Houve, certa vez, um grande encontro entre algumas das almas mais perversas deste mundo. Muitos fatos estranhos têm acontecido desde então. Na reunião, os assuntos abordados eram de extrema importância para a maldade daqueles homens. Um desses assuntos era a possibilidade de conquistarem o poder absoluto através de um acordo com o pai de todas as maldades. O próprio Lúcifer.

     - Como o chamaremos, irmãos? Todos sabemos que o preço por tanto poder é demasiado caro.

     - Simples. Faremos como era no início. Mataremos um anjo.

     - Não será uma tarefa fácil, irmão.

     - Nunca disse que seria. Mas precisamos fazê-lo.

       Então, ao final da estação, reuniram-se novamente para dar cabo à tarefa. Iniciaram o ritual guiando-se por livros mais antigos que a própria humanidade.

     - Pela chama que rege a ira dos homens. Pela esfera negra da desgraça. Convoco a luz para a escuridão!

     Entre os homens, então, surgiu um lindo anjo de cabelos dourados, transpirando o odor de toda a inocência.

     - Oh, bons homens! Vocês me chamaram e venho para ajudar-vos! – disse o lindo anjo.

     - Sim, de fato, nos ajudará. Com certeza.

     Então, os homens aprisionaram o anjo e durante sete dias o anjo sofreu nas mãos daquelas almas perdidas. Foi espancado, estuprado, humilhado, suas asas foram cortadas e no fim do sétimo dia, o mataram.

     Os homens encheram taças com seu sangue divino e ofereceram ao senhor das trevas.

     Lúcifer, ouvindo àquele clamor, surgiu em meio à escuridão e à fumaça.

     - Sim, almas perdidas! Vocês me chamaram e venho para devorar-lhes a consciência!

     - Oh, lorde dos vastos campos! Te pedimos o maior dos poderes. Aquele que, de fato, não cabe aos mortais.

     - Então, meus perversos filhos, dar-lhes-ei! O maior dos poderes. Permitirei que sintam a dor que provocam aos teus inimigos. Isto é o poder maior. Aquele que não cabe aos mortais.

     Enquanto Lúcifer sumia novamente, os homens passaram a sentir toda a dor e desespero do anjo que mataram, assim como a de todos os seus sacrifícios anteriores.

     Durante sete dias, ouviam-se os gritos de terror de todos aqueles pobres homens. E, no final do sétimo dia estavam todos mortos.