Renne's Pov

Forks, Washington 1995

“Já Chega Charlie eu não aguento mais!”

Charlie me olhou assustado, nossas brigas se tornaram constantes há quase dois anos. Não me entenda errado, eu amei esse homem. Mas seu conformismo foi acabando com todo o sentimento. Ele não evolui, não almeja um emprego melhor, um salário melhor. Eu quero mais! Mais para mim e principalmente para a minha pequena Bella.

“O que você quer que eu faça Renne?”

“Esse é o problema Charlie, não há mais nada que você possa fazer. Você parece uma árvore enraizada nessa maldita cidade. Tudo aqui é horrível, o tempo, as pessoas. Ninguém vai pra frente, ninguém evolui. Me desculpe, não da mais eu realmente odeio Forks.”

“E para onde você vai?”

“Phoenix. Consegui um emprego numa escola de educação infantil. Bella e eu ficaremos bem.”

“Você não pode levar a minha filha!”

“Não só posso como vou. Ela não vai ficar presa a essa cidade como eu fiquei. Ela vai ter um futuro melhor.”

E assim, fiz minhas malas e a de Bella. Peguei pouca coisa, porque aquelas roupas horriveis que usávamos no tempo frio constante dessa cidade, não seriam úteis na ensolarada cidade do Arizona.

“Papai, eu não quelo ir” - Bella abraçou o pai em lagrimas, apesar de seus quase três anos, era uma criança muito inteligente e posso até dizer madura para a sua idade. Era muito apegada ao pai. Mas no futuro ela vai me agradecer.

“O papai vai te visitar sempre. E você vem passar as férias comigo, tudo bem?”

“Não vai se a mesma coisa”. - Ela disse com seu rostinho cheio de lagrimas, ainda abraçada ao homem que agora seria meu ex-marido. Era hora de ir!

“Vamos Bella! - a segurei pela mão e antes de sair pela porta disse a Charlie - “Vou contratar um advogado para cuidar do divorcio, você devia fazer o mesmo. Bella te liga assim que chegarmos”.

“Eu vou lutar pela guarda dela, quero deixar claro.”

“Quero saber qual juiz vai tirar um filho da própria mãe. Ainda mais para um pai que nunca está em casa.”

“Tchau papai” - disse minha pequena filha, com os olhos cheios de lagrimas.

“Adeus Charlie!”

Entrei no táxi que me levaria para minha liberdade. Até ontem, eu era professora na escola infantil da cidade de Forks. Foi durante um congresso para professores em Phoenix que me apaixonei pela cidade. Isso foi há quase seis meses. Deixei meu currículo em várias escolas, e há um mês uma delas me ligou. Com uma desculpa de que iria assistir a uma palestra em Seattle, fui a Phoenix para a entrevista. Consegui o emprego e na mesma semana aluguei uma casinha linda para gente.

Seria um novo começo, uma vida melhor.

Phoenix, Arizona 2008

Bella’s Pov

Dizem que na vida, tudo há um motivo, uma razão de ser. Hoje, eu acho que acredito. Apesar de amar e sentir muita saudade do meu pai. Não posso esconder que uma parte de mim, muito egoísta, devo confessar, é feliz pelo divorcio dos meus pais.

Se não fosse pela decisão da minha amável e instável mãe, eu não teria conhecido o Jacob. Meu melhor amigo, e desde meus quatorze anos, meu namorado. Jacob é um garoto alto, cabelos curtos e negros. Com um sorriso tão lindo e intenso que é capaz de acabar com a tristeza dos dias mais negros de qualquer um. Ele é como o sol, o meu sol.

A história de Jacob é um pouco parecida com a minha, com a única diferença que ele nasceu em Phoenix. Jacob é filho do chefe da tribo Quileute em La Push, uma reserva indígena em Forks. Coincidência estranha não?

Seu pai Billy Black em uma viagem de negócios conheceu sua mãe, Susan e com ela se casou. Passou a viver em Phoenix, mas não se acostumou com digamos, o “calor” da cidade. Jake tinha pouco mais de um ano quando ele deixou a família no Arizona e voltou para Forks. 

Quando minha mãe e eu nos mudamos para Phoenix, nos tornamos vizinhas da Susan e do Jake. Minha mãe e Susan compartilhavam do mesmo ódio pela pequena cidade do estado de Washington. Então, a amizade foi quase imediata. Assim como Jake e eu.

As viagens a Forks eram uma regra, passávamos desde crianças, pelo menos três semanas, na cidade chuvosa. Nossos pais eram grandes amigos e ficavam felizes em ver a grande amizade que Jake e eu tínhamos. Quero dizer, até o verão de 2004, até meu pai saber que éramos namorados. Meu pai literalmente surtou... Foi até engraçado. Billy tinha ficado mais do que feliz, enquanto meu pai, digamos que quase atirou no Jacob e quis prendê-lo na delegacia, por algo como corrupção de menores... eu não lembro muito bem, quais crimes ele queria acusar o Jake. Demorou um pouco, mas quando voltamos para Phoenix, meu pai já esta começando a aceitar a nossa relação.

Minha relação com Jacob, foi algo totalmente natural. Sempre fomos amigos, e com o passra do tempo, aquele amor de irmão foi se transformando, até que num jogo de verdade e desafio, Jacob foi desafiado a me beijar. Aquele foi o nosso primeiro beijo. Naquele mesmo dia ele disse que me amava e me pediu em namoro. Como eu podia negar se era algo que eu sonhava há algum tempo? Há alguns dias ele me confessou que tinha combinado com a Lucy, e todo o lance do jogo foi apenas para que ele criasse coragem e confessasse seus reais sentimentos por mim.

Muitas pessoas passam a vida inteira procurando o verdadeiro amor, muitas morrem sem encontrá-lo. Posso dizer que tive muita sorte, o meu esteve ali do meu lado desde os meus três anos. Não consigo imaginar minha vida sem ele. Semana passada na aula de Literatura Inglesa, estávamos lendo Romeu e Julieta de William Shakespeare, um dos meus autores favoritos. Alguns dizem que Julieta foi fraca e covarde. Eu não. Quando se tem um amor tão grande como o deles e como o meu e do Jacob, a vida não tem mais sentido quando sua alma parte desse mundo. Pois para mim, Jacob é exatamente isso... Meu coração, minha alma.