Eu estou realmente ansiosa. Claro que já jantei inúmeras vezes com Rachel, mas dessa vez vai ser diferente. Será especial. God, preciso conversar com alguém. Onde está meu celular?

“Preciso de você. Pode vir até minha casa?” Enviado.

Dois minutos e chega uma resposta.

“Estou chegando. Fica calma.” Recebido.

Ótimo. Preciso escolher uma roupa. Abro meu guarda-roupa, e nada me agrada. Campainha. Poxa, ela realmente chegou rápido.

- Quinn, abra. – mamãe está batendo na porta do meu quarto. – Mercedes está aqui, querida.

Corro e destranco a porta. Mercedes está atrás de minha mãe, sorrindo para mim. Nos tornamos melhores amigas desde a minha gravidez, ela foi uma das poucas a me estender a mão no momento em que mais precisei. Minha mãe parece estar pronta para sair. As coisas mudaram bastante desde que somos só eu, ela e minha irmã. Nunca a vi sorrir tanto como nos dias que temos passado sem o Sr Fabray. Pelo visto ele não fazia bem a nenhuma de nós três. Agora nos sentimos bem em nossa própria casa, não temos medo de dizer ou fazer nada. Nossa casa é um lar, finalmente. Mamãe até arranjou um emprego.

- Eu vou jantar fora com algumas amigas do escritório e sua irmã vai dormir na casa de uma colega da escola. Você vai ficar bem sozinha?

- Não se preocupe, mamãe. Tenho planos para o jantar também. Vou ficar bem. – sorrio e lhe dou um beijo no rosto antes que saia. – Entra, Mercedes. – ela também se despede de minha mãe e entra fechando a porta atrás de si.

- E então, Srta Fabray, onde é o incêndio? – ela se diverte com a minha cara.

- Você notou o que aconteceu no Glee Club hoje à tarde, certo?

- Notei, mas juro que ainda estou um pouco confusa. Eu entendi o que acho que entendi? – sentamos em minha cama, uma de frente para a outra.

- Se você entendeu que eu e Rachel estávamos flertando uma com a outra, então sim, você entendeu certo.

- Ok, vai com calma ai, Q. Desde quando...

- Eu gosto de garotas? Não faço idéia. E não acho que goste de GAROTAS. Eu gosto da Rachel.

- Está difícil de acompanhar. Até pouco tempo atrás vocês não se suportavam. De repente viraram amigas. E agora está me dizendo que está apaixonada pela Rachel? – o olhar dela é confuso.

- Até que pra quem está confusa você resumiu bem a situação. – tiro sarro dela.

- Certo... Não estou aqui pra te julgar, Q. E apesar de estranho, te apoio no que você decidir. Somos amigas, e estou aqui para o que você precisar. Só me responde mais duas coisas: já conversou sobre isso com a Rachel? E tem certeza sobre o que está sentido, não está confusa?

- Nós conversamos sim, e estamos tentando entender tudo o que está acontecendo. Mas eu tenho certeza, Cedes, eu estou apaixonada pela Rachel. E agora só o tempo pode dizer como vai ser. – respondo sinceramente.

- Por mim está ótimo então. Conta comigo para o que precisar, Quinn. – ela sorri e me abraça.

É reconfortante saber que minha melhor amiga está bem com tudo isso. E que vai lutar ao meu lado, não importa as conseqüências.

- Obrigada, Mercedes. É muito bom ouvir isso, principalmente de você.

- Sem problemas. Agora me diz onde é o incêndio. Porque está me parecendo que não precisava de mim aqui SÓ para conversar.

- Você tem razão, como sempre, aliás. – me levanto, e fico de frente para meu guarda-roupa. – Marquei um encontro está noite com a Rachel. Não sei o que vestir. – digo frustrada.

- Adoro essa parte – Mercedes levanta animada. – Onde pretende levá-la?

- Não sei. Ela é vegetariana, então não faço idéia.

- Por isso Mercedes está aqui. Conheço um restaurante vegetariano. Na verdade, acho que é o único dessa cidade. Te passo o endereço. Foi Rachel que me levou lá uma vez, e quer saber, até que não é ruim.

- Salvando minha vida como sempre. Me ajuda a escolher uma roupa agora.

Colocamos meu guarda-roupa a baixo, literalmente. Vou ter trabalho quando voltar para casa. Mas nossa escolha é boa. Um vestido de alça preto bem básico, sapato vermelho. Acho que estou vestida quase como no dia das Seletivas. Engraçado. Mas me sinto confortável. Então é assim que vai ser. Termino de me arrumar no banheiro e vou para a sala, já pronta. Mercedes está esperando enquanto lê uma revista.

- Cedes... – a chamo.

- Uow, você está linda. – sorri. – Mas acho melhor se apresar. Até onde sei a Srta Berry odeia atrasos. – fala séria.

- Tem razão. Quer carona até sua casa?

- Não se preocupe comigo, Q, vou andando. Tenho que passar no mercado para a minha mãe. Agora, vai. Divirta-se. E eu te mato se não me ligar quando chegar em casa pra me contar como foi.

- Pode deixar. Ligo assim que entrarem casa. Medeseje sorte.

- Boa sorte.

Saímos juntas. Mercedes me dá outro abraço e segue caminhado pela rua. A acompanho com o olhar antes de entrar no meu carro e sair. Está quase na hora e falta uma última coisa a ser feita antes de ir buscar a Rachel.

 -x-

Estaciono em frente a casa dela cinco para as sete. Checo minha bolsa para ter certeza de que não esqueci a carteira e o dinheiro. Retoco o brilho labial, ajeito o cabelo, pego o embrulho no banco do passageiro e saio do carro. Paro na porta. Respiro fundo e toco a campainha, uma das mãos escondidas atrás do corpo. Um senhor pouco mais alto que eu atende.

- Boa noite... – falo apreensiva.

- Boa noite, você deve ser a Quinn. – ele estende a mão para mim, eu a seguro firme – Muito prazer, eu sou Joshua, pai da Rachel. Um deles... – ele ri.

- Muito prazer Sr Berry. – seu sorriso é encantador, como o de Rachel.

- Entre, por favor. Ela está terminando de se arrumar.

O sigo para dentro da sala. Sr Berry senta na poltrona e aponta o sofá a sua frente para que eu faça o mesmo.

- É realmente um prazer te conhecer, Quinn. Minha filha tem falado bastante em você ultimamente. Meu marido, Carl, também está ansioso por conhecê-la. Infelizmente essa noite ele está de plantão no hospital.

- Entendo. Ele é médico? – pergunto curiosa.

- Enfermeiro. Ambos somos. Hoje estou de folga. – o sorriso não sai de seu rosto. – É bom saber que a Rachel tem uma amiga. As vezes temos que trabalhar até tarde. Não gostamos de deixá-la sozinha. Talvez você possa lhe fazer companhia a partir de agora.

- Claro. Será um prazer.

Espera, o que eu disse? Nem menos sei se ela contou algo para o pai. E se contou, agora ele vai achar que sou algum tipo de pervertida...

- Papai, assim vai assustá-la. – ouço a voz dela, enquanto acaba de descer as escadas.

Nós dois levantamos quando ela entra na sala. Rachel está linda. Os cabelos presos em um rabo de cavalo, vestido um pouco acima dos joelhos, lilás. O vestido mais lindo que já a vi vestida. Nem infantil nem da vovó. O vestido certo para ela. Combinando perfeitamente com a sapatilha preta. Estou realmente impressionada.

- Imagine, Rachel. Seu pai é encantador. – sorrio e pego o pacote que deixei na mesa de centro. – Pra você. – estendo a caixa.

- Oh, Quinn. – ela abre a caixa e seu rosto se ilumina - São lindas. Adoro lírios. – ela dá um beijo um pouco mais demorado no meu rosto. Ow, isso queima.

- Você tem muito bom gosto, Quinn. – Sr Berry fala. – Mas segundo fiquei sabendo, vocês tem um jantar marcado, então... Por que não deixam essas flores comigo, Rach... – ele pega o buquê das mãos dela – E vão se divertir?

- Certo. Obrigada, pai. Vamos, Q?

- Vamos. – ela passa na minha frente, indo para a porta. – Boa noite, Sr Berry. Até mais. – ele está na porta, nós estamos no carro.

- Apareça para almoçar conosco qualquer dia desses, Quinn. Foi um prazer. – ele acena e fecha a porta da casa.

- Gostei do seu pai, Rach. – sorrio para ela.

- Pelo visto ele gostou de você, também. – ela se aproxima do meu rosto. – E agora que estamos sozinhas... – Rachel me dá um selinho – Obrigada pelas flores. – volta a se endireitar no banco.

- A propósito – sorrio boba – Caso não saiba, lírios significam ‘ te desafio a me amar ‘.

Ela olha surpresa para mim. Dou um sorriso safado pra ela e saio com o carro. A noite está só começando.