O escolhido

Light mal podia acreditar em seus ouvidos. Um deles ia ser transformado em Shinigami? Ele sentiu uma ansiedade quase incontrolável. Se ele fosse um Shinigami, ele poderia continuar a punir malfeitores com o Death Note e dessa vez, ninguém poderia detê-lo porque ele seria um deus da morte! Seria maravilhoso, seria perfeito.

Mikami tinha uma expressão de surpresa e tensão, ele desejava, mais que tudo, ser o escolhido e poder continuar sua missão divina.

“Deus”, ele disse seriamente, fazendo uma reverência para Light, “Se eu for o escolhido eu lhe prometo que não descansarei enquanto todo o mal do mundo não for punido.”

“Com certeza ser um Shinigami é melhor do que ficar aqui nesse lugar horrível.”, falou Takada, ainda zangada.

“Isso parece divertido.”, murmurou Mello, trocando olhares com Matt, “Os patetas já começaram de novo com o papo de missão divina e toda aquela bobagem.”

L olhou para Ryuk com indiferença.

“Eu suponho que a pessoa possa recusar essa oferta?”, ele perguntou, com a maior calma do mundo.

Todos olharam para ele.

“Recusar?”, Light não conseguiu se conter, “Só mesmo um idiota como você pensaria em recusar uma oferta dessas!”

Ryuk ria.

“A pessoa não é obrigada a aceitar. Mas lembrem-se, tem uma regra importantíssima: todas as memórias do escolhido para ser um Shinigami serão apagadas.”

Ficaram todos em silêncio por um momento.

Aquilo estragava tudo, que graça teria ser um Shinigami se você não poderia se lembrar de nada e de ninguém? Light estava decepcionado.

“Que regra estúpida.”, ele falou, sem se conter.

“Eu não faço as regras, eu só sigo.”, comentou o Shinigami, rindo.

“Vai, vai, fala logo quem é o escolhido.”, Mello estava impaciente.

Todos olharam novamente para o Shinigami, esperando.

“Bom... o escolhido é Matt.”

“Eu?!”, Matt arregalou os olhos e abriu a boca, em surpresa, “Mas por que eu? Eu só usei o Death Note uma vez!”

Ele ficou embaraçado, todos os olhares estavam nele e alguns não conseguiram esconder a raiva e a inveja que sentiam.

Mello suspirou – ou pelo menos, tentou – abraçando Matt.

“Parabéns, amor. Fico feliz por você.”

Matt abraçou o loirinho, fazendo uma careta triste.

“Mas eu não quero esquecer você!”, ele murmurou.

“Mas pense como vai ser interessante, é uma vida totalmente nova.”, Mello tentou sorrir, ele ia morrer de saudades do amigo, mas ele não tinha coragem de dizer a Matt para recusar, especialmente porque ainda se sentia culpado pela morte dele.

“Nada pode ser interessante sem você por perto, Mello.”, Matt disse isso muito sério e voltou-se para Ryuk, “Desculpe. Diga lá para os seus chefes que eu não quero. Não vou a lugar nenhum sem Mello.”

“Você vai mesmo recusar essa honra por minha causa?”

“Não consigo achar um motivo melhor.”, Matt sorriu para ele.

Mello abraçou-o com mais força, escondendo o rosto no peito dele.

“Eu acho que eu vou chorar.”

“Não chora não, amor.”, Matt falou docemente, abraçando-o.

“Ah, que momento mais tocante. É de dar diabetes em vidro de insulina.”, a voz de Takada soou cheia de ironia, “Monstrão, se o palhaço ali recusa, como é que fica? Um de nós substitui ele?”

“É uma boa pergunta, eu não sei. Acho que preciso voltar lá e perguntar.”

“Então vá logo, Ryuk.”, Light estava mais impaciente do que nunca e aliviado por Matt ser estúpido o bastante para recusar uma oferta como aquela.

“Eu admiro o seu caráter, Matt.”, comentou L, apoiando o polegar no lábio.

Light sentiu raiva dele, daquele lugar, de todos e de tudo. Ele precisava pensar numa maneira de ser o escolhido, nem que tivesse que matar todo mundo outra vez.