Os Pássaros não Voam escrita por Eica


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Meu povo maravilhoso, depois de dois meses sem postar nada- por motivos que tentei explicar no meu perfil venho com mais este capitulo, que é curto, mas que pelo menos preenche um pouquinho a falta de atualizações. Novamente não prometo atualizações rápidas, isto porque ainda não terminei o que estou fazendo. Mas prometo avisar (no meu perfil) caso haja alguma novidade.



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Jodi observava a rua por uma das janelas da sala. Ele tinha muitos motivos para acreditar que Tomas viria buscar-lhe. Ele sabia que Tomas viria e não se importaria de esperar desde que ele viesse. Todas as palavras que Tomas chegou a dizer por telefone ficaram gravadas em sua mente. “Eu te amo”. Tomas sabia como fazê-lo se sentir amado não importa de que forma.

            “Eu vou até aí pra te buscar, está certo? É uma promessa.” Então eu devo esperar, pensou Jodi. Sim. Vou esperar.

            Depois do dia em que conversou com Tomas por telefone, a ansiedade e frustração roíam os ossos de Jodi com violência, da mesma forma como ele era martirizado pelo estado em que estava. Lá vinha novamente a tortura por não poder andar. Se ele pudesse andar novamente, sairia desta casa como um bandido foge da cadeia. Mas Jodi não pode dizer que a estada na casa do tio era ruim. Ele lhe tratava bem. Não era mal. No entanto, não era compreensivo a ponto de deixá-lo ir de encontro ao homem que amava. Poucas pessoas no mundo compreendem este amor e Jodi pensava seriamente que estas pessoas compreensivas são as verdadeiras abençoadas por Deus...

            Houve um dia de muito frio na cidade onde estava. Fez tanto frio que ele nem teve coragem de sair da cama para observar a rua. E, sinceramente, sentiu-se muito mal por isto.

- Devo ficar na garagem. Ficar lá fora para Tomas me ver quando passar pela rua. – pensou.

            Mudando de idéia, conseguiu sentar-se na cadeira de rodas e saiu do quarto. Passou pela cozinha e foi visto pelo tio.

- Já está com fome?- perguntou ele. – Você ainda não comeu hoje.

- Talvez mais tarde. – respondeu Jodi.

            Abriu a porta da sala e foi para a garagem. Cobriu as pernas com um cobertor e enrolou-se numa manta. O tio viu-o pela porta da sala e, aproximando-se dele, perguntou:

- Tem certeza de que quer ficar aqui fora? Está ventando muito.

- Vou ficar. Não tenho nada o que fazer lá dentro.

            O mais velho insistiu com um olhar, e Jodi respondeu da mesma forma. No fim, o rapaz ficou na garagem. Sozinho. As horas se passaram. E o dia ficava cada vez mais frio e úmido. O nariz de Jodi já estava uma pedra de gelo, mas mesmo sentindo frio, ele não saiu da garagem até o anoitecer.

            No dia seguinte, tentou ligar para a casa de Tomas. No infortúnio, ninguém atendeu. Nem mesmo Tomas ou Ivete. “Ele deve estar perto”, pensou. Neste mesmo dia, amigos de seu tio apareceram para almoçar. Jodi isolou-se em seu quarto. Sentou-se na cama coberto por mantas. Tinha apenas Tomas em sua mente e a preocupação por pensar se tudo daria certo.

-Oi. – disse uma voz.

            Quando Jodi ergueu o rosto, viu uma face atrás da porta. Era um dos amigos de seu tio. Sabe-se lá como se chamava. Jodi não dava a mínima para isto.

- Não quer almoçar? Já estamos comendo.

- Não quero. – disse Jodi, forçando um sorriso.

- Quer a sobremesa então? É sorvete. – disse o homem, de sorriso simpático.

            Jodi recusou novamente e ficou feliz pelo homem não insistir mais. Deixou-o sozinho, como Jodi queria. Um tempo mais tarde, abriram sua porta de novo. Era o mesmo homem. Trazia um pote de sobremesa e uma colher. Jodi foi obrigado a pegar o pote e agradecer. Depois foi deixado sozinho novamente. O rapazinho olhou para o sorvete e, por mais que ele parecesse apetitoso, os doces não têm mais o mesmo sabor. Hoje são amargos. Tão amargos quanto esta vida de privações.

            Jodi estava tão alto! Tão alto! Mais alto do que já esteve! Tomas lhe presenteou levando-o ao infinito. Ele nunca lhe deixaria cair. Mas hoje Jodi não tem mais suas asas. Ele vê Tomas lá no alto, mas não pode acompanhá-lo...

            Esta noite, o rapazinho sonhou com seu anjo. O anjo que surgiu em sua vida de maneira sutil. Ensinou-lhe sobre os cavalos. Disse tudo o que sabia sobre eles. Deixou que cavalgasse com ele. Mostrou-lhe os caminhos mais bonitos, as paisagens mais inesquecíveis. Levou-o ao mundo até antes inexplorado da paixão. Deixou-se ser seduzido pelos sorrisos carinhosos, as palavras de conforto, os toques amorosos.

            Todas estas lembranças fizeram-no acordar e chorar. Era duro pensar na possibilidade de não ter mais Tomas ao seu lado e extremamente revoltante que nada podia fazer quanto a isso. Seu tio tentou animá-lo nos dias que se seguiram. Pensou em Jodi fazer algum curso. Qualquer um que quisesse.

- Não quero nada. – respondeu o rapaz.

            Era visível ao homem que o sobrinho estava melancólico. Definhando em sua dor. E por mais que lhe fosse duro vê-lo assim, jamais levaria-o de volta a sua casa. Sabia que lá havia um pecado incontrolável que acabaria levando-o erro outra vez. Jodi pôde perceber muito bem – no dia seguinte – que o amor não é para todos. Soube muito bem que o tio levou a namorada para o quarto. Ele ouviu-os. Ouviu tudo. É tão revoltante quando os outros acham que estão certos, e que podem privar as outras pessoas dos privilégios que elas acham que somente elas possuem. Enquanto o tio se diverte, Jodi tem que suportar a solidão. Mas isto não importa, se ele acreditar que Tomas virá para buscá-lo.

            No quinto dia de espera, Jodi continuou olhando para a janela da sala. Quando Tomas aparecer, Jodi dará um super berro. Gritará bem alto: “Estou livre!” E vai transbordar em lágrimas de alegria, porque Tomas estará em sua frente para levá-lo aonde ele quiser.

            Essa gaiola é muito pequena e dolorosa, Tomas! Venha depressa!

            Puxa! Jodi está até vendo a figura linda de Tomas parar em frente ao portão! Está ouvindo-o dizer: “Jodi!”. Ele sente. Sabe que Tomas está perto. “Ele está vindo para mim”.


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