Rancor escrita por WillyDan
RANCOR
Um jovem chega no Colégio do Limoeiro e não diz uma palavra depois de sair e entrar para as aulas. Mas no intervalo...
(jovem se serve e senta em uma mesa vazia)
Cebola: Viram o novo aluno?
Mônica: Ele não disse nada desde que chegou!
Magali: É mesmo! Tem feito rabo de olho na gente e nem ao menos disse “oi”!
Cascão: Eu não sei... Só alguém burro o bastante para tentar...
Xaveco: (se aproxima do rapaz) E aí cara! Eu sou o Xaveco, o que acha da gente...
POW! (Xaveco leva um soco e é arremessado para longe)
Xaveco: Mas eu não te ofendi...
Cascão: Parece que ele é bem inteligente, fora o fato de ser forte!
Cebola: Veremos quando a situação se acalmar no próximo...
RIIIING! (alarme)
Mônica: Próximo horário?! Pior que isso, é a aula do Professor Licurgo!
Magali: Fala sério!
Jovem: (em tom baixo) Tomara que esse professor seja gente boa... Ou troco a sala dele pela livraria!
Magali: Ele disse! Ele disse!
Mônica: E aí, o que ele falou?
Magali: Estava baixo, que não sei fazer leitura labial!
Cebola: Pelo que imagino, pela cara...
Cascão: O quê?
Cebola: Ele não deve ser fácil de lidar!
Mônica: Será mesmo?
Durante a aula...
Licurgo: EU NÃO SOU LOUCO!!! Mas como eu estava dizendo, antes de ser interrompido sem intenção eu concluía falando sobre o governo brasileiro após o falecimento e a não-posse de Tancredo Neves! Alguma pergunta? (silêncio) Ótimo, agora como eu dizia... (jovem levanta a mão) Sim?
Jovem: Desculpa interromper, mas se não é louco porque age como um?
Licurgo: Sou só excêntrico, é isso que posso dizer! E por que as suspeitas? Além disso não se apresentou à classe!
Jovem: E não pretendo! Mas voltando ao assunto, as letras iniciais de seu nome completo formam um acrônimo afirmando seu defeito! Louco!
Licurgo: EU JÁ DISSE QUE NÃO...
Jovem: É louco sim! E vou à livraria terminar seu conteúdo! (silêncio e sai)
Mônica: Vocês viram isso?
Cebola: Ele disse isso quando estava no refeitório?
Magali: Imagino, mas eu disse que não sei leitura labial!
Cascão: Não é isso, mas... Ah esquece! Depois veremos isso!
(passa o tempo até a saída)
Jovem: (pensando) Vejo que nada mudou! Mesmas pessoas, o corpo cresce, mas não muda nada de nada! Devia ter continuado na escola das pitangueiras!
Toni: E aí! Como vai?
Jovem: Quem é você?
Toni: Marco Antonio, ou Toni para os íntimos! E você?
Jovem: Meu nome é Daniel, e não estou a fim de conversa!
Toni: Espera, por que a pressa?
Daniel: Acabo de me lembrar que tenho um compromisso inadiável!
Toni: Não quer nem...
Daniel: Não!
Daniel volta para casa e não diz uma palavra chegando em seu quarto para estudar.
Daniel: (pega um bilhete e deita na cama) “Daniel fomos às compras, voltaremos tarde!” Como se eu me importasse, tudo o que quero é repor a matéria. Mas não agora! (pensando) Só quero esquecer quando ingressei lá!
Voz: Algum problema querido?
Daniel: Quem está aí?
Voz: Não me reconhece! (entra)
Daniel: Agnes?!
Agnes: A própria! Eu entendo que não goste de minhas amigas Penha e Sofia, mas enfim... Tenho todo o tempo do mundo para você! Elas costumam fazer muita coisa quando não estou!
Daniel: E seria...?
Agnes: Me diz como foi o seu dia na escola!
Daniel: Está bem...
Daniel tinha ido à lanchonete com Agnes, mas depois de se separarem. Ele volta para a loja de quadrinhos e encontra Cascão e Cebola.
Daniel: Então te vejo amanhã!
Agnes: Tchau amor!
Daniel: Tchau! (pensando e entra na loja) Melhor nem querer ver as amigas dela de perto! Penha e Sofia são as que mais odeio! Fora tais pessoas!
Cebola: Ih! Olha quem chegou! Não é o cara de antes!
Daniel: É Daniel! E sim estou bem!
Cascão: Pensou em entrar para o time de futebol?
Daniel: Jogo na reserva! Qualquer posição para mim está boa! Fora que adoro automobilismo!
Cascão: Já correu de kart?
Daniel: Fui 10 vezes campeão. E hoje corro por prazer!
Cebola: Olha só, está a fim de...
Daniel: Se for a um dos seus planos eu estou fora! Aquela BDG ainda te dá bordoadas graças a esse língua solta!
Cascão: Opa! Quem é língua solta! (Daniel faz olhar sério) Não vou falar nada!
(Daniel pega uma revista e efetua a compra)
Cebola: Não quer mesmo...
Cascão: Esquece! Ele não quer mesmo!
Daniel: Outro detalhe: Se aquele idiota alado vir aqui me dar lição de moral, está enganado! Sou bem ajuizado diferente do que vocês eram!
Cascão: Ajuizado não é como juiz de futebol?
Cebola: Ele quis dizer que sabe o que é certo e errado antes da gente!
No shopping mesma situação, Mônica e Magali não esperavam encontrar alguém. Não o jovem, mas Denise e Carmem.
Mônica: Desde que saiu, aquele cara não falou nada com a gente!
Magali: Nem ao menos disse bom dia e ainda acabou com a reputação do Professor Licurgo!
Mônica: Pelo menos não pode ter coisa pior que...
BASH! (esbarra)
Mônica: Isso?
Denise: Quer sair de perto? Ou será que os seus dentões rebateram a luz daqui para me cegar e esbarrar em você?
Mônica: Eu passei da idade de ser xingada, não me enche mais o saco!
Carmem: Desculpe! Mas é que estávamos falando sobre o novo aluno! A gente até não esquece o que ele fez hoje! E detonou até as que babam pelo Professor Rubens, como certas pessoas! (olhando para Magali de forma mortal)
Magali: Opa! O que quer dizer com isso?
Carmem: Mas não quer dizer que ele seja casca-grossa! Ele até fala com algumas pessoas! Bem poucas, mas conhece!
Denise: Quem diria que ele abriu o coração ao Luca e à Dora!
Magali: Mas por que ele não fala com a gente e ainda bateu no Xaveco?
Denise: Não é óbvio? Xaveco é um bobão e vocês meras rejeitadas por ele e se tentarem cantá-lo, ele vai destacar apenas seus defeitos!
Carmem: Os psicológicos para valar a verdade!
Mônica: Está dizendo que...
Magali: (segurando Mônica) Vamos com calma Mônica. Quem sabe a gente o visite mais tarde e conhecê-lo melhor!
Dia seguinte, Dora e Luca, alguns dos poucos que Daniel conhece, falam sobre o que ele sente realmente.
Dora: Sentindo os passos dele, ele não me parece feliz em vir para cá!
Luca: Não mesmo! Ele passou batido por nós ainda hoje!
Dora: Às vezes é pressa em chegar na aula, ou não tem vontade, mas eu entendo ele!
Luca: Ele até me falou para não usar essa cadeira onde estou. Por quê?
Dora: Uma perguntinha básica a você Luca. Quem seria burro o bastante para criar invenções que quase nunca dão certo?
Luca: O Franja? Já era de se esperar! (segue para a sala de aula) Se o vir, diga que a professora Ana Paula quer falar com ele!
Dora: Eu não vejo! Eu sinto a presença dele ou ouço sua voz! Mas passo o recado!
Luca: Então tudo bem!
Passa-se o tempo...
Mônica: Vamos ver o que conseguimos falando com ele!
Magali: Estou com maus pressentimentos! Ele ainda detonou a ex-turma do bermudão! E se não estiver em paz, ele faz coisa pior!
Mônica: Quem não arrisca, não petisca Magali! Vamos tentar isso até o fio da meada! (se aproxima de Daniel) Er... Oi!
Daniel: Fui! (saindo)
Mônica: Espera! Em nos falamos direito e você sai? Que tipo de pessoa é você?
Daniel: O tipo que não vai fazer amizades com as pessoas erradas!
Magali: Calma! Não somos gente que...
Daniel: Uma ainda têm o estômago do tamanho do mundo e a outra resolve tudo no braço! Com licença!
Magali: Está com medo da gente?
Mônica: Fala logo!
Daniel: Não é medo! Apenas evito pessoas como vocês que sempre causam problemas aos outros! (segue para o portão) E outra coisa, porque o namorado de um de vocês foi o último a chegar no aquecimento do treino de futebol?
Mônica: Ih! Ele não quer mesmo falar com a gente! Mas vamos até o fim conversar com ele. Mesmo que seja na casa dele!
Magali: Eu volto a dizer, estou com maus pressentimentos!
Daniel: Outra coisa, abridora de lata... Pensa que eu esqueci da sua arma de destruição em massa? Você sempre pede a mesma coisa todo ano!
Mônica: (irritada) Ele vai se ver...
Magali: Se acalma! Ou vai piorar!
Na aula do laboratório de química...
Franja: Não vai conseguir assim! Dá aqui que eu te ajudo!
Daniel: Como as máquinas do tempo que você inventa e falham? Nem morto!
Franja: É sério, deixa eu ajudar!
Daniel: Devia ganhar o Guinness Book de pior cientista do mundo, agora me deixa...
Marina: Calma! Espera rapaz, por que não deixa a gente ajudar?
Daniel: Eu estou ótimo melhor sem seu namorado!
Marina: Mas ele é gente boa, vai, dá uma chance!
PING! BOOM! (Franja pinga uma gota na solução que explode)
Marina: Espera! Não vai não! (Daniel sai e se solta de Marina)
Franja: O que eu fiz?
Daniel: Eu disse para não se intrometer seu cientista de quinta!
Marina: ninguém fala assim do meu namorado não!
Daniel: Por que não fui eu que caí nas artimanhas dele como bancar o tritão ou ficar sozinho com a ajuda dos outros encolhendo! Agora é o seguinte sua artista primária, eu acho bom que não me encoste um dedo. Caso contrário, vai se arrepender!
Franja: Mas íamos mesmo tentar se aproximar de você!
A aula acaba e Ana Paula chama Daniel para a coordenação.
(Ana Paula e Daniel entram)
Ana Paula: Daniel, você é um ótimo aluno, mas tem agido de forma hostil com os outros, o que houve?
Daniel: Ai Ana... Eu praticamente me senti mal depois de ver certos conhecidos aqui! Então quando os vejo, sinto vontade de sumir do mapa ou pior...
Ana Paula: Tempos ruins, eu entendo. Mas isso não é novidade. A turma mudou muito desde que estudaram aqui. Dá uma chance a eles!
Daniel: Qualquer um menos aqueles!
Ana Paula: A maioria, você quis dizer. Olha eu sei que isso acontece, mas não é culpa deles de você passar por isso! Mas me conte o que se passa e talvez eu te ajude!
Daniel: Valeu a intenção, mas não estou com cabeça para isso!
Ana Paula: Mas pense no que eu te disse!
Daniel: Vou tentar!
Continua...
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