Depois de toda aquela apresentação de seu sobrinho , Paul decide que irá apresentar a cidade ao garoto.

– A cidade tem muitos lugares e pessoas para você conhecer, principalmente os melhores amigos de nossa família.

– Como o senhor quiser meu tio.

O belo rapaz não parecia tão empolgado naquela cidade.Parecia estar alí por obrigação. "Sinceramente não sei o que estou fazendo aqui.Tudo é meio estranho, até as pessoas são estranhas... Dão a impressão de que não vivem em contato com o mundo lá fora. Ohh cidadezinha pacata.Duvido que terei emoções vivendo aqui..."

Os dois começaram a passear por toda a cidade, e toda a cidade parecia estar parada , apenas observando os dois por todo o lugar em que iam. Até as pessoas que estavam dentro de suas casas, paravam o que estavam fazendo, só para verem o forasteiro. O senhor Lake mostrou as lojas, os armazéns, a praça central ,em fim, mas o rapaz não dava muita atenção ao passeio. Até que avistou uma pequena trilha que parecia levar a uma floresta.

"Em fim algo que posso descobrir e me interessar sozinho ! Sempre adorei passear em bosques, florestas , o que for!Mas não vai ter graça nenhuma se não me livrar de meu tio.Digamos que ele não é tão boa companhia assim" Ironizou o garoto que parecia ter uma personalidade bastante intrigante.

– E então, está gostando do nosso passeio meu filho?

– Ah! Como não meu tio? A cidade é assim... De um charme... (Se controlando para não demonstrar ironia ao seu receptivo tio) Mas gostaria de tentar descobrir o resto dessa encantadora cidade , sozinho. Não que não esteja adorando sua companhia... Não é isso... Bem... O senhor entende não é?

– Oh, como nao! Você é jovem, com certeza quer explorar por aí.Tudo bem, mas você ainda não conhece bem a cidade, tome cuidado e não demore muito, pois a noite te apresentarei para o resto da família.

O garoto acenou demostrando conformidade ao tio e virou-se para ir em busca de saciar sua curiosidade.

Na ponte, Caroline não conseguia retirar as folhas com muita agilidade, pois seus mãos delicadas eram as únicas mexendo naquele vasto chão.Juntava aos pouquinhos e colocava em uma cesta que trouxera consigo.

O dia ainda estava claro , não devia passar das 1 da tarde. A garota estava alí a tanto tempo, que nem percebera .Mas não se preocupava com isso, porque a paisagem era tão caprichosa que lhe dava prazer estar naquele lugar.Foi aí que entrertida no que estava fazendo, ouviu um barulho estranho.Parecia que alguém estava se aproximando dalí ( O que não é muito comum, pois não passava quase ninguem alí, pelo menos ela nunca via mais ninguem além dela).

Ela poderia não ligar, afinal era apenas alguém se aproximando minuciosamente. Mas por que alguém haveria de se aproximar dalí? Além do mais ,escondido?Nesse momento seu coração pulsava muito forte.Em sua cabeça vieram todos os alertas que sua tia sempre lhe dera.

"Aii Jesus, quem será que está se aproximando?"

Ela levantou, e decidiu ver quem era.Não aguentava todo aquele medo que sentia.Foi caminhando devagarzinho para perto de uma árvore que estava quase escondida por uma moita, olhou para o chão e viu um pequeno pedaço velho de madeira , respirou fundo e quando finalmente fechou os olhos e se preparou para acertar com o pau a pessoa que estivesse alí atrás, assustou-se quando uma voz do nada gritou :

– Ei ! Calma aí ! O que acha que ia fazer com isso?

A menina caiu de súbito no chão.Ainda estava agarrada ao pedaço de madeira e com os olhos fechados ,parada, anestesiada.

O garoto se aproximou dela .

– Ei , moça? Moça? A senhorita está bem? Ele se posicionou próximo a garota olhando firmemente para a ela, e estava totalmente confuso.

Caroline foi abrindo os olhos devagarzinho.Parecia apavorada, mas a medida que ia conseguindo enxergar , o medo era substituído por uma sensação tão estranha , a qual não conseguia explicar.

– Quem é o senhor?

– Ah, até que fim reagiu !

– E porque está tão próximo a mim?Ora , seu aproveitador ! Afaste-se ou eu grito !

– Ta certo, DE NADA senhorita.

Caroline estava assustada, não pelo rapaz, não por estar com medo de que lhe fizesse algo ruim, mas justamente pelo contrário.Estava assustada por não estar assustada, por não estar com medo.Ela se consertou e pediu sua ajuda para levantar.Ele gentilmente a ajudou.

– Me diga, porque iria me atingir com isto? Pegou a madeira e estava com uma expressão confusa no rosto.

– Porque...Porque pensei que alguém de má fé estava vindo me fazer algo.

Ele sorriu - Alguém de má fé? E como sabe se não sou esse alguém?

– Se fosse , já teria feito algo além de ficar aí parado com essa cara de "Herói convencido"

– Hum... "Herói"?E ainda " convencido"? Está me julgando senhorita?

Ela não respondeu nada. A partir daquele instante os dois ficaram parados, em um silêncio total. Parecia que um fitava detalhadamente o outro. Os olhares se cruzavam e os raios do sol, ajudavam iluminando seus rostos em tranze.