Os Guardiões das Chaves escrita por Key


Capítulo 8
Cap - 8 - Nico Di Angelo




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Os olhos azuis elétricos se fecharam. Em cima dela, um enorme manto prateado e peludo. Fiquei totalmente imóvel. Mandei meu corpo se mexer. Nada. Escutei um grito agudo cortado antes de se terminar. A Fênix se desintegrara. Levei um susto e saí de transe quando Manda passou voando por mim e se ajoelhou aos pés de Madson. Finalmente consegui me mexer. Olhei Madson e depois, Kel. Percy passou por mim começou a retirar o pelo do Leão de Nemeia de cima de Kel. Fui ajudá-lo. Quando o retiramos, O sangue tomava praticamente todo seu tronco. Um zumbido em meus ouvidos começou. Foi diminuindo e terminou com um fraco barulho de relâmpago. Percy sentiu seu pulso. Olhei para Manda e ela também estava paralisada. Ela falou com uma voz muito sufocada um “Não”. Madson levantara. Elas vieram até nós.

Percy começou me fitar, depois olhou para Manda. A garota se colocou um a expressão de terror e começou a chorar aos berros. Percy olhou para mim. Ele chorava um pouco. Madson assistia tudo muito perplexa. Ainda estava sangrando.

- Ajude Madson e Manda, Percy. – disse a ele com a voz trêmula. – eu cuido dela.

Ele me olhou e secou as poucas lágrimas. Manda caía e chorava muito. Madson também chorava, mas não tão desesperadamente. Deitei-me no corpo dela e comecei a sentir as malditas lágrimas caírem. Seu corpo ainda não fora levado. Não importava também. Estava morta.

Seu colar começou a brilhar. Olhei para o meu e também brilhava. Os dos outros, igualmente. Minha visão se apagou e me vi em outro lugar. Várias imagens começaram a passar em minha mente. Um buraco, o corpo de Kel nele, um corte fútil de uma espada em uma névoa, e por último, uma mulher de cabelos lisos e negros me falando “sua última chance”.

Voltei a realidade. E entendi. Olhei para o corpo dela. Essa era minha chance. Nossa chance.

Levantei e peguei seu corpo no colo. Comecei a andar em direção a porta de Orfeu.

- Onde vai leva-la? – percy perguntou levantando os olhos. Ele tentava acalmar Manda, mas nem o próprio estava em boas condições.

- Venham comigo. Vamos até minha casa.

Não escutei ninguém se mexer.

- O que vai fazer? – Madson perguntou com ingenuidade. Isso me deixou furioso.

- O QUE ACHAM QUE EU VÁ FAZER? Não notaram AINDA? O CORPO DELA CONTINUA AQUI. AINDA TEMOS CHANCE PARA FAZER ALGUMA COISA!

- Nico. – percy me chamou, com um pouco de pena na voz. – Acabou.

- Veremos. – respondi e comecei a andar de volta. Parei e falei sem mesmo olhar. – Vão ficar aí ou irão me ajudar a depor com Hades?

Continuei andando e ouvi eles me seguindo atrás. Chegando a porta de Orfeu, olhei para Madson meio de lado.

- Cante.

Ela me olhou com um olhar de pergunta, mas obedeceu e cantarolou uma canção do acampamento. A porta se abriu. Ajustei Kel em meu colo para ficar mais vertical para conseguir passarmos pelo túnel.

Descemos por mais ou menos uma hora. Chegando lá, seguimos, seguimos e seguimos até o palácio de Hades. Ela pesava em meu colo, mas não me importava. Eu ainda chorava, mas forçava tanto minha fúria a se expressar por meu rosto que as lágrimas se conteram a certo ponto. Chegamos ao jardim de Perséfone. Deitei Kel ao lado do habitual buraco com o qual de vez em quando, eu convocava Bianca. Olhei para Percy.

- Me dê Néctar e ambrosia.– Pedi. Ele me fitou.

- Nico, isto será inútil...

- Apenas me dê. – disse com raiva.

Ele pegou sua mochila e me entregou um pedaço de Ambrosia e um cantil de néctar. Joguei dentro da cova o Néctar. Entrei. Peguei Kel no colo e a deitei dentro. Subi de novo. Subi ao castelo de Hades e empurrei os grandes portões.

O que eu queria estava sobre uma bancada em uma almofada de veludo, ao lado de um trono de flores prateadas. A Rainha Perséfone estava sentada nele. Ao lado, um trono vazio. O de Hades.

- Enteado! – ela cumprimentou.

- Preciso daquilo. – apontei a espada com o queixo.

- Ora ora, mas para que tanta pressa Nico?

- Você sabe. – respondi.

- Ah sim. Está tentando salvar sua amiga. Interessante. Filho do rei dos mortos tentando trazer alguém a vida.

- Onde está meu pai?

- Neste momento, em audiência com os Deuses, vendo tudo o que acontece aqui. Junto a... Pandora.

- Pandora voltou para Olimpo? – perguntei semicerrando os olhos.

- Sim. Estão discutindo o futuro da garota das Almas.

- Continuando, preciso da Espada, Perséfone. – voltei direto. Estava com muita pressa mesmo.

- Escute bem Nico. Hades lhe permitiu o uso da espada, mas não é por que é seu pai. É porque o conselho de Olimpo o ordenou que seria mais fácil ela reviver dessa maneira. E ele considerou como um teste também. Cuide melhor de suas amiguinhas para não morrerem, porque essa será a primeira e a última vez que você utilizará a Espada das Chaves. Mas...

Ela parou e pôs os olhos em minha chave.

- Em troca, Hades quer suas duas chaves de volta. Poseidon também quer, e blá blá blá. – ela fez um gesto com indiferença.

- Feito. – falei sem pensar. O colar se dilacerou em meu pescoço, e creio que no de Manda também.

- Pegue a espada e a mantenha longe de qualquer tipo de espírito. Se algum outro espírito reviver, você que virará um. Aviso dado.

A espada veio em minha direção como um raio e a empunhei. Saí correndo para os portões e me joguei no jardim. Manda parara de chorar e todos me fitavam com olhos inchados e arregalados.

Fui até a cova. Levantei as mãos e comecei a cantarolar em grego antigo. Almas começaram a vir até nós. Peguei minha espada e expeli todas que tentavam desesperadamente entrar na cova e se alimentar. Uma alma forte começou a abrir caminho entre as outras. Deixei-a se servir. Aos poucos, uma garota de cabelos curtos e repicados apareceu enevoada. Estava usando um vestido branco. Olhei-a hipnotizado.

- Nico... – ela riu.

- Kel, a trarei de volta.

Neste momento Manda se largou das mãos de Percy e veio em direção. Olhou fascinada para a garota.

- Kel... – ela recomeçou a chorar e sorrir ao mesmo tempo.

- Manda, minha cara amiga... Madson, conheci sua mãe!

- M-minha mãe? – Madson gaguejou e chegou mais perto.

- Sim, Pandora me recebeu e me informou de tudo que aconteceria. Bom, não te tudo... ela disse que há fracassos.

- Kel, eu... – comecei a pensar. A imagem de mim cortando a névoa reapareceu. – Prepare-se. – disse por fim.

- Eu amo vocês. – ela riu e piscou levemente. Sua voz estava linda.

Gritei e brandi a espada de Hades na névoa. Ela fechou os olhos. A névoa começou a brilhar e foi sugada rapidamente para a cova. Escutei um arfar de dentro dela e Kel levantou-se.

Pulei dentro e a abracei. Os outros fizeram o mesmo.

~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-...

Aparecemos em frente aos chalés. Estava amanhecendo. Eu ainda a abraçava junto aos outros. Ela riu e fitou todos nós. E começou a gritar, ainda rindo, feito uma doida.

Percy olhou os chalés. Outro que começara a gritar. Madson não foi diferente, Manda também não. Eles me puxaram, em poucos segundos, éramos 5 doidos acordando todos do acampamento. Em mais ou menos... um minuto? É, um minuto, todos nos rodeavam. Alguns voaram em cima de Percy. Mas a cara de Annabeth foi a melhor. Ela começou a gritar e praticamente se jogou aos braços do garoto. O acampamento inteiro nos esmagava. Ouvi Luce gritando meu nome. Eu estava tão feliz de voltar que fiz idiotices como essa: saí correndo e abracei Manda e Kel, que ainda pulavam em meio a multidão de meios sangues. Quíron veio trotando com um sorriso de orelha a orelha. Aos poucos todos foram saindo por ai. Manda encontrou Rheel e fez mais ou menos o que Annabeth tinha feito com Percy. Luce ainda pegava no meu pé. Talvez por eu estar sorrindo ela achava que tinha o direito de me perseguir. Enjoada.

Comecei a andar com Kelry e Madson. Ela estava muito quieta. Annabeth e Percy estavam um pouco longe de nós, mas vi Percy me mandar um olhar como “não vai escolher?”. Eu ainda mataria aquele cara. Quíron chamou Madson silenciosamente enquanto todos ainda riam por aí. Ela foi até ele, e seguiram para a casa grande. Todos ainda falaram – Percy, morra. – da garota que reviveu, e perguntavam os detalhes. Como Kel estava morta, obviamente, quem contava era eu.

Mais a noite, logo depois de sairmos da fogueira, começou a chover não com muita intensidade. Mas como estava calor, aceitamos como um presente dos deuses. E todos tomaram um banho de chuva.

Um grupo liderado por Percy e Annabeth se juntou atrás de nós e Percy foi quem falou primeiro:

- Bom, o meu e o e Annabeth foi à água, pois meu pai é Poseidon. Mas e o de um de Hades e um de Zeus? – ele perguntou, rindo. Não entendi direito, mas continuei sorrindo com um pouco de medo do que estava para acontecer.

- Nas sombras? – falou alguém de trás e todos murmuraram um “hum” bem longo.

- Floresta! – gritou mais alguém. Eu já estava assustado.

Começaram a nos pegar e levaram em direção a floresta. Nos deixaram lá caídos no chão e se afastaram. A chuva caia e eu mal enxergava alguma coisa, só dois pontos azuis muito fortes, como diamantes. Esfreguei os olhos. Kel começou a e levantar, ainda rindo, e eu a impedi. Ela me olhou. Afastei seu cabelo do rosto de desci a mão para seu queixo, puxando-o para perto do meu e a beijei na chuva ao som de um raio rimboriando a floresta.


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