Life Of Death - Ritual das Quatro Luas escrita por Soumanomiya


Capítulo 4
A Primeira Colheita




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6 VERDADES QUE NINGUÉM TE CONTOU, POUCOS SE LEMBRAM, MAS QUASE TODOS SABEM:

1-Você vai morrer

2-Tua família vai morrer

3-Teus amigos vão morrer

4-Todos que você conhece vão morrer

5-Todos que você não conhecem vão morrer

6-Pra falar a verdade, no fim não sobra ninguém vivo pra contar a história.

Tinha que dar um jeito de sair da casa sem ser visto. Quando vi meu Livro ele dizia que a alma que devia ceifar era de uma velha senhora que estava na casa dela num bairro de Lifespring Villa. Não era longe, mas não podia levantar suspeita de onde estava indo então tinha que sair escondido. A casa de Zack era grande e tinha vários lugares para passar despercebido. Cheguei a conclusão que a família de Zack tinha muito dinheiro.

A casa lembrava uma pequena versão dos palácios ingleses, com um amplo jardim na frente. A casa era cheira de decorações do estilo inglês. Havia no mínimo quatro quartos, todos eram suítes. Havia um grande deck na parte de trás da casa que dava para uma piscina, e uma varanda na frente.

Consegui atravessar o interior da casa quase sem ser visto (uma empregada me viu mas não deu muita bola), mas então cheguei no jardim e vi um problema. Como passaria por um lugar tão aberto sem ser visto? Vi então a bicicleta do Zack encostada no canto da varanda. Veja bem, não sou de roubar as coisas que não são minhas. É claro que você pode pensar que eu roubo a alma das pessoas para elas morrerem, mas no Contrato Genesis está bem explicito que as almas de todas as pessoas que morreram me pertencem até eu entregá-las ao Chefe. Eu ia devolver a bicicleta assim que voltasse, sem falar que iria contribuir com o meu trabalho. Coloquei a touca, subi na bicicleta e disparei que nem bala pelo jardim. Então percebi minha burrice: o portão estava fechado.

Mas por milagre ele se abriu. Não sei se fui eu que fiz aquilo ou se foi alguém de dentro da casa ou se foi o Grande D., só sei que estava do lado de fora. E pedalei feito louco. Tenho que admitir nunca tinha andado e bicicleta até aquele dia. Acho que cai umas oito vezes até chegar ao meu destino, sem falar que quase dei de cara com uma árvore. Mas para um principiante fui bem.

Cheguei à casa realizaria a colheita. Aquilo foi muito nostálgico, pois me lembrou da minha primeira colheita. A história toda envolvia oferendas, frutas, carneiros, falta de fé, inveja pelo amor Dele, etc. Resumindo: um irmão ficou com ciúmes do outro e o matou com uma pedrada. O assassino foi marcado por Ele para nunca ser morto e eu levei o falecido. Minha primeira Colheita foi o primeiro assassinato.

Quando desci da bicicleta, tive aquela comichão na nuca que a pessoa sente quando esta sendo seguida. Só que, é claro, não tinha a mínima idéia do que aquilo significava na época. Quando eu era anjo e tinha alguém me seguindo eu simplesmente sabia. Tipo um radar de navio. Mas aparentemente aquela habilidade eu havia perdido.

Tinha que entrar na casa sem ser visto, então me lembrei da minha habilidade de transitar no Mundo Espectral chamado Limbo. Imaginei se ainda podia fazer aquilo agora que eu era vivo. Achei um lugar isolado e fiz a travessia. Fique sabendo que transitar para o Mundo dos Mortos quando se está vivo não é lá muito agradável da primeira vez. Parece que o corpo se despedaça e a alma sai de dentro dele à força. E então eu estava lá, naquele mundo igual ao Mundo Mortal, só que deserto e com tons de cores diferentes. As cores são muito estranhas no Limbo. É como se tudo pendesse para o cinza, azul, vermelho e verde. E o silencio é um tanto perturbante. Mas o pior é quando o silencio é cortado pelo latido de um Gytrash, grito de um fantasma ou o gemido e choro de uma Sombra.

Acho que nunca expliquei a vocês o que é o Limbo. Bem, vou explicar agora. O Universo é dividido em quatro dimensões: o Paradiso, onde vivem os anjos e as almas das pessoas boas que morrem; o Inferno onde vivem os demônios e as almas más; o Monte Purgatório, que fica entre o Paradiso e o Inferno e é aonde as pessoas que não são, mas o suficiente pra ir para o Inferno purificam seu pecados para ir para o Paradiso ou renascerem; e o Mundo Mortal (ou Terra) que este mundo que você está agora. Mas existe uma quita dimensão que se encontra entre essas quatro. O Mundo Espectral ou Limbo. Neste mundo que é uma replica do Mundo Mortal é onde vai parar a alma das pessoas que morreram para eu ceifar. É também onde os fantasmas habitam. Por ser muito próximo do Mundo Mortal, interações fortes no Limbo afetam a Terra e é por isso que os fantasmas às vezes podem mexer com os vivos. Meu trabalho se passa primeiramente neste mundo.

Já que no Limbo a pessoa deixa de ser matéria, atravessar paredes e portas é fácil quando se tem poder o suficiente para o mesmo. É claro que atravessei a porta com certa dificuldade, já que era minha primeira vez fazendo aquilo desde que virei humano. Subi as escadas e entrei no quarto da moribunda. Era uma velinha deitada em uma cama cheia de aparelhos médicos. Bip. Bip. Bip. fazia a maquina que media os batimentos cardíacos. Havia quatro pessoas em volta da cama. As pessoas vivas não parecem vivas no Limbo, mas sim fantasmas.

Bip. Bip. Bip.

-Acho que ela não vai agüentar por muito tempo. – disse o homem. Ele estava certo, segundo o Livro eu deveria levar ela daqui a 10 minutos. É claro que posso me atrasar ou adiantar as vezes. – Acho que devíamos dizer nosso adeus.

-Não... Não estou pronta ainda. – disse a mulher. Ela chorou. Devia ser a filha.

Bip.. Bip.. Bip..

-Vovó, eu amo muito. – disse o garoto mais velho. – Boa noite. – ele beijou a testa da “falecente” (termo que inventei há uns 700 anos para as pessoas que estão prestes a serem colhidas).

Bip... Bip... Bip...

-A vovó vai dormir até quando, mamãe? – perguntou o garotinho, que não devia ter mais de quatro anos. – Quero que ela me conte uma história, mas se ela continuar dormindo, ela num vai poder ler pra mim.

Bip.... Bip.... Bip....

-Querido... – disse a mãe ajoelhando. – A vovó vai acordar logo, mas ela não vai poder ler mais para você, porque ela vai morar junto com o vovô lá longe no céu. – ela tentou sorrir, mas chorou mais ainda. Aquilo me cortou o coração. – Mamãe, diga ou para o papai pra mim. Eu... te... amo... – ela soluçava e tremia.

Bip..... Bip..... Bip.....

-A... que chato. –ele obviamente não entendia o que estava acontecendo. Tão inocente.

Bip...... Bip...... Bip......

Era a hora. Peguei a foice e ergui ela no ar. Passei pela moça como um fantasma e ela se arrepiou toda (é verdade quando dizem que quando você tem arrepios é por que a Morte passou por você). Gentilmente, abaixei a foice e coloquei a ponta sobre o peito da senhora. Então pressionei e a foice afundou. Bip....... Bip....... Bip....... Deslizei a foice graciosamente até o umbigo e a removi. Bip bip bip bip bip bip bip.Uma luz brilhou pelo corte  e a alma de senhora se projetou sobre o corpo. Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Ela estava morta. O homem e desligou o aparelho e o som cessou.

A senhora que se encontrava diante de mim sorriu e disse:

-A muito te espero, cavalheiro. Não tem idéia do  quanto te esperei.

-Fico que feliz que me aceite, Lady Welbton. Sou Azrael, o anjo que te guiará para o inicio de sua nova jornada.

-Como você é galante e charmoso. Pensei que seria mais... mais...

-Esquelético e sombrio? Só para aqueles que me temem, - minhas roupas mudaram novamente. Um gracioso manto branco com adornos dourados cobria meu corpo. Minha touca estava abaixada e meu cabelo estava arrumado. – Para você que me aceita, sou um anjo como qualquer outro.

-Posso... me despedir? Ouvi tudo o que eles disseram, mas não pude responder. Me da está honra?

-Com toda a certeza, milady. Esta hora é sua.

A mulher chorava muito e soluçava altamente. Os irmãos haviam saído do quarto e o homem a consolava. Devia ser o marido pois ele a beijava também, mas o assunto dos vivos a mim não interessava no momento. Lady Welbton se aproximou da filha e sussurrou no ouvido.

-Eu também te amo filha... mas duvido seriamente que o canalha do seu pai está lá em cima. – não me contive e ri. Lady Wlebton beijou a filha no rosto, apesar da filha não poder sentir, e se virou para mim e comentou. – Ele era terrível, o pai dela. Pulava a cerca toda a semana e bebia feito um gambá. Teve sorte de viver o que viveu. Você devia tê-lo levado mais cedo. Onde estava? Passeando?

-Desulpe, mas o levei o Lord Welbton no horário marcado. Não tenho controle sobre os horários.

-Tudo bem... enfim... vamos?

Tomei-a pelas mãos e abri minhas asas, mas para a minha surpresa elas estavam muito menores que o normal. Aquilo queria dizer que eu as perdi e elas estavam crescendo de novo. Não poderia voar nem me transportar instantaneamente por ai. Isso era mau sinal.

Mas não foi problema, pois, ao tocar minha mão, a alma brilho e ascendeu. Um pequeno cartão caiu no chão e dizia:

Não precisa agradecer, meu anjinho. xD

xoxo

Ass.: G

PS: Verifique o Livro da Vida e Morte. ;D

-Mas é claro... ela tem sempre que se mostrar poderosa.

Peguei meu Livro e risquei o nome da falecida e fui ver minha próxima Colheita. Então, para o meu horro vi: A hora da morte era daqui a pouco e o local era próximo. O motivo era espantoso e o nome era... era... era:

-Zacary Gillenhall!?


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