Inner Outer Space escrita por matt


Capítulo 14
Morte Problemática


Notas iniciais do capítulo

"Seria fácil pra ela, simular normalidade, com o capacete, mas nem um pouco para mim".



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            Já me perguntei, uma vez, o que eu faria caso o fim do mundo estivesse chegando. Pra encurtar, eu faria tudo o que eu queria muito fazer, mas era impedido pela minha própria consciência. Em especial, mas ainda mantendo a ética, eu aproveitaria cada minuto dos últimos da minha vida ao lado da Ana. É claro, se uma pessoa qualquer me dissesse que “o fim está próximo”, eu não acreditaria.

            No entanto, aqui estou eu, acreditando. Quem me disse isso não foi uma pessoa qualquer. Ana não está comigo. E eu estou abalado demais pra fazer qualquer coisa.

            - [Me-kun...?] – Kasumi chamou de fora da cápsula – [Descobriu alguma coisa?... Você está completamente pálido!]

            Não me movi. Olhava para a alienígena que estava na minha frente, ainda exibindo um revoltante sorriso de triunfo e deboche.

            - [E agora?] – ela riu – [Ainda espera conseguir alguma coisa, “Me-kun”?]

            Sem abrir a boca, saí da cápsula, tirei o capacete, entreguei-o para uma Kasumi preocupada e travei, os olhos arregalados, esperando uma reação dela quando soubesse da verdade. Ela pôs o SPIPA, voltando à forma humana, e logo adquiriu uma expressão assustada.

            - Viu? – perguntei, esperando que ela já tivesse consciência dos fatos.

            - Estou vendo outra coisa...! Olha pra cápsula!

            Olhei, temendo que Joana tivesse fugido de alguma maneira. Ela ainda estava lá, para meu alívio. No entanto, ao mesmo tempo, um pânico ainda maior me invadiu. Ela estava brilhando, um brilho intenso que aumentava a cada segundo.

            - O que está acontecendo?! – exclamei.

            - Ah, não! – Kasumi se assustou – Se for o que eu estou pensando...!

            - /-/|_|~/.¬_|´! – a alienígena bronze gritou.

            Kasumi respondeu na mesma língua. Sem o SPIPA, não entendi nada, mas vi que ela estava desesperada. Joana respondeu outra vez e, antes que Kasumi pudesse dizer o que quer que fosse, o brilho se tornou insuportavelmente forte. Virei a cabeça para não me cegar.

            Um grito de horror.

            Um urro que superou todos que eu já tinha ouvido, em matéria de terror. Nenhum especialista conseguiria reproduzir. Era, literalmente, desumano.

            O brilho desapareceu.

            Voltei a enxergar o ambiente. Para minha surpresa, não havia nada diferente. Kasumi olhava atônita para a cápsula. Joana ainda estava presa, só que agora, estava completamente imóvel. Sua cabeça pendia para trás, olhando para cima com a boca escancarada, esboçando um sorriso quase psicopata.

            - O que... aconteceu? – perguntei, hesitante.

            - Ela se extinguiu! – Kasumi respondeu – Está morta!!

            - O quê?! Mas... como? Por quê?!

            - Joana disse que não tinha mais objetivos para cumprir. Estão todos completos...

            - ...Todos?

            O fim do mundo acabou de se confirmar. Definitivamente.

            - Por quê? – ela perguntou – Eles são muito sérios?

            - Você ainda não viu?

            - Ainda não... Deixe-me conferir.

            Mais uma vez, o olhar dela ficou sem foco. Ao voltar a si, eles ficaram totalmente abertos, em espanto. E um desagradável silêncio se estendeu por alguns segundos.

            - Kasumi... Por que eles querem fazer isso?

            - Agora, tudo... Não... Mas... Como?... Eles realmente...

            - Kasumi! – eu não me agüentava de tensão. Segurei-a pelos ombros – O que você sabe?!

            - ...

            - Por favor!! Me explica isso tudo!

            - Me-kun...

            Ouvimos um som de carro vindo da frente de casa. Meus pais chegaram.

            - Eu preciso pensar – ela continuou – Desculpa.

            Saiu, na direção do som. Seria fácil pra ela, simular normalidade com o capacete, mas nem um pouco para mim. Saber que, de alguma maneira, o mundo estava prestes a acabar me deixava desconcertado. E Kasumi sabia de alguma coisa a mais. Como posso descobrir o quê? E o que será das memórias da Ana?... Pelo menos, o SPIPA de Joana estava preservado. Talvez ele também funcione pelo código de acesso. Quem sabe, as memórias dela estão lá...! Só preciso pegar o capacete...

            A Kasumi guardou a cápsula... Droga!

            - Matt? Os vizinhos estavam reclamando do barulho, você foi ouvir música alto demais de novo? – a silhueta de minha mãe se projetou na janela - O que você ta fazendo no quintal a essa hora? Entra, você vai pegar um resfriado!

            O que mais eu poderia fazer?

            Caminhei até a porta.


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Notas finais do capítulo

Capítulo pequeno, só pra terminar o que ficou aberto do passado.
No próximo, pretendo fazer uma experiência nova. Esperem algo diferente =]



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