Enquanto eu caminho pelas folhas secas

O vento bate em meus cabelos

Tentando inutilmente levá-los

Mas algo maior os faz irem

Caindo aos poucos

Como as folhas no outono.

Mas será um eterno outono

Pois na primavera ele continuara caindo, caindo

E eu tentarei me erguer

Sabendo que isso será muito complicado.

Eu caminho em direção a um prédio

Dentro desse prédio há uma sala.

A minha tortura particular.

As sessões acabam comigo

Deixando-me cada vez mais desiludida.

E a cada vez mais perto da terra.

Muitos perguntam o que acontece

Mas eu insisto em dizer apenas nada

Enquanto o meu coração chora

Com desejo de dizer

Sim, eu estou doente, eu preciso de alguém.

Mas esse alguém um dia se fora

Deixando-me só

Deixando-me apodrecer na solidão.

Muitos me chamarão de coitada,

Ou falarão que era nova de mais.

Nova de mais para morrer.

Nova de mais para sofrer.

Serei nova demais para viver.

Eu não viverei mais,

Isso era pra acontecer.

Você se acostuma com o que ganha

Acostuma-se com os dentes podres

Do seu alazão ganhado.

Muitos o acham bonito

Mas ninguém até agora viu os seus dentes.

Eu não os vi, mas senti.

São as pequenas células más

Que acabam de estragar a minha vida.

São essas pequenas células más

Que destroem os meus planos.