Dados Viciados escrita por DarrenShanLover


Capítulo 8
E Minha Brilhante Profissão É Ser Encanadora!!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem x3



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            Já era meio tarde quando começamos a jantar, meus pais nunca chegavam cedo em casa e, ainda por cima, minha mãe ainda tinha que preparar a comida. Faz um tempo que tento convencê-la que sou perfeitamente capaz de fazer o jantar, mas, mesmo assim, ela não me deixa encostar um dedo no fogão.

            Pedro deu uma gargalhada, curvando a cabeça para trás, quase se afogando no guaraná.

            - Vocês deviam ter ouvido!!! – ele disse, entre um soluço e outro.

            Pus os cotovelos na mesa, mesmo. Cansada de argumentar com meu querido irmãozinho. Derrotada, resolvi acabar logo com o prato de comida.

            - O que aconteceu de tão engraçado? – meu pai perguntou.

            Pedro suspirou, como que tentando não rir enquanto contava.

            - Tipo, quando eu cheguei com a perua da escola, e eu toquei a campainha de casa... – ele começou a rir de novo.

            - Eu estava dormindo – melhor contar logo, senão a gente ia ficar nessa enrolação pra sempre. Tentei fazer a voz mais entediada do mundo – e ai a campainha me acordou, eu levei um susto e gritei e...

            - Todo mundo ouviu!!! – meu irmão me cortou. – Deu pra ouvir lá da esquina!!

            - Fala sério, não foi assim tããão engraçado. – eu repliquei.

            Mentira. Se ele tivesse tomado o susto, eu ia estar rolando no chão de tanto rir.           Acontece que, depois que eu liguei pra minha tia, eu me joguei na cama de novo, e, para não ouvir o barulho dos trovões – que me faziam pular da cama toda vez que resolviam aparecer – coloquei o  Mp4 no ouvido, no máximo. E, depois, eu simplesmente dormi.

            Só que não foi um sono tranqüilo, eu tive os piores pesadelos. Foices aparecendo penduradas no teto do meu quarto, prontas para cair e me dilacerar; eu, parada em frente à minha lápide; dados vermelhos por todo o lugar, pressionando um par de números para minha vitória, ou derrota. Enfim, devo ter tido uns sete pesadelos diferentes em um intervalo de três horas.

            E foi aí que Pedro chegou. Eu estava tão agitada, que, quando acordei, levei um baita susto e o resto é fácil de imaginar...

            Minha mãe abafou um riso.

            - Tá vendo, é sobre isso que eu tinha te avisado. – ela disse. – “Não, mãe, eu não tenho medo de livros e filme de terror”

            Por que as mães adoram dizer “eu te avisei”?

            Mas, enfim, a única coisa que eu queria naquela hora era terminar de comer e subir pro quarto. Uma boa noite de sono me acalmaria e melhoraria o clima estranho que eu venho sentindo desde que o cara apareceu no quintal. É como se fosse um mau pressentimento. Você não se sente num lugar familiar, nem num lugar seguro. Eu já me senti assim antes e não gostava nem um pouco. Não que acontecesse algo realmente, mas a tensão me matava.

            Juntei o resto da lasanha no garfo e enfiei goela abaixo. Tomei os últimos goles do guaraná.

            - Acho que já vou indo. – anunciei.

            - Nossa, que milagre! – meu pai disse, entre goles de suco. – Não vai querer sobremesa?

            - Se eu tiver deixado alguma...

            Ele riu.

            - Mas, realmente, já está um pouco tarde, são dez e meia. Boa noite. – ele desejou, depois deu um beijo em minha testa, minha mãe fez o mesmo.

            Levantei e deixei o prato na pia. Quando estava voltando para a escada, passei pelo meu irmão e, desarrumando seu cabelo, eu disse:

            - Tchau, cabeçudo.

            Pedro apenas virou a cabeça e me mostrou a língua.

            Segui subindo a escada escura e entrei direto no meu quarto. Finalmente lá dentro, fechei a porta e dei um suspiro profundo. Só tinha percebido agora o quanto tudo aquilo havia me esgotado. Era verdade que eu havia dormido de tarde, mas, mesmo assim, eu não estava totalmente descansada.

            Joguei os sapatos perto da cama, tirei meus chinelos do armário, calcei-os e segui para o meu banheiro. Resolvi que iria dormir do jeito que estava, eu estava morrendo de preguiça de trocar de roupa. Só ia escovar os dentes e me jogar na cama.

            Entrei no cômodo e acendi a luz. Era um banheiro bem simples, uma pia com um espelho, o chuveiro num dos cantos e a privada. Nada muito enfeitado ou personalizado.

            Meu olho esquerdo estava ardendo, devia ter caído um cisco ou coisa parecida. Pisquei nervosamente, na tentativa de que, o que quer que estivesse irritando meu olho, saísse. Só que apenas parecia piorar. Meu olho já estava lacrimejando quando terminei de escovar os dentes.

            Joguei um pouco de água, só isso. Quando eu acordasse pela manhã, o olho já estaria bom. Sequei a boca e a escova e apaguei a luz do banheiro. Uma vez de volta ao meu quarto apenas me esgueirei para debaixo das cobertas e deixei que o sono me embalasse, com a luz acessa mesmo.

             

²²²

           

            Acordei assustada com um estrondo forte no andar debaixo, parecia que alguma coisa pesada havia caído. Olhei no relógio na cabeceira da cama, eram exatamente três horas da manhã. Imaginei que Pedro havia descido para pegar um copo d’água e talvez tivesse derrubado alguma coisa.

            - Pedro?! – chamei.

            Porém, não houve resposta.

            Será que ele havia se machucado? Ou... será que alguém entrou na casa?

            Pulei da cama e calcei os chinelos. Abri violentamente a porta do meu quarto e saí para o corredor. Encontrei meus pais na porta do quarto deles, tão alarmados quanto eu. Os olhos da minha mãe só faltavam saltar das órbitas. Meu pai estava com pose de machão – o que, considerando os chinelos de dedo ficava até cômico. Na porta do outro quarto, meu irmão, com os olhos cheios de medo. Se não foi Pedro, o que havia feito aquele barulho?

            O que me assusta é o quão bem eu me lembrava daqueles detalhes. Acho que eu estava tão alerta que tudo era captado.

            - Pai, o que foi isso? – meu irmão perguntou.

            - Não, sei... Fiquem aqui, vou dar uma olhada. – respondeu, decidido.

            - Não! – minha mãe começou a protestar – E se forem bandidos? E se estiverem armados?

            Meu pai não pareceu escutar, tomando o primeiro passo em direção à escada.

            - Pai, é melhor a gente ligar pra polícia. – sugeri.

            - Não, não deve ser nada.

            Ele começou a descer a escada. Sem pensar, fui atrás dele.

            - Hey! Eu vou também! – Pedro apressou-se a nos acompanhar.

            Os protestos de minha mãe cada vez mais altos enquanto ela nos seguia escada abaixo. Papai virou-se e endereçou um “shhh” nervoso para nós enquanto entrava na cozinha.

            Um momento de tensão. Eu, minha mãe e meu irmão calados, praticamente colados à parede esperando ouvir algum som tranqüilizante do meu pai, que, agora, dentro do cômodo, estava fora do nosso campo de visão.

            Tudo aconteceu muito rápido.

            Ouvi um chiado rasante e um baque surdo quando uma flecha de metal – é, uma flecha – atravessou a porta da cozinha e aterrissou na parede, cravando-se bem ao lado da minha orelha.

            Soltei um grito baixo quando percebi que tinha escapado da flechada por um triz.

            - Meu Deus! – ouvi minha mãe exclamar.

            Imediatamente, ela empurrou meu irmão e eu escada acima enquanto listava o nome de todos os santos que conhecia. Sons metálicos e vozes desconhecidas eram ouvidos da cozinha. Passos. Quem quer que tenha soltado a flecha, tinha começado a nos seguir.

            Lembro-me de ouvir outro chiado e um baque quando outra flecha cravou no corredor da escada.

            - Andem! Andem! – mamãe gritava.

            Eu devo ter tropeçado umas cinco vezes, e olhe que a escada tinha poucos degraus.

            - Não a deixem escapar! – ouvi uma voz feminina atrás de nós, quando estávamos no último degrau.

            - Não olhe pra tra... – minha mãe começou, porém, depois daquilo, sua voz sumiu, como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões.

            Pedro parou de andar, como se tivesse sido paralisado.

            - Vai, moleque!!! – gritei, dando-lhe um tapa para que continuasse.

            Entretanto, não houve resposta. Ele continuava imóvel. Olhei para trás para encontrar o rosto fixado de minha mãe, sua boca entreaberta, como quando damos pausa num filme na TV. Ela não piscava, ficava apenas parada ali.

            Passei a mão em frente aos seus olhos, mas não tive resposta. Que raios estava acontecendo???

            - Surpresa, garota?  - ouvi no andar debaixo.

            Olhei para a dona da voz. Era uma mulher de mais ou menos trinta anos de idade, cabelo castanho preso em um rabo, ela segurava um arco e levava no ombro uma aljava. Usava roupas comuns, como se tivesse acabado de vir do supermercado. E ela não estava sozinha. Ao seu lado, um homem da mesma idade, cabelo ralo, preto, olhos da mesma cor. Ele segurava um machado enorme e ameaçador em posição de lançamento.

            Havia outras pessoas ali, desde os quinze, dezessete anos até a meia-idade, porém, não fiquei muito tempo para reparar em todos. O machado e o arco eram dicas muito boas de que eles não estavam ali para me oferecer um chocolate e um abraço.           

            Sendo que o alvo parecia ser eu, ignorei meu irmão e minha mãe e entrei no corredor. Eu podia ouvir os passos dos meus perseguidores na escada. Entrei no meu quarto e tranquei a porta de imediato.

            Encostei-me à parede oposta, com o coração quase saindo pela boca.

            Sabia que uma porta não ia segurar um cara com um machado e mais umas dez pessoas. Precisava pensar num jeito de sair dali, pegar meus pais e meu irmão e levá-los para um lugar seguro, mesmo não sabendo quem eram aquelas pessoas, o que queriam; eu tinha que dar um jeito... Entretanto, eu estava tão agitada que não conseguia pensar direito.

            - Essa porta não vai durar por muito tempo!!! – ouvi no corredor.

            Abaixei a cabeça entre os joelhos, fechei os olhos e massageei nervosamente as têmporas, tentando desesperadamente pensar em alguma coisa.

            Silêncio...

            De repente, não se ouvia mais passos, nem gritos, só a minha própria respiração fazia barulho. Levantei a cabeça devagar, com medo do que eu poderia encontrar.

            O susto foi quase pior do que quando eu o vi pela primeira vez. Na frente da porta trancada estava o homem que eu tinha pensado ter visto essa tarde. Pensado não... tinha visto. O mesmo cabelo loiro, os óculos...

            - Eles armaram um belo circo dessa vez... – comentou olhando para a porta atrás de si.

            - Quem... quem é você? Quem são eles? O que querem? O que você quer??? – despejei.

            - Primeiras coisas primeiro. – ele apenas disse.

            - O que está acontecendo?

            Ele me estudou dos pés à cabeça. Em seguida, deu um breve suspiro antes de recomeçar a falar.

            - Meu nome é Alastair.

            Ele devia estar me encarando, esperando uma resposta, mas não dava para dizer com certeza por causa de seus óculos escuros. Apenas fiquei encarando-o, esperando que dissesse algo mais significativo.

            A ansiedade estava crescendo, eu sei que eu devia estar morrendo de medo, afinal, agora, o cara estava perto o suficiente para fazer qualquer coisa, mas, estranhamente, eu sentia tudo, menos medo... Ficar aterrorizada não ia ajudar em nada. Meus pais e meu irmão estavam lá embaixo, os sons sumiram, mas as pessoas ainda estavam do outro lado da porta, eu sabia disso.

            - O que está acontecendo? – repeti, mais insistente e devagar dessa vez.

            Ele suspirou novamente.

            - Como eu disse, precisamos tratar de outras coisas agora.

            - E o que são exatamente? – perguntei.

            Deixando a pergunta suspensa no ar, Alastair retirou os óculos lentamente e pousou-os delicadamente na minha cama. Estava de olhos fechados. Ele virou-se novamente para mim e, devagar, os abriu.

            Deixei escapar uma exclamação baixa quando senti um arrepio tremendo. Seus olhos... a parte branca... era negra, como se eu estivesse olhando dentro de um buraco negro. E, em contraste, suas íris eram amarelas, como as de um gato.

            Quem era aquele cara? Ou melhor... o que ele era? O desespero bateu forte. Eu não tinha certeza se Alastair era bom ou mau... Se estava ou não cooperando com as pessoas no corredor que queriam, aparentemente, me matar; se estava com aquele homem da praça... Nem sabia se “Alastair” era seu nome verdadeiro.

            - Quem... O que você é?... – eu disse, a voz tremendo.

            Ele me olhou sem qualquer expressão no rosto enquanto dizia:

            - Isso eu posso esclarecer mais tarde.

            - O que tem de tão importante para se fazer, caramba!!! Tem um monte de gente do outro lado daquela porta – apontei para a porta do quarto, irritada. Eu não estava mais suportando aquela tensão, aquele bate papo que não estava levando a lugar algum. – eles têm armas, eles quase me mataram! Minha mãe está lá, meu pai está lá, meu irmão também!!!

            - E eu não sei porque estou gritando com alguém que nem conheço, mas se você tem respostas, eu preciso ouvi-las rápido!!! – terminei.

            Alastair me olhou perplexo, não estava esperando aquela reação, confesso que nem eu mesma estava... Mas, quando achei que ele fosse gritar de volta ou algo do tipo, ele apenas sorriu.

            - Bom, já que está assim tããão curiosa, eu vou resumir tudo bem rápido.

            Fiquei surpresa com aquilo, não esperava que ele fosse dizer tudo assim tão fácil. Eu não o conhecia, mas não acreditava que finalmente eu iria saber o que realmente estava acontecendo... comigo mesma!

            - Aquilo na praça foi real. – ele prosseguiu. – O homem com quem seu amigo apostou era um canalizador – ou, se você preferir, um shinigami, ou um ceifeiro, a morte, tanto faz...  – mas enfim, você o aborreceu, Linus tem um baita pavio curto e acabou te matando.

            - Pera, quê?! Encanador?

            - Canalizador. – ele corrigiu, pacientemente.

             Pisquei incrédula. Essa conversa de novo. Caramba, se eu estava morta como poderia estar ali, de pé, conversando com um cara que eu não conhecia, me dizendo um monte de abobrinhas, como eu fui à escola? Como estava até agora a pouco com minha família, em carne e osso? “Canalizador”? O que aquilo queria dizer? Como assim eu podia chamá-lo de “morte”? 

            E “Linus”... Alastair se referiu ao cara das apostas como se fossem amigos de longa data. Como se se conhecessem. Isso não significava que eu não podia confiar nele?

            Ponderei se eu precisava mesmo ter perguntado tudo aquilo, agora eu estava ainda mais confusa do que antes.

            - Me explique, então... – eu comecei querendo matar as dúvidas mais cruéis. – se eu morri como eu ainda estou aqui?

            - Ah, - ele abriu um sorriso ainda maior. – É aí que vem a parte boa. Parecia que o viciadinho em apostar não queria que você só morresse, ele tinha alguma coisa em mente... ou então só estava entediado... Mas ele te forneceu força vital. Força vital o suficiente para que você pulasse alguns séculos e se tornasse uma canalizadora também.

            - Mas o que é um canalizador? – perguntei.

            - Isso é um assunto que a gente pode ver depois. – ele respondeu.

            Eu não sabia lidar com tudo aquilo. Era informação demais, eu precisava de, pelo menos uns três dias para digerir tudo aquilo, e eu ainda tinha perguntas... Só que eu não tinha três dias, nem uma hora sequer.

            - E por que eu deveria confiar no que você está me dizendo?- indaguei.

            Alastair me olhou por um instante com aqueles olhos estranhos antes que respondesse:

            - Isso cabe a você julgar.

            Olhei intensamente nos seus olhos - mesmo que perturbadores - sustentei o olhar buscando algum sinal de mentiras ou até mesmo de confiança. Mas sua expressão mantinha-se impassível.

            Legal, o que eu faço???

            - E o que veio fazer aqui, agora, o que disse que tem de fazer de importante? – perguntei, tentando acabar com o clima tenso.

            - Bem, era aí que eu estava tentando chegar até agora. – ele disse.

            Em seguida, Alastair retirou do bolso interno do casaco o que parecia um tipo de papel enrolado, como papiro, mas com as bordas de cima e baixo reforçadas com uma espécie de (palito?) esculpido cuidadosamente. O papel parecia velho, estava amarelado e parecia que estava prestes a se transformar em pó, como se tivesse uns cem anos ou até mais.

            Alastair desdobrou cuidadosamente o papel enquanto explicava:

            - Veja, como eu já disse, a força vital que Linus te deu depois de te matar fez você pular algumas etapas bem complicadas. Uma alma perdida se alimenta de força vital durante mais ou menos uns duzentos anos até que tenha condições de fazer o Contrato. Fazê-lo com um canalizador como Linus requereria um milênio de coleção de força vital.

            - Mas, mesmo com isso, - ele continuou. – não posso fazer nada nem te levar a lugar algum sem antes você ter assinado e concordado com pelo menos a primeira parte do Contrato, então...

            - Pera aí... – interrompi, era informação demais – Que “contrato” é esse?

            - Aquele que faz de uma simples alma um canalizador. – ele explicou pacientemente.

            - E o que é um canalizador?

            - São almas ou espíritos muito mais poderosos que tem como função regular o fluxo de energia vital no mundo, por isso canalizadores...

            - Como?... – perguntei, temendo já saber qual a resposta.

            - Você já sabe...  – ele respondeu apenas.

            Hesitei um segundo, com medo de que meu chute estivesse realmente certo.

            - Vocês matam as pessoas? – minha voz saiu trêmula com a idéia.

            - Não. – ele respondeu e, de alguma forma, me senti um pouco mais aliviada. – Apenas garantimos que a força vital, a energia que junta a alma a um corpo, seja bem direcionada.

            - Por isso você mencionou ceifeiros...

            - Exato.

            Procurei manter a voz mais firme agora.

            - E o que isso tem a ver comigo?

            - Já disse, não posso levá-la a lugar nenhum sem que você já tenha assinado pelo menos a primeira parte do Contrato.

            - Eu não quero ser levada a lugar nenhum. – eu disse, com uma ponta de irritação. – Eu quero tirar meus pais e meu irmão de lá. Quero que essas pessoas saiam da minha casa. Quero tirar meus familiares do perigo. Não virar uma canalizadora, ou seja lá o que for.

            - Não tem como. – Alastair replicou como se estivesse explicando soma de dois mais dois para uma criancinha. – Mesmo que eu faça isso, você morreu. A força vital que você possui é grande, é forte, traz uma ilusão de vida. Mas ouviu bem? Ilusão. E essa força é gasta rápido, você vai começar a sentir os efeitos em menos de uma semana. E então? O que fará? Você não pertence mais ao mundo dos vivos, Verity.

            Suas palavras me atingiram como um balde de água fria. Eram frias e não poupavam os detalhes da “realidade”. Será mesmo que não tinha mais volta? Por um par de dados tudo tinha se transformado nisto? E pensar que semana passada minha definição de dia ruim era educação física em classe, seguida por uma aula de história e depois de uma aula de geografia...

            - Não tem outro jeito?

            Ele apenas balançou a cabeça, a expressão dura. Virei-me para ele e disse, decidida:

            - Então... o que eu tenho que fazer com esse maldito Contrato?


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Notas finais do capítulo

REVIEWSSS!!! *-*