Shunkashuutou escrita por suicide_party


Capítulo 20
soushawoshinogu


Notas iniciais do capítulo

capítulo saiu relativamente rápido, não escrevi antes por preguiça mesmo x-x tá, preguiça e cansaço, fim de ano fode ~_o mas vou tentar escrever o próximo capítulo rápido xD



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“a cell locked, i can never seem to escape
all the laughing, all the pain
if you were me, what would you do?
nothing, probably
you just throw me away

[…]

i'm just a pretty boy, whatever you call it
you wouldn't know a real man if you saw it

it keeps going on day after day, son
you fake! and they don't want none
i'm sick and tired of people treating me this way everyday
who gives a fuck?
right now i got something to say
to all the people that think i'm strange
that i should be out of here locked up in a cage
you don't know what the hell's up now anyway
you got this pretty-boy feeling like i'm enslaved
to a world that never appreciated a shit..”

koRn - Faget

 Bateu três vezes, não com muita força e passou as costas da mão pelo rosto novamente, tendo certeza de não parecer triste. Ou pelo menos parecer menos triste. Seu pai demorou um pouco para atender, provavelmente não estava do lado da porta esperando que seu amado filho voltasse. Abriu a porta e o encarou com uma não disfarçada surpresa, uma surpresa quase aliviada, de ver o filho que ele mesmo expulsara de casa na sua frente e aparentemente bem. Shou por alguns momentos chegou a acreditar de verdade que seu pai sorriria e pediria desculpas, quem sabe até o abraçasse, mas este pareceu se lembrar de porque expulsara Shou, enrijecendo a expressão e desviando o olhar pra qualquer coisa.

 - O que você quer aqui?

 A pergunta fora como um balde de água fria para Shou. O que poderia querer na sua própria casa? A não ser, claro, que não fosse mais sua casa. Encarou seu pai por mais algum tempo até pensar em algo a dizer.

 - Eu...não estou mais com o Saga... – sentiu os olhos arderem ao dizer isso, mas não se permitiria chorar nesse momento.

 - E...? – o pai de Shou voltara a o encarar, agora com o olhar frio.

 Shou ficou em silêncio por mais um tempo. Tinha que medir cada palavra, não podia parecer arrependido de ter voltado pra casa.

 - Eu pensei que...podia voltar pra casa. – encolheu os ombros ao receber o mesmo olhar frio de seu pai de volta.

 - Eu nunca disse que poderia. Melhor voltar pra casa daquele seu “amiguinho”.

 - Eu já falei que não estou mais com ele! – os olhos de Shou arderam novamente, e dessa vez teve certeza que quase chorara, pois seu pai amenizara um pouco a expressão. Mas não queria que sentisse pena, apenas queria ser compreendido.

 - Você está arrependido de verdade? – encarava o filho dessa vez sem personagens. Ainda estava bravo, mas estava aliviado de Shou não ter perdido a cabeça e ter voltado pra casa. E principalmente: aparentemente ter tirado da cabeça a idéia de estar com outro homem. Amava Shou, sem dúvida nenhuma, sempre fora um bom filho e sempre o deixara orgulhoso, por isso talvez não iria aceitar a idéia de que fosse gay.

 Shou abaixou a cabeça. Pensara de imediato em responder que estava arrependido, mas sabia melhor que ninguém que não era verdade. Não estava arrependido de se envolver com Saga, não estava arrependido de ter saído de casa naquele dia, e não estava arrependido de sentir o que sentia. Mas não estava certo, não estava certo não estar certo. Shou tinha o direito de amar quem fosse, e não podia mentir isso para uma das únicas pessoas que deviam o entender. Mordeu com força o lábio inferior e voltou a encarar o pai.

 - Não.

 - Como? Isso é algum tipo de brincadeira? Porque se é não tem a mínima graça, garoto! – voltou a encarar Shou com a mesma raiva de antes. Não se importaria se Shou mentisse que estava arrependido. Queria que Shou mentisse. Mas se não estava disposto a cooperar não podia fazer nada.

 - Não é brincadeira, pai. Você tem que me entender, tem que entender que não tem porquê de tanto drama! Não é minha culpa ter me apaixonado pelo Saga mas...

 - NÃO QUERO OUVIR MAIS ISSO! – agora sim o pai de Shou estava com raiva. Não com raiva totalmente de Shou, mas sim de ele ter o enfrentado.

 - ...mas eu me apaixonei, e não tenho vergonha disso! E se você me ama de verdade não vai se importar com isso, não vai se importar que eu seja...

 - NÃO CONTINUE!! – levantara a mão com força, e pela primeira vez na vida dera um tapa em seu filho. Não queria machucá-lo, mas não pensou em mais nada para fazê-lo parar de falar. Não queria que continuasse, não queria que assumisse o que sentia. – Talvez eu não te ame de verdade então, porque NÃO POSSO conceber isso!

 Shou colocara a mão no rosto imediatamente depois de levar o tapa, mas a deixou cair depois de ouvir a última frase do pai. Seria possível que o que sentia é tão errado ao ponto de fazer seu próprio pai deixar de amá-lo? Enquanto pensava, encarando os olhos faiscantes do pai à sua frente, sentiu que não podia mais reprimir as lágrimas, e as deixou caírem. O olhar do outro amenizou novamente, mas Shou não queria sua pena. Arrastou a mala pelos degraus que separavam a casa da rua e se afastou para onde nem ele sabia. Sentia-se idiota. Idiota por ter negado o que sentia enquanto ainda tinha Saga.

 O pai de Shou fechou a porta quando viu o filho desaparecer na escura esquina. Tinha pensado seriamente em gritar para que não fosse, dizer que tudo que falou era mentira e que tentaria o aceitar, mas seu orgulho falara mais alto. Se dirigiu até a sala e voltou a sentar no sofá.

 - Quem era? – sua esposa, ainda na cozinha, falava relativamente alto para poder ser ouvida, dada a distância dos cômodos.

 - Ninguém. Só um vendedor. – mudou o canal da televisão, e pela primeira vez desde que Shou nascera deixou uma lágrima escorrer.

[...]

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