Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 48
Capítulo 48 - Usotsuki




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Hikaru estava disposto a ir atrás de Hanako. Não importava o que ela tenha dito, ele não podia deixá-la simplesmente ir àquele lugar sozinha, depois de tudo. Ele queria protegê-la daquele sofrimento todo que a acompanhava quando estava perto de Hitachiin Kaoru. Ele queria cuidar da sua pequena Hanako.

Quando finalmente chegou na casa onde ela estaria, hesitou. A casa era enorme e imponente, e dava a impressão de ser muito restrita. Munido apenas da sua vontade de encontrar Hanako, ele adentrou o portão, decidido. Havia algumas poucas pessoas ao redor, e ele passou despercebido por elas. Estava rodeando o casarão à procura de Hanako, quando a viu sentada na varanda. Na companhia de… Kaoru.

Ele não hesitou em se encolher atrás da parede lateral e apurar os ouvidos, para ouvi-los. Nunca haviam dito a ele que escutar as conversas dos outros era muito errado.

— Mesmo que tenha sido eu o único a largar a sua mão, ver que agora você está com outra pessoa… Eu não consigo suportar isso! – ele ouviu Kaoru dizer, e logo depois enterrar as mãos nos cabelos iguais aos seus, parecendo aflito.

Mordeu os lábios, apreensivo. Sabia que aquele tipo de coisa desarmaria Hanako. Ela não iria resistir, ia querer consolá-lo. Kaoru se aproveitaria dessa chance, e roubaria o coração dela novamente. Seria sempre assim, não seria? Hikaru sentia inveja. Inveja dessa habilidade que Kaoru tinha de fazer Hanako se apaixonar por ele em apenas um instante. Ele não era páreo para isso.

— Kaoru-kun…eu realmente, realmente amei você.  – Hikaru prestou atenção, querendo ouvir a resposta de Hanako – Eu não tenho dúvidas sobre isso, e sei que você também não tem. Você foi o primeiro garoto que eu amei de verdade. Eu sempre terei lembranças maravilhosas sobre nós dois, e elas são preciosas para mim.

Hikaru fechou os olhos. Não tinha certeza de que queria ouvir mesmo isso. Sentiu algo doer e se apertar em seu peito. Era uma sensação horrível.

— Que merda… - resmungou, colocando a mão sobre o peito. Isso era demais para ele aguentar. Ouviu outro ruído que chamou sua atenção, e levantou os olhos. Hanako havia levantado.

— E… se você quer saber… eu amo você, sim. Eu ainda amo muito você.

Isso foi o bastante. Hikaru se afastou sem chamar a atenção, e deu as costas àquela casa enorme. Correu tão rápido quando suas pernas aguentavam. Ele havia tido esperanças, mas era óbvio que nunca conseguiria ser Kaoru. Para Hanako, ele era único, ela era esse tipo de garota.

Havia sido um erro desde o início…

Hikaru fugiu, e minutos depois de ele estar muito longe dali, Kaoru investiu em Hanako. Estava prestes a beijá-la, e sentiu que ela cedia em seus braços. Mas… como ela disse, apenas amá-lo já não era mais suficiente. Reunindo forças sabe-se lá de onde, ela se afastou Kaoru, antes que ele alcançasse seus lábios. Enxugou as lágrimas, e sua expressão se tornou séria.

— Não, Kaoru. Não vou fazer isso. Não vou mais fraquejar, eu não sou mais a garotinha dependente e insegura que se apaixonou por você. Eu ainda te amo, eu sei disso… mas não é o bastante. Eu não posso fazer isso com o Hikaru!

— Hanako…

— Não, Kaoru. Me… me deixa pensar. – ela sussurrou, e saiu decidida para longe dali. Seu coração doía, e ela não queria mais chorar na frente de Kaoru. Tudo o que ela queria agora era ir para casa. Ela também queria os braços de Hikaru, para confortá-la, e dizer que tudo ficaria bem… mas não podia se dar a esse luxo agora, logo depois de ter tido aquela conversa com Kaoru, seria injusto com ele.

Hanako foi direto para casa depois de sair de lá, e é claro que Hikaru não estava mais lá. Ela tentou ligar para sua casa, e para o celular, mas ele não atendia, e ela decidiu falar com ele na escola, e deixá-lo descansar para se recuperar por inteiro do resfriado.

No dia seguinte, Hanako chegou quase atrasada na escola… mas Hikaru não estava lá. Aiko havia faltado, e Hanako procurou por Haruhi, durante o intervalo. As duas não conversavam direito havia um tempo.

— … então… você rejeitou o Kaoru? É isso mesmo? – Haruhi parecia verdadeiramente surpresa – Você está crescendo mesmo… não é? Antes mesmo que eu percebesse – seu tom de voz era o de uma mãe saudosista e orgulhosa – Tomando uma decisão madura como essa sem me consultar antes… ah, Hanako, você já é uma adulta…!

— Pare de falar como se eu não fosse capaz de fazer isso! – Hanako replicou, constrangida – Não é como se antes eu fosse correndo para o Kaoru assim que ele me chamasse…

— É sim! – Haruhi foi dura – Se isso acontecesse há algum tempo atrás, você não hesitaria em andar atrás do Kaoru, como um cachorrinho. Bastava ele estalar os dedos. Não me olhe assim, é verdade! Ele sempre foi seu ponto fraco. Porém, eu estou feliz que você tomou essa decisão… Não acredito no que vou dizer, mas… Hikaru é a pessoa certa para você.

— Obrigada, Haru-chan! – Hanako riu – E, por falar em Hikaru… eu tenho que procurar ele! – ela anunciou – aposto como ele está dormindo no telhado e nem pensou em vir para aula!

— Então vai lá… eu vou tentar ligar para a Aiko-chan, e ver como ela está… - ela disse, puxando o celular.

— Sim, faça isso. Até depois! – Hanako se afastou, correndo em direção às escadas. Enquanto subia, pensava em como faria para contar toda a situação com Kaoru à Hikaru. Nem pensou pela sua cabeça esconder isso dele. Ela precisava contar sobre o que aconteceu, assim como precisava dizer a ele… que queria ficar para sempre ao seu lado. Sim, ela ia até lá para dizer a ele que o amava. Ela estava indo… se confessar ao seu namorado.

Quando abriu a porta que dava acesso ao terraço, logo vislumbrou a figura sonolenta de Hikaru apoiado à parede. Ele dormia silenciosamente, embora seu semblante estivesse um pouco perturbado. Era como se ele estivesse tendo um sonho ruim. Calmamente, ela se ajoelhou ao lado dele, acariciando de leve a franja avermelhada que caia sobre os olhos cerrados.

Hikaru abriu os olhos, em um susto, e ao ver a figura de Hanako tão perto, se desvencilhou do toque dela, levantando em um salto.

— O que você quer? – Kaoru se esforçou para ser o mais indiferente possível. Hanako se espantou um pouco com aquela atitude tão brusca, mas não se deixou abalar.

— Eu… tenho algo a falar com você. – ela falou, em tom baixo, levantando-se do chão também.

— Eu já sei o que você veio falar – ele se pôs de costas, com as mãos no bolso.

— Sabe?!

— Sim. Não precisa se esforçar em dizer, eu não quero ouvir.

— Não quer? M-mas eu pensei que… fosse importante dizer…

— Pensou errado – Kaoru cerrou os dentes, ainda sem olhar na direção dela. Se aproximou da grade de proteção, olhando para baixo com descaso. – Eu não me importo com isso… na verdade, acho que nunca me importei. Você pode fazer o que quiser.

— Eu não entendo… Hikaru, do que você está falando?

— Não entende? Então eu vou te explicar! – ele se virou subitamente, com um semblante de raiva que assustou até mesmo Hanako – Eu estou dizendo para você ir embora, garota! Para bem longe, de preferência! Eu me enganei, tá legal? Eu não queria você… na verdade, eu queria me vingar daquele irmão idiota, queria vê-lo sofrer… eu consegui, não foi? Eu roubei você dele – ele riu com escárnio, e Hanako tremeu, completamente incrédula da cena que presenciava – Agora… eu não preciso mais de você. Pode até voltar para ele se quiser, eu cansei dessa brincadeira.

Ele retornou, em direção à porta de saída, e sem olhar para Hanako. Ela continuava paralisada, sem saber o que pensar.

— Espera aí! – ela segurou o braço dele, quando ele passou ao seu lado. Seus olhos estavam marejados, e ela tremia por inteiro. Hikaru ainda não a encarava diretamente – Por que você está falando essas coisas, Hikaru?

— Não entendeu ainda, Coelhinha? – sorriu de canto, soltando o braço do aperto da garota – Então eu vou dizer com todas as letras. Eu. Estou. Te. Chutando. Entendeu agora? Não quero mais brincar com você, então, me solta.

— M-mas, quando você disse…

— Não acredite em tudo o que te dizem. – ele piscou um olhou para ela, e então desviou o rosto novamente – Por exemplo… quando eu disse que você era bonita… ah, você acreditou bem rápido nee? Mas existem milhares de outras garotas por aí, e eu ainda não conheci todas elas – ele suspirou como se estivesse alegre com a perspectiva – Então, é melhor eu me apressar, não posso deixá-las esperando. Hm… sayonara.

Ele disse isso, e sumiu pela escada, sem olhar para trás. Hanako ficou ali, solitária e  completamente perdida.

Haruhi tinha razão, ela havia mudado. Em outra ocasião, ela teria chorado até seus pulmões estourarem, e então corrido para o colo da sua amiga, lamentando. Mas agora, ela permaneceu de pé, sozinha. Franziu os olhos, com desconfiança. Por que, toda aquela história simplesmente não parecia se encaixar. E ela ia tirar tudo isso a limpo.


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