Diary Of a Paradise! Sweetie escrita por nshikawo


Capítulo 3
Naoko Shikawo




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Meu nome é Naoko Shikawo, nasci dia 18 de novembro de 1991 em Sapporo (Hokkaido, Japão). Só quando fiz cinco anos, me mudei para Tóquio (Honshu) com meus pais. Sempre vivi minha vida como qualquer garota comum... Tudo bem, talvez não tão comum, afinal meus pais sempre tiveram uma condição muito boa, o que não é privilégio de todos. Meu pai trabalhava com tecnologia das mais avançadas e minha mãe era ótima em matemática e sempre o ajudava a calcular todos os custos e planejar tudo muito bem. Minha vida não podia ser melhor do que isso... Ou podia?

— Meu amor, você sabe o quanto eu e seu pai te amamos... E é por isso que queremos que você comemore os seus 15 anos da melhor maneira possível! Sei que a festa de debutante deveria ser só no próximo ano, mas como sei que você irá pedir uma viagem, achei melhor fazer sua festa de 15, e seu pai adorou a ideia! O que você acha, querida?

Aquilo foi tão significativo pra mim! Meus pais, e principalmente minha mãe, se importavam muito comigo e aquilo foi mais do que uma prova de amor. Tudo bem, é só uma festa... Mas não é qualquer festa. Eu iria ter A festa. A festa dos sonhos de toda garota, e minha mãe entendeu tudo aquilo perfeitamente. Como eu a amava!

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! Mãe, mãe, mãaaaaae! Você não tem ideia de como estou feliz em saber disso. Eu já estava feliz em ganhar uma viagem pra Europa quando completasse 16 anos, mas também ter uma festa de 15 com todos os privilégios de uma de 16 foi a melhor coisa que você poderia ter pensando!

Minha mãe se chamava Shikawo Natsu, e meu pai, Shikawo Aki. Decidimos fazer compras para a tal festa ao redor de Tóquio. Sabe como é, pesquisar preços de vestidos, convites, buffet... Já tínhamos rodado a cidade e estávamos conferindo os últimos detalhes, quando de repente... Screeech! Iééé!

Um carro havia pegado meus pais, por mais inacreditável que isso possa parecer... Mas... Por quê? Porque não pegou a mim, e só a mim, ou a todos nós, para que não houvesse sofrimento de ninguém? Aquilo me deixou chocada. Extremamente chocada. Eu não sabia o que fazer. Enquanto meu coração se inundava com diversos sentimentos, que me esmagavam por dentro, eu estava me afogando em uma depressão profunda, e o pior: inconscientemente. Não demorou muito, eu fiquei completamente desesperada... Triste, acabada... Vi pessoas desesperadas por todos os lados, chamando polícia, ambulâncias... Só eu, ali, imóvel. Apesar de toda aquela correria e de pessoas me dizendo que ia ficar tudo bem, eu sabia. Sabia que não tinha mais jeito. Sabia que nada ia mudar aquilo.  Estava com a cabeça toda bagunçada e aquela “eu” forte que sempre fui estava completamente ausente.

Fui pra casa destruída, igual ao meu coração... Peguei a minha Ártemis, uma filhote de gata persa branca, de olhos azuis que ganhei de meus pais alguns dias antes, e deitei na cama. Enquanto lágrimas vazavam de meus olhos castanhos, tentava achar algo pra me distrair na TV, mas foi em vão. Minha gatinha ficou me encarando com aqueles lindos olhinhos como se estivesse cheia de perguntas pra fazer. Ok, isso soa como loucura, mas ah, minha conexão com os animais era tão forte que eu parecia entender tudo sobre eles!

Desliguei a televisão e caí num sono pesado. Sabe como é, estava exausta de ter enfrentado tudo aquilo! No outro dia, acordei logo cedo e decidi ir ao meu lugar favorito... A Praça de Shinjuku Gyoen. Sempre fazia piqueniques lá com mais pais... E apesar de que eu sabia que aquilo não me faria tão bem, eu quis ir lá pra pensar um pouco sobre a vida.

Eu me encostei em uma das árvores por perto, bem escondido dos outros, chorando o máximo que podia (e ainda era pouco). De repente, vi se aproximar de mim um garoto de cabelos verdes, olhos azuis escuros e uma faixa meio acinzentada no pescoço, que havia conhecido há alguns dias, já que ele estava trabalhando num projeto junto ao meu pai.

— Hey, porque está chorando? Aconteceu alguma coisa? — Ele ficou ao meu lado e passou seu braço pelo meu ombro. — Não precisa ficar assim. Seja o que for, vai ficar tudo bem. Tudo bem que você nem me conhece direito, mas pode acreditar em mim.

Eu levantei minha cabeça assustada. De repente, o tal garoto tirou as mechas castanho-claras, quase loiras, que cobriam meu rosto e começou a limpar minhas lágrimas.

— Não chora, gatinha. Você é linda demais pra ficar assim.

— D-d-d-d-esculpe, é que e-e-e-estou meu aba... lada. — Disse em meio a gaguejos e soluços.

— Pode me dizer o que houve?

— É q-q-q-que o-o-o-ontem... M-m-m-meus pais... Um carro veio e... Pegou eles. — De novo, não me aguentei e caí em prantos. — Me d-d-desculpa. É só que... Eu estou... Muito vulnerável.

— Oh. Eu que tenho que me desculpar! Eu não sabia que você... Estava passando por um momento tão difícil. Sei que não passo de uma pessoa qualquer, mas tem algo que eu possa fazer pra amenizar sua dor? Isso é, se for possível...

— Puxa! Muito obrigada... Não sabe como isso significa pra mim, principalmente vindo de uma pessoa que mal conheço. Bom, já que sou filha única, agora posso me declarar sozinha no mundo. — Tentei parecer firme, mas minha voz não disfarçava que ainda estava cheia de dor e mágoa no coração.

— Não diga isso, sua boba! Você não tem tios, primos, ou mesmo amigos...? Aliás, você é a filha de Shikawo Aki, não é mesmo? E seu nome... Naoko?

— Sim, sou eu. — Eu disse, ainda com meu rosto encharcado com a tristeza que havia colocado pra fora.

— Uau. Você é mais bonita ainda assim tão de perto. — Eu corei. — Bom, meu nome é Midorikawa Daisuke, mas meus amigos me chamam de Dai... Pode ficar a vontade de me chamar como quiser. — De repente, ele fez uma carinha boba e ficou todo vermelho. Pra falar a verdade, ele era também era bastante bonito e eu não havia me tocado até agora!

— Nossa, muito obrigada... Eu sinceramente não sei como agradecer por tudo que está fazendo. — Agora eu podia sentir que meu rosto estava fervendo mais do que nunca e eu não fazia ideia de como agir!

— Nem precisa, estou acostumado a ajudar as pessoas... Seria muita ousadia se eu te convidasse pra dormir na minha casa, Naoko-san?

— Ah... Não sei. Eu nunca dormi fora de casa e meus pais... — Opa, parece que eu esqueci o que acabara de acontecer. De novo, as lágrimas vieram à tona. — Droga, esqueci que essa não é mais uma coisa que deve ser levada em conta. — Dei uma risadinha de leve e enxuguei toda a água que insistia em cair de meus olhos.

— Nah... Posso te chamar assim? Não chora, não fica triste, eu estou aqui, pode contar comigo para o que precisar, ok?

— Domo arigatou, Dai-kun. — Não tinha ideia do que fazer e lancei meus braços sobre seu pescoço, num longo e apertado abraço. — E ah, aceito dormir na sua casa...

Comecei a ficar extremamente vermelha e senti que ele também. Depois de retribuir meu abraço, ele me puxou e disse:

— Vamos logo, já está anoitecendo e você deve estar com fome. Meu irmão cozinha tão bem que você não vai conseguir não comer só de sentir o cheiro da comida dele!

Apesar de estar UM POUCO melhor, logicamente eu não tinha superado aquilo tudo em 2 segundos. É só que... Há algum tempo eu havia aprendido a controlar meus sentimentos. Eu já conseguia ver um filme de drama inteiro sem derramar uma lágrima sequer.

Também aprendi aquela incrível façanha pois o mundo conseguiu me tornar a pessoa mais individualista que se pode ter ouvido falar. Amigos? O que era aquilo pra mim! Já tinha passado por poucas e boas e me prender a alguém já não era mais meu esporte favorito.

Já banquei muito a inocente em 15 anos que vivi. Estava mais do que na hora de deixar de ser aquela menininha boba que confia em tudo e todos... É triste, mas é real.

Tudo bem que o que eu estava fazendo era totalmente contra a minha nova filosofia de vida, mas tinha algo nos olhos do Dai-kun que me faziam ter certeza de que ele era um cara legal.

— Kaisuke, cheguei! — Disse ele, chamando alguém que deveria ser seu irmão. Só pelo nome dava pra notar isso...

De repente, surgiu um garoto praticamente igual ao Daisuke, só que tinha o cabelo comprido, ao contrário do Dai que tinha um cabelo super curto. Seu cabelo batia pouco abaixo de seus largos ombros, cobertos por um suéter preto. Ele estava usando um avental e preparando um prato que reconheceria a quilômetros, com aquele perfume de molho de tomate e orégano circulando pelo ar... Macarronada!

— Olá, irmão. Preparei o seu favorito... — De repente ele hesitou, e me olhou com um ar de dúvida. — Oh, não sabia que traria uma... “amiga”.

— Não pense bobagem, Kai. Ela é só uma garota que está passando por dificuldades e precisa de alguém pra ajudá-la a passar por isso. Agora é só colocar mais um prato na mesa e tudo fica resolvido.

Senti-me constrangida pelo fato de ser a única garota entre dois homens. De qualquer forma, jantamos e logo depois o Daisuke me ofereceu seu quarto para que eu dormisse. Falei que ele não precisava se preocupar, mas ele insistiu, e eu acabei concordando. Mas ah, foi só ficar sozinha num lugar fechado que a choradeira começou! Eu tinha aguentado-me demais, não é? Não fazia mal dar uma choradinha... Aliás, choradona. Fala sério, meus pais foram atropelados, o que eu podia pensar? Mil perguntas vieram a minha cabeça e a noite foi horrível, porque quase não consegui dormir.

Apesar de tudo, não consigo entender como alguém pode prender o choro por tanto tempo... Isso porque esse alguém era eu! Mas pode ter certeza, mesmo que por fora eu não parecesse chorosa, ah, meu coração! Estava completamente destruído...

Só peguei mesmo no sono no finalzinho da noite. Mas mesmo assim, consegui acordar cedo, só por causa do barulho de pessoas se movendo pela casa.

— Bom dia, Shikawo-san. O que vai querer para o café da manhã? — Disse Kaisuke, enquanto eu saia do quarto, ainda com sono. Eu só queria ir pra casa e passar a tarde inteira lá dormindo!

— Não se preocupe comigo, eu como de tudo. — Eu disse, pensando que tudo que ele pudesse preparar, deveria ter um gosto bom. Afinal de contas, como ele e o irmão manteriam um Café com comidas ruins, não é?

Ah é, esqueci de falar. Daisuke e Kaisuke me contaram no jantar que tivemos ontem várias coisas. Primeiro que eles são donos de um lugar chamado Café Mew Mew, herdado de seus pais, e que aquele estabelecimento tinha ainda uma 3ª dona, chamada Akasaka Kemmy. Nele trabalhavam cinco garotas... E eles ainda precisavam de mais garotas para trabalhar lá. Eu tentei me oferecer, afinal não tinha nada a perder, mas eles recusaram e, pelo que percebi, pareciam me esconder alguma coisa... Mas deixei passar, afinal, não deveria ser nada de importante!

— Bom, nesse caso, você não se importa se eu só fizer bacon com ovos e omeletes com calda, não é? É que comemos isso normalmente, mas trabalhei tanto ontem e ainda dei tudo de mim naquele jantar... Desculpe se esperava algo melhor.

— De jeito nenhum, Kai-kun... Eu gosto de bacon, ovos e omelete! Não precisa se preocupar em me agradar só porque eu sou visita. Na verdade, se quiser, eu tomo café da manhã fora, ou em casa mesmo. O Daisuke não te disse onde meus pais trabalhavam? — Me segurei pra não soltar uma lágrima. Acreditem, estava sendo tudo uma dureza pra mim.

— Não, nada disso! Você vai comer aqui e ponto final. Faço questão de ajudá-la no que for.

— Muito obrigada, não sei como agradecer!

— E nem precisa, bons modos são coisa de família. — Retrucou Daisuke, puxando uma cadeira e esperando que eu me sentasse. Demorei para perceber sua intenção, mas sentei assim que me toquei. Acho que nunca alguém havia me tratado tão bem...

Depois de tomarmos café, os garotos sugeriram que eu conhecesse o lugar no qual eles eram donos. Aceitei, mas antes passei na minha casa para poder trocar de roupa. Afinal de contas, eu só tinha a roupa que usei no dia anterior, e pra que eu fosse dormir, o Dai-kun me ofereceu uma camiseta sua... Vesti-me bem rápido, coloquei a comidinha da Ártemis e saí quase correndo de casa. Mal poderia esperar para conhecer o tal lugar.


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