Innocence escrita por Anna, Thalia_Chase, bibi_di_angelo


Capítulo 45
Capítulo 45 - Horrores




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            POV Annabeth

            Prendi um pouco meu cabelo em um coque desajeitado. Tinha malas para arrumar. Fiquei horas e horas em frente ao armário, escolhendo. Optei por uma metade de roupa de frio, e a outra de calor. Como eu não sabia quantos graus faziam em Londres àquela época do ano, achei melhor não me arriscar muito.

            Eu tinha cinco dias. E estaria pegando um avião. O melhor de tudo isso é que os meninos também iriam para lá.

            Depois de arrumar minhas malas, deixei-as perto da porta e me deitei na cama. Estava tão cansada que peguei no sono.

            - Annabeth! Annabeth! Annabeth! – alguém me sacudia violentamente. Tive impressão que dormira por um longo tempo.

            Abri os olhos preguiçosamente e Taylor me encarava.

            - Que é? – resmunguei, sonolenta.

            - Menina, achei que você estivesse morta! – repreendeu-me. – Mamãe e papai chegaram.

            Arregalei os olhos e caí da cama.

            - Assim eu morro mesmo! – reclamei, vendo que ela não me ajudaria a levantar. Fiz isso sozinha e arrumei o cabelo. Não estava tão arrumadinho, mas pelo menos não estava parecendo a Bruxa de 71.

            Calcei um tênis qualquer e desci correndo. Amava muito meus pais – meu padrasto também. –, mas eles passavam muito tempo viajando. Essa era uma característica que eu simplesmente odiava no trabalho deles. Eu sabia que rendia muito dinheiro, mas... Era complicado.

            - Mãe! – gritei quando a vi de braços abertos e um sorriso estampado no rosto. Abracei-a fortemente.

            - Annabeth Chase, você... Vai... Me... Matar... Sem... Ar. – tentou dizer, sufocada. Corei e percebi que estava abraçando um pouquinho forte demais.

            - Desculpe. – pedi, então me virei para meu padrasto e o abracei. Eu o adorava, isso era óbvio, mas ninguém no mundo poderia substituir meu pai – que à essa altura do campeonato deveria estar em casa, com sua família idiota.

            - Desculpem a demora. – mamãe desculpou-se, enquanto eu sentava no primeiro degrau da escada. – É que o voo atrasou, ficamos presos no aeroporto e vocês já entenderam isso e... – minha mãe parava de falar enquanto me analisava cuidadosamente. – Annie, tirou o gesso?!

            - Na verdade... – sorri timidamente. – Sim.

            - Foi sozinha? – olhou-me, a testa franzida de reprovação.

            - Não. Eu a levei. – Taylor se meteu no meio da conversa. Tive a impressão de que ela não iria comentar nosso pequeno encontro na frente da casa de seu namorado. Eu não entendia por que eles ainda não haviam se casado. Quer dizer, ela vivia mais na casa dele do que na nossa. E eu queria logo um sobrinho.

            - Acho ótimo que você esteja cuidando de sua irmã, Taylor. – parabenizou mamãe.

            Revirei os olhos. Como se quem cuidasse de quem na história fosse a Taylor, pensei.

             - Ah... – minha mãe pigarreou.

            Ah. Droga. Sempre que minha mãe pigarra, é que meu padrasto tem que sair do ambiente em que estamos. E para que isso aconteça, é porque ela tem que falar algo muito sério comigo e Taylor.

            Ele assentiu suavemente e saiu da sala.

            - Meninas... – ela olhou para baixo.

            Taylor e eu nos entreolhamos.

            - Sentem-se. – pediu. Sentei-me no sofá. E Taylor fez o mesmo, ao meu lado. – Durante esses dias, que estive fora, o pai de vocês me ligou. Ele queria se aproximar mais de vocês. Ele... – franzi a testa ao notar que rumo essa conversa tomaria. – Ele quer que vocês passem um ano com ele em São Francisco.

            - Um... – minha voz falhou. – Um ano?

            - É. Depois do verão.

            - Na casa dele?! – eu e Taylor perguntamos em uníssono.

            - Sim.

            - E você vai deixar?! – perguntei. Por mais que gostasse dele, não poderia deixar minha vida para trás daquela maneira.

            - Queridas, eu vou deixar, mas é claro que não quero. Vocês são as minhas menininhas. – respondeu, carinhosa. – Mas seria uma ótima forma de vocês se aproximarem. Não quero que não tenham nenhum tipo de contato com seu pai.

            - Não posso. – eu disse, acompanhada de minha irmã.

            - Olha, ele vai ligar daqui a alguns dias. E vocês falem com ele. – disse.

            - Mas... – tentei falar.

            - Sem mas. – cortou meu protesto frase e saiu andando.

            POV Thalia

            Terminei de arrumar minhas malas e sentei-me na cama. O celular estava carregado, tinha roupas nas bolsas, os carregadores estavam todos guardados, meus calçados em sacos plásticos dentro das malas. Estava tudo pronto. Faltava apenas o avião.

            Botei uma roupa qualquer, calcei meu inseparável All Star e saí. Precisava respirar ar fresco. Estava um pouco confusa por não ser mais virgem, porém feliz por não ser mais virgem. Quer dizer, essa parte da felicidade era só porque ele havia tirado minha virgindade.

            Mas eu não queria pensar nesse assunto de “garotos”. Então, fiquei caminhando pelo meu quarteirão durante minutos. Na verdade, foram horas. Mas não ficava cansada. Bufei de frustração e chequei meu bolso. Tinha só R$25,90 e alguns papéis de bala/chiclete/sei lá o quê.

            Quase tive um mini-ataque-de-pânico ao constatar que meu celular não estava no bolso. Mas então conferi o outro e o achei.

            Peguei um ônibus até o Central Park e, ao chegar lá, sentei no banco branco no meio do parque. Quando eu era pequena, minha mãe era acostumada à me levar sempre lá, mas quando se separou de meu pai, tornou-se uma pessoa totalmente diferente do que era.

            Bem, papai e mamãe haviam se divorciado alguns anos antes. Ele meio que a havia traído com uma mulher, tipo assim, noventa anos – sarcasmo, valeu, galera? – mais nova. Eu já andava um pouco desconfiada que ele estava um pouco estranho naquela época, e tentei conversar. Mas me ignorou totalmente e afirmou que tava legal.

            Dias depois, eu tinha acabado de chegar da escola, minha mãe estava trabalhando, então ele entrou em casa. Então simplesmente... Disse. Fiquei terrivelmente triste, solitária. Tive uma enorme vontade de contar à mamãe. E foi o que fiz.

            Eles ficaram dias e noites brigando. Noites e dias. Dias e noites. Ele dormia no sofá, e ela na cama. Sophia ainda não havia nascido, graças a Deus. Mas então chegou um dia em que ela falou: Chega, não dá mais. Quero você fora dessa casa.

            Eu só fiquei sabendo disso depois de dois dias, e eles continuavam brigando. Eu matava aula, e eles continuavam brigando.

            Então, chegou um dia qualquer eu estava sozinha no meu quarto, tentando ligar para o meu namorado – daquela época – quando ele entrou pela porta. Ficamos conversando por um longo tempo; e ele disse que talvez fosse a melhor escolha. Não seria a sua opção, mas era a única coisa a fazer naquele momento.

            - Você vai embora? – eu perguntara.

            - Sim, querida, talvez seja melhor assim. Não é o que eu escolheria para a nossa família, mas...

            - Mas é mais fácil pular fora do que seguir em frente, batalhando pelo que quer, não é? – eu o interrompera e, logo em seguida, saíra do quarto, pegando minha mochila.

            Pelo que soube, mamãe não o queria em casa, e ele se recusava a ir embora. Então, ela foi. Por mais que amasse meu pai, não podia viver sem a mamãe. E daí, eles se encontraram no tribunal, se divorciaram e minha mãe ficou com minha guarda.

            Sophia não é minha irmã, minha irmãaaa, ela é filha de mamãe com seu namorado. O que é totalmente estranho. Às vezes ele dorme lá em casa, às vezes não. Achei que, mais um pouco, e eles estariam casados. Era o que ela            queria, era o que ela precisava.

            Eu os amava. E, por mais que ele nunca fosse virar meu pai de verdade, eu o amava; não havia dúvidas disso.

            Meu celular tocou loucamente – e vibrou –, fazendo-me pular do banco, Era a nova música da Avril Lavigne, Smile. Eu não acreditava que Silena fosse tão maluca a ponto de pintar o cabelo de rosa e verde. Ela precisava de tratamento. Mas ficara simplesmente maravilhoso.

            Atendi o celular e era minha mãe, pedindo-me para voltar antes do anoitecer. Olhei ao meu redor e fiquei surpresa ao confirmar que já deviam ser 18hrs.

            Peguei outro ônibus para voltar, e adivinha? Estava engarrafado. Fiquei lá só ouvindo música, vegetando e esperando o maldito trânsito andar. Olhei meu celular e já eram 21hrs. Bufei, constrangida e dormi um pouco lá dentro.

            Acordei por causa de um quebra-molas. O homem que o fez, Deus o abençoe, tem o meu respeito. Estávamos quase chegando ao ponto em que eu iria saltar. Solicitei a parada, o esperei parar e desci.

            Passei as mãos nos braços bronzeados. Estava ficando frio. Não tinha praticamente ninguém na rua.

            Revirei os olhos.

            O deserto do Saara em Nova Iorque, pensei. Continuei caminhando até perceber que um cara estava me seguindo. Não devia passar dos trinta anos. Aparentava ter vinte e cinco, vinte e sete. Meu coração acelerou, mas eu continuei andando.

            - Ei, doçura, espere! – o ouvi gritar, mas ignorei.

            Senhor, me perdoe por todos os meus pecados. Me perdoe por ter reclamado da minha vida. Me perdoe por ter falado mal de certas pessoas. Me perdoe por ter debochado do meu namorado. Me perdoe por ser uma má adolescente, mas me proteja desse pedófilo! Tem compaixão da minha vida!, fiquei pensando, enquanto andava, ciente dos passos do cara atrás de mim.

            Não é meio tarde para rezar?, perguntou uma parte do meu cérebro.

            Não duvide da minha fé!, a outra parte respondeu.

            Parecia aquele negoço de diabinho e o anjinho que ficam em cima do seu ombro, te tentando.

            Não estou duvidando da sua fé, mas é que você está rezando tarde demais. Thalia, ande mais rápido. Caminhe rapidamente até, pelo menos, encontrar alguém. Ele não vai machucar você se tiver pessoas presentes. Mas tome cuidado, ele está bêbado, disse a voz da consciência.

            Pensei estar ficando louca.

            - Ei, linda, espera! – ele repetiu.

            Aumentei novamente o passo, mas de repente, havia um par de mãos cobrindo minha mãe, impedindo-me de gritar.

            - Eu mandei esperar. – disse uma voz rouca, masculina, com cheiro de álcool. Eu nunca tinha sido viciada, mas já havia provado cerveja. Era um gosto horrível. E, afinal, precisamos de uma pessoa para dirigir depois das festonas, não é?

            Mordi seus dedos com os dentes e tentei gritar enquanto ele gemia. Aproveitei que tirara a mão de meus lábios e berrei o máximo que pude.

            - SOCORRO! – estava paralisada. Eu simplesmente não conseguia me mover. Então enxerguei um vulto ao longe. Fora apenas um vulto, mas eu vira. Ele tinha tapado minha boca novamente.

            - Princesa, não fale alto. E não pode me morder. – sussurrou ele.

            Não tive coragem de respirar, ao menos encará-lo.

            - Ei, otário, por que não procura alguém do seu tamanho? – ouvi outra voz. Essa parecia mais jovem, era masculina.

            O pedófilo – não sei se realmente era um, mas não tive estômago, nem coragem, para olhá-lo. – me largou e tentou identificar o garoto a nossa frente.

            E não, não era Luke. Ele nem sabia onde eu estava. Era um pouco mais alto que eu. Tinha cabelos claros, loiros. Não pude identificar os olhos, pareciam ser verdes, estava escuro demais. Ele era magro, tinha tanquinho – era super lindo. –, a forma física bem parecida com a de Percy. Mas Annabeth não precisa saber desse comentário infeliz.

            - Seu babaca, por que não procura alguém do seu tamanho? – ele repetiu.

            Afastei-me delicadamente, aproveitando aquele momento de distração. Quando já estava longe o suficiente, corri. Corri tanto que achei que fosse cair. Mas não caí.

            Não pude ver o que aconteceu, mas mesmo assim me escondi atrás da parede de uma casa, praticamente hiperventilando.

            - Ei, tudo bem? – alguém perguntou. Dei um grito estridente e vi que era apenas o garoto.

            Bufei.

            - Tudo. Obrigada... – recuperei o fôlego. – Por aquilo lá atrás.

            - Não se preocupe. – disse, sorrindo. – Você não é a primeira. Mas nunca aconteceu nada, juro. – complementou, ao me ver arregalando os olhos.

            Retribuí o sorriso.

            - Desculpe. É que eu perdi a noção da hora e saí tarde do parque. – me expliquei. Não sabia o por quê de estar falando aquilo, mas meu estômago estava dando voltas. Parecia que estava praticando polichinelos.

            - A propósito, sou Daniel Danner. – esticou o braço para me cumprimentar. Apenas acenei com a cabeça.

            - Sou Thalia. Thalia Grace. – apresentei-me.


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