Sentimentos Renegados escrita por kimbele


Capítulo 1
Não é tão simples dizer eu te amo


Notas iniciais do capítulo

A inspiração veio do nada, é.



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Talvez tenha sido seu sorriso - pensou. Mas não era, sabia que não era. Ele estava à beira de um precipício, e ela fora a única que ficara ao seu lado, que segurara sua mão, e ele nem sequer merecia. De todas as pessoas do acampamento, fora Clarisse que o ajudara. Quem diria? Ele não.
-Você tem certeza de que não precisa de nada? - perguntou Clarisse, mostrando-se preocupada.
-Não, eu estou bem.
A verdade é que ele ainda não se acostumara com a nova Clarisse, mas havia algo nela que o chamava atenção. Ele tentava se convencer debilmente de que era seu sorriso, mesmo sabendo que não era. Teria notado o bom coração de Clarisse por debaixo de sua armadura quase impenetrável? Provavelmente não. Mas agora parecia inevitável não notar. Seus olhos escuros brilhavam quando ela sorria, e seus dentes se alinhavam de uma forma perfeita, formando um sorriso perfeito - embora ela pouco o usasse. E Clarisse não era tão feia afinal. Estava tão acostumado a vê-la como um homem - mas ela não era um homem, e isso ele agora tinha certeza. Não podia ignorar os seios da garota quase enfiados em seu rosto, enquanto ela passava um pano por sua testa, limpando o suor.
Estava delirando, era isso. Claro que já se sentia muito melhor, e não estava tão "doido" quanto antes - recuperara a consciência, sabia quem era, mas não sabia mais quem ela era. Sentiu vontade de beijá-la, mas sentia-se um idiota por querer isso. Era tão errado, afinal? Ela o conquistara. Deveria ser embaraçoso? Porque ele não se sentia envergonhado - na realidade, pela primeira vez em sua vida, ele sentia que a vida ganhava sentido, ganhava cor. Que ele não precisava estar do lado errado, que ele não precisava fazer o errado. Que havia esperança.
-Tem certeza? Ainda está doendo? Talvez um pouco mais de ambrósia...
-Eu estou bem Clari, de verdade.
-Clari? - perguntou a garota, lançando a Chris um olhar curioso.
-É... Bem, você não se importa se eu a chamar assim, não é?
-Claro que não Chris, mas não faça muito esforço - acrescentou ao perceber que ele queria se levantar. - É melhor você ficar deitado por enquanto.
-Mas eu já me sinto muito melhor! - protestou Chris.
-Pelos Deuses, você é pior que um bebê. Pare de reclamar e apenas obedeça!
Mesmo sendo grossa, aquelas palavras arrepiaram Chris. Ele não podia deixar de notar o charme existente em cada sílaba que Clarisse pronunciava, em cada vez que sua boca se abria, e um biquinho aparecia em seu rosto, mesmo que por instantes.
Eu devo estar mesmo muito mal - pensou Chris, balançando a cabeça. Mas a vontade de beijar Clarisse ainda não passara. Tinha medo de levar um soco, tinha medo de ser rejeitado - logo agora, que estava ganhando fé, esperança. Mas que tipo de homem ele seria se não tentasse? Ela estava ali, não estava? Talvez ela sentisse o mesmo, e por isso estivesse ali. Será que ele perdera algum sinal? Vasculhou sua memória, mas nada achou. Talvez tenha sido o labirinto - pensou. E talvez tenha sido mesmo o labirinto. Talvez ele tivesse, não só mexido com sua cabeça, mas com seu modo de ver as pessoas, ou seu modo de ver Clarisse. Seria diferente se ela não o tivesse resgatado? Ele ainda a odiara, como fazia antes? Balançou a cabeça novamente. Realmente importava como se sentia se fosse outra pessoa? Era Clarrisse, é Clarisse. E é pela garota que seu coração está batendo mais rápido. Importa como tudo aconteceu? Importa como chegou aqui? Ele chegou e pronto. Iria se declarar, precisava se declarar.
-Clarisse? - chamou-a.
Ela se virou, seus olhos encarando-o intensamente. Perdeu a coragem e se sentiu um idiota. Suspirou e se sentou. Não conseguia ficar deitado.
-Chris...
Clarisse botou a mão em seu peito, provavelmente para tentar empurrá-lo de volta ao travesseiro - mas ela sentiu o coração de Chris batendo mais rápido ao seu toque, e assim como ele, sentiu descargas elétricas percorrendo todo seu corpo. Os dois estremeceram. Chris aproximou-se um pouco, a hora era essa, não podia se acovardar.
Tomou o rosto de Clarisse com as mãos, rezou para que ela não lhe batesse e a beijou - e para seu espanto, seu beijo foi correspondido. Era um beijo urgente, quente, necessário. Seu corpo todo ardeu em chamas, e seu coração parecia grande demais para caber em seu peito. Enfim, separaram-se ofegantes.
-Pensei que nunca me beijaria - sussurrou Clarisse, sorrindo.
Foi o que ele precisou ouvir para pegá-la em seus braços e beijá-la de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha ficado bom! Reviews?