Amor por Compaixão escrita por CarolFernandes


Capítulo 13
Capítulo 11 – Nada de Planejar o Futuro




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Ainda estávamos no mesmo lugar, sentados e abraçados. Meu rosto estava descansado no seu peito e ele descansava o próprio rosto no meu.

Não era o tipo de tensão pós-beijo em que você se arrepende, pelo contrário. Eu estava feliz em estar ali e ter feito o que fiz. Eu pensei que fosse me arrepender, esperei, esperei, mas nada veio. Sem arrependimentos. Apenas... Apenas o crescimento crescente no meu peito e o sorriso no rosto. Amar era melhor do que eu imaginava.

"Não há lugar como nosso lar." Edward disse, provavelmente olhando para o chão. “É de...”

O Mágico de OZ, eu sei.” Interrompi, me afastando apenas para olhá-lo. Edward olhou para mim e sorriu. “Não sabia que você gostava de cinema.”

“Eu acho a sua falta de fé perturbadora.” Falei devagar, me deliciando com cada palavra. Edward deu um soco no ar, me interrompendo também.

Star Wars! Eu amo Star Wars!” A voz dele ficou grave, feroz, animada. Isso me fez sorrir também. Eu estava o divertindo, o lembrando de coisas boas e positivas.

“Você não parece o tipo de cara que gosta de Star Wars.” Brinquei.

“Ah, mas Emmett gosta e ele acabou me fazendo gostar.”

“Pensando bem... Emmett gostar de Star Wars é bem mais chocante do que você gostar.” Falei e caímos na risada.

“Que tipos de filmes você gosta?” Perguntou.

“Eu gosto de todos os tipos de filmes... Charlie tinha uma estante cheia de clássicos e eu também assistia muita televisão.” Tentei não deixar muito de tristeza passar, mas Edward percebeu.

“É difícil lidar com a morte dele, não é?” Assenti. “Por isso eu não quero que você e eu...”

“Você quer falar mesmo disso?” Perguntei, interrompendo-o. Ele sorriu, negando. “Então, depois nós pensamos nisso.”

“Ok, mas vamos conversar em algum momento, margarida.” A menção do meu apelido fez um sorriso brotar em mim e a tristeza ir toda embora. Edward se esticou um pouco e pegou uma margarida que brotava do chão. Ele colocou o cabo da flor atrás da minha orelha e arrumou o meu cabelo com a mão, mesmo que o vento estivesse o embolando todo.

"O amor é como o vento. Não podemos vê-lo, mas podemos senti-lo." Falei sem pensar. Edward abriu a boca, parecendo chocado e depois a fechou, mostrando outro sorriso. Como tinha dito antes, estava desinibida e sem medo de expor meus sentimentos e pensamentos.

Um Amor Para Recordar... Esse filme é bem triste, concorda?” Falou mordendo os lábios e, de repente, minha ficha caiu. Eu tinha dito a frase de um filme sobre o amor entre um garoto saudável e uma garota com leucemia. Lembrar do final do filme fez o meu estômago embrulhar.

“Desculpe.” Pus a mão na boca, com raiva de mim mesma. “Eu não...”

“Tudo bem.” Ele pegou minha mão e me abraçou. Qualquer um acharia os carinhos de Edward um pouco intensos demais, mas eu entendia. Ele realmente não sabia quanto tempo tinha e remediar seus desejos não era um bom caminho. Eu não queria remediar os meus.

“Eu tenho uma frase melhor.” Falei quando nos separamos. Edward não parecia triste e isso fez eu me sentir bem melhor. “Façam suas vidas serem extraordinárias... de Sociedade dos Poetas Mortos.” Eu sabia que ele entendia.

Começou a ficar bastante frio e tivemos que ir embora. Conforme íamos nos afastando do jardim, o clima se tornava um pouco tenso. Eu não sabia se aquilo estava acontecendo de verdade, ou se apenas eu tinha essa impressão. De qualquer modo, os olhares entre Edward e eu foram poucos.

“Quer parar para comer?” Perguntei enquanto passávamos por uma lanchonete. Edward pareceu ficar em dúvida, mas como o local estava praticamente vazio, aceitou.

Eu estava com medo de como as coisas seriam a partir daquele momento. Eu queria me entregar de cabeça e fazer tudo o que desse vontade, mas não era bem assim. Como o resto dos Cullen reagiria? Sim, porque eu sabia que Esme ia vibrar de felicidade. Será que realmente íamos nos assumir? Assumir o que? O que éramos? Sempre tinha ouvido falar dessas dúvidas femininas, mas era a primeira vez que eu as sentia. Seria melhor um namoro secreto?

Sentamos no canto perto da janela, Edward pediu uma salada leve e eu fiquei com um frango grelhado com batatas fritas.

“Esme vai nos matar quando souber que não jantaremos.” Falou brincalhão e eu ri. O clima bom estava sendo restaurado, mas não cem por cento.

“Edward.” Enquanto eu chamava o seu nome, ele chamou o meu e nós sorrimos. “Você primeiro.” Falei covardemente.

“Eu queria muito ser seu namorado ou até mais do que isso.” Ele respirou fundo, tentando não falar tão rápido. Eu apurei meus ouvidos, porque não queria perder nem uma vírgula daquele momento. “Mas eu não posso te prender em um relacionamento que não tem futuro. Desculpe, eu não posso fazer isso com você.” Eu sabia que ele ia dizer algo assim, então não fiquei chocada. Edward era bom demais para apenas aproveitar.

“Edward, a minha vida inteira as pessoas se preocuparam demais com o meu futuro...” Falei mexendo nas minhas batatas e analisando o frango. Só assim eu teria coragem, já que o jardim estava bem longe. “Minha mãe se preocupou em eu ter um irmão, e deu tudo errado. Meu pai se preocupou em ter um emprego para me sustentar, mas ele morreu trabalhando. O que eu quero dizer é que...” Antes que eu concluísse, ele levantou o meu queixo, me fazendo olhá-lo.

“É que...” Insistiu.

“É que quando planejamos o futuro demais, há um risco do presente dar errado. E sem presente, não existe futuro.” Ele ouviu atentamente e pareceu pensar bastante naquela frase. “Eu acabei de perceber isso agora.” Falei, me sentindo realizada. Era como uma descoberta para mim também.

Eu fui para Cambridge pensando apenas no meu futuro, mas segundo os meus planos, deu tudo errado. Deu tudo errado quando eu descobri que não podia me sustentar lá e deu tudo errado quando eu tive que aceitar uma proposta nada comum.

A única coisa que eu esperava que desse realmente certo, era Edward e eu. Por mais que não houvesse futuro – e realmente não havia -, havia presente. O resto eu pensaria depois.

“Bella, você aceita namorar comigo?” Perguntou com serenidade. Eu tentei encontrar a minha voz e responder, mas falhei.

Edward continuava me olhando, ansioso e ainda tendo um pouco de dúvida em se aquilo era certo. Eu não tinha mais dúvidas, porém meu coração batia muito rápido para eu sequer raciocinar. Era o primeiro pedido de namoro da minha vida e era com Edward. Quando eu imaginara isso?

“Bella?” Perguntou outra vez, quase sorrindo. Talvez ele pudesse ouvir os batimentos rápidos do meu coração.

“Sim.” Respondi baixinho. Respirei fundo e respondi outra vez. “Sim.” Saí da sua frente, e sentei ao seu lado, me arrastando pelo banco em forma de L. Beijamos-nos levemente, com apenas um roçar de bocas.

Se alguém olhasse de fora, veria apenas um garoto e uma garota se beijando. E éramos isso, sem doença ou diferenças. Apenas Edward e Bella.

Terminamos de comer a nossa comida e pagamos. Antes que estivéssemos completamente dentro do carro, uma multidão de alunos uniformizados comemorava a vitória de algum jogo de futebol qualquer. Edward olhou para eles demoradamente e perguntei se jogava alguma coisa antes.

“Eu estava fazendo uns testes para o time quando descobri a doença, então desisti.” Deu de ombros, mas seus olhos faiscaram de certa inveja ou admiração, em cima do casaco de um jogador. “Que tipo de esportes você gosta?” Perguntou quando já estávamos dentro do carro.

Edward era um bom conversador e, apesar de tímido, bastante curioso. Parecia que ele queria saber tudo sobre mim, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. De certa forma, a mente dele funcionava assim, como se todo dia fosse o último dia.

“Gosto de esportes com pouco toque.” Brinquei.

“Pouco toque?” Replicou, rindo. “Como golfe?”

“Exatamente. Eu gosto de golfe, corrida de carros, tiro ao alvo...” Era muito fácil simplesmente falar ao lado de Edward. Sempre fora, mas a partir do momento em que viramos namorados, as coisas se tornaram bastante naturais, mesmo que o jardim estivesse bastante longe de nós. Talvez a minha paz fosse apenas um bom relacionamento com Edward e não um lugar.

“Bella? Esta me ouvindo?” Ele perguntou estalando os dedos na minha frente. Só então percebi que ainda estava com o carro parado no estacionamento.

“Sim.” Respondi dando partida.

“Pensei que sua mente tinha sido abduzida por alienígenas.” Essa frase me fez gargalhar alto. Edward podia achar que estava recebendo algo de mim, mas ele dava muito mais do que eu queria e precisava. “Certo. Vamos contar para o resto da família...” Falou e eu olhei para ele. Edward se encolheu. “Sobre nós?” Ele parecia bastante calculoso e até com medo. Sorri e ele ficou mais calmo.

“Sim. Nós contamos a eles no jantar.” Respondi voltando a olhar para a estrada. Eu já sabia como voltar para casa sem informações, mas pensei em pedir ajuda porque estava distraída demais e muito provavelmente erraria o caminho.

É claro que a recepção dos Cullen ainda me deixava ansiosa, e eu também tinha medo que Esme desse muito na cara. Alice era uma garota muito perceptiva para a sua idade, e eu sabia que ela desconfiava de algo. Não só relacionado a mim com Edward, como a mim com Esme.

Porque quando você faz algo errado parece que todos estão a um passo de descobrir?

Estar com Edward não era errado, mas Esme achava que eu o amava e que ainda não tinha percebido isso. Eu percebi antes de começar a namorar com ele, então podia concluir que o motivo por estar com ele era dinheiro ou Esme, e sim, amor.

Talvez um pouco de compaixão, mas amor por compaixão... E amor, de qualquer forma, é amor, puro e simplesmente.

Em algum momento percebi que já tínhamos chegado em casa e Edward me olhou com um sorriso.

“Um doce por seus pensamentos.” Imaginar ele lendo os meus pensamentos fez um tremor subir pela minha espinha.

“Eles não valem um doce.” Tentei manter o tom brincalhão.

"Oh! Valem uma BMW!" Fingiu espanto.

"Não, seu bobo." Rindo, dei um soquinho no seu braço. "Não há nada de interessante na minha mente."

"Tenho certeza de que só existe Edward na sua mente." Continuou a brincadeira, saindo do carro, enquanto eu também saía.

"Ah! Que audácia!" Sim, parecíamos duas crianças, exatamente como quando nos separamos.

"Fique tranquila, na minha mente também só há você." Piscou um olho para mim e entrou na casa. Eu fiquei congelada na escadaria, pensando se tinha ouvido aquilo realmente.

A parte de ele estar na minha mente era verdade, e, bem, se eu estava na mente dele... Isso era algo muito fofo. Eu fiquei parada e sorrindo durante quase cinco minutos.

"Bella!" Emmett gritou, subindo as escadarias, ofegante. Ele usava roupa de ginástica. "Acabei de chegar da minha corrida e encontrei aquela sua amiga no caminho." Pôs a mão nos joelhos, tentando normalizar a respiração.

"Rosalie!" Apontei.

"Isso! Eu já sabia." Ele disse rindo e bebendo um pouco de água. "De qualquer forma, é verdade que ela vem amanhã aqui?"

"Sim. E eu sei também que você esta de folga amanhã." Expliquei, me sentindo bem sendo aquela irmã mais nova que arranja encontros para o irmão. Eu nunca imaginei que vivenciaria algo tão normal quanto isso.

"Você é espertinha, garota." Ele também me deu um soquinho que, ao contrário do que eu dei em Edward, me fez perder o equilibro por alguns segundos.

Antes que eu falasse qualquer coisa, Edward apareceu, descendo as escadas graciosamente e segurando um casaco que não era meu.

"Esta frio e seu casaco não esquenta nada." Ele pôs o casaco em mim e eu agradeci. Edward também estava mais bem agasalhado e, meio minuto depois, percebeu que Emmett nos analisava.

Ele me mandou um olhar que parecia gritar: No jantar contaremos, certo? Apesar disso, os mesmos olhos sussurravam: Não vou aguentar esconder por muito tempo. Emmett era o mais fácil de lidar, então resolvi dizer logo.

“Nós estamos...” Comecei, mas fui interrompida.

“Juntos?” Emmett perguntou com um ar convencido. Assentimos, com certo medo dele. Será que Emmett lia mentes? “Ah, eu já sabia. Vocês são muito fofinhos e óbvios juntos.” Ele só faltou apertar as nossas bochechas.

“Sério?” Edward perguntou, quase rindo.

"Sim, e todo mundo já percebeu." Nisso a minha tése de que a família Cullen toda era muito atenta, se confirmou. Emmett poderia ser o mais atento de todos, mas guardava as informações para si. Isso era perigoso.

Foi melhor do que eu imaginava, admito. Edward já não estava tão nervoso e pensei que talvez, para ele, Emmett fosse o maior perigo. Eu não poderia afirmar isso com certeza, mas achava que Edward tinha um pouco de ciúmes do meu relacionamento com seu irmão.

Fomos para dentro e eu cheirei o casaco discretamente no caminho. Era de Edward, com certeza.

Alice estava fora com umas amigas, Carlisle ainda chegaria do trabalho e Esme estava na sala tricotando. Ela parecia uma vovó daquele jeito, tinha até os óculos. Não que Esme parecesse velha, mas o ar angelical e doce das vovós estava ali.

“Que flor bonita!” Esme disse, olhando para mim. Eu pus a mão na orelha e percebi que a margarida ainda estava emaranhada no meu cabelo. Edward e Emmett já tinham sumido, mas eu ainda usava o casaco de Edward e isso chamou a atenção de Esme.

“No jantar.” Disse simplesmente, deixando-a curiosa.

Coloquei a margarida dentro de uma caixinha e tomei um banho relaxante, que acabou se tornando demorado também. Quando eu desci para o jantar, todos já estavam se sentando à mesa. Edward pareceu aliviado em me ver. Como se eu fosse deixá-lo logo agora, pensei.

Dei uma olhada no prato de Edward e ele estava praticamente vazio, como o meu, já que tínhamos comido na lanchonete. As conversas entre alguns membros da família ocorriam normalmente, mas Esme, Edward e eu estávamos mais calados. Eu e Edward trocávamos olhares nervosos enquanto ela observava.

“Bem, Edward e eu temos algo a contar.” Falei, tentando acabar logo com aquilo tudo. Cinco pares de olhos me fitavam ansiosos e eu engoli seco.

“O que é?” Alice perguntou curiosa, mas desconfiada. Emmett sorria enormemente para nós dois e Carlisle se esticou um pouco para ouvir melhor.

“Nós estamos juntos.” Edward disse devagarzinho.

Alice soltou um gritinho alto, abraçando Edward e o parabenizando. Estudei a reação de Esme, ela mantinha um sorriso enorme na face e olhava apenas para mim. De certa forma, isso me incomodou. Ainda mais quando eu vi Carlisle reparando na nossa troca de olhares e parecendo incomodado também.

Pela minha visão periférica, pude ver Emmett se juntar ao abraço dos outros dois irmãos, se divertindo com a histeria de Alice. Ela provavelmente se sentiria assim com qualquer outra namorada de Edward. Afinal, de um garoto que se trancava do mundo esperando a morte para o garoto que se permitia ter um relacionamento, era um grande passo.

Não era como se eu estivesse na casa do meu namorado explicando nosso namoro. Também não era como se eu estivesse na minha própria casa explicando o meu namoro aos meus pais. Éramos todos uma família e, pela sociedade, Edward era como um irmão para mim, assim como Emmett e Alice.

Eu me sentia estranha, de certa forma, por isso. Ainda parecia um pouco errado.

Mas eu estava feliz. Muito feliz.


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Notas finais do capítulo

Muito fofos esses dois né? O capítulo que vem é um pouco tenso... Mas não com relação ao Edward. Digamos que alguém vai descobrir alguns segredos. *risada maléfica* Quem será essa pessoa (dei umas pistas no capítulo)?

Tem um pedaço ai que meio que explica o título da fic, já que a *déb cof cof ora* estava me perguntando e minhas explicações não a deixavam satisfeita. :D

Vocês sabiam que de começo, nessa história, a Bella se envolveria com o Edward apenas por dinheiro mesmo e ela iria gostando dele com o tempo? O prólogo atual eu fiz as pressas, porque o que eu tinha planejado gritava ‘vadia Bella’! hahaha De qualquer forma, eu achei que esse lado fofinho combinava mais com a história e seria mais fácil para eu escrever. E esta dando certo.

Talvez eu não poste segunda (é pouco provável, mas possível) porque vou tentar terminar uma short fic que eu comecei há alguns dias... Ela é bem pequena mesmo, de no máximo três capítulos. Algumas pessoas morrem nela... rs. Não posso contar mais nada. Apenas que é um mundo novo para mim – os anos 40, em plena Segunda Guerra Mundial – e que estou bastante animada para vocês lerem.

Em breve também entrarei em provas e as coisas se tornarão ainda mais difíceis. :/ Mas não desistirei.

Queria agradecer pelas reviews e pedir que vocês não desanimem! Cada palavra me ajuda a continuar escrevendo... ;) até segunda.

Cáh