Fleet Captain escrita por Cherrybomb


Capítulo 15
Capítulo 15 - Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Nhaa, por favor leiam as notas finais.
Ps: Esse capítulo foi mais pra homenagear a querida Luna que deixou uma recomendação gamante.
Espero que goste amor, ta simples mas acho que ta legal.
*Enjoy



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            Não entendi o que a voz de Jared dizia. Eram apenas grunhidos misturados a palavras como: Italiana, Mestiça, Promotor e achei ate mesmo ter ouvido algumas blasfêmias como Vagabunda, Diaba e coisas do gênero, mas a palavra que ele mais falava – ou grunhia – era não. Ele repetia essa pequena palavra com uma veracidade que fez com que os pelos do meu braço se arrepiassem.

            Fiquei de pé e caminhei na ponta dos dedos para mais perto da parede e logo depois fiquei tentando encontrar uma brecha para dar uma espiadela no homem com quem ele falava. Depois de tatear um pouco achei uma fresta do tamanho de uma fechadura que era o suficiente para matar minha curiosidade. Assim que coloquei meu olho próximo ao pequeno buraco meus olhos (acidentalmente ou não) miraram Jared. Por alguma razão a sua expressão não me surpreendeu. Seu rosto estava vermelho, do jeito que ele sempre parece ficar quando está raivoso, seus lábios puxados levemente nas pontas e seus olhos continham uma expressão que eu nunca havia visto antes, nem mesmo quando ele ameaçou meu pai ou quando fiz o escândalo com ele e Merli.

            Sua expressão me assustou tanto que pela primeira vez desde que nos conhecemos eu olhei para o outro lado de bom grado. Primeiramente não conseguir enxergar o homem com quem Jared falava, mas depois de uns poucos segundos conseguir mira-lo. O homem estava de costas e usava uma longa capa preta e portava um chapéu pomposo na mão. Sem duvidas era um homem de poder. Torci para que ele virasse e que eu pudesse ver seu rosto, porém o máximo que consegui foi pegar um vislumbre de seus cabelos vermelhos, de uma cor tão intensa como nunca havia visto antes. Quando achei que estivesse começado a ouvir a conversa um pouco melhor um sussurro veio de lado de fora e eu gemi baixinho.

- Cecile? - Shannon se aproximava e por alguma razão eu sabia que ele não deveria ver aquilo.

            Rapidamente me afastei da parede caminhando o mais rápido que podia ao seu encontro.

- Aqui. – Sussurrei. – Shannon cadê você?

            Em resposta ele parou bem na minha frente me fazendo da um gritinho de susto que o fez rir. Se fosse em outra ocasião eu provavelmente teria brigado com ele, mas depois do que Shannon fez por mim ele podia me dar quantos sustos quisesse que eu não podia nem tinha o direito de reclamar. Suspirei e coloquei uma mão na cabeça, so agora eu reparava o quando ela doía. Depois de tanta correria e um bom tempo sem dormir eu estava completamente acabada. Shannon pareceu notar, ele colocou uma mão no meu ombro.

- Eu não consegui falar com o Capitão, ninguém sabe onde ele esta. – Ele fez uma careta como se achasse aquilo completamente errado. – Gostaria de te levar para descansar lá dentro mas não posso embarcar ninguém sem falar primeiro com Jared é uma regra básica.

            Um pânico tomou conta de mim. Ele precisava aprovar a minha entrada? Toda a confiança, todo o alivio que eu sentir em poder começar uma nova vida sumiu com isso. Ele nunca iria concordar que eu fosse com eles. Jared me odiava, eu sabia disso com total certeza.

- Você esta bem? – Shannon pareceu preocupado. Duvidasse que minhas feições demonstrassem minhas emoções com total precisão, não existe careta de pavor no mundo capas, mas acho minha expressão não estava nada boa. Apenas suspirei.

- Preciso descansar. – Ele acentiu como se entendesse perfeitamente o que eu queria dizer, e talvez entendesse mesmo.

- Venha, vou arrumar um lugar para você se deitar. – Ele me puxou pela mão e me levou para fora do celeiro.

            Assim que passamos pela porta meu coração disparou com medo de que Jared aparecesse neste momento. O que iríamos dizer? O que iríamos fazer? Um arrepio de pavor me percorreu e pela segunda vez em menos de dez minutos, afastei Jared do meu pensamento.

            Shannon me levou até uma pequena casa que ficava bem próximo ao enorme celeiro. Ela de madeira escura e úmida, e mesmo de longe o cheiro me incomodou. Assim que paramos na porta ele deu duas leves batidas e logo me senti desconfortável. Ele estava me levando para casa de estranhos e isso me parecia errado, claro que eu não era uma perfeita dama, mas meu senso de conduta dizia que nunca de devia ir para a casa de alguém sem aviso prévio.

- Shannon, eu não acho uma boa idéia. – Fiz uma pequena careta.

- O que? Virmos-nos aqui? – Acenti e ele sorriu. – Está tudo vem Cecile, eles são de confiança. Eu te salvei hoje, lembra? Porque te levaria para um local perigoso?

            Não respondi, Ele estava completamente certo. Eu não devia duvidar da palavra dele então suspirei e olhei para porta tentando preparar o meu melhor sorriso para quando o anfitrião nos recebesse. Quando mirei a porta com mais cuidado, notei que nela havia um entalhe simples. Uma estrela de seis pontas grandes e largas e dentro dela uma magra e singela estrela de quatro pontas. Aquela imagem era familiar e sem pensar muito a lembrança de onde a havia visto me veio a cabeça não porque naturalmente lembrei, mas porque a porta se abriu e um homem velho e barbudo com incríveis olhos dourados me encarou.

            Antes de todo esse incidente com o meu pai lembro-me apenas de uma vez que tenha ficado realmente assustada com ele, a lembrança foi tão marcante que me lembro perfeitamente. Nós estávamos todos na pequena e – como toda a cidade – imunda praça de Dunquerque para mostrar para toda a cidade Josef, que na época era apenas um bebê de poucos dias. Enquanto meus pais estavam conversando com algumas pessoas eu e as meninas propomos uma corrida ate a arvore mais próxima e assim fizemos. Lembro que estava bem próximo de ganhar, por incrível que pareça sempre fui a mais rápida, mas quando estava quase tocando a arvore uma pequena curvatura se formou na minha frente e não consegui para a tempo, fechei os olhos pronta para cair no chão mas nada aconteceu. Abri os olhos e dei de cara com um homem de pele clara e barba densa que sorria como se achasse minha cara engraçada.

- Cuidado garotinha. – O homem falou. – Precisa ter cuidado onde pisa nessa cidade, nada é seguro por aqui.

            Não pude deixar de rir. Assim que ele me soltou fiz uma pequena referencia e murmurei um obrigada que ele respondeu com também uma referencia.

- Qual seu nome? – Ele perguntou com os dentes amarelados, quase tanto quantos seus olhos, a mostra.

- Cecile, senhor.

- Um belo nome para uma bela garota. – Fiquei corada o que o fez rir novamente.

            Ele abriu a boca para falar mais alguma coisa quando uma mão bruta me puxou pelo braço.

- Quem você pensa que é? – A voz de trovão de papai ecoou furiosa. – Saia de perto da minha filha seu desgraçado!

            O homem de olhos amarelos piscou confuso e deu um passo para trás. Olhou para mim rapidamente e deu um sorriso.

- Adeus, bela menina. – E eu também sorri, mas assim que abri a boca para lhe responder uma mão o acertou no rosto e ele caiu no chão.

            Nunca vi um homem apanhar tanto na minha vida. Eu gritei e tentei ajudá-lo, pedia para os capangas não o machucarem mas ninguém me ouviu, ninguém ouviria uma criança. Depois de um bom tempo enquanto o homem ainda estava apanhando meu pai me puxou pela mão e me levou em direção ao portão do parque, lembro que a ultima coisa que vi foi a mão pendurada e suja de sangue do homem, e essa mão continha exatamente o mesmo símbolo da porta.

- Shannon! Quando tempo. – O homem falou abraçando Shannon com força e me tirando de meus devaneios.

- Moisés, quanto tempo mesmo. – E ele riu como uma criança. Me senti desconfortável ali. Era como se os dois fossem velhos amigos, ou então tio e sobrinho.

- Ora, quem é a moça? – Ele falou se afastando de Shann em encarando com um sorriso, o mesmo sorriso amarelo de minha lembrança.

- Essa é Hannah. – Me surpreendi por ele ter falado esse nome e não Cecile, mas não me incomodei. – Uma amiga.

- Hannah? – Ele deu um olhar pra mim que por um segundo achei que ele pudesse saber a verdade e então riu. – Ora, mas apenas uma amiga? Me pergunto quando você irá tomar jeito na vida, caro amigo.

- Me pergunto o mesmo. – Shannon então deu uma gargalhada que também me fez rir.

- Vamos entrem, minhas meninas estão servindo o chá.

            Ele abriu passagem e deixou eu e Shannon entrarmos na modesta instalação. Preciso dizer que me surpreendi. A casa era sim, pequena e simples de apenas um cômodo, mas não fétida e imunda como eu pensava ser. As paredes eram bem rebocadas e brilhavam como se tivessem verniz ali, os moveis eram da mesma madeira das paredes o que tornava tudo monocromático, e ao mesmo tempo, lindo.

- Venha menina, sente-se aqui. – Ele apontou para uma cadeira na pequena mesa que ficava na área restrita a cozinha. Rapidamente fiz o que ele pediu. – E então, o que os trazem aqui?

- Bem... é uma longa historia que irei lhe contar, mas primeiro eu queria lhe pedir um favor. – Moises deu um risinho e murmurou um claro. – Hannah esta muito cansada, me pergunto se não teria um cantinho para ela descansar por algumas horas.

            Estive tão mergulhada na lembrança do velho Moises que havia me esquecido do cansaço, mas logo que Shannon o citou a dor de cabeça e a morbidez voltaram como um tapa na cara. Reprimi um gemido.

- Luna. – O velho gritou. – Luna venha cá!

            Poucos minutos depois uma menina de longos cabelos pretos e olhos dourados assim como o de Moises entrou pela porta.

- Sim, papai. – Ela murmurou, mas assim que viu Shannon deu um gritinho e correu para dar-lhe um abraço.

- Oi pra você também menina. – Shannon deu um risinho e logo soltou a menina.

- Quanto tempo! – Ela falou com a voz aguda de felicidade. – Por favor, diga que vai ficar ate o almoço, eu faço pra você o frango agridoce e juro que dessa vez não coloco nenhuma pimenta. – Ele fez uma careta parecendo lembrar de um momento ruim. Dei uma risadinha e so então a menina notou minha existência.

-Oh. – Ela pareceu um pouco envergonhada e notei que quando seus olhos passaram pela minúscula peça de roupa que usava seus olhos se arregalaram. – Olá.

- Oi. – Murmurei completamente envergonhada.

- Luna, eu quero que leve-a ate o quarto de sua irmã e faça o que for preciso para que ela tenha um bom descanso.

- Claro. – Ela não me soou muito animada. – Vamos... qual o seu nome?

- Ce... Hannah. – Para variar por pouco não falo meu verdadeiro nome. Eu tinha que praticar isso.

- Certo, então vamos Hannah. – Ela seguiu pelo minúsculo cômodo que conseguíamos cruzar em cinco passos curtos.

            Antes de sair do cômodo deu uma olhadinha pra Shannon que sorriu me dando segurança e por alguma razão uma tranqüilidade me atingiu rapidamente. Depois de uma angulosa curva para a direita havia um corredor de menos de um metro e meio que dava para duas portas, Luna parou em frente a segunda e a abriu como um convite para que eu entrasse.

- Você precisa de algo? Água, mais lençóis, qualquer coisa? – Sua voz era educada e gentil, eu gostei disso. Olhei o quarto e vi que tinha uns dois metros quadrados, dando espaço apenas para uma cama baixa e um baú e uma minúscula penteadeira; nada parecido com meu antigo quarto.

- Não. – Respondi por fim. – Estou bem, obrigada.

- Certo, então. Vou deixar você descansar. – A porta começou a se fechar e quando eu sentei no colchão duro e desconfortável a porta se abriu de novo e Luna a fechou. Ela parecia um tanto nervosa.

- Hãã, tudo bem? – Perguntei um pouco sem graça. Luna estava vermelha e mordia o lábio inferior sem parar.

- Posso te perguntar uma coisa? – Acenti e ela sentou-se na minha frente.

            Minha cabeça doía e eu esperava de todo coração que ela fosse rápida, não agüentaria mais um minuto de olho aberto.

- Você e o Shannon... São... – Ela me olhou de cima pra baixo e so então notei como ela era linda.

- São...

- Argh, não sei vocês são alguma coisa? – Pisquei algumas vezes e pensei comigo.

            Nós éramos alguma coisa? Para mim ele era apenas um homem maravilhoso que havia me salvado e com quem eu teria uma divida eterna, mas por outro lado nos havíamos dormido juntos. Pensei por alguns segundos e dei de ombros.

- Apenas amigos. – Disse por fim e ela suspirou como se estivesse aliviada. Derrepente a ficha caiu e eu entendi tudo, sem consegui resisti deu uma risada.

- O que?

- Você gosta dele. – Deixei escapar no meio da risada e Luna pareceu surpresa. Ela piscou confusa e então se juntou a mim na gargalhada.

- Nem perto disso, quero dizer, não dessa forma que você esta dizendo. – Ergui uma sobrancelha e ela riu. – De verdade. É so que... eu e Shannon somos quase como irmãos, a minha mãe morreu no meu parto e ninguém sabe quem é o pai dele. Nossos pais se juntaram quase como que em uma fraternidade para nos criar. Eu nunca conseguiria gostar dele desse jeito, sabe?

- Ah. – Foi tudo que eu disse em parte pela surpresa de saber algo sobre a vida dele, algo que tinha a suspeita de não ser lá muito explicito, e em parte pelo cansaço.

- Me desculpe, vou lhe deixar em paz. – Falou levantando-se rapidamente e saindo do quarto logo em seguida.

            Nem tive muito tempo para pensar. Apenas repousei a cabeça no travesseiro que parecia ser de pedra, fechei os olhos e adormeci.

- Cecile? Cecile, acorde. – Uma mão balançava meu ombro e o sussurro era tão distante que me perguntei se não estava sonhando. – Cecile, vamos. Você já dormiu muito. Acorde!

            Dessa vez o balanço foi tão bruto que me fez pular. Shannon estava parado na minha frente e com uma carranca.

- O que? Que horas são? – Aos poucos lembrei de onde estava e pode parecer estúpido mas tive que aguardar um segundo para ter certeza que havia tudo sido apenas um sonho.

- Já é noite. Vamos! – Ele me puxou fazendo com que eu me levantasse um pouco zonza.

- Para onde vamos?

- Embarcar.

- Como?

- Vamos embora. – Finalmente comecei a pensar direito e então entendi o que ele quis falar.

- Com a Marinha? – Ele sorriu e acentiu.

- Exatamente.


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Notas finais do capítulo

Primeiro: Lari, eu sei que prometi te homenager, so que o capítulo iria ficar muito grande e as pessoas iriam dormir lendo -q.
Quanto tempo, heem? Não me batam por favor D:
Espero que tenham gostado eu sei que esta uma porcaria mas esse capítulo é o ultimo que a Cecile passa com os pés em terra firme, pelo menos por um booooooooom tempo.
Ah, e quem quiser fazer uma pontinha na fic é so mandar uma recomendaçãozinha que ganha diretamente um pequeno papel na historia. Se não quiser que seja como o nome de usuario do Nyah! deixa um review com o nome que quer que seja colocado e pode ate escolher se que "contracenar" com o Shannon, Jared ou Tomo.
Enfim é isso e so pra saberem eu não fiquei moscando esse tempo todo não. Tive a capacidade - acreditem ou não - de escrever dois especiais. Um que irá ser postado ainda esse mês e outro so na época de natal.
Beijuus, Cherry



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