Morning Lullabies escrita por belacqua


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira oneshot, minha primeira 2min e a primeira vez que posto alguma coisa aqui :3 Tenho o - não sei se bom ou ruim - costume de adorar coisas dramáticas, então aí vai. Espero que agrade!



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                O sol de fim de tarde entrava sem permissão pelas dobras da cortina fina. Uma iluminação dourada preenchia o cômodo bagunçado e em uma das camas duas pessoas riam e trocavam beijos como crianças fazendo besteira. As risadas eram abafadas principalmente por beijos ocasionalmente trocados. Carícias por todo o corpo magro deitado sob o maior faziam a cena parecer ainda mais com meninos levados aprontando longe da mãe. O moreno beijava o pescoço do menor e passava a mão pelo seu abdomen, por debaixo da blusa, fazendo ele sorrir contente enquanto fazia menção de afastar o outro, apenas por diversão. Suas calças faziam atrito sobre o lençol de linho branco e para aqueles dois o mundo exterior parecia um mero detalhe no momento.

- Pára com isso, o que você acha que tá fazendo? – o loiro dizia entre risinhos, sentindo o hálito quente do outro próximo a sua orelha.

- O que você acha? – o maior mordeu o lóbulo dele em provocação. Mais risinhos. O moreno não parou com os beijos, subindo a mão e erguendo ainda mais a blusa do outro.

- Alguém pode chegar e nos ver assim. Se controla,  Minho!

Era visível que tudo o que o menor queria era que ele não se controlasse. O calor do corpo de Minho e o toque de seus dedos faziam sua pele arrepiar. Ele decididamente queria continuar com aquilo, mas o medo de ser pego era maior. Lançava olhares sorrateiros pra porta do quarto que dividia com Onew, a apreensão de ver alguém naquela soleira duelando com o êxtase de ter Minho só para si. O moreno riu do comentário e apoiou as mãos no colchão, uma de cada lado do corpo magro, erguendo-se para olhar nos olhos dele.

- Tá mesmo dizendo pra eu me controlar perto de você, Min? – o sorriso irônico estampava sua face e deixou o loiro atônito por um momento. “Céus, como é lindo!”, pensou Taemin.

- N-Não sempre, só hoje, você vive dizendo pra gente não dar bandeira... – a fala foi morrendo a medida que ele acompanhava Minho descer por seu corpo com os lábios, começando pelo tórax e chegando até pouco abaixo do umbigo. Ali ele parou e deu um beijo demorado, os olhos fixos em Taemin, como que em um desafio para que ele continuasse evitando as carícias. O toque dos lábios naquele ponto de sua pele fez o loiro perder o fio de lucidez que lhe restava. Ele apenas encarou sem reação, a boca entreaberta.

- Você tá certo – Minho disse de repente, erguendo-se novamente com o apoio no colchão, desabando ao lado do outro na cama e passando um braço pela cintura fina dele – Não é bom arriscar.

- Seu sacana! – Taemin deu um tapa no braço dele, indignado – Fez isso só pra me provocar!

- Você não tava achando ruim dois minutos atrás... – o moreno riu e selou os lábios no biquinho recém-formado dele.

Taemin não tinha o que responder. Era bom que tivessem parado – sabe-se lá onde aquilo ia dar. Todos os outros moradores do apartamento podiam chegar a qualquer momento e seria extremamente constrangedor se os encontrassem daquela forma. O relacionamento era mantido em segredo, a pedido de Minho. Não era raro Taemin se ver encarando o outro a distância, perdido em pensamentos. Já existiam diversas piadinhas sobre os dois, mas era tudo levado na brincadeira. Minho era o que mais se divertia com isso – fazia chacota da suspeita dos outros, assumindo realmente o papel de “não existe nada entre nós”. Taemin se sentia acuado quando presenciava esse tipo de cena. Por ele, as coisas seriam bem diferentes...

- Minho? – ele aconchegou-se ainda mais próximo de Minho, de forma a apoiar a cabeça no peito deste, que ainda o abraçava.

- Hmm? – os dedos do moreno passeavam pelas costas dele provocando uma sensação gostosa em Taemin. Sua voz saiu abafada quando disse:

- Você gosta de mim?

O movimento da mão de Minho cessou. Ele havia sido pego de surpresa pela pergunta.

- Que pergunta é essa agora, Min?

Taemin fechou os olhos, sentindo que corava. Já havia sido difícil deixar a pergunta sair, ter que repetí-la era suplício.

- Você... gosta de mim? – ele aguardou, acompanhando o movimento de vai-e-vem suave do peito do moreno. Este pareceu hesitar por um segundo.

- Claro que sim – Minho afastou-se um pouco e segurou o queixo do menor, erguendo sua cabeça pra encarar seus olhos. Tinha as sobrancelhas franzidas e não entendia a súbita mudança de humor do outro, que agora mordia o lábio ansioso.

- Mas então... – a voz falhou e o loiro engoliu em seco para continuar – Então por que você tem tanto medo que descubram sobre a gente?

Foi a vez de Minho corar. Ele soltou o queixo de Taemin devagar enquanto desviava o olhar. Ajeitou-se de forma a sentar na cama e o outro o acompanhou, sentando também, os olhos preocupados com a reação do moreno.

- Eu não sei como explicar...

- Você tem vergonha de mim, é isso? – Taemin disse choroso.

Um sorriso perpassou o rosto de Minho, que segurou uma mão de Taemin e a levou aos lábios, selando um beijo ali. Nunca, desde que se conheceram, o moreno viu tal insegurança nos olhos do outro. Parecia uma criança desamparada, um anjo com medo do que poderia lhe machucar. Taemin era isso para Minho: um anjo que ele prometera cuidar até o fim de sua vida.

- Nunca. Eu nunca teria vergonha de você.

- Então por quê? – ele não desistiria fácil. Minho puxou com carinho a mão que ainda segurava e fez o menor sentar-se de costas pra ele, abraçando-o por trás e apoiando o rosto em seu ombro.

- Não seria nada fácil se os hyungs ficassem sabendo da gente. Imagina como ia ser difícil para eles guardar isso. Ia acabar vazando pra mídia e...

- Qual o problema se vazasse, Minho? – ele soltou-se do abraço e virou para encarar o moreno nos olhos. – O que tem de tão errado nisso?

- Sua carreira, Min. Pensa bem. As coisas não são tão simples assim. Você não seria mais visto como o ótimo dançarino ou o bom cantor, seria o artista que assumiu gostar de outro homem!

- Você fala de um jeito tão...

- Preconceituoso? – a voz de Minho ficava cada vez mais baixa enquanto a de Taemin se erguera uma oitava – Pode ser. Mas eu prefiro pensar que sou realista. Não quero que seu futuro seja afetado por minha causa!

- Meu futuro é você...

- Não – o moreno cortou, assustando-o – Não quero que você pense assim. A gente não sabe o dia de amanhã e todo o seu futuro está sendo definido pelo que você faz hoje. Se você fracassa agora como artista, membro de um grupo que não se sabe até quando vai ter fama, do que vai viver depois, nos seus quarenta, cinquenta anos?

- Pára de desviar o assunto! – Taemin pediu, sua voz mais aguda e mais alta que de início. Seus olhos brilhavam, lágrimas se formando e deixando sua visão turva – Não quero saber do meu futuro, quero saber do meu presente. Olha só o que você faz comigo! Acha mesmo que dá pra eu ficar pensando em imagem, reputação, carreira?

Minho sentia o peito arder. Nunca o vira daquele jeito, as lágrimas prestes a cair... E por sua culpa. Sabia que estava fugindo da raia, que todas aquelas palavras eram hipocrisia de sua parte – pouco importava sua carreira ou o que quer que fosse: Tudo o que importava estava ali na sua frente. Nunca imaginara que aquilo fosse tão longe. Que fosse tão intenso. Tinha medo do que aconteceria a seu pequeno, as críticas, os julgamentos...

- Eu não... – ele não soube como continuar. Engoliu em seco quando uma lágrima teimosa escorreu pelas bochechas alvas do loiro – Não fica assim, Min...

O moreno fez menção de enxugar a lágrima mas o outro afastou sua mão, enxugando ele mesmo a lágrima e fungando baixinho. Minho sentia-se um monstro.

- Só queria saber que eu sou mais que diversão pra você – ao som dessas palavras Taemin abaixou os olhos, triste. O sol lá fora havia baixado ainda mais, o quarto aos poucos ficando na penumbra.

Ele não sabia como responder isso. Se sentia um bobo, um crianção que ainda não tinha conhecimento de nada, mas naquela hora, olhando para o menor na sua frente, descobriu que não era bem assim. Conhecia sim alguma coisa. Pela segunda vez aquela tarde, Minho ergueu o queixo do outro com suavidade, fazendo os olhares se encontrarem. Os olhos do loiro estavam brilhantes mas nenhuma outra lágrima caíra. Era desesperador ver aquele rosto angelical com uma expressão tão triste.

- Eu te amo, Lee Taemin.

As palavras saíram de sua boca de uma forma tão plácida que não pareciam conter todo o significado que realmente tinham. Minho nunca dissera aquilo para ninguém. Nunca sentiu que amara. Mas agora, de frente ao garoto que tanto lhe importava, ele teve certeza: sim, conhecia o amor. Conhecera o que era gostar de alguém de verdade, fazer planos e se importar com tudo o que diz respeito a esse alguém. O ritmo de seu coração estava descompassado; temia a reação do garoto. Ainda não tivera coragem de dizer aquilo em voz alta apesar de já saber, de alguma forma, que era verdade.

Taemin olhava para o moreno com os olhos grandes, surpreso. Deixou a boca entreabrir-se, sem reação, antes de mostrar um dos sorrisos que Minho tanto adorava. Aquilo era música para os ouvidos dele. Se antes se sentia um fardo prestes a ser descartado, agora o peso saíra de suas costas – a felicidade começava a inundar-lhe. Aproximou-se do moreno no ímpeto e selou os lábios prolongadamente. Minho sentia-se extasiado. Ter dito o que sentia e ser respondido com aquela reação parecia surreal de tão bom. Puxou o corpo magro para si, sem descolar os rostos, fazendo-o sentar em seu colo, para então enlaça-lo com os braços. O loiro rompeu o contato dos lábios e olhou sorridente para o outro. Seus olhos ainda brilhavam, mas as lágrimas tristes haviam sumido, dando lugar às de felicidade, uma emoção inebriante tomando conta dele.

- Eu te amo, Choi Minho – permitiu-se dizer antes de beijar os lábios dele, dessa vez dando passagem a língua. Os movimentos eram lentos, mas cheios de desejo, sentimento e paixão. Taemin tinha os braços ao redor do pescoço de Minho, enquanto este segurava o menor pela cintura, puxando-o para si numa vontade de ter cada vez mais. Nenhum dos dois sabia exatamente o que era aquela sensação – êxtase, alegria, surpresa, carinho, tudo junto e palpitando em seus corações.

- Nunca mais faça isso – Minho disse quando pararam o beijo por um momento.

- Isso o quê?

- Chorar. Não gosto de te ver assim.

O menor riu e beijou mais uma vez seus lábios. Tinha a impressão de que nunca cansaria de repetir aquilo enquanto vivesse.

- Então nunca mais me dê motivos... – o sorriso zombeteiro de Taemin fez o outro rir, ainda que meio desconcertado. Parou por um instante, fitando o rosto próximo ao seu, absorvendo cada detalhe que já conhecia tão bem. Por fim, parecendo chegar a uma conclusão, ele beijou um lado do rosto de Taemin. Beijou o outro lado em seguida. Ergueu o pescoço para beijar a testa e, devagar como em um ritual, voltou-se para os lábios cheios, selando nos seus.

Minho então empurrou o outro para a cama, deitando-o e já se erguendo sobre o corpo magro, quando o burburinho de vozes encheu o apartamento. Antes que qualquer um dos dois reagisse, Key apareceu a porta. Pareceu levar um tempo para entender a cena e abriu a boca para falar alguma coisa, mas Minho levantou e aproximou-se da porta antes que ele formasse uma frase. Ficou no vão, impedindo a passagem do colega, segurando a maçaneta. O recente sentimento de felicidade em si o impelia a fazer aquilo. Já não tinha tanta certeza de que queria esconder alguma coisa...

- Quando a gente terminar eu te aviso – piscou um olho para um Key estupefato e fechou a porta, passando a chave. Voltou-se para o garoto na cama que tinha ar de riso e uma expressão quase tão surpresa quanto a de Key.

“Não, eu nunca mais te darei motivos pra chorar, Min...”, pensou.


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Notas finais do capítulo

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