Fleet Captain escrita por Cherrybomb


Capítulo 2
Capítulo 2 - Reunião




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- Como é que é? – Estava chocada, como assim um desconhecido em minha casa?

- Isso mesmo Ceci, o Capitão e o Astrólogo. – Merli soltou mais um gritinho e começou a pular. – Isso não é maravilhoso? E se um deles se interessar por você, e se o Capitão se interessar por você, meu Deus! Já imaginou Ceci? – Ela suspirou pesadamente. Não pude deixar de rir, isso era tão típico da Merli, não conhecia pessoa mais sonhadora.

- Ok Merli ate parece, é mais fácil ele se interessar por você. – Fiz uma careta. O Capitão era um homem de 40 anos de idade, nunca olharia para uma pirralha como eu e muito menos eu olharia para ele. Rezava aos céus todo dia para que Mamãe me arranjasse um marido jovem.

- Ah, você fala isso porque pensa que ele é velho e feio. – Ela colocou as mãos na cintura e fez uma careta. – Além disso, ele nunca se interessaria por mim, sou apenas uma escrava, querida.

- E ele não é feio e velho? Você sabe que os bajuladores falam maravilhas sobre pessoas importantes e nunca são verdades. – Revirei os olhos.

- Ah, mas dessa vez eu acredito. – Merli se sentou no corrimão da escada de entrada. – Uma fonte confiável me disse que ele é lindo. Tem um corpo que é de da inveja a qualquer obra de Michelangelo, o jeito perfeito de um cavalheiro e os olhos de um azul mais profundo que o mais belo mar do caribe e o que você deve ser o mais importante tem aparecia de um jovem deus grego. – Seus olhos estavam fechados como se ela imaginasse a cena e então deu um gritinho.

- Aham, vamos apostar que ele é um barrigudo, de olhos esbugalhados, porcalhão e velho. – O desdém era evidente em minha voz, o que fez Merli bufar e abri os olhos.

- Você é impossível Cecile! O que custa sonhar um pouquinho? Não machuca ta?

- Eu não sou impossível e se eu sonhasse como você não seria pouquinho seria muito então fecha o bico e vamos avisar a minha mãe sobre essa novidade. – Ela bateu o pé e murmurou alguma coisa que não entendi mas me seguiu até minha mãe que comandava o trabalho de Luri em sua roseira.

- Já sabem da novidade? – Perguntei.

- Aquela que aos gritos a Merli lhe contou? – Eu ri e Merli corou, murmurando um desculpe para Mamãe.

- Esse mesmo.

- Não sabemos de nada, mas deve ser algo empolgante. – Merli corou mais ainda e eu segurei o riso.

- Não diria empolgante mas sim inusitado e de ultima hora. – Mamãe fez uma careta, ela não gostava de coisas encima da hora. – O Capitão Leto e seu Astrônomo irão se hospedar aqui em casa. – Mamãe e Luri arregalaram os olhos em uma sincronia bizarra e simplesmente saíram correndo. Eu e Merli nos entreolhamos e começamos a rir descontroladamente. Ela revirou os olhos.

- Eu tenho medo delas. – Fiz uma careta. – Vamos entrar? Esse sol esta me fazendo suar bicas.

- Claro, claro. – Quando ela começou a caminhar eu dei um tapa em sua cabeça e comecei a correr. – Meia barra de chocolate belga para quem chegar primeiro! – Gritei e imediatamente Merli começou a correr atrás de mim aos risos.

-X-

- Sabe, eu não entendo como seu pai permitiu que uma pessoa sem ser da família, ainda mais um homem, se hospedar na casa de você assim, sem mais nem menos. – Merli dava uma dentada no chocolate belga a cada palavra pronunciada deixando pequenas migalhas encima do carpete do meu quarto.

- Verdade. Quero dizer, quantas vezes isso aconteceu desde que nascemos? – Olhava com inveja o chocolate nas mãos de Merli. Ela ma jogou um pedaço do chocolate e eu sorri.

- Nenhuma, quero dizer, teve aquela vez da Condessa de D’mont, mas isso foi so por um dia, nem a noite ela passou aqui.

- É teve a vez da Condessa, lembra como ela cheirava a salsicha azeda? – Começamos a rir, todos os melhores momentos de minha infância passei com Merli. Ela era minha melhor amiga e confidente desde que me entendo por gente.

            Houve uma época em que Mamãe tentou me afastar de Merli pela possibilidade de ela ser filha de papai, na época não entendi achei maravilhosa a hipótese de Merli ser minha irmã. Pena que acabou por se descobrir que ela era, na verdade, filha de um Alemão que veio comprar um barco de papai e se rendeu aos encantos da mulata, isso explicava seus extensos olhos verdes.

            Merli era linda, muito mais bonita que Simone. Seus longos cabelos negros que caiam em cachos grossos sobre a pele branca e sedosa, seu corpo era perfeito, curvilíneo e seus seios saltavam aos olhos. Suspirei, em compensação eu tinha cabelos loiros e lisos totalmente sem graça, olhos castanhos escuros, poucas curvas e seios um tanto modestos. Todos diziam que eu era um encanto, posso ate ser, mas não sou sedutora como Simone, bonita como Merli ou doce e delicada como Anne. E era por esses e outros motivos que eu me sentia deslocada nesse lugar, eu queria ser livre, viajar, sem falar no meu sonho reprimido de poder usar calças. Odiava os vestidos pesados e os saltos apertados.

- Mas sabe Ceci, isso pode não ser tão ruim. Sem duvidas vai trazer muito privilegio para seu pai e a Marinha vai ficar devendo um favor ao seu pai.

- Ate parece que a Marinha deve favores a alguém. – Bufei. Ela riu já acostumada com meu ótimo senso de humor. Quando Merli estava prestes a dizer alguma coisa dois toques da porta a fizeram calar.

- Entre. – Falei.

- Ceci, Mamãe esta chamando a todas nos na biblioteca. – Era Anne, sua voz doce tranqüilizaria até o mais bravo cão. Fiz uma careta.

- Reunião?

- Sim. – Anne suspirou. Quando Mamãe nos convocava na biblioteca já era de certo que significava uma reunião para discutir alguma coisa urgente, e quando digo discutir, quero dizer ordenar a cada uma de nos o que fazer. – E ela quer que você também vá Merli.

- Eu? – Merli estava surpresa, essas reuniões eram especialmente para as três filhas e ponto.

- Você sim. – Anne sorriu. Não era difícil imaginá-la usando um enorme chapéu de Carmelita ajudando um bando de pobres coitados na rua.

- Ok então. – Merli sussurrou, pela suas feições ela estava preocupada com o que Mamãe iria quere com ela.

- Meninas. – A voz de Simone ecoava do corredor. Então sua cabeça apareceu na soleta da porta. – Se não descer-mos agora mamãe nos mata. – Eu ri e me levantei da cama, seguida por Merli.

            Descemos as escadarias que dava para a sala extremamente desconfiadas. Seja lá o que mamãe queria coisa boa não era. Entramos na biblioteca na nossa formação de sempre: Simone seguida por Anne e logo depois eu, porem dessa vez com a pequena diferença que logo atrás de mim estava Merli.

- Ate que fim chegaram. – Mamãe se levantou da poltrona reclinada ao lado do sofá.  Com seu andar cheio de classe se pois a nossa frente com um pequeno sorriso nos lábios.

- Acho que todas já sabem que o honradíssimo Capitão Leto está chegando a nossa casa amanhã a tarde, correto? – Assentimos levemente com a cabeça. – Ótimo, pois bem, eu as chamei aqui para pedir um favor a todas. – Ela olhou diretamente para mim e Merli nesse momento. – Dizem que o Capitão é um homem cheio de luxuria e adora engravidar garotas França a fora. Por isso gostaria de pedir-lhes para manter uma certa distancia do Capitão. Nada de charme, flerte, sorrisinhos, absolutamente nada que demonstre algum interesse me ouviram? – Assentimos novamente um pouco chocadas com o que mamãe disse, falo por todas nos quando digo que nunca teríamos nada com o tal Capitão.

- Ora Mamãe. – Simone falou com a voz indignada. Essa sem duvida ferio o seu orgulho, Simone era muito geniosa. – Eu estou noiva não quero nada com esse homem. E sinceramente, a Anne vai para o convento daqui a duas semanas, a Cecile não tem maldade e a Merli é uma escrava. – Me irritei com essa ultima parte, não gostava que humilhassem Merli dizendo que ela é uma escrava. Ok, todos nos sabemos disso mas mesmo assim eu odeio quem fala isso assim, na cara. Pra mim ela é tão irmã quando Anne e Simone.

- Sei disso querida. Mas não quero correr riscos. Você esta noiva e deve se entregar imaculada para seu marido, Anne será uma Carmelita e não subestime Cecile, na idade dela eu já tinha você. – Corei. Mamãe tinha razão, eu já não olhava para os homens da mesma forma que antes. Antigamente os olhava como olho uma mulher, uma pessoa e apenas isso, agora a coisa esta diferente. Quando vi, por exemplo, o irmão do noivo de Simone senti algo entre minhas pernas, um fogo, que so de lembrar já fico envergonhada.

- Pode ficar tranqüila Mamãe, vamos manter distancia desse homem. – Anne sorriu de uma forma que qualquer homem esqueceria o que estava pensando. Como ela poderia ser freira?

- Espero. – Ela olhou para mim e Merli novamente. – Estão todas dispensadas e arrumem-se, daqui a uma hora vamos ao alfaiate. Quero vocês vestidas impecavelmente para quando a Marinha chegar.

- Sim senhora. – Falamos em coro e nos retiramos da biblioteca. Quando estávamos subindo as escadas Simone começou a resmungar.

- Ora, quem já viu uma coisa dessas. Como se eu fosse me insinuar para algum homem. Eu estou noiva de um homem lindo e maravilhoso, nunca faria isso! – Anne e eu demos um risinho, Simone não parava de se vangloriar de estar noiva de um homem rico, jovem e bonito. Entrei em meu quarto seguida por Merli. Me joguei em minha cama pensando nas palavras de Mamãe:

“ – Dizem que o Capitão é um homem cheio de luxuria e adora engravidar garotas França a fora

            Quando ela quis dizer garotas, sem duvidas ela quis dizer “garotas ricas de famílias com posses assim como vocês”. Tentei me colocar no lugar dessas garotas por um segundo, mas não consegui. Como alguém tem vontade de se deitar com um homem de 40 anos? Fiz uma careta.

- Mamãe esta perdendo o juízo de uma vez so pode, nunca irei me deitar com um homem velho desse jeito. – Falei rindo. Esperei por uma resposta ou retrucada da parte de Merli, mas ela ficou calada. Sentei-me para poder olhá-la.

            Merli estava sentada no cantinho do chão com a cabeça entre os joelhos. Ela se ofendeu com o que Simone falou. Me levantei e me pus ao seu lado.

- Lili, não fica assim. Ela não falou por mal. – Passei a mão pelos seus cachos negros. Ela levantou a cabeça limpando as lagrimas que já caiam a um tempo.

- Ah, que nada. – Ela tentou parecer animadamente indiferente. – Não se pode fugir da realidade por muito tempo certo? – Uma risada morta saiu de seus lábios e eu a abracei. Pobre Merli, odiava vê-la sofrer dessa maneira. Ficamos assim por um tempo então ela deu um pulo se levantando, me dando um susto.

- Vamos, temos que nos arrumar. Você sabe o quanto adoro roupas novas não? Isso sem duvidas ira me animar. – Ela sorriu de forma verdadeira, mas sabia que havia muito esforço para aquele sorriso ser mantido lá. Sorri de volta e estendi minha mãe para ela que me ajudou a levantar.

- Vamos sim. – Sorri e fomos em direção ao meu closet.


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Notas finais do capítulo

Alguem lê isso?
ç.ç



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