Amor por Compaixão escrita por CarolFernandes


Capítulo 5
Capítulo 3 - Única Chance




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/116250/chapter/5

Eu tinha voltado para Forks, um dia depois de chegar a Cambridge, como o esperado. O plano era apenas contar a Esme como fora a morte dos meus pais e como eu me virara sozinha e isso ela já sabia. Agora eu podia voltar para cursar a Universidade que eu tanto queria ou continuar na morta e verde Forks para sempre.

Esme esperava uma resposta. Se na semana seguinte eu entrasse pela porta da sua casa, significava que eu tinha um futuro Universitário garantido, mas teria que namorar Edward Cullen. Se eu continuasse na verde Forks, morreria na verde Forks.

Eu podia construir um futuro longe do passado vazio que eu tinha. Podia ser uma não-verdade, mas eu ligava a morte dos meus pais e o azar que era a minha vida toda a aquela cidade horrorosa. Eu não aguentava mais viver em Forks!

Passei a semana toda pensando nos prós e nos contras em aceitar a proposta de Esme. Uma coisa era certa: Aquela era minha única chance.

Não havia outro jeito de realizar meu sonho e talvez não fosse tão ruim assim me envolver com o filho de Esme. Éramos amigos de infância, certo? Eu tentaria ser legal com ele, mas daria a desculpa verdadeira de ser virgem para que ele não me atacasse. Esme era uma mulher educada acima de tudo e se Edward fosse gentil como Alice e Emmett, ele me respeitaria e eu poderia até gostar dele.

Fui até o cemitério de Forks, visitar o túmulo das três pessoas mais importantes da minha vida – pai, mãe e irmão. Eu não sabia rezar, então apenas agradeci a Deus por estar viva e pedi que ele guardasse a alma dos meus familiares.

“Se eu pudesse, tiraria vocês daqui e levaria comigo.” Falei para a terra, mas na minha mente, meus pais me fitavam com carinho. “Estou levando todos os porta-retratos para nunca esquecer de como nós fomos juntos.” Sorri. “Eu resolvi... Vou para Cambridge e o único modo é sendo a namorada do filho de Esme.”

Suspirei limpando os túmulos com uma vassoura velha que eu havia trazido e colocando flores que eu tinha pegado de outro túmulo para pôr no deles. Nem para comprar flores eu tinha dinheiro. Pedi desculpas silenciosas à alma dos meus entes queridos, por ser uma garota um pouco ausente.

“Agora eu vou demorar ainda mais para voltar, mas vocês estão aqui...” Apontei para o meu coração. “E isso basta para mim, sei que para vocês também. Tenho certeza que vou ser bem tratada.” Se alguém passasse por mim falando sozinha desse jeito, me chamaria de louca. “Esme tinha um carinho muito forte por vocês e consequentemente por mim.” Sorri.

Nós amamos você.” Eu poderia imaginar como seria.

Eu era a última familiar existente. A última com o nome Swan e eu honraria meu nome.

“Até algum dia pai, mãe, irmão...”

Na semana seguinte eu estava de volta a Cambridge, dessa vez com as minhas malas carregando tudo o que eu tinha e sem previsão para voltar a Forks. O curso em si duraria três anos, mas eu planejava ficar lá por mais tempo e depois ir até Londres.

Para minha surpresa quem estava me esperando no aeroporto era Esme, que sorriu ao constatar que eu não tinha desistido do nosso acordo.

“Bella!” Me abraçou outra vez e, apesar de tudo, eu retribui. Ela era o mais perto de uma mãe que eu poderia ter. “Obrigada! Obrigada! Você não sabe como eu estou agradecida.” Ela sorria quando se afastou de mim.

“Obrigada você, por pagar minha Universidade.” Falar aquilo foi mais difícil do que eu imaginava, parecia imoral demais.

“Eu quero que você se sinta confortável com isso tudo. Sei que parece que eu estou te comprando.” Eu tinha essa impressão mesmo. “Mas eu apenas estou em busca de um pouco de felicidade para o meu filho. Você só terá que se aproximar dele e fazê-lo feliz... Não será tão difícil quanto parece.”

Eu esperava que ela estivesse certa.

Fomos de Londres até Cambridge de táxi e eu nem sequer pensei no quanto àquela corrida foi cara. Esme disse que queria conversar melhor comigo, por isso preferiu que viéssemos com um estranho e não Emmett.

“Na carta você falou que precisava do colo da minha mãe.” Ela olhou para mim com um olhar triste e eu suspirei. “Era por causa da doença do Edward?”

“Sim, na verdade, quando eu mandei a carta estava passando por um momento ainda pior do que a doença em si.” Respirou fundo. “Edward não respondia mais aos remédios que ofereciam a ele em Londres e então...” Esme enxugou algumas lágrimas. Todas as forças de Esme – e eu tinha reparado que de Alice e Emmett também – evaporavam quando falavam sobre a doença de Edward.

“Se você não quiser falar...” Me senti impotente perto das fraquezas daquela mulher.

“Ele pegou uma faca escondido e tentou se matar. Eu vi tudo sem poder fazer nada. Desde pequeno, Edward tinha medo de se machucar e sentir dor. Então, ele queria encurtar as coisas, sabe?” Fungou e o taxista entregou um lenço a ela. “Obrigada. Bella, você é a minha única esperança. Edward parece um morto vivo e eu sei que aquele não é o meu filho e eu o quero de volta!” Ela apertou minha mão com uma força tão grande que eu senti que era minha obrigação trazer um pouco de paz para o coração daquela família.

“Eu vou fazer o que tiver ao meu alcance, Esme. Eu prometo.”

E não era só por causa de Cambridge... Meus pais gostariam de saber que eu era uma luz aos olhos daquelas pessoas que foram tão nossas amigas.

Esme falou mais sobre o seu plano mirabolante. Ela não queria que eu contasse a qualquer pessoa que estava com Edward por interesse e pedira que eu fosse discreta e carinhosa com o seu filho.

Eu não sabia muito sobre relacionamentos, era apenas uma garota de Forks virgem. Minha vida amorosa se resumia a um nada, em pensar bem, minha vida em si se resumia a um nada. Mas eu estava prestes a mudar isso, realizando meu sonho de Cambridge.

Quando cheguei à casa de Esme, percebi que todos os seus familiares estavam espalhados pela sala. Alice sorriu para mim, Emmett me abraçou e eu o chamei de ‘Mete’, o que viraria um costume, fui apresentada a Carlisle e meus olhos se deslocaram um pouco mais para o lado até ver Edward.

Fitei o garoto pálido a minha frente que sorria com fraqueza para mim. Naquela hora a única coisa que eu consegui sentir por ele foi compaixão... Uma grande compaixão. Talvez Deus facilitasse o meu caminho para o céu se eu ajudasse aquele garoto a ser um pouco mais feliz. Não que eu fosse uma mulher linda, que deixaria todos os homens aos seus pés, mas eu tinha uma coisa muito importante: amor em abundância.

E eu amaria aquele garoto para o nosso próprio bem.

“Bella morará conosco durante a Universidade. Lembra-se dela, não é Edward?” Esme sorriu meio que me empurrando para abraçá-lo.

“Lembro um pouco.” Edward falou suavemente e como diabos a boca dele estava tão perto do meu ouvido?

Admito que fiquei um pouco tonta com a nossa aproximação repentina. Quando eu abraçava Emmett, pensava que ele era uma espécie de irmão – daqueles grandalhões que parecem ursos, mas no fundo são fofinhos e amorosos -, mas com Edward era diferente. Talvez por saber que ele seria meu namorado, eu o via como um homem. E era estranho estar tão ligada a um homem tão bonito, que por acaso tinha um sotaque matador.

Ele era igual a foto e ao contrário do que minha ignorância imaginou, ele tinha cabelo. Muito cabelo. Tanto cabelo que o vento que entrava pela janela fazia os fios se rebelarem como se quisessem fugir do couro cabeludo cheiroso dele. Eu tinha sentido o cheiro na hora do abraço e era realmente bom.

“Edward, mostre a casa para a Bella.” Esme incentivou. Edward trocou um olhar com Alice e ela sorriu para ele. Então Edward olhou para mim e foi até o corredor dourado, com um pedido implícito para que eu o seguisse.

“Quando você veio aqui há alguns dias atrás, eu estava em Londres com o meu pai.” Colocou as mãos nos bolsos dos jeans. Ele tinha sotaque inglês e eu sentia certa fissuração nisso. “Então, bom te conhecer.”

“Ah, sei... Bom te conhecer também.” Suspirei, pensando apenas no motivo que fizera eu me meter nessa confusão. “Você vai muito a Londres?” Eu só conseguia lembrar da voz de Esme dizendo: Edward gosta de falar, apenas dê um assunto para ele. Não deixe o assunto acabar.

“Muito.” Deu uma risada falsa, mostrando que ele estava triste. De repente eu me toquei... Edward fazia quimioterapia em Londres, ele ia muito lá e com certeza não gostava.

“Eu acho Londres linda.” Sorri, tentando amenizar a tensidão do ambiente.

“Emmett disse que você não gosta de Forks. Por causa dos seus pais?” Assim como os olhos de sua mãe, eu me sentia fuzilada, imprensada. Como se eles pudessem ver minha alma e retirar qualquer verdade de mim.

“Sim, mas também porque é pequena demais. E você parece não gostar de Londres também.” Respirei fundo. Eu sabia o motivo, mas queria ver se Edward confiaria em mim a ponto de dizer ou não. “Existe algum motivo?”

“Esse é o quarto da minha mãe.” Apontou para uma porta de madeira tão brilhosa, que eu soube que era verdadeira. “E esse é o meu.” A outra porta ficava em frente ao quarto dos pais de Edward. “Alice e Emmett dormem no andar de cima e você vai ficar lá também.”

Ignorei o fato de ele ter me ignorado. Que confusão!

“Aqui é a cozinha e naquela porta fica o escritório.” Não prestei atenção no que ele dizia ao certo, eu apenas precisava estudar Edward Cullen. E atentamente, eu estudei.

Tomei um banho quente, lavando meu cabelo e pondo um moletom preto confortável. Notei que tinha um envelope preso no pé da porta e fui lá tira-lo. Era de Esme, claro.

Olá, Bella! Achei que você gostaria de saber mais sobre Edward. Fiz uma lista dos gostos dele, assuntos em que se interessa e coisas importantes sobre sua vida.

1 – Edward é um cavalheiro doce e gentil, daqueles que abre a porta do carro para você entrar, mas também é tímido, então espero que você tenha um papo bom que prenda-o.

Edward podia exisitr? Eu dei uma risada. Que bom que ele era gentil... Mas sendo filho de Esme, eu não poderia esperar outra coisa.

Havia uma seta na palavra ‘entrar’ que ia até o fim da folha, lá, em letras pequenas, estava escrito: Cá entre nós, criei meus filhos muito bem... São maravilhosos!

Revirei os olhos com diversão. Se eu fosse fazer uma lista de Esme, o primeiro item seria: 100% mãe coruja.

2 – Ele odeia ser tratado diferente por causa da doença e, acredite, reconhece facilmente um olhar de pena. Confio a você a missão de fazer Edward se sentir tão normal quanto é.

3 – Ele ama livros, desde ação até romance.

Ponto! Algo em comum comigo.

4 – Edward descobriu a doença há alguns anos atrás. Ele viveu normalmente no começo, mas passou a ficar fraco demais. Sua maior preocupação era perder o cabelo e ele ainda tem medo que isso aconteça. *risos* Mas não irá acontecer.

5 – Edward não gosta de Londres porque foi lá que ele descobriu sofrer de leucemia. Ele ama Forks, então espero que você não fale mal da cidade perto dele. Antes que você pergunte, ele ama a cidade mesmo sem conhecê-la a fundo.

Merda! Eu já tinha falado mal de Forks.

Por mais que eu ainda não fosse totalmente complacente com o plano de Esme, já me sentia mais confortável e interessada na história de Edward. Talvez a experiência de estar ao lado daquele garoto ajudasse no meu crescimento pessoal.

6 – Seu relacionamento com a família em si é ótimo, mas Alice é como uma terceira perna dele, sabe? Nem comigo ele é tão íntimo.

7 – O fato de ele ter tentado se matar é recente e doloroso para todos nós. Finja que eu não te contei, ok? Edward é mais do que um suicida, acredite, ele quer viver.

Devia estar sendo difícil para ela escrever. Meus lábios retorceram para o lado, com pesar por aquilo tudo acontecer com uma família tão bonita e visivelmente perfeita.

A lista de Esme estava me ajudando muito, eu me sentia meio íntima de Edward apenas em lê-la. Era incrível como aquela mulher lia a minha mente... Eu já estava pensando em pedir uma lista de seus gostos.

8 – Edward pretendia cursar a mesma Universidade que você, ele até conseguiu terminar o primeiro semestre... Mas a piora na doença estragou tudo! É uma pena, mas Edward sente como se só pudesse esperar a morte e a escola tirava muito da energia que ele não tem.

Bella, eu vou lembrar de mais fatos com o tempo, mas por agora, é isso que eu te digo. Se baseie nessa lista para se aproximar de Zac. Se você tiver alguma dúvida quanto a isso, ele não esta apto para ter um bom desempenho sexual. Eu só quero que você o ame ou deixe ele te amar.

Esme Cullen.

Ps: Você sabe onde fica o meu quarto... Se precisar de um colo, eu estarei aqui.

Dobrei o papel duas vezes e enfiei dentro do meu estojo escolar, onde eu também guardava dinheiro. Podia parecer bobo, mas a meu ver era o lugar mais seguro. Não que eu me sentisse insegura na casa dos Cullen, pelo contrário, era tão reconfortante estar lá... Tão familiar.

Olhei em volta, no lugar que seria meu quarto durante bastante tempo. Era grande, quatro paredes em lilás esbranquiçado – uma tonalidade que me atraia -, havia uma estante que eu encheria de livros com toda certeza, uma cama de solteiro grande com uma colcha de flores e uma cômoda branca com um vazo de flores que prendia um bilhete.

Seja bem-vinda!

Com todo carinho,

Família Cullen.

A caligrafia não era de Esme, então pensei que talvez fosse de Alice. De primeira impressão, eu gostava de Alice e sentia que isso ia permanecer. Ela era uma boa garota: animada, sorridente, otimista e... Frágil. Alice e sua família tinham um ponto fraco e esse era Edward. Não ele em si, mas a doença dele.

Todos tinham medo de perdê-lo, ou de vê-lo sofrer e eu mal sabia, mas passaria a sentir o mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não violem túmulos, ok? Isso foi muito feio da parte da Bella. Apesar de ter sido por um bom motivo. Mas eu não quero que vocês saiam por ai roubando flores. Não é legal, realmente, mas essa Bella é um pouco rebelde. Pensem que lugar dela, vocês também seriam.

Eu queria estar no lugar dela em alguns sentidos. Vocês sabem... Ser ‘obrigada’ a namorar com Edward Cullen. Eu pagaria esse preço sem pensar duas vezes.

Tenho escrito bastante a fic que é APC na visão do Edward. Eu não decidi se vou postar no fim da fic, como capítulos extras, ou se vou postar em uma fanfic separada. O que vocês preferem? Eu andei pensando no nome ‘O Poder Do Amor’... Achei impactante, apesar de um pouco clichê.

Nessa história vocês poderão ver mais dos Cullen, tudo que o Edward acha da Bella – fico gay só de imaginar a doçura dele com ela – e sentir um pouco do sofrimento dele e da sua futura melhora, por causa do poder do amor. Basicamente. E também tem a história de como ele tentou se matar (o que fez a Esme mandar uma carta pra Renée) que é bem interessante.

Eu provavelmente postarei como uma fanfic separada, mas antes preciso terminar de postar uma outra fic minha que se chama ‘Erros Cometidos’ e que eu posto aqui no nyah.

Vou tentar postar duas vezes na semana... Assim que as minhas idas ao dentista diminuírem. :)

Cáh