Meu Infinito Particular escrita por Renoth


Capítulo 2
fabula perdida de numero 1: o garoto do armário


Notas iniciais do capítulo

essa é uma naração, apesar de eu viajar menos em estórias narrativas eu também viajo nelas. essa estoria tem um toquinho de homossexualismo, então se você acha que isso é estranho ou que vai ficar cego se ler faça a nós dois um favor e não leia =D.



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Ele ainda era tão criança, mas tão criança quando isso tudo havia começado que ele não conseguia mais ver o mundo de outro jeito, só tinha dez anos no começo de tudo... Nenhuma cor havia a sua frente e nenhum tipo de colorido se via no caminha que ele já havia trilhado.

- Onde estou? – perguntava o garoto de tempos em tempos – como eu saio daqui?

A reposta nunca vinha, mas o garoto nunca parava de perguntar, via casacos, sapatos, saias, calças, vestidos e meias, tendo na boca sempre a mesma pergunta:

- Onde estou? Como eu saio daqui?

Ele nem mais lembrava que lugar era aquele, mas também não se lembrava do lado de fora. E assim ia vivendo, nem do lado de dentro, nem do lado de fora.

Um dia sentou desesperado e começou a chorar, seu choro era tão alto que podia ser ouvido por todos que passavam do lado de fora. Como ele tinha sido trancado naquele lugar?

Repentinamente, como que num surto alucinado se lembrou. Ele estava chorando muito naquele dia, mas isso não era novidade, ele sempre chorava muito.

-haha! – disse um garoto da mesma altura que ele – só sabe chorar, não vai se defender não bichona?

-por que você me chama assim? – perguntou o garoto que por um instante deixou as lagrimas secarem.

As pessoas em volta do garoto perceberam rapidamente que as lagrimas haviam secado, e esse era um sinal de resistência, de força. Ele não podia ser forte! Ele não devia ser forte! Ele era... Estranho... Anormal... Uma aberração... Ele não podia resistir...

Foi daí que veio nos mais fortes a ideia (que era genial, diga-se de passagem) de trancá-lo. Mas aonde esse garoto poderia ser trancado?

Começaram os cochichos decisivos.  O garoto os olhava, sempre de longe, sempre com medo, sem saber que seu destino estava sendo definido naquele exato momento por pessoas que nada tinham a ver com sua vida, por pessoas que lhe odiavam, por pessoas que mesmo ainda muito pequenas já eram essencialmente más. Não que isso fosse culpa delas, fazia parte da natureza delas e (quer se queira ou não) essa natureza acaba sempre

Sendo seguida pelo individuo, incapaz de modificá-la.

Por alguns momentos o garoto brincou a céu aberto, por algum motivo evitava os meninos, preferia a companhia das meninas e suas bonecas. Ele nunca havia gostado de bola, o que o tornava ainda mais distante, ainda mais estranho, ainda mais anormal.

Ele chegou em casa e penteou pela ultima vez o longo cabelo, ele ainda não sabia, mas nunca mais poderia ser do jeito que ele gostava de ser, isso não seria mais permitido.

Naquela noite todos os pensamentos se misturaram numa massa, seria usado o velho clichê para trancá-lo.

Quando ele acordou no dia seguinte já estava preso. O mundo não tinha mais cores, não havia mais garotas com bonecas ou mesmo garotos com bolas, já não havia mais nada, só vestidos, sapatos, calças, saias e meias, todas trancadas, junto com ele. Aquilo era um armário, e foi só lembrando-se disso que ele se deu conta. Ele estava trancado. Quanto tempo já havia passado? Cinco? Dez anos? Talvez um numero entre os dois... Possivelmente oito... Possivelmente nove...

Era tanto tempo...

Passou a mão nos curtos cabelos, era tarde demais para deixá-los crescer novamente? Provavelmente...

Foi ai, e somente ai que a porta foi aberta. Não, não era para ele sair, mas para aprisionar outro lá dentro. Esse outro foi jogado lá, enquanto chorava. Suas lagrimas escoriam de modo que lembravam as lagrimas do próprio garoto. Ele ia gritar, mas a porta foi trancada novamente. Os dois estavam sozinhos.

Era a primeira vez que ele olhava para outro garoto depois de tanto tempo, ele tinha exatamente a sua idade, fosse ela qual fosse...

-Não chora! – Disse o garoto ao outro – Você vai se deixar abalar por eles? Eles não merecem isso!

O outro não estava acostumado a palavras bondosas, mas reagiu da melhor forma que pode: Se atirou nos braços do garoto e o abraçou.

Eles trocaram caricias por algum tempo, estavam esperando há muito tempo pra se conhecer. O tempo é muito malvado com quem não consegue esperar, e eles definitivamente não sabiam.

Depois de um tempo juntos lá dentro eles começaram a chutar a porta com força, e cada vez mais força e cada vez mais força.

Eles enfim conseguiram sair de lá. Juntos. Eles jamais teriam conseguido sozinhos, e por isso, mas não só por isso viveram o tempo que tinham de liberdade juntos, sempre o mais longe do armário possível.

Até mesmo a sociedade teve que engolir o casal que não mais se poderia separar...


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Notas finais do capítulo

e ai?
deu pra entender o que eu quis dizer?
eu achei fofinho, é raro eu escrever algo como isso ...
opiniões e criticas sempre muito bem vindas, afinal isso é um livro aberto...



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