POV Silena

Depois que saímos do restaurante, eu ainda estava chocadérrima — se é que isso existe — Eu e Nico namoramos um pouco, e o mesmo decidiu me levar em casa. Eu nunca fiquei tão feliz em ser corajosa. Quer dizer, quando Nico me pediu em namoro... Bom... Eu contei pra minha mãe ao contrário do meu pai que não sabe de absolutamente nada. Nico estacionou em frente à minha casa e eu fitei aquela mansão durante uns 10 segundos. Suspirei e me virei.

— Tenho que ir.

— Por quê? — ele perguntou, visivelmente triste.

— Porque se eu não ir agora, meu pai, provavelmente, vai ligar pra polícia. — olhei o relógio e vi o horário. Suspirei, de novo.

— Te vejo amanhã? — perguntou.

— Depende.

— Do quê?

— Se eu vou sobreviver até lá. — isso não é mentira, nem manha. É verdade. Se meu pai não me botar de castigo até eu querer fugir de casa...

— Por quê? 

— Porque se o meu pai está acordado esse horário... Eu estou ferrada. — vejo que ele vai abrir a boca de novo e soltar um “Por quê” e me explico logo — Já são mais de meia noite, Nico. Agora eu tenho que ir. — falei, notando que está ficando cada vez mais tarde. Saio do carro e fico apenas segurando a porta para me despedir.

— Não está esquecendo nada não? — ele perguntou. Observei a poltrona.

— Não, eu tenho certeza que só estou com a... — olhei seu rosto e logo entendi. Solto um “Ah” de idiotice e lhe dou um selinho. — Agora eu tenho que ir. De verdade. — disse, com olhos fechados. E logo abro os mesmos.

— Eu sei. — ele sussurrou e arrancou com o carro. A última coisa que vi é um borrão preto.

Caminho lentamente até os degraus. As luzes estavam desligadas. Pensei duas vezes antes de entrar. Se Nicole está acordada, com o novo namorado dele, e me ver entrando... Vai acordar minha mãe, que vai acordar o meu pai que vai começar a me interrogar. Só pra você ter imaginação de como a minha irmã é uma “praguinha”, vou te contar. Imagine uma adolescente, de treze anos, que te irrita todos os dias da sua vida e quer acabar com a mesma. Imaginou? Agora, multiplique isso por mil vezes. Abri a bolsa, procurando a chave. Enfio a mesma na fechadura, sem o menor barulho e abro a porta lentamente. Antes de entrar, verifico o sofá para ver se minha irmãzinha está “namorando”, para não dizer “se amassando” com o namoradinho dela. A última coisa que preciso ver é isso. Assim que confirmei que ninguém está acordado, tirei o salto e subi a escada devagar. Completamente em silêncio. Passei pela porta branca com as letras pretas em negrito que formam o nome Nicole e entrei na que vem logo em seguida. Entrei no closet e joguei os saltos em qualquer lugar. Sei que a empregada vai arrumar mesmo. Pego meu pijama e vou tomar um banho rápido.

POV Annabeth

Meu despertador toca. Estou debaixo do edredom e sorrio com a lembrança de ontem. Procuro o objeto que me faz acordar todo dia infeliz na mesinha ao meu lado. Aperto o botão e o “objeto” que me faz infeliz pára de tocar. Levanto, sonolenta e não vejo nada. Quando eu digo nada é nada. Minha visão ainda está borrada. Vou até a porta da suíte – Ou acho que vou – e bato a testa na droga da parede.

– Ai. – Gemi bem baixinho. Entro no banheiro e faço minha higiene matinal (Inclusive banho). Coloco uma roupa qualquer, continuo com os brincos e o anel de ontem; vou até a estante, pego um bracelete e desço as escadas. Passo pela sala, onde vejo minha irmã vendo televisão – Bom dia. – Ouço ela murmurar um “Bom dia” e vou direto à cozinha. Acho na bancada um relógio branco, que acho que minha tia mandou da Califórnia e coloco no pulso. Levanto minha cabeça. – Bom dia, mãe. – Falo. – Pera aí. Mãe?

– Oi – Ela diz, indiferente.

– O que você tá fazendo aqui? Já é fim de semana? – Pergunto, sem dar o mínimo se ela notar a minha surpresa.

– Não. – Ela ri – É que eu achei melhor tirar um dia de folga. Algum problema?

– Não. É que eu só... Me surpreendi. Muito. Mesmo. – Falo, dando pausas. – E o meu pai?

– Assumiu o meu cargo por hoje. – E ela continua indiferente. Ótimo. Essa família vai me deixar LOUCA. Escutou? LOUCA. – Quer café?

– Tá legal... – Falo, quase sem voz. – Não. Só quero um suco mesmo. – Pego a garrafa de suco e entorno em um copo de vidro. Bebo imediatamente. – Vou na casa da Thalia – Anuncio. Pego meu celular, boto no bolso e enfio os fones no ouvido. E está tocando... Se você disse The Only Exception; do Paramore, acertou. Saio de casa e aprecio o sol forte. O céu azul e os pássaros cantando. Sabe... Ás vezes acho que o tempo muda de acordo com o meu humor. – Thalia. – Murmuro para mim mesma. Ando até a sua casa. Toco a campainha e a pequena Sophia atende.

– Loi Annie. – A fofinha disse.

– Oi lindinha. A sua irmã tá aí? – Pergunto. Thalia diz que ela é uma peste, mas... Pelo meu ponto de vista é um anjinho.

– Elha tá lá em xima. No quato. – Como uma menininha de 1 ano e pouco pode ser tão fofa?

– Ela está acordada? – Ela assente. – Como você conseguiu abrir a porta? – Pergunto. Acredite, só me toquei agora.

– Minha mamãe abliu. – A porta abriu ainda mais e de lá vi a mãe de Thalia.

– Bom dia, Sra. Grace. – Digo, apesar de já conhecer a mãe dela como se ela fosse minha tia.

– Ah, Annabeth, pra que tanta formalidade? Parece até que a gente não se conhece. Veio ver a Thalia? – Confirmo com a cabeça. – Ela está lá em cima. Pode subir. – Passo por ela e subo as escadas. Procuro a porta com a letra T preta. Acho. Respiro fundo e abro.

– Thalia? – Chamo.

– Aqui. – Ela fala.

– O que rolou aqui? – Pergunto. Seu quarto está desarrumado e ela está jogada em cima da cama.

– Nada. – Ela vê meu olhar e fala: - Quer dizer, ontem... Digamos que eu tenha tido alguns transtornos com a porcaria da minha maquiagem preta. Eu que não vou arrumar. Minha mãe já pediu, mas... Do que adianta a gente ter uma empregada se ela não trabalha? – Bufei.

– Levanta daí.

– Pra quê? – Ela pergunta.

– Quero ir no shopping. Mesmo que eu não esteja pronta pra sair. Quem liga? Eu não me importo com a opinião de ninguém; mais... Me empresta o lápis de olho e um gloss?

– Você decidiu isso agora, né? – Thalia adivinha e começa a rir. – É claro que empresto.

– Talvez. – Puxo ela pela mão até a mesma levantar. – Iih... Nem trouxe dinheiro. Nem ligo. Não vou comprar nada. Só preciso daqueles brincos da Tiffany... – Senti meus olhos brilharem. Thalia suspirou e disse:

– Você nunca vai mudar, né? – Confirmo com a cabeça e digo:

– Pelo menos a Silena não vai. - Olha, não me leve a mal, por que se ela fosse... A gente ia ficar lá até 23:30.

– Toma. – Ela joga o estojo de maquiagem na minha direção e vai tomar banho. The Only Exception... Celular... Celular... Começo a correr que nem uma louca pelo quarto. Até que olho debaixo da cama e vejo uma pequena “caixinha” retangular, fina e roxa. Até que me dou conta. The Only Ex..

– Alô?

– Annabeth? – Essa voz era de... Luke?

– É... É o Luke?

– Se não sou eu, é o meu irmão gêmeo morto. – Rio junto com ele. – Posso falar com a Thalia?

– Ela tá tomando banho agora. Quer deixar recado?

– Não. Só avisa que eu liguei e pede pra ela me ligar.

– OK.

– NÃO, ME DÁ ESSE... Alô. – Disse uma nova voz.

– Alô, de novo.

– Nossa, que tipo de garota é você? – Logo reconheci a voz.

– Percy? – Pergunto, ainda na dúvida.

– Dãa.

– O que você tá fazendo com o celular do... – Paro para olhar o identificador de chamadas – Nico?

– Nada.

– Espera, se o Luke ligou, o celular é do Nico e você tá falando... Onde vocês estão?

– Lugar de garotos. – Posso ouvir Luke e Nico rindo. Tomo fôlego, como se estivesse com raiva e digo:

– Percy Jackson, se você dá algum valor á sua vida, tire esse celular do viva-voz. Agora.

– Pronto.

– O que vocês querem com a Thalia?

– Eu não quero nada com a Thalia. E imagino que o Nico também não. Quer dizer, eu liguei pro seu celular mais ninguém atendeu, o Nico tentou ligar pro da Silena, ela não atendeu e agora... O Luke tenta falar com a namorada dele. Aliás, porque a demora pra atender?

– Nem tente saber. – Digo brincando, mas falando sério. – Agora, sério, onde vocês estão? – Thalia saí do banheiro com um roupão preto. E movimenta os lábios, formando as palavras:

– Quem é?

– Luke. – Sussurro. Para que ambos possam ouvir. Entrego o celular à ela e vou passar a maquiagem. Deito na sua cama e espero. Uns 5min depois, uma Thalia feliz chega e fala:

– Os meninos querem nos levar na praia. – Bufei.

– Eu mereço. Agora que eu to pronta pra ir no shopping, tenho que me arrumar pra ir na praia.

– Pelo menos você tem a sua gaveta aqui. – Ela cantarola e aponta para uma gaveta com um A.

– Nossa, nem me lembrava dela. – Me levanto e abro a gaveta. Dentro da mesma tem sapatos, bolsas, blusas, biquínis, shorts, calças, maquiagem e até dinheiro... Tudo e um pouco mais. – Legal. Muito legal. – Murmuro. Coloco um biquíni preto e por cima, a mesma roupa que vim até aqui. – Você acha que eu devo levar bolsa? – Thalia nega com a cabeça.

– Eu não vou levar nada. Se eles quiserem, me dêem dinheiro e eu compro.

– Também vou fazer isso. – Digo brincando. Pego meu celular no bolso e leio: 4 chamadas perdidas. Droga. Mando uma mensagem ao meu namorado: Venha me buscar na casa da Thalia. Depois de uns 10 minutos chega uma mensagem no celular: Olhe pelo vidro. Te amo. – Thalia. – Chamo.

– Hãan? – Nem reparei, a coitada tava dormindo. Entrego o celular á ela e me dirijo à janela. De lá, vejo um carro prata com três garotos e uma garota. Mas o que me chama a atenção é o de olhos verdes e cabelos rebeldes, encostado no carro e rindo. – Vem. – Sinto uma mão me puxando e descemos as escadas correndo. Thalia grita:

– Mãe, vamos á praia. Não me espere. – Rio com essa frase.