Sonho Diferente do que Eu Pedi escrita por starimagination
Notas iniciais do capítulo
A continuação do outro capitulo...
- Apetece-me ir à casa de banho. – diz Roxy.
- E a mim também. – diz Sam.
- Está bem, vaiam lá encontramo-nos na porta de saída do centro. – diz Daniele. – Vamos Rafael.
- Sim, mas não demorem, estou cansado.
- Velho! – ri-se amostrando a lingua Roxy.
- Criança! – diz Rafael seriamente.
- Vá, vamos. Antes que se matem. – Sam arrasta o Roxy.
Lavaram os dois as mãos e para se rir provoca o Roxy:
- Roxy, gostaste do teu presente? - sorri Sam.
- Não detestei. Odiei!
Começa a bater-lhe com leves socos, Sam olha-o sorrindo. Roxy pára e olha-o nos olhos intensos, Sam também. Sam aproxima a sua boca da do Roxy e seus lábios tocam levemente. Roxy olha para o chão, suas feições ficam carregadas de revolta. Afasta Sam, começa a lavar-se, deita água violentamente contra a sua cara, mete a cabeça debaixo de água, deita sabão na sua boca, depois enche a boca de água e cospe. Sam olha-o paralisado, teria feito mal? Ele conhecia o Roxy, sabia que ele “amava” raparigas e rapazes, mas não compreendia o que acontecera agora. Olha para o chão se sente culpado, pelas pequenas gotas no rosto de Roxy que não vem de nenhuma torneira. Morde o lábio:
- Desculpa. – diz Sam envergonhado.
- Eu odeio-te, eu não gosto de homens! Eu já disse, detesto! És horrível! – a voz de Roxy estava trémula e ele chorava.
- Tu amas raparigas…?
- Não, elas também são horríveis. Metem-me nojo, este mundo é nojento. Odeio-o! Não era suposto estar aqui, não percebes mesmo! Eu vivia livre num circo… Não era suposto beijar homens, nem mulheres ainda. Era suposto estar a fazer o que quisesse! Sinto-me preso como um animal que está enjaulado! Odeio tudo! Quero morrer!
Roxy bate fortemente contra o peito de Sam, desta vez ele sente a dor mais profunda, bem dentro do peito. Ele é que odiava vê-lo dizer aquilo. Sentia-se tão mal por tudo. Abraça-o. Ele não o amava, apenas era seu amigo, mas acontecera e fora sem querer:
- Desculpa, Roxy, não volta a acontecer te prometo.
- Eu não percebo nada. Não queria estar aqui. Porque me abraças, porque me salvas dessa estranha forma? – diz Roxy com voz baixa.
- Um dia vai tudo passar. – diz Sam esperançoso.
- Desculpa-me. – Roxy olha-o já sem lágrimas que tinham sido limpas na roupa de Sam. – Não sou normal.
Ele não compreendeu e disse:
- Tens que viver, para eu me rir mais um pedaço, mas sobretudo para voltares um dia, quiçá, para eles. Para o teu circo.
- E tu viras-me ver?
- Claro, o Rafael e o Daniele também.
- Acho bem, não quero perder a vossa amizade, por nada deste mundo. – sorri Roxy.
- Nem nós. – diz Sam.
Chegam os dois ao pé da porta. Parecia tudo normal. Daniele conversa com Sam:
- Que se passou? Estás estranho.
Rafael capta a pergunta de Daniele.
- Nada está tudo bem. – Sam olha para o chão com as mãos nos bolsos do seu casaco.
Chegam ao apartamento. Cada um vai para o seu quarto, menos os gémeos que ficam no quarto de Sam a conversar:
- Tu não me enganas manito. – Rafa está de pé.
- O que queres dizer com isso? – Sam prende o seu enorme cabelo com uma prisão sentado na cama.
- Eu sei, o que estás a sentir… Sou teu irmão gémeo. – diz Rafael sentando-se.
- Tens razão, eu também sei o que pensas. Eu beijei o Roxy, mas foi sem querer, foi mesmo sem noção…
- O quê!? Aquela lambisgóia? – irrita-se Rafa.
- Sim, mas eu não sinto nada por ele, além da amizade. – diz Sam para acalmar o irmão, sendo muito sincero.
- Não faças uma loucura dessas, mano! As mulheres são melhores. Muito melhores!
- Não te preocupes, eu gosto mais de outra pessoa.
- Quem? – pergunta Rafael tentando pensar que isto não estava a acontecer.
- É uma…
Eles continuam a falar no quarto, enquanto isto Daniel desce e vai até ao trabalho. Lá o esperava a madrasta ou a Dona Bruxa apelidada pelos seus empregados. Ela mastiga um chiclete, tem umas roupas justas e com um vestido vermelho com rendas negras que fazia notar as suas curvas. Vendo-o, diz desconfiada de que este andava a vadiar:
- Está na hora de trabalhar, chega de brincar.
- Sei, já vou. – diz ele zangado, pegando num pano e pondo-se num salto atrás do balcão que os separava.
- Assim gosto mais.
Ele tinha mesmo voltado ao seu mundo apodrecido. O dia amanhã podia ser melhor.
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Continua.....