Já passava das duas da manhã e Harry e Ginny estavam no carro, voltando para mansão Potter depois de terem comemorado o aniversário de casamento em um tradicional restaurante em Londres.

-Francamente Harry, você não precisava ter confundido o garçom.

-Até parece que não. Eu gastei uma fortuna no jantar, se realmente tivesse dado 20% de gorjeta nós iríamos à falência. E a sopa nem estava tão boa assim, especialidade da casa... Até parece.

Harry estacionou o carro na garagem aos fundos da casa e junto com Ginny entrou em casa pela porta da cozinha. O moreno abriu a geladeira, pegou o galão de leite, tirou a tampa e estava levando a boca quando percebeu que Ginny o olhava pelo canto do olho, reprovadora.

- Já sei, já sei. “Use o copo”- Harry disse tentando imitar a voz da esposa - Você até parece a sua mãe!

- Mas eu não disse absolutamente nada.

- E precisa?

Depois de ele tomar o leite, os dois se dirigiram a porta que dava acesso à sala e ao resto da casa. Quando eles atravessaram o portal, os queixos de ambos caíram. Não podiam acreditar na cena que se desenrolava na casa.

No mínimo cem adolescentes gritando, dançando e bebendo dominavam a enorme sala da mansão. Uma música ensurdecedora tocava, não sabia se a modo bruxo ou trouxa. Lily estava no sofá, aos beijos com menino que aparentava ser mais velho que ela, Alvo estava sentado em volta de uma mesa de pôquer que fora conjurada sabe-se lá de onde, com um copo na mão, que Harry tinha certeza que continha uísque de fogo, James estava pendurado no candelabro, juntamente com uma garota que usava somente um top e calça jeans, ambos jogavam água nas outras pessoas do ambiente.

Harry adiantou-se imediatamente para a filha, tirando-a do alcance dos braços e da boca do rapaz com que ela estava. A Potter mais nova estava pronta para protestar contra a pessoa que tinha afastado a diversão dela, mas quando percebeu que era seu pai, arregalou os olhos de desespero e murmurou um “Fudeu”, o qual o pai só conseguiu entender pela leitura de lábios.

Harry sacou a varinha de dentro do paletó que usava, apontou para a própria garganta e disse “Sonorus”.

- OK todo mundo, a festa acabou. Todos que ainda estiverem nessa casa em 5minutos e não tiverem Potter no nome estarão automaticamente intimados a participar do acampamento de verão do Ministério da Magia.

Não foram precisos 5 minutos. Ao ouvirem a notícia, todos começaram a sumir da mansão, aparatando, via lareira, ou até mesmo correndo. Finalmente só sobraram os 5 Potters, três deles amedrontados e dois deles furiosos.

- Eu vou subir, tomar um banho e me deitar – disse Ginny suavemente, mostrando uma calma que definitivamente não possuía – Não me responsabilizo pelos meus atos se continuar aqui.

Ela deu as costas para a família e subiu as escadas como se não tivesse nada de errado.

-James, desça imediatamente desse candelabro. – Harry mandou, controlando-se para não gritar.

James apontou a varinha para si mesmo flutuou, até se posicionar ao lado de seus irmãos, que estavam bem na frente de seu pai.

- Expliquem-se.

- Foi tudo idéia do James – Lily disse apontando para o irmão mais velho.

- Como você trabalha bem sobre pressão, sua traidorazinha barata – James retrucou com a irmã.

-Qual é? Você sabe que eu só concordei com isso porque achei que eles iam para um motel depois do jantar e só voltariam amanhã cedo.

- Sinceramente Lily, motel? Você realmente acha que papai ainda tem fôlego para essas coisas?

- Eu queria poder acreditar nisso – disse Alvo com cara de nojo – Não foram vocês que tiveram de lançar um Abaffiato semana passada no quarto dos dois porque não conseguia dormir com o barulho.

-Nossa, é verdade pai – James concordou com o irmão – Você podia dizer pra mamãe tentar gemer mais baixo quando nós estamos em casa.

-Sabe, a situação de vocês já esta bastante complicada sem ficarem falando sobre a vida sexual minha e da sua mãe, então sugiro que parem.

Harry foi até uma cadeira, sentou-se, encarou os filhos, e então para enorme espanto dos garotos, ele começou a rir descontroladamente.

-Pai, o senhor, está bem? Quer que a gente chame a tia Mione? – perguntou Lily preocupada.

Porém Harry respondeu com uma risada ainda mais alta. Aquilo era muito surreal para conseguir ficar realmente bravo com os filhos.

-Eu não acredito que vocês deram uma festa escondidos – ele disse tentando segurar o riso – isso é tão americano. E ainda por cima pensaram que eu levaria sua mão a um motel.

-O que tem de errado com o motel? – perguntou Alvo curioso.

-Ela não gosta de motéis. Diz que parece que tem alguém observando a gente. Mas um espelho no teto às vezes em a calhar. Eu sempre fiquei curioso pra saber como é que ela consegue ficar em certas posições.

-Que posições? – perguntou James divertido, que estava rindo sem parar com a revelação do pai sobre sua mãe.

Harry estava prestes a responder quando Lily tapou os ouvidos e começou a gritar “Excesso de informação, excesso de informação”. Alvo fingiu dar um tiro na cabeça.

-Juro que nunca mais comento nada, NADA, sobre sexo com você pai.

Todos começaram a rir e então Lily perguntou:

-Isso quer dizer que não estamos de castigo?

-É claro que estão de castigo. Sem capa, mapa do maroto ou Hogsmedade por dois meses quando voltarem para Hogswarts. E sem mesada por um mês.

-Por que sem mesada? – disse James

- Para repor todo esse uísque de fogo que esses canibais que vocês convidaram consumiram e para comprar uma mobília nova para sua mãe. Precisava jogar água filho?

-É que tinha algumas meninas de blusa branca, e aí...

-Seu tarado – Lily disse em um tom reprovador.

-Olha quem fala – Alvo acusou – Não era o James que estava se agarrando em público. Ainda mais com um sonserino.

-Melhor do que aquela burrinha da Lufa-Lufa com quem você estava antes de ir jogar pôquer. Aliás, o que vocês apostaram?

Alvo olhou para os pés, mas mesmo contrariado respondeu em um tom de voz arrependido:

-Que quem perdesse teria que tomar banho no banheiro da Murta-Que-Geme depois do treino de quadribol.

- E você ganhou o jogo? – perguntou James curioso.

-Não – respondeu Alvo cabisbaixo enquanto seus irmãos e seu pai riam.

-Bom – disse Harry fingindo um tom sério – acho que já passou da hora de vocês irem para cama!

-E toda essa bagunça? – perguntou Lily

-A gente dá um jeito nisso amanhã de manhã.

-Sabe, - começou James enquanto todos subiam as escadas – isso acabou melhor do que eu pensava que seria. Quero dizer, a gente consegue se virar na escola sem a capa e a o mapa por dois meses. E Hogsmeade é um detalhe. Não preciso daquele vilarejo para pegar ninguém mesmo.

Os dois irmãos concordaram, mas Harry interrompeu.

-Eu não vejo motivo para ficarem tranqüilos. A mãe de vocês vai ter que acordar uma hora, sabe? E tenho certeza que ela não vai ser tão compreensiva quanto eu fui.

Os três gemeram pensando no que a mãe iria fazer com eles assim que levantasse, enquanto Harry ria da “desgraça” dos filhos.