Inner Outer Space escrita por matt


Capítulo 12
Consequência


Notas iniciais do capítulo

"O mundo acabou."



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                *triiim* *triiim* *triiim*

                - Alô?

                - Eu poderia falar com o Matt?

                - Sou eu.

                - Caramba, Matt, que voz de morto! Você tava dormindo, seu vagal?

                - Quem é? Joey?

                - Ah, de mim você se lembra! Que tal se lembrar de trabalhar um pouco, também?

                - Como assim?

                - O trabalho de filosofia, seu lerdo! Ainda tô esperando sua parte, e ele é pra amanhã!

                - Ah... Tem isso...

                - “Tem isso”?! Você não fez nada, ainda?!!

                - Joey, não fala tão alto, por favor. Eu tô meio tonto, nem sei onde eu estou.

                - Ai, Senhor... Se eu liguei na sua casa, onde mais você poderia estar?!

                - Ah... Tem razão.

                - Que seja, Matt, você tá mal, então vou te deixar em paz. Mesmo assim, se você não mandar sua parte até as nove, eu vou tirar seu nome do grupo. Até mais! *click*

               

                Ainda não tinha me situado. Agora, percebo que eu estou no meu quarto, deitado. Como foi que eu vim parar aqui? A última coisa que eu consigo lembrar é... Joana fugindo. Será que ela se foi? Será que Kasumi está bem? ... E Ana? O que pode ter acontecido com ela?!

                - Eu estou aqui – disse uma voz ao meu lado. Momentaneamente, senti um alívio imenso... até perceber de onde veio a voz.

                - Aah!! – saltei da cama instintivamente e acabei batendo a cabeça na cabeceira – Ai!... O que você tá fazendo aí?!

                - Cuidando de você, ué – respondeu Kasumi, ainda deitada ao lado de onde eu estava – Mas também aproveitando o conforto da cama.

                - Aham... Que tipo de cuidados?

                - Dos melhores – ela disse, com um sorriso esquisito.

                - Vem cá, você não atualizou o SPIPA de novo, não?

                - Atualizei. Por quê? Eu disse alguma coisa?

                - ...Nada não, esquece. Só me diz, o que aconteceu enquanto eu estava apagado?

                - Ah. Bom, em suma, a Joana fugiu e destruiu a cidade.

                - QUÊ?!?!?!

                - Te peguei!

                - Aff... Não brinca com isso, pelo amor de Deus!

                - Eu peguei a Joana. Neste momento, ela está presa na minha cápsula e só pode ser liberada por mim.

                - Ahn... Sua cápsula ainda tá no mesmo lugar?

                - Não, isso seria arriscado demais. Agora, ela tá ali no seu quintal.

                - Ah, sim, agora eu me sinto bem seguro... – falei, sarcástico.

                - Enfim, não foi fácil como parece. Ela tem muitas habilidades, nossos poderes com o SPIPA eram quase idênticos. Mas como ela já tinha sido torturada duas vezes, eu levei um pouco de vantagem. Uma abertura, e eu pude apagá-la, assim como ela apagou vocês.

                - Legal. Mas você cuidou da Ana, também?

                Assim que eu falei “Ana”, Kasumi assumiu uma expressão preocupada.

                - Eu temia que você perguntasse isso – disse.

                - Por quê? O que aconteceu?!

                - Antes de capturar a Joana, ela conseguiu me deixar momentaneamente paralisada. Nesse meio tempo, ela carregou Ana para casa...

                - E então...?!

                - ...Acho melhor você mesmo conferir.

                Ela me indicou o telefone. Rapidamente, peguei o aparelho e digitei o número da sua casa. Cada tom da chamada parecia levar horas, eu estava mais nervoso que nunca. Finalmente, alguém atendeu.

                - Alô?

                - Posso falar com a Ana, por favor?!

                - ...quem é? – notei que era a Sra. Mandy. E que ela estava assustada com meu nível de nervosismo.

                - É o Matt!

                - Só um momento... – mais silêncio eterno. Pelo menos, já sabia que Ana estava viva. Ainda assim, alguma coisa grave tinha acontecido, e eu não estava me agüentando de ansiedade.

                - Alô?

                - Ana?

                - Sou eu – a voz dela estava natural.

                - Ah, que bom! Você está bem!

                - Ahn... Matt, certo?

                - Sim!

                - Quem, exatamente, é você?

                - ...ué? Sou eu! Que outro Matt você conhece?

                - Eu não conheço nenhum Matt.

                Uma pontada de desespero me atingiu em cheio.

                - Desculpa – ela continuou – acho que você ligou para o número errado. Que coincidência, ter uma Ana nas duas linhas, não? Tchau!

                - ... ... - *tu tu tu tu tu*

                Se houvesse uma maneira de descrever um silêncio e uma dor infinitos, não seria suficiente para me caracterizar. Não existe adjetivo para o sentimento que se apossou de mim depois dessa ligação. Alguns, como “terrível”, “confuso” e “desesperado”, se misturados na sua essência, chegariam perto. A morte de Ana seria insuportável, no mínimo, mas agora, é como se ela tivesse morrido parcialmente. Tudo o que eu tinha acabado de reconquistar, tudo o que eu representava para ela, tudo estava perdido. Era mesmo possível?

                Sentei-me na cama e cobri meu rosto com as mãos Kasumi pôde ouvir meus soluços da pequena distância que estava. Ela me abraçou por trás.

                - O SPIPA não precisa me indicar que você precisa disso.

                - Por quê?! – eu disse, às lágrimas – Por que a Joana não apagou a minha memória no lugar dela?!

                - A culpa foi minha. Eu não fui forte o suficiente para protegê-la.

                - Você pode recuperá-la, não pode? Por favor, diz que pode! Por favor!!

                - Desculpa, Me-kun... Se a memória que ela tinha foi realmente apagada, não tem como restaurá-las.

                Enquanto meu choro se intensificava, ela me abraçou mais forte. Pensei ter sentido uma lágrima que não era minha onde Kasumi apoiava sua cabeça.

                Mas não faz sentido. Ela está usando o SPIPA.

                Não precisa fazer sentido.

                Nada faz, de qualquer jeito.

                O mundo acabou.

 


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Notas finais do capítulo

Um intervalo dramático se faz necessário.

O mundo do Matt "acabou", mas a história continua!



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