Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 31
Capítulo 31 - Kyoudai


Notas iniciais do capítulo

Não está exatamente da maneira que eu queria, mas essa semana foi uma correria pra mim, espero que entendam!
Ah! Contém um pouquinho de fanservice ;D! Bem rapidinho, poréem é melhor que nada, nee *-*



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Eu ainda dormia, disso tinha certeza. Mas sentia algo estranho, cálido e suave, tocando minha cabeça. Era bom. Não lembrava onde estava ou o que acontecia, mas me sentia bem, então permaneci quieta.

Eu sempre estive um passo a frente dele – ouvi. Eu gostava daquela voz, então continuei ouvindo, esperando que falasse mais.

Conhecer você. Entender você. Me apaixonar por você. Tudo isso foi antes dele.

De quem era essa voz? Minha cabeça girava para tantos lados diferentes que eu não conseguia raciocinar direito.

Você está com frio? Está com fome? Vai ficar tudo bem. Eu vou cuidar de você.

Senti minha mão sendo circundada por aquele calor gentil, com seus dedos entrelaçando nos meus.

Não importa que tudo o que você consegue pensar seja ele, eu vou cuidar de você.

Deixe tudo comigo. Eu vou mantê-la aquecida. Eu vou te proteger.

Repentinamente, o calor sumiu, junto com a voz. Ouvi algo como passos se afastando, e então um barulho arrastado de porta abrindo e fechando. Talvez outro sonho tenha se emendado nesse, por que logo eu já não me recordava disso.

Com os olhos fechados, ouvi um ruído alto rasgar o ar, como um lamento. Ao sentir o espasmo de dor e a sensação de vazio que o acompanhou, percebi que era o meu estômago, protestando pela falta de alimento. Eu não havia tomado café da manhã, perdi o almoço e não fazia ideia de quanto tempo havia passado, além de estar muito surpresa por ter consciência de todos esses fatos.

Apesar de estar em algum lugar muito aconchegante, notei imediatamente que a fome não me deixaria dormir por mais tempo.  Levantei a cabeça, sentindo-a girar. Com os cabelos no rosto, olhei ao redor. Eu estava em uma cabana do tipo “faça você mesmo”, deitada no chão, enrolada em algo macio e quente que tinha um cheiro muito bom.

Coloquei o cabelo para trás, recuperando a visão, e tentei me localizar melhor no ambiente. Alguns flashes aleatórios da manhã de hoje – ou seria de ontem? – passavam rapidamente pela minha mente, mas nada conclusivo ou coerente.

— Com fome, Coelhinha?

Mirei a direção de onde ouvi a voz. Hikaru me encarava sorridente e sem camisa.

— Waaa! Você tá pelado! O que, fez comigo, pervertido!?! – me arrastei para perto da parede, indignada.

Ele me enviou um olhar de desprezo como resposta.

— Eu não fiz nada. – ele justificou. Tentei não parecer culpada por tê-lo acusado – E com esse seu corpo, eu não me incomodaria em fazer nada – ele anunciou, como se dissesse algo óbvio. Mostrei a língua, sem ânimo para iniciar uma discussão logo depois de acordar - Só deixei meu casaco com você enquanto ia procurar comida.

À menção da palavra comida, eu me aproximei.

— E o que temos? – indaguei, devolvendo o casaco em que estava enrolada (e só havia percebido agora).

— Algumas maçãs que eu achei lá fora, e umas barras de cereal que estavam no meu bolso – ele mostrou o produto da sua caçada em cima da mesa torta, vestindo a roupa de novo.

— Já serve – fiz coro ao meu estômago e ataquei uma maçã.

— Percebe que esta não é a primeira vez que eu te sirvo café da manhã, Coelhinha? Talvez tenha se tornado um hábito…

— Idiota. – balbuciei com a boca cheia, nem um pouco feminina admito – Não vai comer? – comecei a abrir uma barrinha de cereais.

— Ah! Claro. – ele disse, aproximando-se. Seu passo estava descoordenado, ele apoiava o peso na perna esquerda, como se estivesse… mancando!

— Hikaru! – Sobressaltei-me, com a constatação gritando na minha cabeça. Ele se assustou ao ouvir gritar seu nome, e quando eu avancei contra ele, perdemos o equilíbrio, da maneira mais clichê possível.

Caí no espaço entre as pernas de Hikaru, vendo seu rosto contrair-se num espasmo de dor. Eu estava certa! Sem pensar duas vezes, levantei a barra da sua calça, expondo o tornozelo. A região perto do osso estava dilatada, numa coloração vermelho-azulado que parecia pulsar. Ele tentou esconder, mas já era tarde.

— Desde quando…?

— Torci o pé. Não é nada. – ele virou o rosto, e cobriu a perna, afastando minha mão.

— Mas isso tá muito feio – insisti, tocando o local fraturado. Hikaru berrou alguns palavrões de uma maneira que eu nunca pensei que veria, e se afastou de mim, ficando de pé num pulo desajeitado. Eu continuei no chão, com a mão estendida no ar – Quando foi que você se machucou?

— Ontem, enquanto você corria desesperada, com medo da chuva…

— Me desculpa! Foi por minha causa, e eu nem percebi… - pedi, exasperada, levando a mão à boca. Hikaru remexeu-se impaciente, sem olhar na minha direção. Parecia desconfortável – Espera! – levantei subitamente, ao analisar bem as palavras de Hikaru– você disse ontem?

— É. A chuva só parou hoje de manhã. Agora deve ser por volta das oito.

— Kaoru deve estar preocupado…! – falei comigo mesma.

— Ah, claro que sim.  – resmungou – É com ele que você se preocupa, mesmo que eu tenha ficado a noite inteira- ele parou subitamente, como se dissesse algo que não queria ter dito.

— A noite inteira? – repeti incrédula – Você cuidou de mim a noite inteira…?

— Claro que não! – ele berrou, irritado – Quem ficaria cuidando de uma coelhinha estúpida?!

Analisei sua face, com sinais óbvios de cansaço, os olhos vermelhos e inchados, as profundas olheiras. Ele olhou para mim por alguns instantes, com uma ruguinha entre os olhos, e então chegou perto. Ainda apresentava uma carranca de mau humor.

Segurou meu rosto entre as mãos, comprimindo minha bochecha e me forçando a fazer um biquinho. A princípio não compreendi, mas ele puxou-me para perto, até que nossas testas se tocassem. Eu podia sentir o nariz dele roçando o meu, mas ele pareceu não se importar.

— Parece que a febre passou – sussurrou para si mesmo, afastando-se subitamente. Permaneci estática no mesmo lugar, buscando compreender tudo aquilo. Por acaso Hikaru era algum tipo de tsundere descontrolado? Uma hora ele me chama de estúpida, e outra, cuida de mim… eu nunca sei o que pensar ou dizer perto dele!

Hikaru sentou no chão, perto da parede, com a perna machucada estendida. Por mais que tentasse disfarçar, eu ainda conseguia perceber a dor estampada nos seus olhos. Senti-me mal por vê-lo daquele jeito, sendo que havia passado a noite acordado por minha causa. Ele estava sendo fofo comigo, e eu nada havia feito para merecer isso. Disfarçadamente, sentei ao seu lado, abraçando meus joelhos.

— Me perdoe Hikaru-kun. – ele se espantou ao me ouvir usar um honorífico depois de tanto tempo. Sem que eu pudesse me opor, algumas lágrimas encheram meus orbes, embaçando a visão. Parece que nunca vou conseguir deixar de ser chorona desse jeito. – A sua perna deve estar doendo muito, definitivamente, mas eu não posso fazer nada para ajuda-lo, mesmo que você tenha cuidado de mim…

— Estúpida. – murmurou, tocando a ponta dos meus cabelos – Não chora.

Ele levou a mão ao meu rosto, tocando com a ponta dos dedos a borda dos meus olhos, fazendo com que a lágrima que pendia na ponta dos meus cílios escorresse.

Um estrondo me assustou, e eu pulei para o outro lado, secando as lágrimas rapidamente. A porta da cabana jazia no chão, quebrada em dois pedaços. Hikaru praguejou alguma coisa indistinta. Na soleira, respirando ofegante, com olhar fixo e feroz, Kaoru nos encarava.

— HANAKO! – Ele berrou, correndo na minha direção e tomando-me em seus braços. Segurei seu pescoço, enterrando a cabeça no seu peito – Eu fiquei tão preocupado! Tenho que ligar para os outros, avisando que já os encontrei… O que aconteceu?

— O casaco… tive febre… não tinha sinal… e começou a chover… eu dormi no mato feito uma coelhinha, e o Hikaru machucou a perna! – disse tudo num folego só, querendo que Kaoru entendesse.

— E você está bem? – ele indagou, acariciando meus cabelos.

— Sim - respondi, sorrindo – Hikaru cuidou de mim!

Kaoru olhou para o irmão, então. Hikaru continuava sentado na mesma posição, fitando a parede oposta com as sobrancelhas arqueadas em irritação. Sua perna deveria estar doendo muito!

— O que aconteceu? – ele perguntou, olhando para Hikaru, que se remexeu inconsciente no mesmo lugar.

— Hikaru está muito machucado – me apressei em dizer antes que ele se pronunciasse – Mas mesmo assim ele cuidou de mim a noite inteira, por que eu tive uma febre.

— Está machucado? – Kaoru indagou, voltando-se para Hikaru.

— Hmph… é só um arranhão, não é nada… AAAAI, ISSO DÓI! – Ele berrou, quando Kaoru segurou a perna dele e pressionou o local – Que raios você está fazendo? – gritou, tentando manter a perna afastada de Hikaru.

— Você pode ter quebrado, é melhor irmos para um hospital. – Kaoru disse, com olhar quase clínico, enquanto analisava a fratura. – Obrigado, por cuidar dela – sussurrou gentilmente, pensando que eu não ouviria.

Em um movimento rápido, Kaoru segurou Hikaru. Quando percebi, ele já estava segurando-o nas costas. Senti a face esquentar.

— Segure-se firme.

WAAAAAAAAAA! Isso fez meu coração acelerar!!! Doki doki!!

Hikaru soltou alguns palavrões, em alto e bom som.

— EU NÃO QUERO NENHUMA AJUDA DE VOCÊ P****!!! Seu bastardo – Bastardo? – O que pensa que tá fazendo? Me coloca no chão, c******!

— Você é muito barulhento. - Kaoru disse calmamente, começando a andar. Eu o segui – Pare de se debater.

Depois disso, Kaoru sussurrou algo que eu não consegui ouvir para Hikaru, que o fez parar de se mexer. Eu gostaria de saber sobre o que eles conversaram… mas ao menos ele parou de ser teimoso, mesmo que estivesse um pouco corado, obviamente desconfortável com a situação.

Apesar de tudo, é a primeira vez que eu os vejo agindo como irmãos.

— Você é tão vagaroso – Hikaru reclamou, após uns trinta minutos de caminhada pelo campo aberto, que eu identifiquei como sendo aquele onde foi feita a corrida no outro dia. – Rápido. Rápido. – Ele dava pequenos tapinhas no ombro de Hikaru.

Aaah, eles parecem mesmo irmãos! Finalmente…!


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Notas finais do capítulo

Aah~ O amor fraterno ♥
Espero pelos reviews!!! :D



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