Cão e Gato escrita por HannahHell


Capítulo 2
Capítulo 1: O Gato de Botas.




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O sol raiava alegre naquela praia deserta da França, a pessoa deitada na areia clara nem mesmo se importava com o fato de não fazer idéia do nome da praia onde estava, sabia apenas que fazia um calor confortável, que o sol brilhava intensamente- como era de se esperar levando em consideração que era hora do almoço- e que sua pele branca logo ficaria num tom nada agradável de vermelho se continuasse por lá por muito mais tempo.

Sentou-se e pegou o chapéu que descansava ao seu lado na areia, era um chapéu Fedora, a exata réplica do chapéu de Al Capone. Não que ele ligasse muito para o famoso mafioso trouxa. A verdade era que aquele chapéu dizia bem o que ele era: um criminoso, mas um dos bons. O melhor se tirar o pouco de humildade que tinha da jogada.

Esticou o corpo num movimento rápido e tirou a areia de suas roupas, pegou as botas de couro do chão e as segurou enquanto caminhava com os pés descalços em direção à avenida que beirava a praia.

Os turistas caminhavam sorridentes tirando foto de tudo e qualquer coisa que pudessem, guarda sóis podiam ser vistos agora com mais clareza pintando aquele cenário branco e azul da praia com suas mais variadas cores. Essa imagem lembrava o jovem de alguma coisa engraçada, pois não pode deixar uma pequena risada escapar por seus lábios.

Limpou os pés assim que se viu longe da areia e vestiu as botas. Observando os vários restaurantes e lojas que ladeavam a avenida.

Não foi necessário nem cinco minutos de caminhada para chegar num bar velho e aparentemente sem muito movimento. Sua aparência suja e mal cuidada deixava a maioria das pessoas bem longe e, apenas aqueles que realmente precisavam entrar lá faziam tal coisa. E o jovem era uma dessas pessoas.

Dentro do estabelecimento, o visual era completamente diferente, mesas bem limpas e cheias de clientes bebericando bebidas geladas e coloridas, comendo porções diversas e conversando alegremente. A decoração tinha um ar praieiro e fresco, que de certa forma passava uma sensação muito agradável aos clientes.

-Hey, Timotty, não vai tomar algo? – o barman indagou para o jovem, que apenas sorriu e maneou negativamente com a cabeça.

-Estou de saída, Toby, minhas férias acabaram – sorriu com a mentira, suas férias eram tão verdadeiras quanto seu nome. Tirou do bolso um pedaço de madeira lustrosa e avermelhada e, com um aceno firme suas malas apareceram – vim aqui apenas acertar as contas. Quanto lhe devo mesmo?

-Sete galeões – o barman sorriu e pegou o pagamento, não sem antes entregar ao jovem uma garrafa transparente guardando um líquido azul anil gélido ao toque – fique com isto, garoto. Cortesia da casa.

-Muito obrigado – e, com mais um sorriso o jovem se encaminhou para o espaço atrás do balcão e aparatou. Logo não havia mais nada de Timotty Stuart naquele lugar.

-//-

A Travessa do Tranco podia ser definida em poucas palavras, mas com certeza: suja e suspeita estavam no topo. As ruas eram tão mal cuidadas que se deveria tomar um cuidado redobrado ao andar por lá, o perigo de achar um paralelepípedo faltando ou mal colocado era deveras grande, mas isso não impediu a estranha jovem de cabelos laranja de perambular por aquelas bandas.

Os vendedores olhavam-na curiosos, perguntando-se quem ela era, com certeza não era uma deles, afinal, qualquer bruxo freqüentador da Travessa do Tranco não usaria um cabelo tão chamativo. Não podiam chamar a atenção. Todos ali, de uma maneira ou de outra, já haviam cometido algum ato ilícito e gostariam muito de permanecer longe do radar do Ministério.

Logo a estranha achou seu objetivo e entrou na loja mais antiga, tradicional e famosa do lugar: a Borgin &Burke. Entrou sem pensar duas vezes, ouvindo o sino da porta tilintar e ecoar pelo estabelecimento.

Ninphadora Tonks perdia a conta dos inúmeros objetos amaldiçoados e perigosos que estava à mostra naquele lugar, mas também se surpreendia com a quantidade de quinquilharia e relíquias misturadas a jóias e móveis. Este lugar era, com certeza, a loja de decorações preferida de todo bruxo com inclinação às Artes das Trevas.

-Poderia lhe ajudar? – uma voz rouca e baixa a assustou e, quando a auror virou-se, viu um dos donos da loja olhando-a inquisitivo.

-Senhor Borgin? - perguntou insegura, nunca realmente tinha visto qualquer um dos dois donos da loja. Só sabia que eram velhos.  Do tipo de velhos que já eram velhos quando sua mãe era nova, não que ela fosse velha.

-O que deseja? – o pequeno e quase imperceptível sorriso dele a fez entender que isso era uma afirmativa.

-Oi, sou Tonks, e gostaria de fazer algumas perguntas sobre o seu neto, Christopher.

-O que tem aquele moleque?  - alguma coisa na maneira falsamente indiferente do homem deu a Tonks a esperança de que ele, talvez, saberia o paradeiro do garoto.

-O senhor sabe onde ele está? – era a primeira vez que ela interrogava alguém, mas não podia deixar de sentir que estava fazendo tudo errado.

-Por que quer saber?

-Seu neto, senhor, está sendo alvo de uma investigação – certo, dessa vez ela iria agir como a auror de verdade e séria que ela deveria ser – e seria de muita ajuda se o senhor nos dissesse o paradeiro dele.

-Eu não sei nada daquele moleque – o homem respondeu fechando a cara, como se algo que a mulher disse tivesse o irritado.

-Senhor, é apenas um mal entendido, tenho certeza que seu neto é inocente. Eu queria apenas conversar com ele, uma operação de rotina e tenho certeza que o senhor ficaria muito contente de ajudá-lo a sair do radar do Ministério, não é? – embora soando amigável e sorrindo, ela sabia que tinha colocado uma notinha ameaçadora na voz.

-Desculpe senhorita, mas se ele não está em Drumstrang, onde eu o mandei da última vez, não faço idéia de onde ele esteja.

Ela sabia que isso queria dizer, na verdade “eu não vou falar nada para você, saia da minha loja” então ela decidiu ser profissional e agir como ela achava que Kingsley agiria – muito obrigada, se o senhor tiver alguma pista sobre o paradeiro dele, por favor, entre em contato com a seção de aurores do Ministério – ela sabia que ele nunca entraria em contato, então deu uma resposta ampla que não revelasse o quanto Christopher Borgin era realmente procurado. Saiu da loja e caminhou em direção ao Beco Diagonal.

-Moleque, ela já foi embora, pode sair daí – o velho anunciou ao caminhar pela loja e sair da linha de visão da porta.

-Essa daí é nova – uma voz jovem e divertida soou quando seu dono saiu da pequena porta que levava aos fundos da loja – espero que seja mais inteligente que o ultimo, qual o nome dela mesmo?

-Tonks – o velho retrucou mal-humorado, já estava ficando cansado de esconder o neto.

-Hm... Interessante – Christopher sorriu e tirou um cigarro do bolso e o colocou na boca, acendendo-o com um feitiço não verbal – então, gostaria de ver as novas mercadorias que lhe trouxe?

-O que tem aí, moleque?

Ele apenas ajeitou o chapéu que usava para esconder seus olhos e permitir que apenas seu sorriso malandro ficasse à vista. Tirou a mochila que carregava das costas e a colocou no chão, retirando do objeto uma bela pintura.

-A Obra Prima de Pierre Haversham, avaliada em quinhentos galeões, a peça mais bem protegida do Museu de Arte Bruxa de Paris – ele anunciou sorrindo arrogante e assoprando a fumaça do cigarro na cara do avô.

-Te dou os quinhentos por ela.

-Vô, não acabei de dizer que ela era a mais bem protegida do lugar? – Chritopher parecia desapontado. Tirou o chapéu apenas jogar seus cabelos loiros e desgrenhados para trás e colocou o assessório em seguida – o trabalho para pegá-la foi o suficiente para elevar seu preço para seiscentos galeões.

-Garoto, eu não negocio nem com ladrões sérios. Por que negociaria com você? Quinhentos.

-Vô, eu sei que consigo seiscentos indo em qualquer comprador da Europa, alguns eu tenho certeza que faço facilmente setecentos. Só venho lhe vender por consideração. Seiscentos ou nada feito.

-Pode ir então. Moleque ingrato.

-Certo – ele deu de ombros e guardou o quadro de volta na mochila, jogando-a por cima do ombro, jogou o cigarro no chão apagando-o com o pé e começou a andar na direção dos fundos da loja.

-Espere – o velho chamou e o jovem apenas girou os calcanhares, sorrindo presunçosamente – te pago quinhentos e cinqüenta.

Chris deu um largo sorriso e retirou a pintura da mochila – quinhentos e cinqüenta então.

Borgin foi até os fundos da loja e logo voltou com uma sacola parda cheia de dinheiro e a jogou para o neto. Ele a pegou no ar e olhou seu interior, contando superficialmente a quantidade, sorriu ao ficar satisfeito com o resultado e entregou a pintura para o vô, guardando o dinheiro na mochila.

-É sempre um prazer fazer negócios com o senhor – com uma mesura debochada o garoto deixou o local, sumindo pela porta de trás e aparatando antes de chagar a saída.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem *-*
essa fic é tão divertida de escrever *-*
e não se esqueçam das reiviews *-*