Acordei em uma cama branca, com uma cortina rodeando-a. Estava tampada com um lençol fino e macio, e usava um pijama um pouco curto que com certeza não era meu, azul e branco. Virei meu rosto e senti meu cabelo estranhamente macio e com cheiro de baunilha. Curto. Nunca imaginei ter cabelo curto. Vi, ao lado da cama, um conjunto de roupas e um All Star preto e cano longo, limpo. Ok, isso com certeza era meu. Levantei-me, vesti e abri as cortinas.

Saí da casa grande e comecei a andar em direção ao rio. A quando tempo eu não vinha no acampamento. Levei um susto quando uma nuvem negra se materializou na minha frente, e algo se jogou em cima de mim.

- Kel! Meu deus, você está viva! – Nico estava sorrindo muito, mas foi quando olhou meus olhos que notou o que estava fazendo e se afastou. - Manda contou metade da história...

- Venha – O puxei – Tenho que falar com o Quíron sobre meus pertences.

- Ta falando da Eldest e das roupas chamuscadas? As roupas foram pro lixo, só deixando claro.

- Nico, onde está Manda?

- Ahn... Eu não sei, não vi ela hoje.

- E a Porta Almas?- Pronto, falei. Ele arregalou os olhos.

- Como você sabe de...

-Longa história. – O puxei.

Conduzi-o até meu chalé, Zeus. Uma Construção de mármore branco com grandes colunas, e dependendo de onde eu olhava, ele era atravessado por raios. Entrei e encontrei Eldest colocada perfeitamente em cima de uma cama, a única arrumada. Ao lado, meu antigo Notebook. Realmente não acreditei que estava o revendo. Deveria estar no sótão, devem ter retirado. Havia um escudo também na cama, e nele havia o Empire State entalhado.

- Presente de boas vindas do chalé de Hefesto. – Explicou Nico

Eu sempre gostei do chalé de Hefesto.  Eles eram diferentes do pai.  Mais legais. Eldest estava em uma bainha nova também, muito bonita, preta. Ao redor dela pendia um colar com uma esfera achatada e transparente, não muito grande.  Dentro constava uma chave menor que o comum, dourada. Dentro da esfera, parecia conter gel. Mas a esfera era de vidro.

- O que Quíron disse? – Perguntei, desanimada.

- Ele não viu. A primeira coisa que fiz quando vi essa chave foi esconder. – O fitei com certo susto. Ele retirou de baixo da camiseta preta um colar, o do acampamento. Nele, pendia uma conta diferente... Uma esfera, igual a minha.

- Você é um guardião. – disse com a voz esganiçada.

- Não, não sou um guardião do Olimpo. Essa é uma das chaves de Hades.Tenho a mesma função que você. Mas, a chave que você possui é de... Zeus? Mas... Para quê você é guardiã de uma chave de Olimpo?

- Eu... Manda lhe contou onde estávamos?

- Sim. Estavam treinando fora do acampamento, certo?

- Sim. Não, mais ou menos. Estávamos treinando porque temos que ser guardiãs de... Uma deusa.

- Deusa? Espera, que deus precisa de proteção?

- A porta almas, serve?

Porta almas era como... Ela podia morrer. Mas ela podia também tornar-se imortal se quisesse.

Ele riu.

- Ela é mais poderosa que qualquer um. Não prescisa de proteção.

- Prescisa. E também fiquei sabendo que você a salvou. Aí quem levou o fardo fui eu. Sou a guardiã da porta almas. Essa chave, é para ela, Nico.

- E... Agora?

- Tenho que mante-la em segurança. É o meu trabalho. Treinaremos ela, como não sou filha de Hades, você e Manda nos ajudarão. Até quando os deuses autorizarem, eu darei a chave para ela e eles a tornarão imortal.

- Você não queria voltar. – concluiu ele. O jeito com o qual eu falava da porta almas deve ter deixado sua fixa cair.

- Não Nico. Eu treinei para ser uma semideusa forte, vencer batalhas e ser concedida até, talvez, a imortalidade. Mas em vez disso, treinei e tudo que recebi foi um trabalho de babá de uma garota, sabendo que no final ela se tornará imortal e eu continuarei a ser uma campista. Venha. Aprensente-me a garota.