My Other Face escrita por Mandy-ama-anime


Capítulo 4
Capítulo 4 - O dia seria cansativo...


Notas iniciais do capítulo

Narrado por Shion Kaito~



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Estava me debatendo contra os lençóis, enquanto suava. O Sol já havia nascido, e senti seu calor bater em meu rosto com um raio entrando por uma fresta na janela, justamente ele que agora batia nos meus olhos. Suspirei, ainda agoniado, tentando esconder debaixo das cobertas meu rosto, e esfregava meus olhos. Mal tinha conseguido pegar no sono, e agora o sol teimoso batia em meu rosto, teimando em querer me acordar antes da hora, como sempre, ou sempre que eu esquecia de fechar as cortinas; mas estava cansado e preguiçoso demais para me dar ao trabalho de fechá-las. Mas para falar a verdade, o Sol me fez um favor de me tirar do sonho que estava tenso.

Sonhei um sonho muito esquisito. Nele tinha Miku, eu e ele. No sonho estávamos no teatro, e eu estava vestido como um ladrão misterioso, com uma máscara típica veneziana, capa preta, uma pena azul brilhante em meu chapéu de ponta tripla e roupas como as de um conde, com uma rosa azul nas mãos e um lenço vinho no pescoço. Lembrei da minha fantasia com a qual fui uma vez a uma festa, era igualzinha... Miku chorava no sonho, e eu então comecei a tocar violino, e ela parou, sorriu, mas eu não parei de tocar... Toquei, toquei, até que ela adormeceu. Quando ela adormeceu, ele me possuiu, e deu uma gargalhada malévola, a envolvendo em sua capa e iria começar a abusar dela, quando senti um holofote atingi-lo bem em sua cara. Quando vi, era o raio de Sol, que me salvara de presenciar cenas tensas e desagradáveis inconscientemente. Me perguntava se ele é quem tinha projetado aquela visão em meu subconsciente, como era o esperado, mas ele não dera sinais de possessão desde ontem, para minha alegria.

Estava perdido em meus pensamentos, quando ouvi o som do despertador tocar.

Sim, tinha acordado antes dele. Isso não era muito difícil de se acontecer, meu fuso horário interno já tinha se acostumado à rotina. E hoje, eu iria à inauguração de uma sorveteria no centro da cidade. Sim, eu normalmente fazia essas coisas como caridade. É, normalmente esse dinheiro eu doava pra instituições, mas isso momentaneamente não importa.

Ouvi o som de uma porta sendo socada levemente. Levantei, coloquei um quimono azul de ficar em casa mesmo e fui atender, afinal, atender de cueca é fan-service demais pra mim. Quando vi, era meu empresário, com um sorriso largo no rosto. Abri um sorriso. Um ótimo empresário com certeza ele é. Esse nego velho nunca se atrasa...

— Kaaito! Que ótimo que já está acordado! — Disse o homem de pele escura, com aquele sorriso e as covinhas, como sempre fazia. Sua careca estava mais brilhante hoje, com apenas alguns restos mortais de um cabelo espetado e preto. Ele parecia ter emagrecido um pouco, apesar da barriga ainda apertar no paletó. — Vamos, vamos! Logo vamos ter que nos apressar, temos a inauguração da sorveteria, depois aquele minishow na boate lembra-se?

— Ah claro, aquele show... — Na verdade tinha me esquecido completamente dele. Enfim.

— Ah sim, e tenho uma ótima notícia pra você. O dono da sorveteria disse que por sua gentileza de inaugurar a loja dele, ele vai usar cores em tom de azul para a decoração, e além disso ele vai te dar dois meses de sorvete grátis! Não é ótimo? — Ele esboçava um sorriso como se o privilegiado fosse ele mesmo.

— Ah sim, que ótimo! — Disse, sorrindo, torcendo para que saísse o mais convincente possível. Devido aos acontecimentos recentes não estava com muito humor, infelizmente. Porém não gostaria de contaminar ele com minha falta de ânimo.

— Kaito, alguma coisa errada? Você parece abatido. — Disse, olhando em meus olhos e pela primeira vez desfazendo o sorriso em seus grossos lábios.

Eu fiquei em choque por alguns segundos. Ele realmente me conhecia a ponto de decifrar até meu olhar... Não conseguia nem disfarçar minha cara supresa. Também, ele está comigo desde o começo da minha carreira, ele me conhece demais, só não me conhece melhor do que Miku. Ainda atônito, suspirei, levantando uma sobrancelha.

— Não foi nada.

— Não minta pra mim. — Ele disse, sério. — Conte o que te estressa. Fará você se sentir melhor.

— Ok, ok... — Suspirei abatido. — É que... Sabe ele?

Ele? — Franziu o cenho. — Que ele?

Ele, minha dupla personalidade... — Suspirei. Ele e meu psicólogo são os únicos que sabem da existência dele.

— Ah sim, ele. Pensei que já o tivesse superado... Enfim, o que tem ele?

— Bom, — Continuei, sem ânimo. — ele vem me dado trabalho esses dias.

— Que tipo de trabalho? — Disse, franzindo as sobrancelhas finas e escuras como sua pele.

— Bom... — Eu disse, porém ele, dentro de mim, não me deixou continuar. Não mesmo, não permitiu que eu comentasse dele com ninguém sobre o que ele tinha feito. Então, em alguns segundos, ele tomou posse de mim, em uma fração de milésimos. — Não foi nada importante. Eu acho que estou levando isso a sério demais, é só uma bobagem.

Ele tinha dito isso. Ele tinha, eu não. Odiava quando ele fazia isso, se apossava de mim no meio de uma frase e a terminava como queria. Podia gerar conflitos de mal entendimento terríveis, essa era uma das coisas que mais odiava nele. Fazer o que quer de mim, quando quer.

— Bom, ok então. — Disse, sorrindo. — Espero que fique bom logo, não é bom ter uma dupla personalidade.

— Realmente. — Ele disse, sorrindo sarcástico, mas apenas eu podia sentir o sarcasmo em seu sorriso. — Mas acho que não sou forte o suficiente para combatê-lo. Oh, veja! — Disse, apontando para o relógio. — Parece que estamos atrasados! Vou me vestir.

— Oh sim, sim! Realmente! Vá depressa, comemos algo no caminho. Se vista com sua roupa a caráter! — Disse, piscando e sentando-se em uma poltrona. — Vá logo, ande!

Abelardo já tinha voltado a sorrir, e ele sorriu, dirigindo-se ao meu quarto. Despiu-se e vestiu minha roupa tradicional, enquanto sorria.

— Eu te disse que não permitiria que contasse, não foi Shio? — Disse, sarcástico.

“Ah, é mesmo?” Pensei, com ironia. “Você ficou brabinho?”

“Por acaso vê algum sinal de exaltação em meu rosto?” Agora comunicava-se mentalmente, ainda esboçando o sorriso sarcástico.

“Você não sabe a hora de parar, muito menos respeitar limites, não é mesmo?” Pensei, como se olhasse para ele. Era como se eu me visse em minha mente, onde havia dois de mim: Ele e eu. E conversássemos, ao mesmo tempo que víamos as coisas ao redor. É complicado descrever.

“Será mesmo que eu que não sei a hora de parar? Ou sou apenas uma parte de você que sabe que existe, mas recusa-se a mostrá-la, meu caro?” Disse, gargalhando sarcasticamente. “Darei o controle a você. Mas lembre-se, se tentar falar de nossa brincadeirinha, serei obrigado a intervir.”

Assim sendo, aos poucos senti que retomava a posse de meu corpo. Suei frio, limpando rapidamente o suor no lençol bagunçado de minha cama. Tinha durado apenas alguns minutos aquela conversa, e tinha coisas as quais fazer. Terminei de me arrumar, penteei os cabelos azuis e estalei os dedos e o pescoço. Uma leve dor de cabeça me atormentava, nada tão horrível. Saí dali e encontrei com Abelardo na sala, que sorriu, enquanto falava algumas coisas de trabalho enquanto caminhávamos para a limusine, que estava estacionada em frente a minha casa. Entramos, e o motorista logo tomou seu rumo. Abelardo continuava a conversar animadamente, hora comigo hora consigo mesmo, porém estava muito aéreo para ouvir o que ele dizia. Apoiado na janela, fitava os carros, postes e pessoas que passavam rapidamente, como vultos sem forma, voltando a mergulhar a cabeça em pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Ai gente gomen, achei esse cap tão pequeno, mas agora tô sem ideias... >.