Que a Verdade Seja Dita escrita por Patricia S


Capítulo 1
Capítulo Unico




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O dilema de Lily Evans começou ao início das aulas de seu sexto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Lily estava feliz com seus nove N. O. Ms. A professora McGonagall tinha dado os parabéns a ela, pessoalmente, pelo “Ótimo” em Transfiguração e dissera também que estava muito contente de tê-la de novo em sua sala. A professora McGonagall quase nunca elogiava ninguém, e se a professora disse isso a Lily, é por que alguma coisa de bom a aluna tinha realizado. Entretanto, mais uma coisa deixava Lily contente. Ele previa que James Potter não tivesse alcançado tantos N. O. Ms quanto ela, e o biltre arrogante do Potter só poderia importuná-la durante o intervalo das aulas e nas refeições. Nada de Potter a encarando durante a aula de Poções.

Mas tudo desabou quando a professora McGonagall deixou Lily, Marlene e Emmeline para trás e foi entregar os horários de Sirius Black, James Potter, Remus Lupin e Peter Pettigrew, a quem eles mesmos se denominavam “Marotos”. Lily fingiu organizar alguma coisa em sua mochila para ter certeza que Potter a deixaria em paz, pelo menos nos horários de aulas, ou, se não fosse sonhar muito, talvez ele pudesse ter sido repetido de ano por não ter alcançado N. O. M em nenhuma matéria, ou até mesmo, sido expulso. Mas tal sonho seria impossível, uma vez que expulso Potter nem teria embarcado no Expresso de Hogwarts no dia anterior.

Lily esperava que a professora McGonagall encarasse Potter sobre seus óclinhos quadrados e despejasse um milhão de insultos bem-comportados, mas firmes e ofensivos, como era o costume da professora. Porém, a única coisa que Potter recebeu foi um sorriso. Não tão cintilante e cheio de orgulho quanto o que Lily recebera, mas ainda assim, um sorriso.

A professora McGonagall parabenizou Potter rapidamente e o liberou para assistir as mesmas aulas que Lily assistiria naquele dia. Seu queixo caiu. Mas as surpresas não paravam por aí.

Na aula de Feitiços, Potter, que costumava sentar-se no fundo para poder enfeitiçar os colegas em frente, sentou-se próximo ao professor, próximo o bastante para assistir a aula sem maiores problemas. O mais surpreendente foi quando Sirius Black juntou-se a ele e, quietos, assistiram e fizeram tudo o que o professor Flitwick pediu. Potter até recebeu dez pontos pelo seu feitiço executado corretamente. Em Poções o fenômeno aconteceu novamente, e em Transfiguração, Herbologia, Defesa Contra as Artes das Trevas, entre outras matérias nas quais James alcançara N. O. Ms como Lily.

No decorrer das semanas, nenhuma palavra da boca do Potter foi dirigida a Lily, exceto por educados desejos de bom dia e boa noite. Tal indiferença começou a incomodar Lily após a terceira semana consecutiva.

Veja bem, desde a primeira viagem pelo Expresso de Hogwarts Lily tem problemas com o Potter. Na viagem, Potter e Sirius tinham chamado seu, na época, amigo, Severus Snape de “Ranhoso” e debochado do jeito com que ela saíra da cabine do trem. Os problemas com Potter aumentaram durante o quarto ano, quando Potter entrou para o time de quadribol da Grifinória, como artilheiro, e tornou-se mais popular do que já era dentro da escola. Potter não passava um jogo sem marcar, no mínimo, cinqüenta pontos para o time de sua Casa, isto é, quando não era impedido de participar dos jogos por causa de alguma detenção.

O Potter sempre a importunava. Seja atormentando os alunos mais novos com azarações ou com propostas de encontros em Hogsmeade. A resposta sempre era não, mas Potter não desistia.

Marlene McKinnon, sua melhor amiga que também cultivava amizades do lado dos Marotos, sempre dizia a Lily que Potter era completamente apaixonado por ela, mas Lily não se importava. Mas agora, estava explícito que Potter havia desistido ou a esquecido.

Lily era segura de si, independente, mas também era orgulhosa e seu ego, mesmo não sendo tão inflado quanto o de Potter ou o amigo dele era grande. A auto-estima de Lily sempre estava em alta, e Potter conseguia elevá-la a um nível mais avançado com seus elogios contínuos e tentativas frustradas de trancá-la em um armário de vassouras junto a ele após um jogo de quadribol.

Verdade seja dita, Lily sentia falta de James em seu pé o tempo todo. E em meados de março, Marlene e Emmeline já tinham notado que havia algo de errado com a sempre, tão sorridente, Lily Evans. Até o professor Slughorn tinha lhe perguntado se estava tudo correndo bem com sua família ou com seu coração! Ela lembra-se que corou diante da pergunta do professor favorito.

Certo dia, durante outra aula de Poções, da qual os poucos alunos da Grifinória que restaram dividiam uma mesa, assim como os alunos das demais Casas, Lily pegou-se contemplando James Potter. Ele tornara-se um aluno tão aplicado, ela pensava, uma pessoas tão responsável. Definitivamente alguém que sabe o que quer.

Sirius Black havia estalado os dedos em frente a seus olhos para chamar sua atenção. A pouco ele tinha pedido a adaga de prata emprestada e Lily ainda não havia respondido. Estava tão distraída em seus devaneios a respeito de James que nem percebera.

Não houve muito para Lily perceber que estava apaixonada por James Potter.

Marlene riu até cair da cama quando Lily confidenciou o segredo a ela, e isso desencadeou dois dias de desentendimento das amigas. Não agradava a Lily que a sua melhor amiga debochasse de seus sentimentos, mesmo que estes fossem pelo Potter. O Potter que tanto a importunara. Mas após fazerem as pazes, Marlene propôs que Lily conversasse com James. É claro que Lily negou. Lily tinha princípios, era orgulhosa demais para dizer ao Potter, aquele Potter, que estava apaixonada por ele. Por ele, meu Deus! Que tanto disse que, um dia, quem correria atrás dele era ela.

O estúpido estava coberto de razão.

O dilema estava determinado. Lily tinha apenas duas saídas, muito simples: Lily dava o braço a torcer e declarava a James que ela, enfim, gostava dele, ou não dizia. O máximo que poderia ocorrer era James dizer que não já não gostava mais dela e que havia desistido. Não seria tão ruim, seria?

E o que estava acontecendo? Lily Evans nunca havia deixado o medo de voar impedir que montasse em uma vassoura. Não seria agora que Lily começaria a se acovardar a qualquer dificuldade.

Então, Lily decidiu.

Durante um fim de tarde de sábado, Marlene dissera a Lily que passaria algum tempo com os Marotos, às margens no Lago Negro, como de costume. Lily disse que tudo bem e que a acompanharia.

Os Marotos estavam lá. Sirius, Remus, Peter e, o principal, James. Como de costume, estavam sob uma bétula que florescia em meados do verão. Tanto Sirius, como Remus e Peter, e em principal, James, se surpreenderam quando Lily veio acompanhando Marlene, e ainda mais quando pediu para James acompanhá-la em uma caminhada ás margens do lado. Sirius sorriu cheio de malicia e sussurrou alguma coisa não muito educada, porque Marlene acertou-lhe um tapa doído no braço.

Demorou algum tempo para trocarem as primeiras palavras. Somente andar parecia muito agradável a Lily agora, ao lado de James. Os Marotos e Marlene se afastavam cada vez mais, qualquer palavra de um dos dois seria inaudível a eles. Foi então que James parou.

- Qual o problema, Lily? – perguntou ele. Lily ainda caminhava.

- Eu quero conversar com você – respondeu ela, também parando no lugar.

- Ora, então converse – ele disse – Estamos andando a cinco minutos e você não disse uma palavra até agora.

Lily encarou os próprios pés.

- E-eu... Eu queria saber se... Por que você não fala mais comigo, Potter?

James abriu e fechou os olhos por trás dos óculos redondos.

- Não era o que você queria? Que eu largasse do seu pé? Te deixasse em paz? – ele indagou e cada palavra era como um soco no estômago de Lily – Eu não tenho problemas de audição, Lily, escutei muito bem, por cinco anos, que você não me queria por perto.

- Eu sinto muito – ela disse, sem mais.

- Pelo o que?

- Por ter te tratado mal! – respondeu Lily, sem paciência – Na verdade, eu não sinto muito. Não sinto muito por você ter sito um idiota desde o dia em que te conheci, azarando qualquer um que passasse na sua frente, bagunçando esse cabelo, desfilando com um pomo de ouro nas mãos... Você era um idiota, Potter! Você é um idiota! E eu sou mais idiota ainda por gostar de você e...

Lily calou-se.

- O que disse?

- Que você é um idiota.

- Não – James riu – A outra coisa. Sobre você ser uma idiota.

- Ah, isso... É, eu sou uma idiota.

- Por que razão?

- Pensei ter ouvido que você não tinha problemas de audição, Potter! – brandou ela, irritada.

- Bom, eu ouvi que você é uma idiota por gostar de mim.

- E?

- É verdade, então?

- O que é verdade?

- Que, afinal, você gosta de mim. Depois de todo esse tempo.

- É, talvez seja verdade... Mas do que adianta? Agora você seguiu e frente, não é? Não precisa mais da “Lily”.

James riu. Verdade seja dita, ele gargalhou.

- Não ria, Potter!

- Não se preocupe – disse ele – Não estou rindo de você... Mas a situação é cômica.

- Aos seus olhos – ela retrucou e ensaiou passos de saída.

- Onde você vai?

- Embora – respondeu ela, azeda – Não vou ficar aqui com você, rindo da situação cômica.

- Ah, Lily, cale-se! – exclamou James, meio sério, meio rindo – Você não acredita, realmente, que eu não gosto mais de você, não é?

- Não é para acreditar?

- Quer parar de responder com perguntas?

James se aproximou dela. Lily não sabia ao certo se queria beijá-lo até não conseguir mais respirar ou socá-lo até o sangue espirrar. No entanto, James sabia exatamente o que queria em uma hora como aquelas, e depois de envolvê-la em seus braços, lhe deu um beijo de tirar o fôlego.

Afinal, que a verdade seja dita, James e Lily são como engrenagens de uma máquina qualquer. Não funcionam se não estão encaixadas.


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