Sonho Diferente do que Eu Pedi escrita por starimagination


Capítulo 13
Capítulo 13 - A caminho de casa


Notas iniciais do capítulo

Cometem se gostam e se não gostarem comentem e digam o que está errado.^-^ Bem o passado do Daniele está a ser desvendado espero que estejam a gostar. :) beijos fikem bem.. obigado por a lerem e por comentarem.



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O autocarro passa perto de um penhasco com um miradouro, Daniele levanta a cabeça mas como se aquilo o queimasse olha depressa para as suas mãos. E lembra-se….

“ Naquele dia parecia que tudo estava bem, só a mamã é que já não estava aqui. Estava no céu era uma estrela, ou uma nuvem. Era um anjo. Eu sou um anjo negro, um menino mau segundo o papá. Estou no carro dele, um carro velho, quase caindo aos bocados vermelho e que fazia muito barulho enquanto andava. As coisas dele saltitavam lá atrás. Não sabia para onde íamos, o papá nunca me levara a passear, por isso pensei que ia ser diferente aquele dia. E por causo ia, e muitíssimo! Ele chega a um lugar bem bonito, onde havia uma trepadeira em flor, flores belas brancas e rosas.

   Ele puxa-me pelo braço com força, bate com a porta do carro. Pensava que me ia pedir desculpa ou agradecer por lhe ter tirado “leite”. Aquele ritual que eu nem sabia o que era mas sabia ‘tar errado. Ele senta-me num banco, olho o mar e abano minhas pernas. Para trás, para a frente! Sorriu parecia que o pesadelo terminara. Vejo-o com uma faca, um martelo, um machado, um isqueiro e um pau. Ele põe tudo ao pé do meu banco. Sorriu para ele como todas as crianças que via mais felizes que eu, tipo criança inocente e com um lar. Pensei que me fosse abraçar, ou fazer uma fogueira e acampássemos naquele miradouro. Ele olha-me com uns olhos raivosos, eu conhece-os. E peço-lhes com os meus, por favor não!

   Ele pega no martelo e no meu braço. Olho-o com os olhos cheios de lágrimas que não caíam. Ele joga a mão para trás, de repente vejo aquele pesado martelo vir na minha direcção. O meu estômago é transformado em papa. Deito sangue pela boca.

- Papá, porque? Porque? Porque a mamã, porque eu? – digo pendurado por ele.

- Cala-te tu é que mataste a tua mãe, tu és um fedelho inútil, mau! Horrível! Só destrói as pessoas, seu porco!

Ele pega no seu martelo, e continua a me partir. Oiço os meus ossos quebrar, não podia reagir, não há como faze-lo. Parecia que ninguém se importava.

- Tu vais para o inferno, para isso talvez sirvas, para fazer cinza. Toma lá, filho de ninguém!

      Bateu-me com o pau, estava a morrer. Pensei que quisesses o meu amor papá. Pensei que me amasses como todos os outros. Pensei que querias me abraçar e brincar comigo. E já agora como se brinca? Tirar-te “leite” é brincar? Mas não gosto disso papá. Porque papá? Dói-me tanto o meu coração, sinto me tão sujo. O que é um abraço papá? E um beijo? O que é o amor? Um carinho? Não sei nada papá. Sou mesmo burro e inútil. Por favor… Ele põe-me pendurado em cima do mar, vejo-o em baixo. A altura era enorme.  Será esta a minha morte? O dia em que vou ser cinza do inferno? Se assim for então deixa-me… Deixa-me…

- Des….cul…pa…papá…- sorriu para ele não me ver chorar, mas as lágrimas teimosas caiem-me do rosto levando sangue e sentimentos de agradecimento por ter tido vivido.

- Só tens o que mereces! E nunca vou-te perdoar, fedelho… No teu destino está marcada a hora de ires para o inferno. – diz ele com um sorriso sarcástico e com a cara manchada com algum do meu sangue.

      O papá era mesmo forte, mas naquele momento parecia ter perdido toda a sua força. Seus dedos vão se abrindo, deito lágrimas que encheriam ainda mais o mar. Caio, rebolo pelo abismo abaixo com cactos e flores… lindas flores. A mamã adorava-as. Desculpa mamã por teres morrido. Fico nos cactos, inconsciente. Antes de fechar os olhos, vejo-o cuspir. Pelo menos algo foi comigo como flores dos funerais. Fecho os olhos, a partir de agora só Deus saberia da minha chegada. Sinto chuva no meu corpo. Tento o mexer, dói mas tenho que sair daqui. Escalo com dificuldade. Quase caio. Alguém me vê, era uma senhora. Ela pega-me ao colo. Estava bonita seria um anjo?

   Depois vejo que estou num hospital, tenho flores, cheiram bem. Depois de me recuperar, contam-me que foi um lobo-cão fêmea que se pôs a ladrar e parou os carros. Dirigia-se para onde estava e ladrava até que fossem lá ver. Aí chamaram os bombeiros e salvaram-me. Apartir desse dia essa cadelinha branca, tipo saimoedo  passou-se a chamar Lucky pela sorte que tinha tido naquele dia.”

- Daniele, porque não olhas para o mar? Não achas ele belo? – diz Luísa interrogando-se porque ele não olhava para o miradouro.

- É uma longa história… - diz ele tentando desviar aquela conversa.

- Temos tempo. – diz ela curiosa.

- Eu não quero falar disso pode ser. – diz ele firmemente para que ela percebesse.

   Ela senta-se como criança. Depois olha para o mar e começa a falar calmamente:

- Sabes, mesmo assim, acho que estás a perder algo muito belo. E ele não tem culpa, sabes?

      Ele continua a olhar para as mãos. Ela olha para ele, tinha percebido o quanto lhe doía, fazer aquilo. Tinha vergonha, não o conhecia bem. Ela põe as suas mãos em cima das dele e olha para ele. Parecia que os seus olhos se compreendiam. Ela olhando para as suas mãos continua:

- Sabes, o passado dói por vezes recordar. Tudo tem o seu lado mau e bom. Mas agora tenta… Uhum…. Sei lá foca-te no agora, no futuro. Lembra-te de agora por exemplo quando olhares para o mar. Bem, quer dizer pode não ser a situação mais agradável…E eu sei disso, mas pronto sempre remedeia. E sempre podes ver quanto belo é o mar, as flores que bem cheiram e …. Olha o mar é tão grande, ele deixa-nos navegar nele e dá-nos os seus peixes e ao mesmo tempo pode nos matar como se fosse-mos nada. O amor também é assim tanto pode nos deixar felizes como tristes, mas sempre podes recordar o de bom e assim… Podes pensar que não foi tão mau assim! Percebes?

      

      Ele sorri, olha para o mar e lembra-se da Lucky que lhe salvou a vida, das belas flores, do mar azul e agora da esquisita do lado. Depois olha Luísa e ri tapando a boca com as mãos. A Luísa fica atrapalhada e pensa como fui capaz de fazer aquilo, ele deve ter pensado que sou uma tontinha, quer dizer ele já pensa. Ele olha para ele sorridente. Ela era mesmo romântica e esse tipo de coisa. Ela vivia no mundo que ele queria viver. No meio de rosas sem espinhos, num sonho. Tontinha. Ele abana a cabeça em forma de negação.

      Eles ficam assim durante quase toda a viagem. Por vezes falavam de coisas absurdas e depois voltavam a olhar em direcções opostas. Finalmente estavam a chegar à onde terminaria a viagem de Luísa, esta vendo o autocarro chegar. Puxa pela manga do casaco de Daniele e diz baixinho:

- É aqui… - diz ela encolhida ao lado dele.

- E? – diz ele como se não se importasse.

- Podias carregar no botão por mim? – diz ela olhando para ele com olhos de perdida e de pedinte.

Ele pega-lhe no pulso e puxa-a para cima até que um dos dedos toca no botão. Aquilo faz lá o tal ding dong e o autocarro pára. Luísa pega nas suas coisas, ela olha para ele. Ela desce com receio de estar errada. Para surpresa dela ele desce também. Ela pergunta logo:

- O que fazes aqui? – diz ela como se ele tivesse chegado de muito longe.

- Bem, vou acabar o serviço. Lol. Além disso tenho que apanhar outro autocarro para o Funchal. Ou não sabias? Espera eu sei a resposta…

- É obvio que sei, queres é ver onde moro. – diz ela fingindo estar convencida disso.

- Não, só não quero que te percas mesmo em frente da tua casa.

      

      Ela ia dizer algo para o calar mas em vez disso. Riem-se os dois. Desceram um caminho, iam os dois a cantarolar a música do “Atirei o pau ao gato” até que chegaram à casa de Luísa. Daniele ficou impressionado, não pensava que a casa dela fosse assim tão grande. Ela entrou numa pequena porta verde de ferro que não era maior que ela. Ficou do outro lado e o Daniele por fora daquele terreiro grande que dava para estacionar vários carros. Eles olhavam-se, não sabiam o que dizer, Daniele começa:

- Então… Adeus… - diz ele olhando-a esperando resposta.

- Adeus? Não eu gosto mais de até logo. – diz ela continuando a olhar para ele. – Até mesmo para monstrengos como tu.

Ele sorri e vai para o outro lado da estrada, para o passeio:

- Até logo e… sonha com o teu mundo cor-de-rosa, mas lembra-te que te vou fazer uma visita. – diz ele para irrita-la.

- Nem penses!!! Deixa-me pelo menos sonhar! – diz ela já de costas viradas.

Ele baixinho diz:

- Como alguém que nunca sonhou pode sonhar, pai? – diz ele olhando o céu.

   

   Luísa que não ouviu nada, vira-se e diz-lhe:

- Ah! Esqueci-me! Daniele sonha também para eu poder-te abrir a porta para o meu sonho. Assim vês como não são sempre rosas! Até logo. – diz ela abanando a mão.

Ele sorri para ela, abana um pouco a mão e chegue o seu caminho. Luísa vai para casa pensando que rapaz era aquele que só conhecerá melhor agora? Porque ele era assim? Isso tudo ela teria de descobrir com o passar do tempo.


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Notas finais do capítulo

Continua....



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