A escuridão que os envolvia era quase asfixiante. A única coisa viva no domínio das sombras eram os passos dos membros da Grand Chase. Amy segurava os chakram com muita força e sempre olhava para os lados, de vez em quando se agarrando a Jin ou tropeçando.

– Não dá pra andar assim, está muito escuro! – Ryan quase acertara Lass com o machado algumas vezes enquanto andavam.

– Já é seguro. Alguém pode arrumar um pouco de luz? – Dio tinha parado no início do que parecia ser uma curva. Mari conjurou algumas partículas, que se puseram a flutuar e brilhar na frente do grupo.

A luz que se formou era muito forte e todas os seres rastejantes próximos a eles dispararam para lugares com muitas sombras. Amy fez uma cara de nojo para os bichinhos e Ryan quase jogou o machado neles.

– Obviamente, eles não devem fazer mal a ninguém. Agora, deixa de frescura, Ryan – Elesis estava fechando o grupo e queria arrumar briga logo – ô criatura, não dá pra gente chegar logo em algum lugar?

Dio não falou nada e fez a curva. Continuaram andando por mais alguns minutos, que mais pareciam horas, e começaram a ir mais fundo. A partir daí, as sombras começaram a fazer tentativas de puxá-los, mas eles conseguiam repelir.

– Não deixem nenhum deles levá-los! – Dio estava socando a escuridão.

– E quem disse que eu quero visitar o “cantinho das sombras”? – Sieghart conseguiu fazer uma sombra explodir – eu tô ficando mais irritado. E não trouxe nada doce comigo.

– ME SOLTA!!! – o braço de Lass estava sendo puxado pela escuridão, e ele não parecia estar conseguindo se livrar – ALGUÉM ME AJUDAA!!!

Elesis e Jin foram correndo para puxá-lo de volta; quando os dois tropeçaram e caíram, Lass caiu na gargalhada.

– Do que é que você está rindo, seu bobão! – Elesis tinha ficado vermelha e já preparava um soco para o namorado – você estava fingindo?!

Lass não disse nada, mas ele estava chorando de tanto rir. Porém, foi nessa hora que Dio mandou que fizessem silêncio.

– Já fizemos barulho demais.

As sombras passaram a tomar forma humana e começavam a sussurrar, embora as paredes de pedra amplificassem o som de suas vozes.

– Profano... está de volta entre nós?

– Acho que ele quer fazer mais alguns sacrifícios com os amigos...

– CALEM A BOCA! – Dio estava ficando alterado. Ele caiu e começou a esmurrar o chão, com muita força. Ao fazer isso, pôde-se ouvir o som de algumas pedras caírem ao longe. Isso fez Sieghart e Ronan o empurrarem.

– PARA! VAI MATAR A GENTE ASSIM! – Ronan deu um soco na barriga de Dio, o obrigando a se acalmar.

– Foi mal... não pensei que ele iriam conseguir me fazer perder a cabeça desse jeito – as sombras haviam sumido.

– Não faz mal, Dio – Lire o ajudou a se levantar – olha, tem um pouco de luz naquela entrada...

Dentro da outra entrada, algo os aguardava. E Amy foi a primeira a se assustar.

– ARME! – a dançarina correu até a prima, e pôde constatar que ela estava com alguns ferimentos nos braços e na cabeça – Ronan...!

– Arme, Arme! Você está bem? – Ronan a segurou em seus braços, porém, ela parecia apenas uma boneca de pano sendo agitada – Arme?

Ele tomou o seu pulso e constatou que estava... morta.

– NÃO, NÃO, NÃO! ARME, ACORDA! PELOAMORDEDEUS! POR FAVOR POR FAVOR!

Amy começou a soluçar e não conseguia mais segurar as lágrimas; os amigos se juntaram em torno deles, também chorando, com exceção de Dio, que parecia não estar acreditando no que via.

– A culpa é minha, a culpa é minha! – Ronan se recriminava, o tempo todo.

– Pessoal, melhor sairmos um pouco – Dio sugeriu, sendo sua idéia aceita por unanimidade e em silêncio. Assim que Dio saiu da caverna (ele tinha saído por último) uma voz fez eles se sobressaltarem.

– Já vão embora? Sem nem ao menos se divertir? – uma voz distante os chamou.

Eles se viraram para a voz. Arme estava de pé, sua mão transformada em uma foice.

– Mas como? – Elesis não acreditava no que via e puxou sua espada – o que você fez com a Arme?

– O mesmo que vou fazer com vocês.

Ao dizer isso, vários buracos surgiram no chão dividindo o grupo. Elesis caiu com Amy; Jin, Lass, Dio e Sieghart caíram em outro e Ronan, Ryan, Lire e Mari formaram um outro grupo.

– Quem está aqui? – Lass se segurou em uma árvore retorcida e que tinha algumas esferas de luz roxas pendendo de seus galhos – eca, que nojento. Caímos em um pântano.

– E bem fedido por sinal – Sieghart tinha caído de cara na água, por isso estava todo enlameado – fomos separados. Muito legal.

Jin foi o próximo a “aparecer”. Ele estava em cima da árvore em que Lass se apoiara e caiu bem em cima do ninja enquanto ele o chamava. Dio tinha se segurado em um cipó que pendia do teto enquanto caíam, mas agora não conseguia se soltar.

– Alguém dá uma ajudazinha aqui em cima?

Lass, apesar de ir contra a vontade, atirou uma adaga em uma das pontas do cipó. Dio caiu de pé.

– Valeu, Lass. E agora...

– Onde é que raios a gente está? – Sieghart já tinha conseguido se livrar da lama.

– Ah, mas que droga. Caímos na armadilha da ilusão.

– E dá pra traduzir? – Lass tinha a sensação de que uma neblina começava a se formar, bem próxima a eles.

– Como o próprio nome diz, quem parar aqui vai cair em uma ilusão. Mas o pior ainda está por vir: são a forma viva dos nossos maiores medos ou ódio. Ou até tomam a forma dos que amamos, só que criam uma personalidade maligna para eles.

– Então, estamos com um problema. Essa neblina é parte da ilusão? – Lass tinha puxado uma outra adaga.

– Na verdade, não é muito bom respirar dentro dessa neblina. É ela que começa a ilusão – Dio os encarava, mas sem demonstrar nenhuma reação.

– E você quer que a gente NÃO respire?! – Jin tinha ficado muito irritado, mesmo.

– Melhor guardarem suas armas e passarem a confiar em mim.

– E devemos confiar por...? – Sieghart também estava empunhando a espada.

– Devem confiar porque essa ilusão na afeta os Asmodian.