inundar tudo que a cercava. Ela não sabia como, muito menos por quê, mas a presença de Albus sempre teve aquele efeito nela, desde quando eram crianças. Scorpius sempre fora o que atiçava tudo nela, sua vontade de viver, de sair e fazer aquilo que quisesse; era com ele que ela arriscava tudo.

Mas com Albus, não.

Seu primo era o correto, o estável. Era aquele que a recebia de braços abertos, sem a julgar, quando ela voltava de uma sessão de advertências de McGonagall, depois de sair tarde da noite com Scorpius para explorar Hogwarts. Albus era aquele que a entendia como Scorpius - e, ela tinha certeza, ela mesma - nunca seria capaz de entender.

Era estranho saber que duas pessoas tão opostas quanto Albus e Scorpius eram tão amigos há tanto tempo.

Mais estranho ainda era ter consciência de que, um dia, ela já fizera parte de tudo aquilo.

Enquanto Scorpius era o instável, louco por uma aventura, e Albus era o que constantemente mantinha o pé no chão para aturar as façanhas dos dois, Rose era a balança que não pendia nem para um lado, nem para o outro. De vez em quando, chegava a pensar que era justamente a mistura perfeita entre a mãe e o pai, a lógica e a emoção. Como Albus e Scorpius.

Durante os últimos anos, Rose constantemente se perguntava como aquela amizade poderia estar durando tanto sem ela. Porque, recordava-se bem, os gênios opostos dos dois garotos nem sempre conseguiam ser deixados de lado por um bem maior. Quando Albus e Scorpius discordavam de algo, Rose sempre era obrigada a escolher um lado.

E, bom, aquilo não era muito legal.

Por muito tempo, sua amizade - e, céus!, os sentimentos - que possuía por Scorpius obrigaram-na a tomar decisões das quais ela não se orgulhava muito nos dias de hoje. De certa forma, a amizade deles ter acabado a fez se tornar uma pessoa melhor, alguém mais razoável e menos apta a correr riscos tolos que poderiam prejudicá-la.

Exatamente por isso que, cedo ou tarde, ela acabou conseguindo lidar com a ausência - ou traição? - de Scorpius.

Ela era uma pessoa melhor sem ele.

E Rose se orgulhava disso.

Bom, pelo menos até ele aparecer novamente em sua porta.

— Ele já foi embora? — Ela murmurou com a boca seca, meia hora mais tarde. Seus olhos já começavam a pesar e Rose se arrependeu imediatamente da pergunta quando Albus prontamente se levantou para espiar do lado de fora.

Com um sorriso, virou-se para ela.

— Parece que não. Acho que ele deve ter voltado para o inferno de onde veio.

Rose suspirou, aliviada e grata por, agora, poder ter sua paz de volta.

— Graças a Merlin.

— Vou ter uma boa conversinha com ele da próxima vez em que nos virmos, — Albus disse, estreitando os olhos de uma forma ameaçadora que há anos Rose não via. — Scorpius não vai se atrever a chegar a cem metros desta casa ou ele nunca mais será capaz de falar um A.

A garota conseguiu esboçar um sorriso pela primeira vez em mais de duas horas. Céus, o que seria dela sem Albus?

O barulho da porta se abrindo em um estrépito e, em seguida, fechando-se com um estrondo os sobressaltou. Rose imediatamente se encolheu no sofá, preparando-se para ouvir a voz de Scorpius fazer seu corpo ficar entorpecido novamente, como já estava acostumada. Ao invés disso, ela ouviu um grunhido bem conhecido.

Merda! — Alice exclamou da porta de entrada, visivelmente irritada com algo que somente ela era capaz de ver. Quando sua cabeça apareceu na entrada para a sala, seu cachecol estava enrolado em torno de sua cabeça de forma desleixada, como se ela tivesse tentado arrancá-lo de qualquer jeito. — Oi, Rose! Albus!

Albus revirou os olhos.

— Alice… Onde é que você esteve o dia inteiro?

Wow! — A garota exclamou ao ver as garrafas de bebidas jogadas ao redor da mesa de centro, bem como a bagunça que aquele ambiente se encontrava. — Resolveram fazer uma festinha e nem me convidaram, é isso?

— Você não estava em lugar nenhum para podermos chamá-la. — Rose deu de ombros, já mais relaxada em seu lugar. Esticou-se para pegar a garrafa de cerveja amanteigada mais próxima e a virou. — Depois do que passamos hoje, você não me julgaria por isso.

— Ah, é? — Alice perguntou, parecendo não estar convencida. — Foi pior do que receber 120 memorandos em menos de duas horas? Pior do que ser chamada três vezes à sala do idiota do seu chefe? Pior do que ouvir a voz estridente de Cameron Cassidy a três mesas de distância por um dia inteiro? — Ela revirou os olhos, bufando. — Duvido.

Albus soltou uma alta gargalhada.

— Nem vem! Eu sei muito bem que você adora ser chamada para encontrar seu chefe! Três vezes, Allie? É um recorde, huh?

A garota deu de ombros, mas não conseguiu esconder seu pequeno sorriso triunfante.

— Bom, digamos que talvez tenha sido isso que deixou Cassidy tão frustrado comigo!

Rose não conteve sua risada, quase engasgando com a cerveja que tomava. Alice era uma figura - nunca deixava de surpreendê-la e, com isso, fazê-la esquecer dos seus piores momentos. Ela era um anjo que havia aparecido em sua vida no momento certo, quando sua amizade com Scorpius já cambaleava naquela brincadeira arriscada de corda-bamba, e ela precisava de um lugar para morar. Quando, por fim, tudo terminara entre os dois, Alice estava em um congresso fora do país, mas imediatamente largou tudo quando Albus lhe enviou uma coruja contando-lhe tudo o que acontecera.

Os dois também não se davam exatamente bem, mas quando Rose estava mal, sempre uniam forças para levantar seu moral. E ela seria eternamente grata.

Enquanto via Albus provocando Alice por seu comportamento no trabalho, a ruiva sorriu para si mesma. Tudo ficaria bem enquanto os tivesse em sua vida.

Ela ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, de novo, não aconteceu muita coisa, mas achei que deveria explicar a relação da Rose com o Albus e já aproveitar para introduzir a Alice, que só havia sido mencionada. E, bom, sei que o Scorpius não teve uma participação ~ativa~ neste capítulo, mas acho que já deu pra perceber melhor que tipo de pessoa ele é, pelo menos de acordo com a Rose e o Albus, né? (;
Já estou escrevendo o próximo capítulo! O que será que o Scorpius vai fazer agora, hein?
Não se esqueçam de comentar!
Beijos!