Amor por Compaixão escrita por CarolFernandes


Capítulo 15
Extra – Esme: Cordas Rompidas




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Broken Strings – James Morrison feat Nelly Furtado (http://www.youtube.com/watch?v=26PAgklYYvo)

Quando estou falando

É a voz de outra pessoa

Isso me deixa pra baixo

Eu tento continuar em frente, mas isso dói muito

Eu tento perdoar, mas isso não é suficiente

Para deixar tudo bem

Você não pode tocar com cordas rompidas

Você não pode sentir coisa alguma

Que seu coração não queira sentir

Eu não posso te dizer uma coisa que não é real

A verdade dói

E mentiras mais ainda

Como eu posso te dar algo mais?

Quando eu te amo um pouco menos do que antes

O que estamos fazendo?

Estamos nos transformando em pó

Brincando de casinha em ruínas de nós

Correndo de volta para o fogo

Quando não há mais nada para salvar

É como perseguir o último trem

Quando é tarde demais

Tarde demais

Apesar de ficar no primeiro andar, meu quarto parecia uma espécie de torre. Estava dentro dele, sozinha e sonolenta, apenas deitada na cama, suspirando e sonhando. Fui até uma das janelas e olhei para o jardim da frente, colorido, brilhoso e bonito. Qualquer pessoa que passasse por ali ficaria encantada pelo jardim. Eu cuidava dele como se fosse a minha alma.

Sorri.

Talvez eu cuidasse mais dele do que da minha alma.

Passei pelo banheiro, fazendo minha higiene matinal, e depois acabei parando na outra janela, oposta. Pus meus dedos no arco de madeira e eles voltaram empoeirados, sujos. Olhei para fora da janela e vi o meu antigo jardim de inverno, agora praticamente abandonado. Ficava nos fundos da casa, em um local escuro e fechado. Tinha algumas árvores secas, lutando para sobreviver em meio a lugar tão obscurecido. Também havia um broto no centro, com folhas novas e claras tentando germinar, mas eu pensava que ele precisaria de muita sorte para conseguir sobreviver ali.

Algum tempo antes, o jardim de inverno era lindo, tão lindo quanto o jardim principal. Não sabia por que tinha desistido dele. Ou sabia. Ficava nos fundos da casa, escondido. Ninguém iria ir lá ver. Eu não precisava manter as aparências, não ali. O jardim da frente, eu cuidava com felicidade, mas mesmo assim, por causa da aparência, por causa do que os outros iriam pensar.

O que os outros não viam, não importava.

Deixei um bilhete de Edward no quarto da Bella, e quando me reuni a ela e Carlisle no café da manhã, me sentia bem. Era um dia frio e cheio de nuvens que combinava bastante com como eu me sentia por dentro... Sem luz. Mas eu estava exteriormente feliz porque Bella e Edward tinham visto o óbvio.

Minha proposta não era tão ruim quanto Bella pensara de início. Na verdade, ela era muito boa. Eu estava juntando duas pessoas que conheciam o suficiente da dor e da falta para dar importância às coisas boas. Eu perguntei a Edward se ele aproveitaria cada momento que tivesse, e ele disse que sim. Eu não precisei perguntar, sabia que Bella queria ser feliz e precisava de alguém para compartilhar suas dúvidas, pensamentos, carinhos e felicidade.

Era um plano perfeito.

Renée não faria o mesmo, ela faria melhor. Mas eu não era Renée. Eu estava longe de ser uma mãe perfeita. Eu era apenas Esme.

E Esme gostava do exterior, gostava de como o pão francês ficava perfeito por fora e, depois de cortado, sem simetria por dentro.

A dureza de Carlisle com a amiga de Bella me fez recuar. Ele não era daquele jeito, malcriado e cheio de indiretas. Aquele não era meu Carlisle. Fui dura com ele também, como se fosse sua mamãe. Nunca tínhamos sido assim, ele era sempre o mais maduro ou então éramos iguais. Mas ele parecia possuído, naquela manhã. Bella achava que ele sabia de algo.

Conferi a agenda de Carlisle e confirmei que ele estaria de folga aquele dia, mas não voltou para casa durante quase todo o dia. A amiga simpática de Bella nos fez companhia naquela tarde, mas eu ainda sentia falta dele, e estava obviamente preocupada. Carlisle perdia a calma poucas vezes, mas quando perdia, devíamos nos preocupar.

“Querido...” Comecei, enquanto o seguia para dentro da casa. Ele tinha entrado abruptadamente e sem cumprimentar ninguém. Segui-o até o nosso quarto, e ele se virou, como se tivesse feito uma armadilha para mim. “O que acont-”

“O que aconteceu?” Perguntou o que eu iria perguntar. Senti-me pressionada, entre a janela do jardim de inverno e Carlisle. Sentia como se ele pudesse me empurrar, me fazendo cair na escuridão. “Diga você o que aconteceu.”

“Ficou louco, Carlisle?” Retruquei irritada. Eu não ia aguentar voltas e voltas por muito tempo.

“Não, não fiquei, ainda.” Riu, parecendo mais calmo, mas logo sua face voltou a ficar vermelha de... ódio!? “Lembra daquele dia em que Emmett trouxe a primeira namorada, aos quinze anos? Lembra o que você fez com ela?”

“Eu...” Comecei, mas ele me interrompeu.

“Não, me deixe falar. Você armou para a coitadinha ficar com medo e ir embora. Colocou Alice naquela fantasia de vampira e fez ela se fingir de louca...” Soltou um riso debochado. “Depois Alice ganhou uma bala de recompensa, como se fosse um cachorrinho. Você não queria que o seu filhinho tivesse outra mulher em sua vida, não é? Foi a primeira vez que um deles trouxe uma garota. Você ficou desesperada.” Engoli seco. Lidar com as garotas de seus filhos era algo que eu aprendi a fazer. “Emmett sofreu naquele dia, sabia? Claro que não. Ele se escondeu e você não viu.”

“Eu disse que ela era...” Tentei argumentar, mas fui cortada outra vez.

“Ela era o que?” Perguntou elevando a voz. Não respondi, pois sabia que ele me interromperia. “Ela era filha de uma mulher que você não gostava. E daí? Emmett precisava pagar por isso? E a garota?”

Abaixei a cabeça, engolindo meu orgulho. Ninguém nunca tinha jogado algo assim, na minha cara.

“Fale algo.” Carlisle disse duramente. Seu olhar ainda mesclava entre raiva e fúria.

“O que você quer que eu diga?” Gesticulei, tirando uma presilha do meu cabelo. Ele caiu nas minhas costas e eu pude bagunçá-lo livremente, o que era um hábito de família.

“A verdade, talvez.” Disse ironicamente. “Você sabe que eu não digo as coisas para te magoar, mas alguém precisava abrir os seus olhos. Eu explodi, Esme, e não pude conter isso.” Bateu no próprio peito.

“Você quer sabre a verdade? Eu ainda poderia estar lá, ela ainda poderia estar viva.” Eu gritei alto, acusando-o. A última frase fez Carlisle me olhar em choque e sem palavras.

Eu nunca tinha gritado assim. Nós nunca tínhamos brigado por algo tão bobo. Mas as coisas eram assim... Eu engoli durante todos os anos da minha vida o fato de ter escolhido seguir o marido e não seguir a mim mesma. Ele sempre soube a falta que e sentia de Renée e, já que era para explodir, iríamos explodir juntos e ele teria que arcar com as conseqüências. Para somar tudo, ainda havia o fato de ter conhecido Bella. Depois daquele dia, percebi que se eu tivesse tomado a suposta decisão certa, nada de ruim estaria acontecendo conosco.

Era tudo culpa minha, das minhas decisões, mas eu era fraca e precisava colocar a culpa em alguém.

Carlisle.

“É tudo um plano, não é? Eu venho desconfiando há um tempo e os seus olhares... Seus olhares são tão...” Fez uma careta. “Asquerosos.”

“Do que você esta falando?” Perguntei engolindo seco.

“Hoje, enquanto eu trabalhava no centro comunitário, tudo se encaixou. A visita repentina de Bella, sua entrada forçada na família, o fato dela estar totalmente intimidada por você. E agora ela esta envolvida com Edward. Tudo é um plano.” Repetiu. Eu tentei fazer o máximo para me segurar, mas tive que extravasar minha frustração no cabelo e na maquiagem. Devia estar horrorosa, mas a velha Esme de Forks estava de volta, e ela não olhava para vaidade.

“Não... Eu só quis ajudar.” Sussurrei, caindo sentada na cama. “Ela precisava de apoio para a escola, eu pude dar.” Dei de ombros.

“Pois você esta atrapalhando a vida de todos eles, nossos filhos. Você não vê? Seu egoísmo doentio não faz bem a ninguém...” Carlisle continuava alterado, apesar da minha calma. Acho que nosso caso era inversamente proporcional.

“Eu não sou egoísta.” Você é egoísta. Uma voz repetia na minha mente.

“Diga isso a si mesma.” Carlisle disse, rindo ironicamente. Ele bateu a porta forte quando saiu do quarto, me deixando no escuro, no frio e na solidão. Dentro de onde as pessoas não podiam ver.


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Notas finais do capítulo

Calma! Esme não ficou louca. Ela só passou por um momento confuso, em que ela não sabia quem realmente era... A garota pobre de Forks ou a mulher rica da Inglaterra? Acho que todo mundo passa por essas crises na vida...

Espero que estejam gostando. Demorei bastante para postar, eu sei, mas posso explicar... Gripe + Provas + Falta de imaginação + Preparativos para os meus 15 anos, resultaram em nenhum material para vocês. Peço desculpas. Isso não vai se tornar comum, mas pode acontecer outras vezes porque eu ando bastante ocupada.

Para compensar, o último capítulo foi gigaaante e essa narração da Esme foi bastante explicativa. :D

Queria saber se vocês querem outros extras, com narração de outros personagens e me digam qual, de qual capítulo, de que personagem e tal.

E eu acho que já sei qual apelido dar ao Emmett. É uma junção de tudo o que vocês disseram e de uma parte do capítulo 12...

Até qualquer hora, com o capítulo 13.

Cáh

E, como bônus, tem um post em O Poder do Amor. ;)