Mr. Way Goes To Washington escrita por melisica


Capítulo 1
Down in the streets outside of Washington DC


Notas iniciais do capítulo

Ideia louca mesmo, tentando fazer uma história diferente.
Me baseei um pouquinho na música Let Me Go, do Good Charlotte.
Beijos.



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“Gerard, querido, você tem certeza que tem tudo?"

Gerard suspirou. "Sim, mãe, eu já verifiquei e você fez isso três vezes esta manhã, lembra?"

"Eu sei.", respondeu a mãe dele, alisando seu cabelo desnecessariamente e verificando os botões do paletó. "Eu só... Não posso acreditar que meu filho está indo embora."

"Apenas seis meses mãe, apenas pelo verão e primavera.", Gerard disse baixinho, olhando para cima quando ouviu uma voz no interfone:


"Vôo 551 com destino a Washington DC, embarque liberado pelo portão número 14". 

Em torno dele, os passageiros se acotovelavam em direção ao posto de segurança atrás dele. Homens de negócios com pastas de ações em mãos arrastando minúsculas malas de rodinhas com apenas uma muda de roupas, famílias inteiras arrastando malas pesadas preguiçosamente, mães puxando crianças manhosas para o portão. 

Gerard ficou com a sua mochila na mão, esperando por sua mãe finalmente libertá-lo. Seu pai parecia um pouco irritado com o show de afeto da mãe. Seu irmão apenas ficara navegando na internet pelo seu Blackberry. 

"Querida, ele já tem vinte e três anos de idade.", seu pai murmurou calmamente puxando-a para si, colocando o braço em volta de seu pescoço. "Ele pode se cuidar sozinho."

"Obrigado, pai.", disse Gerard com gratidão vendo sua mãe franzir o cenho.

"Mas eu não vou vê-lo até junho.", ela exclamou defendendo-se. 

"Mãe, eu tenho que ir.", disse imperiosamente, ansioso para entrar ainda no setor em que se verificam as bagagens de mão e se passa no detector de metais. 

Ela olhou como se estivesse prestes a chorar, mas abraçou com força, esmagando-o ligeiramente. "Ok, vai ser bom. Me ligue quando você chegar lá!"

"Eu vou.", garantiu ele, levantando a mochila para cima, colocando uma alça em seu ombro.

"Você não se esqueceu de sua escova de dentes?" , sua mãe perguntou quando ele se virou para sair, "Ou a câmera! Você tem que tirar fotos enquanto você estiver lá!"

"Mãe, eu tenho certeza que eles têm escovas de dentes em Washington.", Gerard sorriu carinhosamente e abraçou-a novamente, então se virou para o pai e seu irmão. "Tchau, pai e Mikey, se cuida."

"Tchau Gerard, aproveite o máximo disso." Seu pai advertiu. 

"Eu vou.", disse ele sério, sorrindo. Olhou para os três, respirou fundo e sorriu. "Vejo vocês em março."

Virando-se, dirigiu-se para a fila de espera para atravessar os scanners de segurança.

"Eu te amo!”, a voz de sua mãe seguiu atrás dele e ele acenou de volta.

Logo, ele estava andando para a fila de detector de metais e seus pais tinham desaparecido em busca da cafeteria. Deixou a mochila, alguns pertences que estavam soltos em seus bolsos e seu tênis sobre a esteira. Passou pelo aparato e depois calçou seu tênis sem cadarço - previamente pensado para ter mais facilidade nesse momento - rapidamente. 

Soltou um suspiro profundo quando encontrou o salão de espera de embarque. Olhou para a tela comprida de que se estendia pela parede e checou o número de seu vôo. Ele não podia acreditar que ele realmente estava ali, finalmente saindo de casa, mesmo por seis meses. 

Ele estava indo para Washington DC para um estágio em um gabinete do senador. Como Graduado em direito na Rutgers University of Newark, ele precisava de um estágio para completar seus créditos e na próxima primavera, entrar para uma pós-graduação. Ele havia requerido um pedido para ser estagiário em Washington DC no gabinete de um dos muitos senadores que os Estados Unidos tinham e havia sido aceito. 

Seu estágio começaria no início de janeiro e duraria até meados de junho. Ele viveria em Washington DC numa casa com outros estagiários selecionados para o programa. Ele estava animado, mas nervoso ao mesmo tempo. Ele nunca tinha saído de Jersey, exceto para a Disney quando era criança e para New York com seus primos e tios ao quinze anos. 

Demorou um pouco para Way encontrar o portão certo, como sempre. Mordendo os lábios, ele olhou para a tela eletrônica atrás do check-in. Dizia que o vôo 551 para Washington DC teria um atraso de uma hora por causa do abastecimento da aeronave. Assim, ele se sentou em uma das cadeiras de plástico rígidas, colocando a mochila ao seu lado e cruzando os tornozelos nervosamente.

Em torno dele, outras pessoas estavam conversando, outros ouvindo seus iPods e ignorando todos os demais. Olhando para o relógio, Gerard viu que ele ainda tinha pelo menos uma hora antes de seu vôo decolar, que resolveu dar algumas voltas pelas lojinhas de conveniência da área. 

Mas ao se levantar, a carta que tinha recebido há alguns meses e guardava num bolso da mochila caiu. Ele a releu pela milionésima vez. O papel já fora dobrado no meio e as bordas estavam irregulares por causa das muitas vezes ele havia lido aquele pedaço de celulose. 

Sr. Way, temos o prazer de anunciar que você foi aceito no estágio do programa do senador. Este prestigiado programa de liderança lhe ensinará valiosas habilidades para a vida. O programa funciona a partir de sete de janeiro ao dia dez de junho. Durante esse tempo, viverá em Washington DC e trabalhará com um senador. Será alojado com outros alunos que, como você, participam do programa. Quando chegar ao aeroporto, um oficial de nossa confiança estará lhe esperando e o levará até a casa. Em seu quarto irá encontrar uma lista de taxas que precisam ser pagas na data de vencimento. Estamos ansiosos para trabalhar com o senhor.

Governo dos Estados Unidos. 

Gerard tomou mais fôlego e dobrou a carta. A pôs de volta olhando para o emblema no envelope. Ele teve sorte. A maioria dos estágios não fornece alojamento e os alunos tinham que encontrá-lo por conta própria. Ele ainda tinha que pagar as contas, mas de qualquer forma, ele e mais dezenas de aprendizes estavam fazendo a mesma coisa. Ele já havia recebido uma carta apresentando seu colega de quarto, mas não se lembrava do nome escrito na carta que nem deu muita atenção. A preocupação neste estágio não era com quem dividiria o quarto e sim, o que tiraria de lição no estágio. 

Depois de terminar a faculdade de direito, Gerard planejava fazer uma pós-graduação e se tornar um advogado. Trabalhar com senadores em Washington DC seria uma grande oportunidade em sua promissora carreira.

Suspirando, ele empurrou a carta de volta ao bolso, jogando sua cheia franja para trás da orelha. Mesmo que alguns de seus amigos o chamassem de "emo" e seu pai dando uma indireta sobre sua aparência antes de ele partir para o estágio, ele não cortou. E como sua mãe revistaria e revisaria todas as malas antes dele viajar, a sua habitual nécessaire de maquiagem não havia sido posta na bagagem e fora substituída por casacos de homens negócios.

"Desculpe-me.", um leve chute em seus pés e uma voz macia no ouvido de Gerard o fez saltar. Endireitando-se na cadeira, olhou para a fonte de voz e encontrou uma bela garota sentada ao lado dele. Ela estava olhando para ele através de seus brilhantes olhos negros e ela sacudiu os longos cabelos castanhos sobre os ombros.

"Sim.", ele assentiu ainda sentindo assustado. Ele não era um daquelas pessoas que conversava com seus vizinhos em ônibus, cadeiras, filas ou qualquer lugar coletivo. Era sempre estranho para ele quando alguém puxava assunto. 

"Eu não pude deixar de notar... A sua carta.", disse a menina. "Você está no programa do estágio no senado?"

"Sim.", disse Way novamente, perguntando quando o seu vocabulário tinha sido reduzido a uma única palavra.

"Eu também!", exclamou a menina, seus olhos se acenderam e um sorriso enfeitava seu rosto.

"Sério?" , Gerard perguntou feliz por sair uma palavra diferente de sua boca. 

"É! Ah, eu sou Hayley, a propósito.", a menina apresentou a si mesma.

"Gerard.", ele respondeu. "Quem é o seu senador?

"Oh, é o senador de Massachusetts, Ruth Johnson, eu acho. E o seu?"

"Eu um senador da Geórgia. Eu acho que o nome dele é Iero.", , Gerard sorriu levemente.

Hayley riu. "Você está animado? Estou tão animada... Eu sempre quis ir para a DC e me envolver com política.", ela suspirou melancolicamente.

"Sim.", Gerard disse olhando para o relógio novamente, só faltavam quarenta minutos. "Mas eu estou meio nervoso."

"Eu também.", disse Hayley a sério. "O que você acha das outras pessoas? Quero dizer, você vai ficar em um apartamento, certo? Você vai ter um companheiro de quarto... "

"Eu tive alguns muito ruins no passado." , Gerard disse relembrando o seu primeiro ano de faculdade e o cara que tinha encontrado a necessidade de trazer para o quarto uma garota diferente a cada noite. "Mas acho que vou ficar bem."

"Ah.", disse Hayley, balançando a cabeça. "Bem, eu odeio ter que dividir banheiros e quartos, mas fora isso, tudo bem. Eu acabei de me formar em ciências políticas na Pennsylvania State University–Dickinson School of Law. E você?"

"Na Rutgers de Newark, New Jersey. Direito."

"Então temos um advogado em ascensão aqui? Ou quem sabe um promotor ou um juiz...", ela falou sorrindo. "Sei que a Rutgers é uma ótima faculdade pra quem quer trabalhar com direito e política. Eu fui aceita na Rutgers de Camden, mas de qualquer forma, eu morava na Philadelphia e não tinha como eu me mudar para Jersey. Uma pena." 

Way riu levemente. Ele estava feliz por ter encontrado alguém que estava indo para o mesmo lugar que ele. Pelo menos não ficaria sozinho logo que chegasse lá. Ele conversou com Hayley todo o caminho até eles embarcaram o avião. Suas cadeiras estavam longes umas das outro e Gerard foi forçado a ficar em um assento entre um grande homem - diga-se mais popularmente gordo - e de um adolescente que escutava música no volume máximo. Suspirando, Way se espreguiçou se preparando para o curto vôo de Newark até D.C.

Uma hora e meia depois, o avião finalmente tocou o chão, empurrando para frente Gerard, que adormecera e quase batera sua cabeça na cadeira da frente. Ele acordou assustado e o garoto que estava ao seu lado deu uma sonora risada. Ele olhou para a janela e tudo estava escuro, pois era tarde da noite. Havia um caminho de luzes laranja através da escuridão da pista e Gerard não chegou a distinguir o asfalto até que o avião sacudiu a uma parada no terminal.

Demorou uns bons vinte minutos para sair do avião. Quando ele caminhou até a passagem e saiu para o terminal do aeroporto Ronald Reagan Washington National, que se localiza a sete quilômetros do centro de Washington, em Arlington, Virgínia, ficou surpreso ao descobrir Hayley esperando por ele. Ela sorriu quando ele a viu e, juntos, se dirigiram para a esteira de bagagens. 

"Como foi seu vôo?“, ela perguntou, enquanto esperavam suas malas com os demais viajantes.

"Chato.", ele respondeu, tirando da esteira a sua mala preta e pesada, colocando-a no carrinho de mão. 

"Não foi tão chato assim.", ela disse enquanto Gerard a ajudava com sua própria mala. "Obrigada."

Hayley tinha cerca de três malas a mais que Gerard e ele, estupidamente, se ofereceu para carregar uma, terminando com a mais pesada.

"O que você carrega aqui?", perguntou ele curioso, levantando a mala pela alça. "Chumbo?"

"Sapatos", disse Hayley como se fosse óbvio. "E também minha maquiagem."

"Deixei a minha maquiagem em casa.", Way murmurou para si mesmo.

"Você usa maquiagem?" Hayley perguntou curiosamente. "Você é um desses caras emo? É que não pude deixar de notar sua franja e que está usando lápis nos olhos..."

Gerard de ombros revirando os olhos, arrastando as malas longitudinalmente atrás dele. "Temos que sair desta área.", afirmou ele colocando a bagagem num carrinho de mão, o empurrando a caminho da saída. 

"Você sabe para onde devemos ir?", Hayley perguntou quando eles chegaram a uma porta de vidro jateado automática. 

Gerard enfiou a mão no bolso e tirou um pedaço de papel. "Recebi instruções pela internet."

"Você é meu herói", Hayley disse alegremente. "Vou te pagar um café quando chegarmos lá." 

"Ótimo, eu amo café.", respondeu ele sorrindo. Andaram alguns metros, passando por alguns saguões até chegarem a área comum do aeroporto. 

Dali avistaram um homem que tinha por volta de seus trinta anos e vestia um uniforme cinza com o brasão americano, a famosa águia. No papel, estava escrito para que eles se apresentassem ao oficial. "Olá, sou Gerard Way e ela Hayley..."

"Winston.", ela completou. "Nossos nomes." 

O oficial assentiu. "Sou oficial Baltimore, Paul Baltimore. Acompanhem-me, por gentileza.", e os dirigiu ao estacionamento. Pararam em frente a uma CRV e o homem os ajudou com as malas. Seguiram em silêncio para o local ande passariam a morar, um prédio com tijolos aparentes e janelas verdes. Gerard sabia que não tinha mais idade para esse tipo de coisa, mas nos pôde contar a sensação de borboletas colidindo para todos os lados em seu estômago. 

Arrastando sua mala, ele seguiu com Hayley para o edifício, lendo as placas que indicavam os corredores. Elas pareciam estar em ordem alfabética e, quando chegaram na rua N, Hayley balançou a cabeça num gesto de reprovação. "Temos que ir para a recepção.", ela disse, com voz calma.

A mão de Way estava tremendo um pouco, mas ele alcançou a alça da mala e a puxou para frente, trazendo-a junto de seu corpo. Avançando pelos corredores estreitos e arrastando malas como forasteiros nômades, finalmente encontraram o que procuravam. Ele deixou Hayley ir primeiro a seguindo depois. Uma mulher de olhar entediado estava sentada à mesa, mastigando uma goma de mascar e girando uma mecha de seu cabelo loiro em volta do dedo.

"Sim?", ela perguntou quando Gerard se aproximou da mesa. Ele leu o nome "Molly" no crachá e voltou a falar. "Boa noite Molly, somos do programa do Senado e..."

"Certo, já recebi informações sobre esse programa, não precisa me explicar, há vários de vocês aqui.", o interrompeu. Ela empurrou uma folha de papel para ele e outra para Hayley. "Leia isto e assine."

Um pouco chocados com a atitude da mulher, Gerard e Hayley pegaram o papel. Era um contrato de locação, apenas regras básicas e regulamentos. Ele assinou e esperou por Hayley fazer o mesmo. Uma vez que ele devolveu Molly, ela estourou a bolha do chiclete que estava mascando e destacou um pedaço a cópia.

"Este é seu", disse ela, entregando o papel para ele. "Isso é meu." Empurrou o exemplar em uma gaveta. "Você está no quarto 136, aqui está a chave. Não perca isso. E você está no 130.", disse Molly a Hayley, entregando-lhe também uma chave de bronze antigo. "Tenha um bom dia."

Dando-lhe um olhar estranho, Gerard encolheu os ombros e Hayley sorriu para a mulher. "Obrigada.", disse ela docemente para Molly e virou-se para o elevador.

Depois de seguirem para o elevador e uma vez que a porta se fechou, Hayley soltou o riso que ela estava segurando dentro de si. "Ela parecia bastante feliz por trabalhar aqui.", disse irônica. 

Way riu e apertou o botão para o terceiro andar "É verdade. Provavelmente seja o emprego dos sonhos dela."

Hayley gargalhou enquanto o elevador andava. Então as portas deslizaram e se abriram. O décimo terceiro andar se abriu diante deles e Gerard levantou uma sobrancelha. O edifício definitivamente não era um arranha-céus como ele imaginava, mas estava bom. Um tapete cinza e vinho maçante se estendia por uma trilha de portas de madeira e havia quadros em paredes que não se podiam se ver sequer um único arranhão. 

Olhou para frente e avistou o apartamento 139, supôs que encontraria o que 136 facilmente. Já o de Hayley ficava para o lado oposto, então quando ela passou por ele, disse. "Bem, boa sorte. Eu tenho certeza que vou te ver por aí. Venha ao meu apartamento se você ficar entediado.", sorrindo, ela
virou-se e continuou pelo corredor, deixando Gerard sozinho novamente.

Engolindo os nervos no estômago, Way, fortalecendo a respiração colocou a chave na fechadura. O clique soou alto demais na sala que estava em silêncio e Gerard estremeceu se perguntando se alguém tinha o ouvido entrar. 

Empurrando a porta aberta, ele puxou a mala para dentro e trancou a porta atrás dele, meio paranóico. Ao entrar, percebeu que era um pequeno apartamento com uma cozinha pequena, uma mesa de jantar minúscula posta contra a parede da pequena sala, um comprido sofá de frente para uma televisão e três portas de madeira. Viu uma porta à esquerda e deduziu que seria o banheiro. Abriu uma das portas hesitante e encontrou um quarto com uma cama, um armário, uma bancada e uma estante. 

No momento que pensou não haver ninguém no apartamento, percebeu que havia um casaco jogado sobre o colchão e uma guitarra apoiada ao pé da cama. Sobre a bancada havia um notebook e ele se puniu mentalmente por ficar bisbilhotando quartos alheios. 

Gerard abriu a porta ao lado e viu que este quarto estava realmente vazio. Colocou sua mala encostada à cama e sua mochila sobre ela. Quando se virou, 
quase pulou de susto quando se deparou com seu companheiro de quarto. 

Um homem um pouco mais velho do que ele o olhava penteando com os dedos sua franja para cima formando um topete displicente. Seus intensos olhos azuis estava delineados com lápis preto. Ele estava vestindo um jeans escuro apertado, um colete de cor cinza e com uma camisa preta de manga comprida. Ele parou quando avistou Way e eles se olharam curiosos, até que o homem entrou em seu quarto, pegou sua guitarra e ficou dedilhando alguns acordes.

"Uh, oi.", disse Gerard quebrando o silêncio constrangedor. "Eu sou Gerard Way..."

"Leto, Jared Leto.", disse o homem puxando seus cabelos para trás quando eles caíram sobre seus olhos impedindo sua visão. 

"Quando você chegou aqui?" Way perguntou, não querendo que silêncio os constrangesse novamente. Ele odiava silêncios constrangedores.

"Esta manhã.", Leto respondeu, arrancando uma corda da guitarra para sintonizá-la. "Eu já escolhi meu quarto, mas se quiser, posso mudar, tudo bem."

"Não, eu tenho certeza que o meu está bom.", disse Gerard sorrindo levemente. 

Jared voltou para sua guitarra, seu cabelo caindo sobre o rosto quando ele olhava para baixo. Way ficou meio sem jeito por ficar olhando admirado para o homem que já não sabia o que fazer. Ele sentia como se devesse fazer algo ou alguma coisa, mas ele não sabia o quê.

Ele foi salvo do problema com uma batida que soou na porta. Jared mal olhou para a porta, mas Way virou-se e espiou pelo olho mágico. Um rapaz estava em pé na porta, esperando, saltando para cima e para baixo sobre seus pés.

Hesitando um segundo, Gerard abriu a porta.

"Sim?" perguntou Way e Jared também encarava o rapaz com um sorriso no rosto. 

"Olá!", disse o rapaz com entusiasmo. "Eu sou Bert McCracken! Estou no apartamento do outro lado do corredor. Eu vi você entrar."

Way levantou uma sobrancelha. Quando chegara não havia ninguém no corredor, portanto a opção era que homem o tinha visto pelo olho mágico. Foi um tanto desconcertante.

"Er... Gerard.", Way respondeu devagar.

"De onde você é?", Bert perguntou, pulando animadamente no apartamento e Way fechou a porta atrás dele. "Você está animado? Eu não posso esperar! Isso é tão legal, você não acha? É como se nós pudéssemos fazer o que quisermos! Como na faculdade só que melhor. É como a vida real! O que você vai querer fazer depois do estágio?"

"Provavelmente arranjar um emprego. Não é para isso que estamos aqui?", Way perguntou confuso, perdido na torrente de palavras que a boca de Bert lançava. O rapaz era uma bola de energia que parecia nunca parar de se mover. Ele estava pulando
ao redor da sala, pegando itens aleatórios, como o controle remoto da televisão. McCracken olhou para Jared, mas esse apenas concentrou a maior parte de sua atenção em Gerard.

Way não sabia a primeira impressão que havia causado em seu companheiro de quarto, mas já tinha quase certeza de que Jared o achava um idiota. 

"Hm...", disse Gerard depois de um minuto, permitindo que seu cérebro processasse tudo que Bert tinha dito. "Eu sou de Jersey, da universidade Rutgers de Newark."

"Oh, Jersey!", Bert disse arregalando os olhos. "Eu tenho vontade, mas nunca estive lá. Parece muito legal. É? "

"Sim, eu acho." Gerard encolheu os ombros. Cresceu lá sua vida inteira. Ele não via a parte tão excitante da cidade como a maioria.

Way olhou para Leto que ainda estava sentado no sofá, dedilhando suavemente sua guitarra branca. Ele se perguntava o porquê de Jared não ser muito sociável, mas quando o olhava, Leto apenas se dava ao trabalho de passar as mãos pelos cabelos ou mudar os acordes.

"Quem é o seu senador?" Bert perguntou, quebrando o silêncio que havia caído e Way ficara pelo feliz por isso.

"Iero.", Gerard respondeu e McCracken deu uma risadinha.

"Iero.", repetiu ele, ainda rindo. "Eu tenho um cara chamado Walley. Dizem que esse Iero é muito difícil."

Way assentiu. Ele realmente não conhecia nenhum dos senadores além dos de Jersey. Todos os outros nomes eram estranhos para ele, mesmo ele tentado s manter a par com a política. Era como tentar memorizar todos os pares de sapatos que Paris Hilton deveria ter. Impossível.

Bert estava olhando para a bolsa do notebook de Gerard e mordendo os lábios com todo aquele silêncio, apenas quebrado pelo som da guitarra de Jared. 

"Você já conhecia Bert?", Gerard perguntou rapidamente, apenas para os desviarem do silêncio esmagador.

"Não.", disse Leto depois de um segundo.

"Ah.", disse Way, franzindo a testa para Bert. Jared ainda não olhara para nada a não ser sua guitarra e Way. "Hm, de que faculdade você é?

"Eu sou de New Orleans, mas fiz faculdade na Georgia College & State University, Atlanta.", disse Jared suavemente, sua voz quase inaudível, sobreposta ao dedilhar da guitarra. E os acordes foram alterados novamente.

Bert estava olhando para Leto, mas quando olhou para Gerard, ele olhou rapidamente para longe, fingindo estar interessado num emblema da bolsa de Way.

"De quem é o emblema?", ele perguntou, tocando no desenho que tinha um homem de braços abertos. 

"Na verdade não é um emblema, eu quem desenhei a capa do cd de uma banda que eu gosto, Muse." Way respondeu. "Eles são realmente bons." 

Bert assentiu com a cabeça, parecendo ficar interessado no assunto. "Que tipo de música você ouve? Eu escuto tudo, menos rap e country.", disse ele, sorrindo.

"Eu..." Gerard começou a falar, mas foi cortado por outro bater na porta. Antes que ele pudesse responder, a porta foi empurrada levemente.

"Com licença.", disse uma voz e um rapaz enfiou a cabeça em torno na brecha da porta, sorrindo ligeiramente. "Eu estava procurando meu companheiro de quarto e pensei que ele pudesse estar aqui, incomodando os vizinhos..." 

"Frank!" Bert exclamou, saltando sobre o menino que entrou totalmente dentro do quarto e abraçando-o firmemente.

Gerard sentiu a boca abrir quando ele avistou o menino que abraçava Bert com uma risada. Ele era baixinho, tinha várias tatuagens aparentes e estava vestido com uma camiseta simples e um jeans. Ele analisou o garoto que parecia mais um adolescente da cabeça aos pés.

"Hey, Bert.", disse ele, sorrindo para seu companheiro de quarto. "Já irritando os vizinhos?"

McCracken apenas mostrou a língua para Frank. "Eu não sou chato, eu estou apenas me apresentando já que vamos ser vizinhos por seis meses." Virou-se para Gerard, que teve a decência de fechar a boca e tentar o olhar inocente, embora não tivesse ainda o olhado nos olhos. "Frank, esse é Gerard Way."


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Notas finais do capítulo

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