O tédio tomava conta da sala em mais uma aula de História da Magia, alguns alunos se perdiam em devaneios, outros cochilavam em cima dos livros e um ou dois prestava atenção na aula.

Rose Weasley era uma dos dois alunos que prestava atenção na aula o outro era seu primo Albus que a muito custo ficava com os olhos verdes grudados no professor que falava sem parar.

“Querido amor, você não gostaria de estar comigo?”

                                                             R. W.

Depois de uma hora de tédio, Rose escreveu em um pergaminho com sua letra caprichada, um pouco redonda e feminina. Estava louca para a aula acabar e foi tendo esse pensamento e rindo baixinho dele, que enfeitiçou o papel para que ele chegasse ao seu amado.

O pergaminho virou um pequeno aviãozinho e saiu da sala, ninguém percebeu, todos estavam em um estado semiconsciente e Albus estava muito concentrado no professor para notar algo que estava acontecendo em seu lado.

Rose dividia sua atenção entre assistir aula e esperar a resposta, sabia que Scorpius não estava tendo aula agora, por isso mandou a pergunta. Depois de dois minutos algo pousou em sua mesa, a garota pegou o aviãozinho ansiosa e o abriu. Com uma letra elegante, inclinada e fina lia-se:

“Muito. Você não sabe como eu estou me segurando para não ir ai e lhe arrancar da aula, para que você possa ficar comigo, só comigo”

  

                                                                                                     S. M.

A garota riu em silêncio da resposta, tornou a pegar a pena e a escrever.

“Querido amor, você não gostaria de ser livre para poder fazer isso à hora em que bem entender?”

                                                                                                 R. W.

De novo o aviãozinho saiu voando e mais uma vez ninguém percebeu, Rose olhou para o lado se perguntando como seu primo não notará a movimentação, foi quando percebeu que seu primo dormia, com o rosto apoiado na mão e que uma baba caia de sua boca aberta, riu da situação e voltou a pensar em Scorpius, há dois anos eles estavam juntos, claro que às vezes brigavam e se separavam, mas sabiam que se amavam, a única coisa que a deixava triste era que tudo isso era às escondidas, nem ao menos seu primo Albus sabia. Eles haviam decidido que seria assim, porque sabiam da aversão entre a família de ambos e sabiam que se contassem os pais iriam querer matar à eles, e Rose sabia que principalmente seu pai iria fazer uma tempestade em um copo d’água, por isso estavam esperando serem maiores de idade para poder assumir o namoro, para que ninguém pudesse interferir... Na verdade estavam esperando Rose fazer dezessete para poderem assumir o namoro já que Scorpius havia feito aniversário há algum tempo atrás.

O pergaminho voltou e com a mesma ansiedade ela abriu-o

“Claro que queria, mas você sabe o que nós combinamos”

                                       

                                                                        S. M.

Sim, ela sabia perfeitamente, mas queria tanto na hora do almoço comer ao seu lado, sentar em baixo de uma arvore em frente ao lago negro e ficar conversando com ele, fazer as lições de casa ao seu lado... Coisas simples, mas de muito importância para ela. Queria mais do que tudo poder mostrar as pessoas que eles se conheciam. Com essa frustração que ela escreveu.

“Não sei por quanto tempo vou conseguir continuar a fingir que não te conheço. E ficar sonhando em que uma doce noite você será meu”.

                                                                                                         R. W.

Rose corou levemente com sua segunda frase, não por causa de vergonha dele, isso não, já estavam juntos há dois anos e esse fora o tempo suficiente para se acostumar a não ter vergonha quando se esta por perto de Scorpius Malfoy ao contrário disso você morrerá de vergonha sempre. Ela estava é com vergonha de imaginar seu pai lendo isso, ai sim a coisa ficaria feia.

O bilhete voltou rápido, como se ele tivesse pressa em vê-la.

“Você terá que agüentar até o dia do seu aniversário. Quanto a noite, ela está mais perto do que você imagina”

                                                                                                     S. M.

A garota podia visualizar o sorriso malicioso de Scorpius mesmo estando longe dele.

- Então, Albus entendeu a aula? – Rose perguntou, se segurando para não rir, sabia que o primo tinha dormido no meio da explicação.

- Anh...Ah! Claro que sim – o garoto respondeu ligeiramente envergonhado e com os olhos arregalados.

- Que bom, assim não terei de emprestar minhas anotações para você, não é? – a garota provocava o primo só por diversão, apesar de não ter prestado muita atenção na aula sabia o que o professor explicará, pois já havia lido esse capítulo do livro há uma semana.

- Sei, só por garantia eu queria que você me emprestasse, só para dar uma revisão – o garoto tinha uma cara inocente – E outra, você sempre anota coisas crucias que eu nem reparo.

- Tudo bem ma... – a garota foi interrompida, uma coruja negra acabara de pousar a sua frente com um pequeno pergaminho na pata, Rose olhou para mesa da Sonserina e viu que Scorpius sorria para ela, ela assentiu e retirou o bilhete da coruja, a ave levantou vôo fazendo com que todos a olhassem por ser a única naquele momento.

"Me encontre na Sala Precisa às 20:00 hrs."

Agora eram seis e pouco, então Rose se permitiu continuar comendo.

- De quem é o bilhete? – Albus perguntou tentando ler o que estava escrito.

- De ninguém importante – a garota guardou o bilhete em seu bolso.

Continuaram a comer e a conversar despreocupadamente e quando Rose foi ver que horas eram já passavam das sete, a garota olhou para a mesa da Sonserina e não viu Scorpius lá, dando uma desculpa qualquer ela levantou-se e correu para o seu dormitório. Tomou um banho rápido e colocou uma calça e uma blusa branca, dando muito contraste com seus cabelos vermelhos e lisos.

Eram oito horas e dois minutos quando Rose entrou afobada na sala precisa.

- Desculpe o atraso, é que...- A garota parou de falar quando notará como a sala estava. No fundo da sala havia uma cama com a colcha verde e os lençóis prata. Havia uma pequena mesa, somente para duas pessoas no centro da sala, mas não havia comida nenhuma em cima da mesma, e ao olhar para o lado viu Scorpius se levantar de uma poltrona que na mesma hora desapareceu.

- Aqui está, sua tão esperada noite – Scorpius falou com um sorrisinho malicioso no canto esquerdo de sua, fina e rosada boca.

“Como fui me apaixonar por uma pessoa tão cínica, direta e sem vergonha?”

Foram esses os pensamentos de Rose ao acabar de ouvir o rapaz falando.

- Ai garoto você é tão cínico – Rose materializou um de seus pensamentos, balançando a cabeça freneticamente e se aproximando dele.

- Eu sei e é por isso que você me ama – Ele exibiu seu sorriso canalha, fazendo Rose suspirar.

- É verdade – Rose selou seus lábios, dando assim início à noite de seus sonhos.

Na manhã seguinte Rose foi a primeira a acordar, um braço de Scorpius estava sobre a sua cintura e o outro estava embaixo dela, em suas costas, a garota podia jurar que quando ele despertasse iria estar com o braço dormente por causa do peso que estava em cima do mesmo. Começou a dar beijinhos no rosto de Scorpius para poder acorda-lo. O garoto abriu seus olhos levemente e vendo aquele azul acinzentado a garota tinha certeza de que ele era o homem de sua vida.

- Bom dia – ela sorriu para ele que retribuiu dando um selinho em seu sorriso.

- Só por acordar ao seu lado é um ótimo dia – ele sorriu – Então, vamos comer? – ele olhou em direção a pequena mesa que na noite anterior estava vazia, seguindo seu olhar Rose viu a mesa farta de comida.

- Mas como? – a garota perguntou incrédula.

- Eu pedi para que um elfo trouxesse a comida de manhã para cá – ele deu um sorriso triunfante.

Eles comeram em silencio, não um silencio cômodo, mas agradável, ficavam admirando o rosto um do outro a cada dois minutos, os dois estavam radiante com a noite anterior. Quando já estavam fartos de tanto comer Rose falou.

- Sabe, eu tenho sonhado com um lugar só para você e eu, um lugar onde nós somos felizes, ninguém sabe quem nós somos lá. – a garota falou com ar sonhador.

- Não precisa mais sonhar, eu já o tenho, ele fica em um lugar que se chama Anywhere – a garota deu um sorriso tão largo que ficou surpresa de sua boca não ter se rasgado – Eu o comprei com o meu dinheiro, meus pais não sabem de nada, assim ficaremos sossegados quando formos morar lá. – ele sorriu, os olhos brilhando com a adrenalina de fugir de casa.

- Ótima idéia – a garota sorriu.

Passaram-se cinco meses, eles já estavam nas férias de páscoa, ambos em suas devidas casas, esperando ansiosamente pelo anoitecer, daqui a dois dias seria o aniversário de Rose, a tão esperada fuga logo aconteceria.

Já deviam ser duas horas da manhã quando Rose ouviu um barulho em sua varanda correu para lá já sabendo quem deveria ser.

- Por que esta chorando Rose? – Scorpius perguntou logo que a menina abriu a porta da varanda para ele entrar a garota se jogou em seu pescoço e começo a falar.

- Eu tinha sonhado por tantos anos por esse momento e agora não posso mais sonhar, acabou, tudo acabou – a garota soluçava no pescoço do rapaz e quando ele ouviu a palavra “acabou” seu coração acelerou. Ele a afastou para poder olhar em seus olhos azuis.

- Como assim, acabou? O que aconteceu? – o pânico pairava em sua voz.

- Eu só queria entregar a minha vida a você, mas não posso mais, se você quiser ir embora eu vou entender, o erro foi meu.

- O que aconteceu Rose Weasley? – o garoto perguntou nervoso, as mais horríveis coisas passavam por sua cabeça, mas nada o preparará para o que ela falou.

- Eu estou grávida – a menina abaixou a cabeça, não queria ver a decepção no rosto do homem que amava. Sentiu seu rosto ser puxado para cima e viu um sorriso sincero no rosto do garoto.

- De quanto tempo? – ele perguntou, mau contento a alegria.

- De dois meses.

- Rose como você achou que eu iria desistir? – o garoto perguntou com uma sombra de tristeza na voz – Quantas vezes eu vou ter que repetir que te amo? Nós vamos construir uma vida só nossa, uma hora ia acabar acontecendo. – ele falava com firmeza. – Vamos embora, eu te levarei ao lugar que você tanto sonha – ele sorriu ao falar isso – mas não agora, só daqui a dois dias, ou eles irão descobrir onde nós vamos morar.

- Mas eu quero ir com você agora – ela o abraçou.

- Você não pode, te encontrarei daqui a dois dias, às dez horas da noite, aqui no seu quarto – ele selou rapidamente seus lábios e aparatou.

Passaram se os dois dias e já estava na noite da fuga, Rose havia preparado tudo e não podia estar mais eufórica, mas triste ao mesmo tempo, iria abandonar os pais e o irmão, por esse motivo escreverá um bilhete na noite passada.

 FLASH BACK

Rose estava se sentindo tão mal por não contar nada a seus pais que nem tinha mais vontade de comer ou fazer qualquer coisa, havia prometido a Scorpius que não contaria nada, mas não havia falado nada em escrever em um pequeno bilhete o que havia acontecido. Ia ser muita maldade deixar seus pais assim, de uma hora para a outra, eles iam achar que ela fora raptada, com esse pensamento que pegou tinta, pena e um pedaço pequeno de pergaminho, em uma letra corrida, ansiosa e feliz escreveu:

Mamãe e Papai.

Sei que minha atitude é imprudente mas estou fugindo com Scorpius essa noite, não tentem me achar ou impedir, afinal sou maior de idade. Desculpe-me por não terminar meus estudos, mas juro que farei algum dia desses. Mamãe leia essa parte da carta para si mesmo ou se não papai terá um infarto. Estou grávida, não se preocupe mandarei noticias em breve, até vocês se acostumarem com essa idéia. Nos vemos qualquer dia desses e saiba que estou muito feliz.

                                                                          Beijos de sua querida Rosa.

FIM DO FLASH BACK

Estava tão absorta em seus pensamentos que nem reparou Scorpius em sua frente.

- Vamos – ele sussurrou, tirando a garota dos devaneios.

- Mas... E os meus pais? – ela sabia que não era hora para recuar, não agora, mas foi inevitável a pergunta.

- Não há motivos para dizer aos outros, eles só vão nos atrasar – Scorpius responder já puxando a garota pelo braço.

- Tudo bem, só um segundo – a mulher correu e deixou o bilhete em cima da cama, correu de volta para seu amado e eles aparataram para Qualquer lugar.

- Chega de viver na mentira Scorpius, agora poderemos ser quem queremos ser, sem ninguém para nos parar.

- É, finalmente vou poder esquecer a vida que eu era obrigado a ter, fria, calculada e com a guarda sempre levantada – o garoto falou mais para si do que para sua amada.

- Não olhe para trás, você esta salvo agora – a menina o abraçou. Sabia que com o tempo ela o amoleceria, ela e o bebê que estava para vim.

Então assim com a luz do amanhecer eles estavam a meio caminho de Qualquer lugar onde o amor era mais do que seus nomes.