The Boy Is Mine escrita por Caderno Azul


Capítulo 2
Conversas Fascinantes


Notas iniciais do capítulo

Obrigada àqueles que comentaram!



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 03 de setembro,terça


 22:37




 Ontem o dia foi muito corrido e nem deu pra eu escrever. Não que seja algo que valha a pena ser falado, mas como esse supostamente é meu diário, sinto que tenho a obrigação moral de contar minha triste trajetória. 


 Como qualquer primeiro dia de ano letivo, as pessoas andavam pelos corredores parecendo calmas e tranquilas e tinham a impressão de que iam fazer tudo que não fizeram nos anos anteriores. Meu irmão, por exemplo, agora está com a ambição de fazer todos os deveres e não copiar nenhum de Hermione. Juro que não entendo porque as pessoas fazem isso no primeiro dia. Se você não conseguiu nesses anos, por que vai tentar agora? Geralmente essa euforia só dura as primeiras semanas e daí todos voltam a viver como sempre sem nenhum peso na consciência.


 Quando me sentei no café da manhã mal dei bom dia ao pessoal que Lilá começou a puxar conversa. Vou te contar, não sei o que deu nessa garota que nunca foi de falar muito comigo, mas agora parece me tratar como se fóssemos melhores amigas. Só bastou um olhar para descobrir da onde vinha tanta boa vontade dela, olhava para Rony como se ele fosse um novo sapato que ela precisava ter. Seu interesse em entrar na família era meu ingresso para sua amizade. Que animador.


 -Gina, olha quem vêm aí - Parvati avisou empolgada, me virei e dei de cara com um Ernesto Mcmillan sorridente ao lado de seu amigo,Terêncio que por sua vez, se dirigia à sua acompanhante.


 -Oi - foi a única coisa que consegui produzir. Francamente, eles não deviam dar um aviso prévio antes de aparecerem assim?


 - Ei - ele cumprimentou de um jeito nervoso e fofo. Era estranho ser convidada para sair por alguém que mal tinha visto a sua cara durante as férias, mas ainda assim, eu não estava reclamando. - Ficou sabendo sobre o meu convite? - ele perguntou alheio ao meu desconforto com aquela situação e até sentou ao meu lado. 


 Não quero ser chata, nada tenho contra garotos como Ernesto, mas há algo estranhamente suspeito com aquele cabelo certinho de sempre. E quem é que chega numa pessoa assim? Cadê o frio na barriga, cadê a espera, cadê a dificuldade?


 -Sobre o encontro em conjunto? -perguntei fazendo muita força pra não enfatizar o "em conjunto". 


 -É, a ideia é essa. Mas se você quiser ficar mais à vontade... - nessa hora quase olhei para o céu para agradecer a Merlin que não tivesse bebendo nada porque se tivese,o conteúdo todo ia parar na cara dele e isso certamente estragaria os meus planos para o encontro. - Não que eu queira apressar as coisas, não me entenda mal. Agora, se quiser um pouco mais de privacidade..

  Por favor, não tenta consertar. Você já conseguiu estragar o clima. Não arruine meu apetite também.


 -Não, encontro em conjunto parece ótimo! Marcado. -interrompi antes que pudesse refletir o que ele queria dizer com privacidade. Realmente, a reflexão não era necessária. Ainda bem que Rony não estava ouvindo.


 -Então, isso quer dizer que você aceita ir comigo? - Ernesto voltou a falar e me perguntei se ele tinha alguma problema cognitivo de atenção. Sem querer ser mal educada, apenas sorri e concordei com a cabeça. 

  Nessa hora, eu só ouço uma voz de vaca atrás de mim. Isso é, se vacas falassem. 


  -Harry, que saudades!  -disse Cho Chang surgindo em todo seu um metro e setenta e cascata negra de cabelos, se é que você curte esse tipo de coisa. Ela agarrou o garoto como uma bóia no meio do Titanic. - Soube que vamos sair juntos, como nos velhos tempos!


 Não ouvi a resposta dele, estava mais interessada em absorver a cena sem deixar que Ernesto percebesse. É claro que com toda a sagacidade do rapaz, essa não era uma tarefa difícil. 


 Harry a abraçou de volta e Cho resolveu sentar ao seu lado para botar a conversa em dia. Seleção de casas para que afinal? Para que se importar com uma tradição de centenas de anos atrás e seus fundadores? Vamos simplesmente sentar onde quisermos! Eu mesma já estou achando uma boa pegar minha torrada e sentar na Sonserina para um pouco de paz. 


  -Mas então, já tem idéia para onde ir? - era Ernesto falando de novo. Droga, quase esqueci que ele ainda estava ali. 

  Uma crise aguda de risos da parte de Chang quase me tirou atenção da situação, mas mantive foco. Era melhor sair dali antes que fizesse merda.

  -Ainda não sei, acho que temos que falar com o pessoal, entrar num consenso e decidir - respondi mantendo meu rosto neutro. 

  -Que bonitinho. Até suas respostas são grifinórias. - Ernesto comentou olhando para mim como se eu fosse a pessoa mais adorável do mundo. Foi bom ter alguém te olhando assim. Ainda bem que ele não conseguia decifrar meu interior.

  Dei um risinho, apenas para descontrair e ocupar espaço inútil naquela conversa sem sentido algum.

  -Brigada - agradeci, minha educação vencendo a honestidade mais uma vez. Agarrei minha bolsa e pensei na primeira desculpa que me veio à cabeça. - Bem, eu tenho que dar uma passada na biblioteca antes da aula. Devolver uns livros que peguei nas férias.

  Ernesto franziu a testa. Parvati, que eu nem sabia que estava prestando atenção, ao invés de me ajudar, resolveu cavar minha cova.

  -Mas eu não sabia que podia pegar livros lá para o verão..

  Levantei antes que Hermione aparecesse e me desmentissem de vez. 

  

  -Pois é, que coisa! - falei rindo, mesmo que a graça tivesse com a cara enterrada debaixo da mesa. Em breve minha cara de pau se juntaria a ela. - É melhor eu correr então - Voltei-me para Ernesto e ignorando sua expressão de cachorro abandonado pelo caminhão de mudança, emendei em tom leve. - Legal conversar com você. A gente se vê!

  E antes que alguém pudesse me arrastar pelas vestes de volta, saí andando, não antes contudo, de ter um vislumbre aterrador do mais novo casal feliz. Minha mente estava em transe. "Comentário grifinório"? "Legal conversar com você"?  A torrada se sacudiu em meu estômago. Harry e Cho se agarrando na minha frente. Eu fudendo todas as minhas chances de sair com alguém. Amizades por conveniência.

  Quem não ama primeiros dias? 


  Depois de sobreviver ao café da manhã e forjar a visita à biblioteca, pude passar meu dia pensando em como pessoas são estranhas. Isso e assistindo aulas. Luna, nunca uma garota romântica, não desgrudava de Neville, o motivo da gente não ter se visto no trem. Aquela oriental conseguiu ficar com o Harry só chorando, ao invés de lhe oferecer um lenço, ele a beijou. E Hermione! A garota mais inteligente de Hogwarts desfila agora com Simas pra lá e pra cá sempre parecendo se acabar de rir de algo que ele falou. Tratando-se de Simas, não pode ser nada muito genial. Será que esse jogo de amor deixa as pessoas idiotas? 


  Pelo menos eles parecem felizes. Ainda assim, algo me diz que nada disso é amor. Pode me chamar de sonhadora, mas sempre achei que amor fosse muito mais sobre o que se faz no privado que no público. Rir e se agarrar no meio das pessoas pode ser divertido, porém também fazer só isso soa vazio. Fora que os melhores casais que já vi não precisavam de nada disso. Um olhar e eles se entediam. 

  Teve uma vez que olhei para o Harry e enxerguei tanto lá dentro. Quanta coisa que ele trancou para si. O peso do mundo nas costas e manter o sorriso no rosto. Ele é forte, eu posso ver isso, mas ás vezes acho que ele se esforça demais para parecer mais forte do que realmente é. E se a Cho entender ou ao menos se importar com metade disso, então retiro tudo que já falei dela.


 Mudando um pouco de assunto, andar com Lilá e Parvati é quase uma expedição em um novo mundo. Não, não é o feminino. Desse já faço parte, obrigada. Trata-se do mundo de futilidade, onde para tudo e todos existem regras, rótulos e barreiras intransitáveis.

  -Percebi o que estava tentando fazer com o Ernesto - falou Parvati casualmente enquanto se servia de sopa no jantar. Consegui desviar delas no almoço, à noite não tive tanta sorte.

  -Ah, é? -  me fiz de desentendida com a melhor cara de sonsa. Era agora que eu seria descoberta.

  

  -Achei maravilhoso!  - comentou Lilá batendo palmas - Parvati me contou como estava fazendo aquele esquema do gelo. 

  -Esquema do gelo? - agora eu estava confusa. Mas pelo menos, não havia sido pega.

  -Você sabe, sendo fria no início para ele ter que lutar por você - replicou Parvati revirando os olhos pela essência óbvia da questão. - Só que eu tenho que alertar, Gina, você exagerou um pouco na dose hoje de manhã. Tinha que ver a cara do coitado quando saiu daqui. 

  Tenho certeza que vai sobreviver. Como não queria dar uma resposta tão sem coração, só sacudi os ombros.


  -Decidiu o que vestir? -perguntou Lilá mudando o foco num raro momento de compaixão. 


 -Não, eu vejo no dia, vai depender do meu humor -respondi tentando comer, tarefa impossível no meio daquele interrogatório.


  -Mas isso é tão primitivo! E se você tiver deprimida, vai de preto? -Lilá se espantou cruzando os braços.


  -Provavelmente.


  -Não pode fazer isso consigo mesma - retrucou Parvati. - Esse é um caso típico de auto-sabotagem. É um hábito imperdoável que as mulheres fazem.


  -Se é tão comum como pode ser imperdoável? - perguntei preferindo um injeção na testa a continuar aquela conversa.


  -Por um universo de razões. Primeiro, -Parvati ergueu um dedo com sua unha afiada - porque vai ofender o Ernesto. No encontro você se veste como se fosse para um enterro? Vai parecer que você não quer sair com ele.


  Só parecer? Elas estão quase lá.


   -Segundo, - agora quem falava era Lilá - preto não combina com o seu tom de pele ou de cabelo. Vai parecer um cadáver.


   -Ah, muita obrigada pela parte que me toca.


   -Desculpa Gina, mas Lilá tem razão, você podia ir de vermelho. E antes que eu me esqueça, olha a temperatura. Preto esquenta e vai fazer calor.


 -Como você sabe disso? -perguntei cética erguendo a sobrancelha. - Qual é, você acabou de inventar isso.


 -Não inventei! - exclamou Parvati rindo - Estamos no início de setembro, esqueceu?

  Primeira fala decente do dia. Tinha que dar esse crédito à ela. Pena que eu não estava nem um pouco interessada. 

  Tirando as visitas nada bem vindas da Cho na nossa mesa em todas refeições - agora ela quer mudar de Casa também? - para ver o Harry, o dia de hoje passou sem maiores problemas. Ernesto também não deu as caras. Parvati e Lilá não gastaram muito minha paciência. Ainda bem, já bastava a quantidade absurda de dever que os professores passaram logo nos primeiros dias. Bastardos.

  Acho melhor dormir antes que minhas colegas de quarto cumpram a ameaça de a roubar o meu diário e colocar na mesa do Snape antes da aula. Duvido que elas consigam, até porque enfeiticei esse caderno para que só eu o entendesse, mas melhor não contrariar. Vai que o Snape conhece o tal feitiço? 


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Notas finais do capítulo

N/A: Segundo capítulo reescrito!  Cortei algumas partes, mudei várias. Que vergonha nada alheia ao ler certas linhas daqui, que já aboli. O capítulo é apenas uma entrada na rotina da Gina, alguns personagens e certas situações que já servem para revelar um pouquinho da personalidade dela. Gina é bem irônica e pessimista mesmo, tá contrastando legal com todas as outras que criei. A de Síndrome de Estocolmo então, coitada, deve estar de revirando de ódio. Como reescrever - acabei de perceber - é uma tarefa bizarramente cansativa - vou ter que deixar o terceiro capítulo para o próximo. 

Aliás, quem for Dramione e estiver passando por aqui, uma dica: Cidade das Pedras. Leia, é uma fic maravilhosa. Você vai ficar viciado! 

Beijão!



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