O sino da Catedral ressoava, sobrepondo o tiro. O vermelho se espalhava rapidamente pelo chão, formando uma poça cada vez maior. Ele olhou para suas mãos e não consegui segurar um soluço. Mais a frente, jazia um corpo no chão. Meu deus, ele pensou. Aconteceu de novo. Ela apenas era sua professora que mostrara simpatia para ele. E agora...

Antes que ele pudesse completar seu raciocínio, uma mão agarrou seu cangote e o levantou. Ele quase entrou em pânico quando viu aqueles tão conhecidos olhos vermelhos o encarando.

- Viu o que eu disse meu menino burro? – Raziel disse com um sorriso maligno, agarrando a cintura de Seth, puxando ele mais perto, mesmo contra vontade dele. – Tudo que você toca morre. Talvez seja por isso que ninguém queira ficar perto de você.

Raziel era um homem alto, surpreendentemente bonito, com olhos vermelhos vivo e cabelos marrom chocolate claro. Já Seth tinha cabelos negros como carvão e olhos azuis claro.

Não é isso, pensou Seth amargo, tudo que eu gosto você mata. Ele se contorceu mais e Raziel apertou seu abraço, encostando sua boca na orelha de Seth.

- Seria melhor nós saíssemos daqui – Raziel continuou, mordendo suavemente o lóbulo da orelha de Seth, arrancando um gemido á contragosto. – Os policiais chegaram logo, e não nos podemos dar ao luxo sermos pegos. Não agora.

Raziel pegou Seth no colo, passando os braços entre seus joelhos, e ao mesmo tempo Seth percebeu que não conseguiria ficar em pé por si próprio. Suas pernas tremiam tanto como se ele tivesse corrido uma maratona. Por culpa da adrenalina e do medo, ele pensou, enquanto Raziel destrancava a porta dos fundos e saía, como se fosse perfeitamente normal um homem de 30 e poucos anos carregando um adolescente em posição de noiva. Mais tarde, ele riria desse pensamento. Como se ele fosse um simples homem...

31 de Outubro

1 horas antes

Eram apenas 4 da tarde, mas algumas crianças já corriam excitadas pela rua, procurando seus amigos para mostrar suas fantasias recentemente costuradas por suas mães. Seth suspirou, esticando suas pernas novamente.

Ele realmente odiava o dia das bruxas. Ele estava sentado na escadaria de sua escola, cabulando aula. Ele não costumava fazer isso, mas ele realmente não estava com humor para aturar as aulas. Raziel ficaria furioso se descobrisse. Ele sentiu um arrepio percorrer seu corpo com esse pensamento. Apesar do medo, desobedecer Raziel lhe dava uma estranha satisfação mórbida.

            Ele fechou os olhos, relembrando como conhecera Raziel. Ou melhor, como este o encontrara.

            Ele perdera seus pais muito cedo, e, desde que se conhecia como gente, ele vinha sendo mandado de um orfanato para outro. Ele relativamente era uma criança comportada, mas coisas estranhas aconteciam a sua volta. O primeiro orfanato pegara fogo, e os outros passaram por outra series de catástrofes inexplicáveis. Ele chegara a ser adotado três vezes, a primeira aos 5, a segunda aos 8 e a ultima aos 11.

Na primeira vez, um gentil casal que não podia ter filhos o adotou. De longe, estes foram seus favoritos. Tudo ocorreu bem até que, um ano depois, quando ele voltou da escola e os encontrou enforcados sala. Junto deles, uma carta de despedida, aonde diziam que não agüentavam mais Seth e as coisas que aconteciam perto dele. Os outros ocorreram de modo parecido, e ele acabou ganhando o orfanato como lar fixo aos doze anos.

Tudo mudou aos seus treze anos, quando Raziel apareceu na porta do orfanato, alegando ter direito a sua guarda, por ser um primo distante. Tudo mentira, é claro.

Raziel era um demônio, e acredite, foi difícil de acreditar no inicio. Pelo menos até que Raziel o jogasse contra a parede de seu apartamento e dissesse que fora ele que acabara com todos seus tutores anteriores e enquanto o surrava, reclamava como era difícil ter a guarda de uma criança atualmente. 100 anos atrás, ele disse, era simplesmente agarrar e correr, mas agora, não, tinha muita burocracia e atitudes moralmente éticas...

Uma hora depois ele já estava implorando para ele parar e perguntando o por que ele estava fazendo isso. Raziel parou e o levando gentilmente para sua nova cama, a mesma de Raziel, e explicou o porquê.

Seth fazia parte de um grupo seleto de humanos que partilhava sangue de anjo em suas veias. O sangue só começava a fazer efeito a partir dos 18 anos, mas como Raziel disse, era bom prevenir. Para o sangue surtir efeito, era necessário que o demônio bebesse o sangue do usuário e também dormisse com ele, ambos com freqüência.  A força ou não.

Depois que descobrira isso, Seth tentara fugir varias vezes, todas em vão. E severamente castigadas, é claro.

E agora, três anos depois, ele com 16 anos, continuava a mercê de Raziel.

Ele sentiu uma mão em seu ombro e quase soltou um grito. Ele se virou e viu que era apenas uma das professoras, a Sra. Roberts.

Ela sorriu gentilmente e sentou ao lado dele.

- Você não pode faltar a as aulas assim, Sr. Cast. – Ela disse gentilmente, pegando a mão dele e o levando em direção a Catedral do colégio, onde estavam sendo realizadas as preparações para o baile anual de Halloween. – Todos estão preocupados com você...

-Seth! O QUE VOCÊ ESTA FAZENDO FORA DAS AULAS? – Raziel apareceu do nada, aparentemente de volta das compras, segurando sacolas com enfeites e doces. Ele agarrou o braço de Seth com força.

Ele se preparou para dar um tapa no rosto de Seth, porem a professora interferiu.

E, bom, o resto vocês já sabem....