The Diary Of Jasmine escrita por MayonakaTV


Capítulo 1
Único.




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Dez minutos para nove horas. O último avião daquela noite sairia às nove em ponto.

Eu jamais chegaria a tempo!

Devo dizer que eu não estava feliz com aquela situação; com a chegada do inverno, o céu estava desabando na minha cabeça. As ruas estavam ficando cheias de poças e eu, na alegria de correr sempre em frente sem ver onde pisava, por diversas vezes afundei os sapatos na água. O vento me me arrancou das mãos o único guarda-chuva que eu tinha. Atravessei muitas ruas sem nem olhar para os lados e quase fui atropelado por carros, ônibus e até mesmo por garotinhos de bicicleta. Tropecei em cães, gatos e crianças com cachorros-quentes (sem contar as com algodão-doce se desfazendo).

Tudo para chegar em dez... seis minutos ao aeroporto e impedí-lo de entrar naquele avião.

Droga, Jasmine You!

Eu não queria ter discutido com ele, mas era inevitável. Isso acontecia toda vez que estávamos juntos, desde o começo do Versailles. A postura, o penteado, os chinelos desaparecidos, o lugar das escovas de dentes; tudo se fazia motivo para um mexer com o outro, e o comportamento era sempre o mesmo. Ele dizia que eu estava exagerando e jamais diria que eu estava certo. Eu dizia que era ele quem estava exagerando e jamais admitiria estar errado; éramos dois idiotas querendo provar cada qual sua própria razão. E assim a tarde ia se arrastando, provavelmente fugindo dos nossos gritos.

Para não sair da rotina, ali estávamos nós de novo, brigando por causa de um solo - ah, infeliz solo de baixo! - e repetindo as reações que Teru e Hizaki já haviam visto e criticado tantas vezes. Confesso que, no fundo, eu preferia ter continuado com o irritante jogo de "fala Kamijo, retruca Jasmine" até que a discussão acabasse por falta de ofensas. Assim, eu nunca teria dito que não precisava dele. Era mentira.

Foi dentro de um escandaloso casaco roxo,com o baixo em uma mão e a mala na outra, que ele passou por mim, chorando em silêncio. E eu, muito idiota, só fui perceber a gravidade da situação quando um trovão abafou o som da porta da frente batendo. Subi as escadas em polvorosa, entrando no quarto de Jasmine como um ladrão invade um banco. Ainda sorri, na esperança de que fosse só uma brincadeira do baixista, mas as portas do guarda-roupa abertas revelando seu interior vazio me fizeram mudar de opinião. Fiquei ali, imerso em minha própria raiva, quebrando o silêncio com mil e um xingamentos. Quando as ofensas me faltaram, as gotas de chuva alcançaram o vidro da janela. Foi aí que me dei conta da falta que ele me fazia.

Ele não estava apenas deixando a banda. Ele estava me deixando.

E deixando também um diário sobre a cama.

Não, o Jasmine You que eu conhecia jamais iria a lugar algum sem aquela coisa. Só se...

Vencido pela curiosidade, tomei o livreto de capa roxa nas mãos. Qual não foi minha surpresa quando uma foto minha caiu de uma página qualquer. Por que Jasmine teria uma foto minha em seu diário? Comecei a folhear o dito, e a cada página só ficava com uma cara de idiota pior do que a de todos os dias. Na maioria das folhas (para não dizer em todas elas), havia qualquer coisa sobre mim. Desenhos traçados às vezes na pressa, às vezes com uma perfeição invejável. Notas sobre coisas que eu havia dito ou feito, mais fotos, rabiscos, pequenos contos inventados onde eu era o personagem principal. Não importava como, havia sempre um canto da folha onde meu nome aparecia. E assim foi se seguindo até a última página onde ele havia escrito algo, naquele mesmo dia conturbado, provavelmente durante a manhã.

"Eu o amo. Só queria que ele soubesse disso."

Não tive muito tempo de pensar em qualquer coisa que fosse, e só me dei conta do estado lamentável em que me encontrava quando já estava tentando abrir caminho entre centenas de pessoas num aeroporto lotado, querendo alcançar um baixista de casaco roxo na fila de embarque do avião para Tokyo. Era o único lugar para onde ele poderia ir.

- Yuuichi! - gritei.

- Kamijo?

- Você não pode entrar nesse avião!

Se antes eu tive de lidar com olhares estranhos de pessoas pelas ruas, agora estava abaixo dos olhares estranhos de um aeroporto inteiro.
- Não me importa. Estou indo pra casa.

- Não estou dando a mínima se te importa ou não! - me ajoelhei diante dele. - Tomei chuva, quase morri atropelado, dei de cara no chão um milhão de vezes e estou aqui, todo molhado e coberto de lama, açúcar e molho de tomate, ajoelhado aos seus pés te pedindo para ficar! Então você não vai, repito, não vai entrar nesse maldito avião!

- Kamijo, você disse que-

- Por que ouvir seu nome me dava raiva? Por que sua presença me incomodava tanto, e sua voz me deixava irritado? Eu não sabia. Mas agora eu sei, e acho justo que você, e todos aqui - gritei - também saibam.

Todos começaram a cochichar e comentar entre si ao mesmo tempo. Ótimo, tudo o que me faltava era uma plateia atenta. Jasmine ameaçou dizer algo, mas se conteve assim que tirei o diário de dentro do sobretudo.

- Eu te amo. Só queria que você soubesse disso.

O silêncio foi geral. Não seria estranho se alguém estivesse gravando com a câmera do celular.

- Você... leu o meu diário...?

- Deveria estar feliz por isso, seu ingrato! Se eu não tivesse lido, sabe-se lá onde você estaria agora!

- Kamijo...

- Você ainda não entendeu? - levantei, me aproximando do menor. Àquela altura, já não conseguia mais segurar as lágrimas. Não queria nem ver minha cara mais tarde. - Kageyama Yuuichi... Jasmine You...! Por favor, não entre nesse avião... não me deixe aqui sozinho...

E foi também entre lágrimas que ele se atirou nos meus braços e me beijou.

- O melhor lugar do mundo é onde você está, Yuuji Kamijo. Meu Yuuji Kamijo...!

A multidão comemorou, aplaudindo e gritando. Na verdade, aquilo estava parecendo mais um jogo de futebol. Felizmente, dentro de alguns segundos estavam todos de volta a suas respectivas filas.

- Hn, Kami... - chamou Jasmine.

- Oi?

- O que faremos com meu... err... - apontou para o diário em minhas mãos, enrubescendo.

Sorridente, o peguei no colo, enchendo-lhe a face de beijos enquanto ele ria, divertido.

- Vou erguer um altar pra esse diário!


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Notas finais do capítulo



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